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domingo, 16 de junho de 2019

"AMIGO": um poema de Alexandre O'Neill


in observador.pt


AMIGO

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra "amigo".

"Amigo" é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

"Amigo" (recordam-se vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
"Amigo" é o contrário de inimigo!

"Amigo" é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado, 
É a verdade partilhada, praticada.

"Amigo" é a solidão derrotada!

"Amigo" é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
"Amigo" vai ser, é já uma grande festa!

(Alexandre O'Neill - Amigo)

sexta-feira, 10 de maio de 2019

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Um poema que nos fala muito de OLHÃO, no Algarve



Sendo sócia da ASSP (Acção de Solidariedade Social dos Professores), recebo regularmente o Boletim Informativo e encontro sempre nele poemas muito interessantes, normalmente escritos pelos associados. 

É o caso deste e que tomo a liberdade de o transcrever, pois gosto imenso do Algarve e ao ler estes versos, sinto-me lá, em férias... 

(a autora é Lucinda Felício, associada nº 5277, publicado no Boletim Informativo nº 208 do 3º trimestre de 2018, da ASSP)

Quem ao Algarve vier
E não entrar em Olhão
Certamente não vai ter 
Uma correta visão!

Seus castelos sem ameias
Que atraem os visitantes,
São as belas açoteias
E também os seus mirantes!

Ao subir a um mirante,
A vista é maravilhosa
Ficará decerto amante
Da nossa Ria Formosa!

Ao falar da nossa igreja
E do Senhor dos Aflitos
Apostamos que ele seja
Dos monumentos mais bonitos!

As casas em forma cúbica
É mesmo original
Deve ser tornada pública
Não há outra em Portugal!

Ex-libris cá da terra 
O mercado municipal
Cuja arquitetura encerra
Influência árabe local!

Cataplane de marisco e harém
Peixe que o Algarve abastece
Tudo isto Olhão tem
O que muito nos envaidece!

P'ra comer um bom litão
E fazê-lo com prazer
Só procurando em Olhão
A quem o souber fazer!

Como terra que se preza 
Tem também o seu museu
Tudo o que a sua história reza
Prova que nada morreu!

E p'ra poder conhecer
A Ria em pormenor
Pode uma viagem fazer
Em barco de alto valor!

O caíque fez a viagem
Ao Brasil desde Olhão
Levando ao Rei a mensagem
Da queda de Napoleão!

P'ra férias poder gozar
As ilhas são maravilhosas
Tudo deve aproveitar
Enquanto não são famosas!

Areias finas e brancas
Que os veraneantes trilham
Pessoas boas e francas
Águas quentes que até brilham!


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Um Poema dedicado à Mãe


imagem in: mensagenscomamor.com
Mãe:
Que desgraça na vida aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu 
Numa linha severa e desenhada?

Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.

Chamo aos gritos por ti - não me 
respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto - sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio.

Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!

Miguel Torga, in Diário IV

Miguel Torga
(imagem in:revistapazes.com)

segunda-feira, 17 de julho de 2017

"Mensagem para um professor": um Poema de Flora Azevedo

Mensagem para um professor

Contra ventos e marés,
Mantém-te ao leme
Do teu barco.
Que nada te perturbe,
Que nada te desvie
Da rota sonhada.
Segue, sereno,
Na senda das estrelas
Que brilham nos olhos
Dos que te foram confiados.
Ensina-os, vela por eles,
Sê o seu porto de abrigo,
A luz do farol
Para sempre aceso
Nas suas vidas.

Flora Azevedo
Professora

imagem in: https://blogdduarte.wordpress.com

domingo, 25 de junho de 2017

Neste domingo, um poema de Maria Helena Soares Reis Horta

Escolhi um poema desta poetisa setubalense, que despertou para a poesia, incentivada por Sebastião da Gama, seu amigo e professor.

Como professora associada há mais de 30 anos da ASSP (Associação de Solidariedade Social dos Professores) recebo regularmente o Boletim Informativo e, foi com alegria que deparei com este poema maravilhoso no BI nº 203, 2º trimestre 2017 e cuja leitura ofereço a quem me "visita" neste espaço de partilha.

Então, aí vai:

Arrábida Serra e Mar

Minha serra
Verde verde
Tão verde de olhar o mar
Que dia e noite
A seduz
Com cantigas de embalar

Canta a onda no rochedo
Alegre pela tardinha
Acordando o rouxinol
Poeta cantor
Presságio
Da noite que se avizinha

E a noite
Abraça e protege
Carreirinhos peregrinos
Onde se escondem segredos
De frades arrabidinos
E a noite 
Tem a frescura
De rosmaninho a florir
De alfazema perfumada
De medronho a colorir

Tem o travo de Saudade
Aroma de rosas mil
Rosas bravas albardeiros
Rainhas do mês de abril
E a noite 
Guarda o mistério
Do passado a renascer
Guarda o Sonho do Poeta
E os poemas por escrever

Minha serra
Verde verde
Encanto dos olhos meus
Na Mata do Solitário 
Fico mais perto da Vida
Fico mais perto de Deus.

