sábado, 7 de outubro de 2017

Portugal é considerado o melhor destino europeu

in: colliers.com





















Claro que estamos muito orgulhosos por este reconhecimento e agradecemos

as visitas da gente de todo o mundo ao nosso país. 

Estou certa de que, como povo hospitaleiro que somos, saberemos receber 

bem quem nos visitar. 


"Portugal ganhou, pela primeira vez, o prémio de melhor destino europeu 
dos World Travel Awards, os 'óscares do Turismo' numa cerimónia que 
decorreu hoje, em São Petersburgo, na Rússia.
Presente na cerimónia, a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes
 Godinho, comentou que receber esta distinção inédita "é uma honra e 
um grande orgulho" e mostra que "todo o país é um ativo incrível e 
motivo de visita".
Para a governante, o prémio é resultado do "empenho de todos em 

tornar Portugal um destino turístico de excelência, com uma diversidade 

de oferta única e que se estende por todo o território".
Além de Portugal, estavam nomeados para o prémio Áustria, Reino Unido, 

França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Noruega, Espanha, Suécia, Suíça 

e Turquia.
Nesta cerimónia, Portugal foi o país que mais prémios recebeu, "30% do 

total", segundo informação da Secretaria de Estado. O país recolheu 37 

'óscares', mais 13 do que em 2016.
Estes são alguns exemplos: 
Melhor companhia aérea líder para África: TAP
Melhor companhia aérea líder para América do Sul: TAP
Melhor revista InFlight da Europa: Up Magazine (TAP)
Melhor Porto de Cruzeiros da Europa: Lisboa
Melhor empresa em cruzeiros fluviais: Douro Azul
Melhor destino de praia da Europa: Algarve
Melhor ilha de destino na Europa: Madeira
Melhor projeto de desenvolvimento turístico da Europa: Passadiços 

do Paiva
Melhor organismo europeu oficial de turismo: Turismo de Portugal
Estes reconhecimentos "trazem a responsabilidade acrescida de 

continuarmos, sempre, a qualificar os nossos destinos, a nossa oferta, 

os nossos recursos humanos e a inovar de forma a garantir que estamos 

à altura das exigências de uma procura cada vez mais sofisticada e 

exigente", acrescentou Ana Mendes Godinho.
Na cerimónia, o Turismo de Portugal, pela quarta vez consecutiva, foi 

eleito o melhor organismo europeu oficial de turismo.
Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, manifestou o "enorme 

orgulho" da distinção para um "organismo que tem apenas dez anos".
Este é, sem dúvida, também um reconhecimento da nossa estratégia 

turística e dos bons resultados que, ano após ano, o setor tem vindo a 

alcançar. 
Não é por acaso que o exemplo português é já considerado um 'case 

study' [caso de estudo] internacional", concluiu Luís Araújo.
O porto de Lisboa foi também eleito "Melhor Porto de Cruzeiros da 

Europa", pela qualidade de serviços e pelas infraestruturas disponíveis 

para os turistas que visitam e fazem escala na cidade.
Os World Travel foram criados em 1993 e a seleção dos nomeados é 
realizada à escala mundial por milhares de profissionais do setor." 

(in dn.pt, por DN/LUSA, 30.09.2017)

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Hoje celebra-se o feriado de 5 de outubro

Recordemos o que estudámos na História de Portugal:

"A revolução foi proclamada por todo o povo antes ainda de decidida a última acção, que daria origem ao 5 de Outubro de 1910, ou se saber quem alcançaria a vitória; e, desde esse momento, a notícia transmitida para todas as cidades e terras de Portugal, a adesão unânime à República foi verdadeiramente um plebiscito de espontaneidade e entusiasmo, entrando logo a vida portuguesa em normalidade.
Mantiveram-se os valores do Estado, o comércio abriu as suas portas, e a República era consagrada com cantares e alegrias, porque se respirava um ar oxigenado e livre.
As Constituintes de 1911 e os seus Deputados. Obra compilada por um antigo oficial da Secretaria do Parlamento, Lisboa, Livraria Ferreira, 1911, p.381.

