sábado, 30 de novembro de 2013

"Está a acontecer"... por Nicolau Santos

“Está a acontecer. Aquilo que nem nos passava pela cabeça que pudesse acontecer está mesmo a acontecer. Está a acontecer cada vez com mais regularidade as farmácias não terem os medicamentos de que precisamos. Está a acontecer que nos hospitais há racionamento de fármacos e uma utilização cada vez mais limitada dos equipamentos. Está a acontecer que muitos produtos que comprávamos nos supermercados desapareceram e já não se encontram em nenhuma prateleira. Está a acontecer que a reparação de um carro, que necessita de um farol ou de uma peça, tem agora de esperar uma ou duas semanas porque o material tem de ser importado do exterior. Está a acontecer que as estradas e as ruas abrem buracos com regularidade, que ou ficam assim durante longos meses ou são reparados de forma atamancada, voltando rapidamente a reabrir. Está a acontecer que a iluminação pública é mais reduzida, que mais e mais lojas dos centros comerciais são entaipadas e desaparecem misteriosamente. Está a acontecer que nas livrarias há menos títulos novos e que as lojas de música se volatilizaram completamente. Está a acontecer que nos bares e restaurantes há agora vagas com fartura, que os cinemas funcionam a meio gás, que os teatros vivem no terror da falta de público. Está tudo isto a acontecer e nós, como o sapo colocado em água fria que vai aquecendo lentamente até ferver, não vemos o perigo, vamos aceitando resignados este lento mas inexorável definhar da nossa vida coletiva e do Estado social, com uma infinita tristeza e uma funda turbação.
Está a acontecer e não poderia ser de outro modo. Está a acontecer porque esta política cega de austeridade está a liquidar a classe média, conduzindo-a a uma crescente pauperização, de onde não regressará durante décadas. Está a acontecer porque, nos últimos quase 40 anos, foi esta classe média que alimentou cinemas, teatros, espetáculos, restaurantes, comércio, serviços de saúde, tudo o que verdadeiramente mudou no país e aquilo que verdadeiramente traduz os hábitos de consumo numa sociedade moderna. Foi na classe média — de professores, médicos, funcionários públicos, economistas, pequenos e médios empresários, jornalistas, artistas, músicos, dançarinos, advogados, polícias, etc. —, que a austeridade cravou o seu mais afiado e longo punhal. E com a morte da classe média morre também a economia e o próprio país.
E morre porque era esta classe média que mais consumia — e que mais estimulava — os produtos culturais nacionais, da literatura à dança, dos jornais às revistas, da música a outro tipo de espetáculos e de manifestações culturais. É por isso que a cultura está a morrer neste país, juntamente com a economia. E se a economia pode ainda recuperar lentamente, já a cultura que desaparece não volta mais. Um país sem economia é um sítio. Um país sem cultura não existe.
Durante a II Guerra Mundial, quando o esforço militar consumia todos os recursos das ilhas britânicas, foi sugerido ao primeiro-ministro Winston Churchill que cortasse nas verbas da cultura. O homem que conduziu a Inglaterra à vitória sobre a Alemanha recusou perentoriamente. “Se cortamos na cultura, estamos a fazer esta guerra para qué?” Mutatis mutandis, a mesma pergunta poderíamos fazer hoje: se retiramos todas as verbas para a cultura, estamos a fazer este ajustamento em nome de quê? Mas esta, claro, é uma questão que nunca se colocará às brilhantes cabeças que nos governam”.
Nicolau Santos, Jornal Expresso, junho 2013
sicnoticias.sapo.pt

