sábado, 22 de julho de 2017

Saber exprimir o amor pelos animais...

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Gosto muito de animais domésticos.

Em casa dos meus pais, tivemos sempre cães e gatos e sempre constatámos o amor incondicional que aqueles seres tinham por nós... Eram de uma lealdade comovente, fazendo-nos sempre companhia. Só lhes faltava falar ...Passámos com eles momentos inesquecíveis, por mais de uma década... 


Já depois de constituir a minha própria família, tivemos aquários com peixinhos de todas as cores e espécies! O nosso zelo pelo seu bem-estar era infinito: passávamos horas a limpar as paredes do aquário, para que eles vivessem o máximo de tempo e nas melhores condições...comprávamos as "maternidades" adequadas e separávamos as fêmeas para que se reproduzissem e ainda me lembro da nossa euforia quando nasciam os filhotes...

Mais tarde, apaixonei-me pelo canto de pássaros de espécies diferentes, tais como: o melro, o rouxinol do Japão, o canário,  o pintassilgo, o verdelhão, o travesso, os colibris... Mas estes, é mais difícil mantê-los connosco em casa, adoram a natureza e a liberdade e não é nada justo prendê-los... as asas são para voar...

Hoje, ao ler a revista NOTÍCIAS MAGAZINE do Diário de Notícias de 09 de julho de 2017 encontrei a CRÓNICA ILUSTRADA da autoria de José Luís Peixoto, com o título PRESENÇA, que me deixou extremamente comovida pelo modo como o autor conseguiu transmitir "esse" amor por uma cadelinha sua.

O texto é tão belo e comovente que, claro, não posso deixar de o partilhar! 

Então, aqui vai:

"Apenas sei que regressei a casa quando te pego ao colo. Tens muito para dizer-me e, por isso, os nossos olhos não se separam. Podia ficar aqui para sempre, há um mundo completo no interior dos teus olhos. Avanço nele e só encontro pureza. Comparo essa paisagem pelos lugares por onde andei e, por momentos, acredito que nunca mais quero sair daqui. Aspiro ao que vejo nos teus olhos, quero essa candura transparente para os meus gestos e para as minhas intenções. Aprendo tanto contigo.
Respiramos ao mesmo tempo. Agora, por fim, estamos juntos no mesmo instante, habitamo-lo. Passo as mãos pela tua cabeça, pescoço, costas, as minhas mãos são enormes no tamanho do teu corpo. Quando te habituas a esse ritmo e a esse calor, bocejas longamente. És tu, é a ternura, sorrio.
Sinto o conforto do teu peso. Nele, há uma segurança profunda, absoluta.
Nunca perguntas porque vou embora, sou eu que coloco a questão a mim próprio. Entre mistérios privados, secretos, há um lugar onde permanece essa interrogação sem resposta, exala uma espécie de força magnética, invisível e, no entanto, capaz de exercer força, mover objetos. Tento fixá-la como faço com os teus olhos, mas parece-me que lhe falta a tua clareza, que me falta a tua sinceridade.
Às vezes, sem saber o que quero, tenho a certeza de como posso alcançá-lo. Então, os movimentos são mais rápidos do que o pensamento, há uma vontade maior do que a minha a dirigir a minha vontade. Há uma voz distante que me chama, fico cego.
Agora, abraço-te. Em ti, protejo-me do mundo e de mim próprio. Esperaste-me atrás da porta, não deixaste que este tempo perturbasse o nosso apego. Levei-te comigo em todos os momentos, foste ao lado do meu nome, do meu silêncio, do pouco que realmente possuo.
Estás ao meu colo, respiras e, ao mesmo tempo, sou eu que estou ao teu colo, respiro. Há um entendimento que nunca perderemos, é maior do que as nossas vidas, é maior do que aquilo que somos capazes de ser. Eu sou um homem de 42 anos, tu és uma cadelinha de 11 anos, mas não é isso que importa."

(o escritor José Luís Peixoto)
imagem in: cm-palmela.pt

2 comentários:

SOCO disse...

Tierna relación. Gracias. Es un alivio para el espíritu participar de esos sentimientos. Muchas gracias al autor por escribirlo ya a "la Formiga" por compartirlo
.

Formiguinha disse...

Obrigada, SOCO, por continuar a ler o que publico e ser minha seguidora!

Ainda bem que gostou e partilha dos mesmos sentimentos pelos animais!

O texto é mesmo muito comovente!

Até à próxima!