Proclamação da República de 5 de Outubro de 1910

Na manhã do dia 5 de Outubro de 1910, em Lisboa, dirigentes do Partido Republicano Português dirigiram-se aos Paços do Concelho, de cuja varanda, José Relvas, acompanhado por Eusébio Leão e Inocêncio Camacho, proclamou a República: “Unidos todos numa mesma aspiração ideal, o Povo, o Exército e a Armada acabou de, em Portugal, proclamar a República”.

Testemunho de José Relvas do 5 de Outubro de 1910

A Praça do Município regurgitava, cheia pela multidão que ali acorrera logo depois de pacificada pela confraternização do Rossio. Foram proclamados os membros do Governo Provisório: Presidente, Teófilo Braga; Interior, António José de Almeida; Justiça, Afonso Costa; Finanças, Basílio Teles; Guerra, Correia Barreto; Marinha, Amaro de Azevedo Gomes; Obras Públicas, António Luís Gomes e Estrangeiros, Bernardino Machado. (…).
5 de Outubro de 1910 (Autor: Anselmo Franco)
5 de Outubro de 1910 (Autor: Anselmo Franco)
Fonte: José Relvas, Memórias Políticas, Lisboa, Terra Livre, 1977, p.151.

Testemunho de António José de Almeida do 5 de Outubro de 1910

Batalhou-se durante três dias, mas batalhou-se honrosamente e aqueles que pegaram nas espingardas saíram dessa luta com as mãos tão puras de sangue que, voltando a seus lares podiam tomar ao colo as crianças que encontravam no berço.
Fonte: Discursos do Dr. António José de Almeida (Presidente de Portugal) Durante a sua estadia no Rio de Janeiro, de 17 a 27 de Setembro de 1922, por ocasião das festas comemorativas do 1.º centenário da Independência do Brasil, Rio de Janeiro, Jacinto Ribeiro dos Santos, 1922, p.36."

encontrei em: 

http://www.historiadeportugal.info/5-de-outubro-de-1910/

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Liberdade e Alimentação Saudável

in: radiovaledominho.com

Todos nós pretendemos ter uma saúde de ferro. 
Mas como?
Talvez lendo sobre o que é exposto neste artigo de opinião que abaixo transcrevo. Só espero que, com isso, seja possível conseguir a tão almejada vida saudável que trará, como consequência (penso eu) mais anos na terra com qualidade de vida.
"Pela liberdade de ter uma alimentação mais saudável
Um dos valores mais importantes partilhados pela comunidade dos Global Shapers é a liberdade. Como tive oportunidade de referir no artigo “O Futuro está nas mãos dos jovens” para nós, Global Shapers, a liberdade é inegociável. E é precisamente sobre liberdade e saúde que hoje irei refletir.
O Instituto Nacional de Estatística anunciou a semana passada um novo aumento da esperança média de vida dos portugueses à nascença. Esta evolução coloca, uma vez mais, Portugal acima da média europeia e pelas melhores razões. De acordo com o relatório Health at a Glance: Europe 2016, os portugueses vivem, em média, mais do que os restantes europeus.
Mas se, por um lado, vivemos mais do que os restantes europeus, a verdade é que, quando olhamos para o número de anos de vida saudáveis perdidos após a idade dos 65, a realidade portuguesa é preocupante. Relativamente a este indicador, Portugal está no grupo dos piores da Europa. Por outras palavras, os portugueses vivem mais tempo, mas também mais doentes durante os seus últimos anos de vida.
Portugal é o país com a maior prevalência de diabetes da OCDE. Estamos acima da média dos restantes países da OCDE no que diz respeito à hipertensão arterial e ao excesso de peso/obesidade infantil. As doenças crónicas, que hoje representam os maiores encargos do SNS, são originadas por fatores de risco evitáveis tais como o sedentarismo, excesso de peso, tabagismo, alcoolismo e hábitos alimentares. A alimentação pouco saudável é, porventura, dos maiores responsáveis. De acordo com o relatório PNPAS 2017 da Direção Geral da Saúde, os maus hábitos alimentares são culpados pela perda de 15,8% dos anos de vida saudáveis.
A epidemia de doenças crónicas a que assistimos hoje implica encargos crescentes para o Serviço Nacional de Saúde (SNS). A menos que se consiga inverter esta tendência a sustentabilidade do SNS tenderá a ser matematicamente impossível.
A solução para este problema (diabetes, hipertensão, obesidade) passa pela liberdade. Sejamos objetivos e transparentes: muitos portugueses não têm hábitos alimentares mais saudáveis porque não têm liberdade para o fazer!