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A Arte do Origami

en.wikipedia.org
Origami (do japonês折り紙, de oru, "dobrar", e kami, "papel") é a arte tradicional e secular japonesa de dobrar o papel, criando representações de determinados seres ou objetos com as dobras geométricas de uma peça de papel, sem cortá-la ou colá-la.
O origami usa apenas um pequeno número de dobras diferentes, que no entanto podem ser combinadas de diversas maneiras, para formar desenhos complexos. Geralmente parte-se de um pedaço de papel quadrado, cujas faces podem ser de cores ou estampas diferentes, prosseguindo-se sem cortar o papel. Ao contrário da crença popular, o origami tradicional japonês, que é praticado desde o Período Edo (1603-1868), frequentemente foi menos rígido com essas convenções, permitindo até mesmo o corte do papel durante a criação do desenho, ou o uso de outras formas de papel que não a quadrada (retangularcircular, etc.).
Segundo a cultura japonesa, aquele que fizer mil grous de origami (Tsuru, "grou") teria um pedido realizado - crença esta popularizada pela história de Sadako Sasaki, vítima da bomba atômica.
Conforme se foram desenvolvendo métodos mais simples de criar papel, o papel foi tornando-se menos caro, e o Origami, cada vez mais uma arte popular. Ainda assim as pessoas menos abastadas se esforçavam em não desperdiçar; guardavam sempre todas as pequenas réstias de papel, e usavam-nas nos seus modelos de origami.
Durante séculos não existiram instruções para criar os modelos origami, pois eram transmitidas verbalmente de geração em geração. Esta forma de arte viria a tornar-se parte da herança cultural dos japoneses. Em 1797 foi publicado um livro (Hiden Senbazuru Orikata) contendo o primeiro conjunto de instruções origami para dobrar um pássaro sagrado da India. O Origami tornou-se uma forma de arte muito popular, conforme indica uma impressão em madeira de 1819 intitulada "Um mágico transforma folhas em pássaros", que mostra pássaros a serem criados a partir de folhas de papel.
Em 1845 foi publicado outro livro (Kan no mado) que incluía uma coleção de aproximadamente 150 modelos Origami. Este livro introduzia o modelo do sapo, muito conhecido hoje em dia. Com esta publicação, o Origami espalha-se como atividade recreativa no Japão.
Não seriam apenas os Japoneses a dobrar o papel, mas também os Mouros, no Norte de África, que trouxeram a dobragem do papel para Espanha na sequência da invasão árabeno século VIII. Os mouros usavam a dobragem de papel para criar figuras geométricas, uma vez que a religião proibia-os de criar formas animais. Da Espanha espalhar-se-ia para aAmérica do Sul. Com as rotas comerciais terrestres, o Origami entra na Europa e, mais tarde, nos Estados Unidos.

Sentido de várias expressões em calão, com o verbo "fazer"...

http://pesquisa.fnac.pt/ia105963/Eduardo-Nobre

«Dizemos hoje "gíria" ou "calão" para, numa só palavra, definir essas muitas que tomamos de empréstimo ao idioma pátrio para delas nos servirmos como instrumento quotidiano. Seja que a gíria, o calão é o português diário, comum ou quase secreto, que caldeamos na gramática para que a língua se sinta viva e útil. 
As palavras e expressões, formadas pela tradição e automatismo que regem a linguagem popular, serviram desde sempre a determinados grupos sociais ou profissionais, para simplificar o seu falar ou o tornar imperceptível a estranhos.» 
Eduardo Nobre, dicionário de CALÃO, Texto Editores, 2010
  • Fazer a cama - contribuir para uma punição; comprometer
  • Fazer a corte - namorar; galantear
  • Fazer a festa e deitar os foguetes - divertir-se só; rir das próprias graças
  • Fazer a folha - ajustar as contas; vingar-se
  • Fazer a parte - fingir; mostrar o que não sente: guardar as conveniências
  • Fazer bico/fazer boca - comer qualquer coisa antes de beber
  • Fazer caixinha - guardar para si e alguns íntimos qualquer segredo ou confidência
  • Fazer cantar - obrigar a falar ou a revelar uma confidência
  • Fazer cera - mandriar; não se esmerar no trabalho
  • Fazer chorar as pedras - emocionar
  • Fazer cruzes na boca - diz-se quando algo se gora
  • Fazer das fraquezas forças/Fazer das tripas coração - enfrentar com coragem qualquer revés; cobrar ânimo; arriscar-se
  • Fazer em fanicos - bater; sovar; partir em pedaços