(in "Traços da Memória")

imagem obtida in: http://a-ler-em-voz-alta.blogspot.pt 

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Poema: "Se eu morrer antes de vocês", de Vinicius de Moraes


in: Virgula-Uol
Se eu morrer antes de vocês, façam-me um favor.
  Chorem o quanto quiserem,

Mas não se zanguem com Deus por Ele me ter levado.

 Se não quiserem chorar, não chorem.
  Se não conseguirem chorar, não se preocupem.

 Se tiverem vontade de rir, riam.
  Se algum amigo contar alguma coisa a meu respeito, ouçam mas acrescentem a vossa versão.

 Se me elogiarem demasiado, corrijam esse exagero.
  Se me criticarem demais, defendam-me.

 Se quiserem fazer de mim um santo, só porque morri, mostrem que eu tinha um bocadinho de santo, mas estava longe de ser o santo que 
 agora me querem atribuir.

 Se me quiserem fazer um demónio, mostrem que eu talvez tivesse um pouco de demónio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e ser amigo.
  Se alguém falar mais de mim do que de Jesus Cristo, chamem-no à atenção.

 Se sentirem saudade e quiserem falar comigo, falem com Jesus e eu ouvirei. Espero estar com Ele o suficiente para continuar a ser útil a todos, lá onde estiver.
  E se tiverem vontade de escrever alguma coisa sobre mim, digam apenas uma frase :

 Foi meu amigo, acreditou em mim e quis-me, por seu intermédio, mais perto de Deus!’
  Aí, então derramem uma lágrima.

 Eu não estarei presente para a enxugar, mas não faz mal.
  Outros amigos farão isso no meu lugar.

 E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no Céu.
  Mas, de quando em vez, olhem na direcção de Deus.

 Vocês não me irão ver, mas eu ficarei muito feliz vendo-vos a olhar para Ele.
  E, quando chegar vossa vez de irem para o Pai, aí, sem nenhum véu para nos separar, viveremos em Deus, a amizade que, na Terra, nos preparou para Ele.

 Vocês acreditam nestas  coisas ? Sim???
  Então rezem. Rezem para que todos vivam como quem sabe que vai morrer um dia, e que morram como quem soube viver direito.

 Amizade só faz sentido se trouxer o Céu para mais perto de nós, inaugurando aqui mesmo na Terra o seu começo.
  Eu não vou estranhar o Céu. Sabem  porquê ?  

 PORQUE, TER SIDO VOSSO  AMIGO,  JÁ FOI UM PEDAÇO DO CÉU !

terça-feira, 24 de maio de 2016

Tereza de Benguela

in: www.controversia.com.br
TEREZA DE BENGUELA

Na história do Brasil
Nas escolas ensinada
Aprendemos a mentira
Que nos é sempre contada
Sobre o povo negro e índio
Sobre a gente escravizada.

Nos contaram que escravos
Não lutavam nem tentavam
Conquistar a liberdade
Que eles tanto almejavam
E por isso só passivos
Os escravos se ficavam.

Ô mentira catimboza
Me dá nojo de pensar
Pois o povo negro tinha
Muita força exemplar
E com muita inteligência
Sempre estavam a lutar.

Um exemplo muito grande
É Tereza de Benguela
A rainha de um quilombo
Que mantinha uma querela
Contra o branco opressor
Sem aceite de tutela.

No estado Mato Grosso
Tinha o tal Quariterê
Um quilombo importante
Para livre se viver
Cooperando em coletivo
Guerreando pra vencer.

José Piolho era o marido
Mas chegou a falecer
Então Tereza de Benguela
Veio pois rainha a ser
Liderando com firmeza
Na certeza de crescer.

No quilombo liderado
Era possível encontrar
Estrutura de política
Que seria de invejar
E a administração
Também era exemplar.

Tinha armas poderosas
Pra lutar e resistir
Com talento pra forjar
Se botavam a fundir
Objetos muito úteis
Para a vida construir.

As algemas e outros ferros
Que serviam de prisão
Lá na forja transformavam
Pra outra utilização
E com muita habilidade
Tinham outra intenção.

O quilombo tinha armas
Pela troca ou por resgate
E com muita resistência
Suportavam esse embate
Libertando muita gente
Pela via do combate.

O sistema muito rico
Tinha até um parlamento
E também um conselheiro
Pra rainha embasamento
Que exemplo grandioso
Era o gerenciamento!