Os portugueses não são livres porque não têm acesso à informação

Qualquer cidadão que já tenha feito compras num supermercado saberá que é muito difícil tomar decisões com base em rótulos. São pequenos, confusos e incoerentes. Salvo raras exceções, parece existir uma incapacidade por parte da indústria alimentar de informar de forma clara os consumidores. Será a atual rotulagem alimentar fácil de perceber? Se tiverem dúvidas de qual a resposta, perguntem aos vossos avós. Este obstáculo parece ser ainda maior quando nos referimos aos alimentos mais nocivos pelos seus teores de sal, açúcar e gorduras.
Será divulgado no próximo dia 16 de Outubro, Dia Mundial da Alimentação, o estudo “Portuguese consumers attitudes towards food labelling ”, promovido pela Organização Mundial de Saúde em parceria com a Direção Geral da Saúde de Portugal, que parece sugerir que os Portugueses não são capazes de fazer escolhas acertadas com base na rotulagem atual dos alimentos.
“O que os olhos não vêem, a consciência não sente!”
Esta dificuldade pode, no limite, ser uma oportunidade de negócio. Movidos por uma genuína preocupação com a saúde das pessoas e com a sua liberdade de melhor escolher, os produtores certamente chegarão a consenso sobre uma forma única de informar os consumidores.
Os franceses conseguiram resolver este problema, apesar da grande resistência da indústria alimentar que considerava não ter a obrigação de informar mais e melhor os cidadãos. Os tribunais decidiram de outra forma.
Existem também outros exemplos da indústria que, sendo bem intencionados, acabam por confundir os consumidores, porque cada marca, cada cadeia de supermercados, usa a seu sistema de rotulagem próprio e diferente de todos os outros. Os consumidores confiam mais nas empresas que utilizam sistemas como o Semáforo Nutricional. Não terão nada a esconder.
Para quando um sistema único, obrigatório, como o Semáforo Nutricional de que todos já ouvimos falar, definido pela Direcção-Geral da Saúde, para todos os alimentos disponíveis no país?
Desde que munidas com a informação necessária, haverá mais pessoas a fazer escolhas mais saudáveis. Essa tendência obrigará a indústria alimentar a reformular-se com vista a ganhar competitividade (reduzindo os teores de açúcar, sal, ou gorduras trans presentes nos alimentos). Os novos desafios do mercado implicarão inovação. A inovação criará, como é natural, oportunidades no mercado laboral.