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Nuno Júdice recebe hoje Prémio Rainha Sofia

imagem conseguida em:
bibliotecamunicipaldamarinhagrande.blogspot.com 
"O escritor Nuno Júdice recebe hoje, em Madrid, o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, no Palácio Real. A entrega da distinção, que será feita pela rainha espanhola, decorre numa cerimónia marcada para as 19h (18h em Lisboa), na sala das Colunas, e inclui uma evocação do poeta colombiano Álvaro Mutis, galardoado com o prémio em 1997, recentemente falecido. A evocação estará a cargo do poeta Jaime Siles, disse à Lusa fonte oficial.
Nuno Júdice, que acabou de publicar um novo livro de poesia, "Navegação de acaso", é o 23.º distinguido com o galardão e o segundo português a recebê-lo, dez anos depois de Sophia de Mello Breyner Andresen. O prémio, atribuído pelo Património Nacional espanhol e pela Universidade de Salamanca, tem o valor pecuniário de 42.100 euros e reconhece o conjunto da obra poética de um autor vivo que, pelo seu valor literário, constitua uma contribuição relevante para o património cultural partilhado pela comunidade ibero-americana.  
O júri considerou o poeta, ensaísta e ficcionista português como autor de uma poesia "muito elaborada, de um classicismo depurado", mas, ao mesmo tempo, com um grande compromisso com a realidade, segundo a agência EFE.
Numa pequena entrevista publicada hoje pelo "El País", Nuno Júdice apresenta-se como "um operário da escrita". "Obrigo-me a escrever todos os dias. Escrever é a minha vida. Gosto de fazê-lo, não vivo disso, mas está na minha maneira de ser", revela o escritor de 64 anos." http://expresso.sapo.pt/nuno-judice-recebe-hoje-premio-rainha-sofia=f843245#ixzz2lsI1wz2j


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Morreu Diane Disney, filha de Walt Disney

  • 20 de Novembro 2013, 09h14

Diane Disney sofreu queda em setembro e não chegou a recuperar.


Diane Disney, a única filha de Walt Disney que estava viva, morreu na terça-feira aos 79 anos na sua casa em Napa, a norte de São Francisco, informou o diário ‘Los Angeles Times’. De acordo com o mesmo jornal, Disney sofreu uma queda em setembro, da qual estava ainda a recuperar.
Nascida em Los Angeles, a filha mais velha de Walt e Lillian Disney casou com Ron Miller, que foi presidente executivo da Walt Disney Company entre 1980 e 1984. A irmã mais nova de Diane, Sharon, morreu em 1993.
Diane Disney dedicou-se à filantropia, à produção de vinho e desempenhou um papel fundamental na construção do auditório que tem o nome do seu pai, Walt Disney Concert Hall, e que é a ‘casa’ da orquestra filarmónica de Los Angeles, doando 50 milhões de dólares para o projeto e defendendo a sua assinatura pelo arquiteto Frank Gehry.
"Diane será lembrada e deixará saudades a todos os que a conheciam", disse o atual presidente da Walt Disney Company, Robert Iger.
Notícia copiada integralmente do Correio da Manhã, 25 de novembro 2013
Diane Disney, filha de Walt Disney

domingo, 24 de novembro de 2013

Finalmente...uma decisão do Presidente Cavaco Silva que agrada aos partidos de esquerda e sindicatos...!!!

23 Novembro 2013, 16:15 por Jornal de Negócios com Lusa
PS, PCP, BE, CGTP e UGT convictos que a convergência de pensões é inconstitucional e que por isso o Presidente da República não tinha outra opção.
O líder parlamentar socialista defendeu hoje que Cavaco Silva cumpriu com o seu "dever institucional" ao enviar a convergência de pensões para o Tribunal Constitucional, sublinhando que os socialistas já tinham assumido que enviariam para fiscalização sucessiva.

"Esta lei de corte retroativo nas pensões estava condenada a ser enviada para o Tribunal Constitucional", afirmou à Lusa o presidente da bancada parlamentar do PS, Alberto Martins.

O líder parlamentar socialista sublinhou que "o secretário-geral do Partido Socialista tinha assumido" que enviaria o diploma para o Tribunal Constitucional através do mecanismo de fiscalização sucessiva.

"Para além da inconstitucionalidade, esta lei é injusta e imoral, ao retirar aos pensionistas uma parte do seu rendimento. O Presidente da República cumpriu com o seu dever institucional", declarou.

PCP: PR cumpriu “pela metade”

O PCP defendeu hoje que o Presidente cumpriu "pela metade" o envio da convergência das pensões para o Tribunal Constitucional, argumentando que há outras normas que suscitam dúvidas constitucionais que os comunistas não descartam submeter a fiscalização sucessiva.

"Consideramos que era incompreensível e inaceitável que o Presidente da República não fizesse o pedido de fiscalização. O Presidente da República faz esse pedido de forma limitada, não considerando todas as questões que suscitam dúvidas de constitucionalidade, e dando cobertura à política do Governo de penalização dos reformados", afirmou à Lusa o líder parlamentar comunista.