Além disso ainda tinha
O plantio de algodão
E também lá se tecia
Pra comercialização
Os tecidos que vendiam
Fora da quilombação.

As comidas do quilombo
Que ali eram plantadas
Dividas entre todos
Também comercializadas
Tudo aquilo que sobrava
Para venda enviadas.

Tinha milho e macaxeira
E também tinha feijão
Sem esquecer a banana
Com fins de alimentação
E as sobras, como disse
Pra comercialização.

Foi por isso que Tereza
Duas décadas reinou
Com a força do quilombo
Que com garra liderou
E por isso pra história
A rainha então ficou.

Em 1770
Quariterê foi atacado
Por Luiz Pinto de Souza
o Coutinho era enviado
Pelo sistema escravista
O quilombo era acabado.

A população de negros
Setenta e nova se contavam
E a população de índios
Tinham trinta que restavam
Foram presos, foram mortos
Pelos que assassinavam.

De acordo com o registro
Tereza foi capturada
Mas depois de poucos dias
A rainha adoentada
Acabou-se falecendo
Da mazela ali tomada.

E os brancos matadores
A cabeça lhe cortaram
Exibindo em alto poste
Pra mostrar aos que ficaram
A maldade desses brancos
Que do racismo enricaram.

Na história brasileira
Ela deve ser lembrada
Como uma grande heroína
Para sempre memorada
Pela sua força e mente
Sempre homenageada.

Dia 25 de Julho
É o dia de lembrar
De Tereza de Benguela
Pois rainha exemplar
Foi durante sua vida
Sem jamais silenciar.

Que exemplo inspirador
Que mulher tão imponente
Foi Tereza de Benguela
Uma deusa para a gente
Que até hoje não desiste
Dessa luta pertinente.

Me revolta esse país
Que não fala na história
Dos seus feitos grandiosos
E de toda a sua glória
O silêncio é explicado
Pela vil racista escória.

É por isso que escrevo
Mulher negra também sou
E registro de Tereza
O legado que ficou
Pois bem poderosamente
A Tereza aqui reinou.

Faço humilde reverência
E saúdo a sua história
Agradeço pela luta
Que me foi dedicatória
Ao racista esquecimento
Faço uma denegatória.

Mulher negra de coragem
E também de inteligência
Com talento e liderança
Com imensa sapiência
Foi Tereza de Benguela
Fonte de resiliência.

Que seus feitos importantes
Não mais sejam esquecidos
Que o racismo asqueroso
Não lhes deixe escondidos
Pois são para o povo negro
Exemplos fortalecidos.

Oh Tereza de Benguela!
Nosso espelho ancestral
Sua alma ainda vive
E entre nós é maioral
Nós honramos sua luta
Sua força atemporal!

Por Jarid Arraes

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Um Poema de Manuel Alegre: "Resgate"


imagem conseguida em : manuelalegre.com

Há qualquer coisa aqui de que não gostam

da terra das pessoas ou talvez

deles próprios
cortam isto e aquilo e sobretudo
cortam em nós
culpados sem sabermos de quê
transformados em números e estatística
défices de vida e de sonho
dívida pública dívida
de alma
há qualquer coisa em nós de que não gostam
talvez riso esse
desperdício.
Trazem palavras de outra língua
e quando falam a boca não tem lábios
trazem sermões e regras e dias sem futuro
nós pecadores do sul nos confessamos
amamos a terra o vinho sol o mar
amamos o amor e não pedimos desculpa.
Por isso podem cortar
punir
tirar a música às vogais
recrutar quem os sirva
não podem cortar o verão
nem o azul que mora
aqui
não podem cortar quem somos.
Manuel Alegre
in "Bairro Ocidental", Resgate - D. Quixote 2015

sábado, 20 de junho de 2015

Frei António das Chagas


Soneto do século XVII


No século XVII, Barroco, os artistas eram dados a estes jogos. 
Às vezes até se ficavam pelos trocadilhos, não curando dos assuntos. 
Mas este tem assunto bem recheado de saber.

Soneto, obra prima do trocadilho, escrito no século XVII por um tal
António Fonseca Soares (Frei António das Chagas)

           CONTA E TEMPO

              Deus pede estrita conta de meu tempo.
              E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta.
              Mas, como dar, sem tempo, tanta conta,
              Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?


              Para dar minha conta feita a tempo,
              O tempo me foi dado, e não fiz conta.
              Não quis, sobrando tempo, fazer conta.
              Hoje, quero fazer conta, e não há tempo.

              Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,
              Não gasteis vosso tempo em passatempo.
              Cuidai, enquanto é tempo, em fazer conta!

              Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,
              Quando o tempo chegar, de prestar conta
              Chorarão, como eu, o não ter tempo...

https://pt.wikipedia.org/wiki/

sábado, 7 de março de 2015

India Song, de Marguerite Duras

Chanson, 
Toi qui ne veux rien dire
Toi qui me parles d'elle
Et toi qui me dis tout
Ô, toi,
Que nous dansions ensemble
Toi qui me parlais d'elle
D'elle qui te chantait
Toi qui me parlais d'elle
De son nom oublié
De son corps, de mon corps
De cet amour-là
De cet amour mort

Chanson,
De ma terre lointaine
Toi qui parleras d'elle
Maintenant disparue
Toi qui me parles d'elle
De son corps effacé
De ses nuits, de nos nuits
De ce désir-là
De ce désir mort

Chanson,
Toi qui ne veut rien dire
Toi qui me parles d'elle
Et toi qui me dis tout
Et tout qui me dis tout

India Song, texte de Marguerite Duras, musique de Carlos d'Alessio


terça-feira, 4 de março de 2014

O valor do tempo...


O tempo passa? Não passa
  
O tempo passa? Não passa no abismo do coração.
Lá dentro, perdura a graça do amor, florindo em canção.
O tempo nos aproxima cada vez mais,
Nos reduz a um só verso e uma rima de mãos e olhos, na luz.
Não há tempo consumido nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido de amor e tempo de amar
O meu tempo e o teu, amada, transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada, amar é o sumo da vida.
São mitos de calendário tanto o ontem como o agora,
E o teu aniversário é um nascer a toda a hora.
E nosso amor, que brotou do tempo,
não tem idade, pois só quem ama escutou o apelo da eternidade.

www.frasesdepensadores.com.br

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Um Poema de Sophia de Mello Breyner dedicado à mulher


www.escritas.org
“Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos...
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes.
Há mulheres que trazem o mar nos olhos pela grandeza da imensidão da alma pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes e calma.”    

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Alda Lara - poetisa angolana

ALDA LARA EM CÍRCULO 

Todo o caminho é belo se cumprido.
Ficar no meio é que é perder o sonho.
É deixá-lo apodrecer, no resumido...
círculo da angústia e do abandono.

É ir de mãos abertas, mas vazias,
de coração completo, mas chagado.
É ter o sol a arder dentro de nós
cercado
por grades infinitas...

Culpa de quem, se fiz o que podia,
na hora dos descantes
e das lidas?

Ah! ninguém diga que foi minha!
Ah! ninguém diga...

Minha, a culpa,
de ter dentro do peito,
tantas vidas!...

Alda Lara 

(poetisa angolana)




domingo, 4 de agosto de 2013

Poema Inédito de Natalia Correia (1955/57)

   

Novas notícias que os amantes dão de Cristo ao mundo

 Senhor, foi pelos amantes que morreste na cruz.
Tempo é de nos dizeres que esse teu sofrimento
É o espelho dos seus corpos extasiados e nus.

Como tu, abolidos, pelos fariseus cercados
Dão-te uma flor de sangue quando loucos se dão
Na nascente da luz dos amores desvairados
Que é a fonte sagrada da tua paixão.

Natália Correia,  
O Sol nas Noites e o Luar nos dias I, Círculo de Leitores

imagem acima, obtida em: http://images.search.conduit.com/ImagePreview/?q=+nat%C3%A1lia+correia&ctid=CT3106777&SearchSource=2&FollowOn=true&PageSource=Results&SSPV=&CUI=&UP=&UM=&start=0&pos=23


quinta-feira, 23 de maio de 2013

"Angola Saudosa", um poema de José Carlos Moutinho

                          

Angola Saudosa


Angola...
Terra quente, de chão vermelho
Como o sangue da vida,
Onde proliferam cores candentes,
De corações alegres
E almas ardentes!
Flora de deslumbrantes miragens,
Fauna de pujante riqueza!

Ah...Angola de tantos encantos,
Que se perdem nas planícies do tempo
E se reencontram nas montanhas,
Sob mantos de luar!

Angola...
Terra que vibra a cada instante,
No nascer da alvorada,
De sol escaldante...
Que nos sorri, em cada momento do nosso sentir!
Angola, país de tantos dialetos e contrastes,
De um povo forte, de místicas crenças!

Angola, filha da Mãe África,
Transbordante de saberes e feitiços,
De extensões que se perdem no infinito,
Das ilusões que se inventam misteriosas,
Nas noites de batuques,
Despertadas nas madrugadas,
De Acácias em flor,
Inebriadas pelos cheiros raros,
Desta Angola amada,
Incrustada, paradoxalmente
Numa África bela e sacrificada.

José Carlos Moutinho

imagem obtida em: visahunter.com