Os portugueses não são livres porque são viciados sem saber

Na semana passada decidi fazer uma experiência: ir às compras ao supermercado e tentar planear uma dieta respeitando os valores máximos de açúcar e sal diários recomendados pela OMS.
Analisei cuidadosamente todos os rótulos nutricionais disponíveis (sendo que quase precisei de usar uma lupa para o fazer em algumas situações). Passadas apenas algumas tentativas percebi que o meu objetivo seria impossível. São raríssimas as opções de cereais de pequeno-almoço que não estejam carregadas de açúcar adicionado. Os cereais do mercado português têm, em média, 24,45g de açúcar por cada 100g (média calculada com base numa amostra de 35 marcas/tipos de cereais de pequeno almoço disponíveis no mercado português).
Perante isto que pais se continuarão a orgulhar de ao pequeno-almoço obrigarem os seus filhos a comer em média 2 pacotes de açúcar escondidos em cada mão cheia dos seus flocos de cereais favoritos?
Para que serve, então, tanto açúcar adicionado? Será mesmo necessário?
Além de ter a função de adoçar o sabor dos alimentos, o açúcar tem também propriedades altamente aditivas. Não são raras as vezes em que grande parte do açúcar adicionado na produção dos alimentos não se destina a criar sabor mas sim a viciar os consumidores.
Acredito que aqui o Estado deve intervir. Tomemos por exemplo uma das medidas mais polémicas tomadas pelo Governo neste âmbito: a tributação das bebidas açucaradas (refrigerantes).
Quanto a esta medida houve quem tenha acusado o Estado de querer apenas engordar o seu Orçamento através de impostos indiretos. Por outro lado, algumas marcas de bebidas açucaradas previram o colapso das vendas e pré-anunciaram o desinvestimento no país.
Passados apenas meses desde o início da aplicação da tributação, foi evidente que nenhum desses receios se concretizou. Ainda que movidos por um incentivo financeiro (ficar abaixo do valor de corte da tributação), os produtores de refrigerantes diminuiram drasticamente os níveis de açúcar adicionado às bebidas em apenas três meses.
Pessoalmente não senti qualquer variação no sabor. A explicação poderá ser, por um lado, o facto de as papilas gustativas da língua do ser humano terem uma capacidade adaptativa grande relativamente a variações graduais dos níveis de sal e açúcar, e, por outro lado, porque grande parte do açúcar que desapareceu não se destinava ao paladar. A que se destinaria então?
Com esta medida não se pretende limitar a liberdade de quem gosta de beber bebidas refrescantes de o continuar a fazer. Pretende-se, sim, evitar que essa liberdade seja desvirtuada pela adição de substâncias desnecessárias.
De acordo com dados recentemente divulgados pelo Ministério da Saúde, graças a esta taxa, em 2017 os Portugueses irão ingerir menos 4.225 toneladas de açúcar do que em 2016. Os benefícios desta redução só se farão sentir a médio e longo prazo na saúde de cada um.
Faz agora todo o sentido revisitar a arquitetura desta medida. Neste momento, tendo por base apenas dois escalões de tributação, o incentivo para as diferentes marcas de bebidas se diferenciarem é reduzido. Se se quiser ter bebidas cada vez mais saudáveis há que criar mais sub-escalões e talvez não taxar, de todo, as bebidas com teores realmente baixos de açúcar.
Não há dúvidas que, do ponto de vista da saúde pública esta inovação legislativa foi um sucesso. Não deveria então a Assembleia da República, guardiã da “liberdade” e representatividade dos cidadãos, refletir sobre o alargamento deste modelo a outras áreas, como por exemplo aos alimentos com quantidades nocivas de sal adicionado?
De que está o Parlamento à espera para voltar legislar no sentido de diminuir o valor limite do sal adicionado ao pão?
Uma infografia recentemente publicada pela revista The Lancet, com o tema “How can Governments support healthy food preferences”evidencia que através de estratégias concertadas é possível melhorar os hábitos alimentares das populações. Todos, governos, escolas, vendedores, produtores, indústria e cidadãos têm de fazer a sua parte.
No entanto, de acordo com o estudo “The effects of policy actions to improve population dietary patterns and prevent diet-related non-communicable diseases: scoping review”, recentemente publicado no European Journal of Clinical Nutrition, a mais efetiva de todas as estratégias está nas mãos do Estado: a tributação/taxação. Esta é a forma mais efetiva de persuadir a Indústria a tornar as suas fórmulas mais saudáveis.
Numa altura em que a discussão do Orçamento do Estado se aproxima, qual será a atitude a assumir pelo nosso Parlamento? Ficar de braços cruzados acreditando que a autorregulação e as leis do mercado ditarão um futuro mais saudável? Ou, em nome da sustentabilidade do SNS e de uma vida mais saudável, o Estado defender e capacitar as pessoas com informação que lhes permita ter uma verdadeira liberdade de escolha?
Francisco Goiana da Silva tem 28 anos. É médico, docente na área de Gestão e Inovação em Saúde na Faculdade de Medicina da Universidade da Beira Interior e atualmente desempenha funções na Secretaria de Estado Adjunta e da Saúde. Formado na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, tem um mestrado em International Health Management pelo Imperial College de Londres e é pós-graduado pela Harvard School of Public Health. Foi o primeiro Global Shaper português a participar nas reuniões do encontro anual do Fórum Económico Mundial em Davos (2014).
O Observador associa-se aos Global Shapers Lisbon, comunidade do Fórum Económico Mundial para, semanalmente, discutir um tópico relevante da política nacional visto pelos olhos de um destes jovens líderes da sociedade portuguesa. Ao longo dos próximos meses, partilharão com os leitores a visão para o futuro do país, com base nas respetivas áreas de especialidade, como aconteceu com este artigo sobre as políticas inovadoras de Saúde Pública. O artigo representa, portanto, a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da Comunidade dos Global Shapers, ainda que de forma não vinculativa."
(in: observador.pt, 03.10.2017, por Francisco Goiana da Silva)