BE: Cavaco fez "o que devia ter sido feito"

O BE defendeu hoje que o Presidente da República fez "o que devia ter sido feito" ao enviar a convergência de pensões para o Tribunal Constitucional, considerando que as "questões essenciais" de constitucionalidade estão contempladas.

"O Bloco acha que o Presidente da República fez o que devia ter sido feito, como é óbvio. O seu pedido baseia-se na leitura que o Bloco de Esquerda fazia", afirmou à Lusa a deputada bloquista Mariana Aiveca.

Mariana Aiveca reconheceu que um pedido de fiscalização sucessiva feito pelo BE "contemplaria muitas outras alíneas, como a da negociação coletiva e do respeito pela negociação suplementar", mas considerou que as "questões essenciais" foram contempladas.

"As principais dúvidas são relativas ao princípio da confiança, ao rompimento de um contrato que é realizado e à matéria da retroatividade", disse.

UGT recebe decisão com “grande satisfação”

O líder da UGT registou com "agrado" o pedido de fiscalização preventiva da constitucionalidade do regime de convergência de pensões entre o setor público e privado solicitado hoje pelo Presidente da República.

"É grande a satisfação e grande expectativa, porque vem ao encontro das preocupações e na defesa dos legítimos interesses e direitos de centenas de milhares de homens e mulheres deste país que seriam violentados, penalizadíssimos nos seus rendimentos ao fim do mês caso este diploma não fosse fiscalizado preventivamente ou não tivesse o crivo do Tribunal Constitucional", disse Carlos Silva, em Coimbra.

"Quero dizer que, em nome da UGT, registamos com satisfação que a competência do Presidente da República foi hoje a favor dos portugueses e dos trabalhadores, mas de uma forma particular dos pensionistas, sobretudo os da Caixa Geral de Aposentações", sublinhou Carlos Silva.

CGTP: PR teve a atitude "adequada"

O secretário-geral da CGTP disse hoje que o pedido de fiscalização preventiva da constitucionalidade do regime de convergência de pensões entre o setor público e privado solicitado pelo Presidente da República é a atitude "adequada".

Segundo Arménio Carlos, que falava aos jornalistas à margem do oitavo congresso da Federação Nacional de Médicos, que decorre hoje e domingo em Coimbra, a decisão de Cavaco Silva é uma "atitude aceitável, adequada à realidade e tomada no tempo oportuno".

"Pensamos mesmo que é um sinal que deve ser seguido no que respeita ao Orçamento de Estado, pois não podemos repetir as situações que se verificaram nos últimos dois anos e o senhor Presidente da República é a única instituição que pode recorrer à fiscalização preventiva do Orçamento", frisou o líder sindical.

O Presidente da República requereu hoje a fiscalização preventiva da constitucionalidade do regime de convergência de pensões entre o setor público e privado, que reduz cerca de 10% pensões superiores a 600 euros, anunciou a Presidência.

Cavaco Silva pediu ao Tribunal Constitucional que se pronuncie sobre a constitucionalidade das normas que determinam a redução em 10% de pensões em pagamento e das normas que determinam o recálculo do montante de pensões em pagamento, divulgou o Palácio de Belém na sua página na internet.

"O Presidente da República solicitou ao Tribunal Constitucional que verificasse a conformidade destas normas com a Lei Fundamental, designadamente com os princípios da unidade do imposto sobre o rendimento, da capacidade contributiva, da progressividade e da universalidade, e com o princípio de proteção da confiança, quando conjugado com o princípio da proporcionalidade", informa a Presidência.

O diploma do Governo que o Presidente da República enviou agora para o Tribunal Constitucional, e que foi aprovado apenas com os votos da maioria PSD/CDS-PP, define o regime de convergência de pensões entre o setor público e o setor privado e reduz em perto de 10% as pensões de valor superior a 600 euros.

Os cortes nas pensões do Estado, no âmbito da convergência dos regimes da Segurança social e da Caixa Geral de Aposentações, vão variar progressivamente entre os 9,87%, para as pensões obtidas antes de dezembro de 2005, e os 7,87%, para as pensões obtidas este ano.
foto extraída do Jornal de Negócios Online 23 novembro 2013