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Mais uma etapa na vida de Passos Coelho

Sim, a nossa vida é constituída por várias etapas... 
Chegou a altura de Pedro Passos Coelho passar também a uma outra, virando mais uma página no seu percurso de vida...

C'est la vie!
De qualquer forma, aqui fica aqui o "elogio" e o reconhecimento por tudo o que Passos fez por Portugal, entregando-se totalmente ao nosso país!
Transcrevo um artigo de opinião, de Maria João Avillez, extraído d'o observador.pt, elogiando Passos Coelho.
in: flad.pt
"Elogio não fúnebre

1. Esperava más noticias, teve as piores. “Veremos”, disse para si mesmo domingo à noite, no intervalo entre a expectativa de o PSD passar o cabo de 2013 e a certeza de que ficaria aquém. Depois, face à devastação nacional, reflectiu: partiria.
A decisão foi solitária, como ele. “Uma decisão destas toma-se sozinho”, disse-me Pedro Passos Coelho na madrugada de domingo, quando tentei apurar a devastação e descodificar-lhe o discurso. Deixaria a liderança e o parlamento e tudo o mais em nome “da sua responsabilidade” no desaire, apesar do carácter “local” destas eleições. Quando? “O mais breve possível”.
Tinham passado sete implacáveis anos de pressão sobre ele.
A costela transmontana forneceu-lhe a resistência, a dureza, o valor da palavra, o papel do esforço, o aço da convicção. Por de trás do olhar esverdeado e do sorriso cortês há mais razão que coração mas morou sempre, da intenção ao gesto, uma férrea vontade e uma imensa dose de auto-controlo.
Como na noite de domingo. Como certamente ontem, na Rua de S. Caetano, face a uma plateia para a qual olhou como sempre até aqui, sem réstea de ilusão. Se há coisa que em absoluto o distingue, e não é de hoje, é o nunca ter sido capaz de alimentar – ou sequer ter – qualquer ilusão sobre a natureza humana.
2. Talvez por se ter entregue totalmente ao país, tinha menos para dar ao PSD. Talvez por ter ganho duas legislativas seguidas contra tudo e todos (e da segunda vez sem proveito), enganou-se nos vaticínios. Tropeçou nos timings, errou nas apostas de insucesso do adversário sem nunca lhe ocorrer desistir da coerência do discurso e da sobriedade da atitude. Preferindo quiçá a sua antiga pele de chefe da governação, não soube abrir o PSD ou não foi capaz de cuidar dele de forma partidariamente mais sedutora e politicamente mais eficaz. Adequada ao estado do país e ao momento do mundo. Com mais gente e outra gente.
Talvez que saltar da “Europa”, com ou sem aspas, e das suas grandes tribulações; talvez que trocar o mundo e as suas desafiantes questões pelas distritais, concelhias, grandes intrigas e pequenos umbigos de um partido na oposição, seja bem mais difícil do que supõem os críticos de bancada. Mesmo assim. Estranhou-se a falta de candidatos presidenciais, permanecem um inteiro mistério os bastidores destas eleições. Que se passou? A verdade é que o seu cuidado no país e (aparentemente) menos no seu partido, a fé na sua estratégia oposicionista, a propensão natural para não abrir janelas nem frequentar o mundo, a imposição de uma “distância” que podia intimidar ou confundir, foram fazendo estragos: no PSD, nas sondagens, na militância, e não se sabe se nele próprio: a oposição – armadilhada, ainda para mais – estava a transformar-se numa inutilidade.
Pedro Passos Coelho cansou-se, desgostou-se, desiludiu-se? (Se é que algumas destas coisas ocorreu de facto). O certo é que, apesar da cabeça invariavelmente bem arrumada, da lucidez na escala das prioridades, da experiência e da resistência, a partir de certa altura alguma coisa pareceu interpôr-se entre um dos seus mandamentos – saber sempre o chão que pisava – e a sua vontade política. No caso, a sua vontade partidária.
Tentei aperceber-me deste último mistério (doloroso como nos rosários) eleitoral: “Mas então eu havia de inteferir nas escolhas autárquicas dos dirigentes locais? Eleitos para saberem, decidirem, escolherem?”. Pausa. Insisto. E as “suas” escolhas? “Candidatos fracos? Era perguntar a algumas das estrelas do PSD, sondadas ou convidadas, se estavam disponíveis… Não estiveram”.
3. As pessoas sérias lembram-se, reconhecem, algumas agradecerão – gostem ou não dele – a determinação meticulosa e corajosa, racional e resiliente como em 2011 ele se instalou no olho de todos os furacões. E o venceu. Quatro anos e meio de pressão non stop e massacres vários, desde a obrigação governamental de acertar as contas e prestar provas delas lá fora, até delirantes humilhações à base de manchetes falsas, irrevogáveis certezas de “segundos resgastes”, coelhos enforcados nalguns sítios por onde passava, ódios orquestrados. Nada disso distraiu nunca ou sequer comoveu este cavalheiro e ainda menos lhe esmoreceu o ritmo ou confundiu o rumo. Pelos vistos ao eleitorado também não: as últimas legislativas exibiram a vitória improvável da seriedade política sobre os massacres, das contas certas sobre falsas certezas, de uma sólida herança sob a forma da “folga” de alguns milhões (que muito confortou e serviu os vindouros).
As pessoas mais distraídas já não se lembrarão, e há outras que ainda hoje não se lembram mas um dia (a vida é assim, a política também), muitos recordarão aquele tipo decente que com uma equipa e uma boa metade dos portugueses salvou o país de catástrofes várias. Com sobriedade e boas maneiras, ainda para mais.
Haverá melhor passaporte para o futuro?
Mesmo que tudo isto agora lhe pareça, caro leitor, uma mera conversa de “passista” com ranço, olhe que não é. É muito mais que isso: é um elogio não fúnebre. Tive muita sorte em ter sido testemunha (sentada na primeira fila de tudo) da passada política de Passos. Vi muito, sei algumas coisas, apercebi-me de outras, lembro-me de tudo.
4. Não há como não antecipar o porventura agora ainda mais irrelevante futuro que espera o PSD. Nenhuns dos nomes de que se fala e dos que se pode ainda vir a falar unirá o partido, argumento pesado sempre incessantemente disparado sobre Passos Coelho, como um certificado de fracasso. Entre os que de fora querem a destruição, o sumiço, o apagamento da marca PSD e os que de dentro irão tecer a sua irrelevância, resta um débil sopro de esperança chamado ruptura geracional. E mesmo assim.
Também não há como não prever a glória desta ou outra geringonça socialista, o vento está-lhe de feição e o país, visivelmente comovido com ela (mesmo que inconscientemente endividado).
Também me surge como irresistível não pensar na alegria – pessoal, tanto quanto política – de Marcelo, mesmo que ele deteste e (muito) tema vir a lidar com Rui Rio. E claro, há ainda o inimaginável, de tão amplo, alívio de Costa. Marcelo e Costa foram, não se duvide, dois dos grandes obreiros (há outros) da teia onde desde há seis anos se tenta asfixiar politicamente o agora ex-líder do PSD e o próprio PSD.
5. E agora? Agora, Pedro Passos Coelho volta para casa. Amargura? Olímpico: “Que ideia!” O futuro: “Não sei, mas não sou de grandes necessidades”. Convites? “É sempre complicado convidar um ex-primeiro-ministro para trabalhar. Não sei se teria o feitio…”. Projectos? “Acabar o meu livro, que gostaria que já estivesse terminado”.
Com uma coisa ele irá, sem dúvida, poder contar : com ele próprio. Como assinatura e retrato, se não houvesse mais já não era modesto."
in: observador.pt  "Elogio não fúnebre", artigo de opinião, por Maria João Avillez, a 03.10.2017)
in: dinheirovivo.pt

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Portugal e Angola

Este texto que aqui transcrevo para profunda reflexão, é escrito por um jornalista angolano, atento às relações entre Portugal e Angola, tantas vezes considerados países irmãos.  

É com alguma mágoa que, depois desta leitura, concluamos: "afinal nem tudo são rosas!"... 

Sinceramente, faço votos para que os dois países, com tanta "História" em comum, se esforcem o suficiente para que as suas relações sejam de verdadeira amizade e não só "de circunstância".


in: cmjornal.pt
"Há dias ouvi o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, a justificar a sua ida a Angola para a tomada de posse de João Lourenço. “Há um presidente eleito, e o presidente da República de Portugal, uma vez convidado, vai à posse do novo presidente da República de Angola, pensando nas relações fundamentais que existem entre milhares e milhares de portugueses que estão em Angola e também alguns milhares de angolanos que estão em Portugal.”
Marcelo, o “homem dos afectos”, mostrou como as relações entre Angola e Portugal são traiçoeiras, mesmo para um homem com o seu gabarito verbal.
É ponto assente que o presidente de Portugal representa os portugueses. Por isso, teria bastado dizer que vai representá-los no seu todo.
Quanto aos “angolanos que estão em Portugal”, certamente não é o presidente português quem os representa. Além disso, o MPLA não permite que os angolanos na diáspora, incluindo em Portugal, votem. Não é a representação de Marcelo que vai suprir esse direito constitucional negado aos angolanos em Portugal.
Sobre os “portugueses em Angola”, temos aqui uma tese ofensiva amplamente difundida pelas classes política e empresarial, segundo a qual Portugal deve estar à disposição do MPLA para salvaguardar os interesses económicos e de segurança dos portugueses em Angola.
Essa tese suscita duas leituras. Primeiro, o MPLA – agora com a presidência bicéfala de José Eduardo dos Santos e João Lourenço – está colado ao poder e, por isso, é o único elemento que pode conceder oportunidades de negócios e proteger os portugueses. Esta é, mais ou menos, a leitura portuguesa.
A segunda leitura, mais de feição angolana, é crua. Se só o MPLA pode garantir negócios a Portugal e defender os portugueses em Angola, então é porque todos os outros angolanos que não são do MPLA e não estão no poder são – aos olhos dos poderes portugueses – uma ameaça aos interesses comerciais e à segurança dos portugueses em Angola.
Assim, Portugal pode desculpar qualquer acção que o MPLA empreenda contra o seu próprio povo, porque isso serve os interesses dos portugueses.
Há dias, falei com uma amiga portuguesa que esteve pela primeira vez em Angola durante as eleições. Circulou de táxi de um lado para o outro e regressou ao seu país encantada com os angolanos, o povo em geral, descrevendo algumas pessoas como “personagens fantásticos, dignos da melhor literatura”. Sentiu-se apenas intimidada e desconfortável com a arrogância e o exibicionismo da nomenclatura do MPLA, no meio de tanta miséria. De um modo geral, este tipo de opiniões, vindas de simples cidadãos, não interessa a Marcelo, nem aos políticos, empresários e comentaristas portugueses que fazem consultorias para o regime angolano.
Marcelo também mencionou os outros países que reconheceram os resultados de umas eleições sem apuramento de votos em 15 das 18 províncias. Portanto, Portugal não está sozinho. Marcelo foi apenas o primeiro e o único estadista a felicitar o regime, mesmo antes de o próprio órgão eleitoral do regime, a CNE, ter declarado a vitória do MPLA. Democracia é isso mesmo. Não é?
Neste cenário, os angolanos que não são do MPLA e que criticam a postura de Portugal são simplesmente classificados como tolos.
Há uma história comum de 500 anos, em que Portugal escravizou e colonizou os angolanos. Portanto, a relação entre os dois povos nunca foi de amizade nem de interesses comuns. Sempre foi como Portugal bem entendeu.
Todavia, em 1975, não foi o povo angolano quem pôs os portugueses em fuga atabalhoada, com uma mão à frente e outra atrás. Foi o MPLA.
Não foi o povo angolano, essa ameaça aos interesses económicos e à segurança dos portugueses, quem entregou o poder ao MPLA em 1975. Foi a própria liderança política portuguesa. Na altura, quem o fez achava – como me confidenciou um antigo diplomata português – que os do MPLA “eram os que mais se pareciam connosco” (a tese do lusotropicalismo). De igual modo, foram o Partido Comunista Português (PCP), que estava a dar cartas em Portugal, e o Movimento das Forças Armadas (MFA) quem primeiro convenceu os cubanos e os soviéticos a entrarem em Angola, dando cobertura ao MPLA, que se instalou no poder. Isto mesmo reiterou Otelo Saraiva de Carvalho em diversas ocasiões.
Nem adianta falar dos anos de Cavaco Silva e de Durão Barroso, e da implementação dos infames Acordos de Bicesse, assinados em 1990. Também eles usaram do mesmo preconceito e da mesma parcialidade dos comunistas.
Nem sequer adianta mencionar o envolvimento de uma empresa portuguesa, a SINFIC, que foi instrumental para a manipulação das eleições de 2012 e de 2017.
O cerne da desgraça e da tragédia dos angolanos parte sempre de Portugal.
O presidente português bem poderia ter dito que vai a Angola porque é uma oportunidade para transmitir o “afecto”, mesmo que cínico, do povo português para com o povo angolano.
Poderia também ter dito que vai transmitir o apoio e o encorajamento de Portugal ao novo presidente para enfrentar os desafios do desenvolvimento humano em Angola. E ficaríamos todos contentes, incluindo o próprio presidente eleito e o MPLA, porque o cinismo é uma característica que nos une.
Pensei que o presidente dos “afectos” tivesse tacto diplomático para lidar com Angola. Enganei-me. Mas não me engano quanto à hospitalidade, ao sentimento de amizade, à capacidade de perdoar e à tolerância do povo angolano.
Bem-vindo a Angola, camarada Marcelo."
(in: observador.pt  
 texto de Rafael Marques de Morais, de 25.09.2017)