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De Manuel Ribeiro & AP Publicado a 22/06/2025)
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imagem obtida in X.com |
Vários países e a ONU reagiram ao envolvimento oficial dos EUA no conflito entre Israel e o Irão.
Do Médio Oriente ao resto do mundo, pede-se desanuviamento da situação e o regresso à diplomacia.
O mundo acordou no domingo com a entrada oficial dos EUA no conflito entre Israel e o Irão. O Presidente Donald Trump tinha dito na quinta-feira que decidiria o envolvimento de Washington na guerra de Israel contra Teerão em duas semanas, mas tomou a decisão final em apenas alguns dias.
A partir da chamada "Situation Room", na Casa Branca, Washington, Trump e os seus conselheiros, deu a ordem para que, na madrugada de domingo, os bombardeiros furtivos B-2 entrassem em ação com ataques cirúrgicos às instalações nucleares do Irão, sob o pretexto deste país estar a construir uma bomba nuclear.Os B-2 terão saído das bases aéreas de Guam e Diego Garcia para libertarem as poderosas bombas de penetração nas centrais nucleares de Fordow, Natanz e Esfahan.
Não se sabe ao certo que danos foram infligidos, e o Irão disse que se reservava o direito de "resistir com força total".
Alguns questionaram se um Irão enfraquecido capitularia ou permaneceria desafiador e começaria a atacar com aliados alvos americanos espalhados pela região do Golfo.
Os aliados dos norte-americanos no Médio Oriente apelaram a um regresso à mesa das negociações na sequência dos ataques que alimentaram o receio de um conflito mais vasto, ao mesmo tempo que salientaram a ameaça que representa o programa nuclear de Teerão.
Alguns países e grupos da região, incluindo os que apoiam o Irão, condenaram a medida, ao mesmo tempo que apelam ao desanuviamento da situação.
ONU apela à diplomacia
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou estar "gravemente alarmado" com o uso da força pelos Estados Unidos.
"Existe um risco crescente de que este conflito possa rapidamente ficar fora de controlo - com consequências catastróficas para os civis, para a região e para o mundo", afirmou numa declaração na plataforma de comunicação social X.
"Apelo aos Estados-Membros para que reduzam a escalada". "Não há solução militar. O único caminho a seguir é a diplomacia".
Keir Starmer do Reino Unido pede ao Irão que volte à mesa das negociações
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, apelou ao Irão para que regresse à mesa das negociações a fim de pôr termo à crise por via diplomática, afirmando que a estabilidade é a prioridade na região volátil, mas a questão que importa saber é se os EUA e Israel querem sentar-se à mesa e resolver a questão pela via diplomática?
Entretanto, o Reino Unido, juntamente com a União Europeia, a França e a Alemanha, tentaram, sem sucesso, mediar uma solução diplomática em Genebra na semana passada com o Irão.
Starmer afirmou que o programa nuclear do Irão representa uma grave ameaça para a segurança mundial.
"Não se pode permitir que o Irão desenvolva uma arma nuclear e os Estados Unidos tomaram medidas para atenuar essa ameaça", afirmou Starmer.
Chefe da diplomacia europeia e Von der Leyen apelam à contenção
A principal diplomata da União Europeia afirmou que não se deve permitir que o Irão desenvolva uma arma nuclear, mas instou os envolvidos no conflito a mostrarem contenção.
"Exorto todas as partes a recuarem, a regressarem à mesa das negociações e a evitarem uma nova escalada", afirmou a chefe da política externa da UE, Kaja Kallas, numa publicação nas redes sociais.
A Presidente da União Europeia, Ursula von der Leyen, publicou na rede X que a estabilidade na região deve ser a nossa prioridade, bem como o respeito pelo direito internacional. Apela a uma solução diplomática.
Itália diz que um Irão nuclear representa perigo para a região
O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, afirmou que as instalações nucleares iranianas "representam um perigo para toda a região", mas espera que a ação possa conduzir a um desanuviamento do conflito e a negociações.
China questiona se EUA está a cometer o erro do Iraque?
Um comentário dos meios de comunicação social do governo chinês pergunta se os EUA estão a "repetir o erro do Iraque no Irão".
O artigo online da CGTN, o braço de língua estrangeira da emissora estatal, disse que os ataques dos EUA marcam um ponto de viragem perigoso.
"A história tem demonstrado repetidamente que as intervenções militares no Médio Oriente produzem frequentemente consequências indesejadas, incluindo conflitos prolongados e desestabilização regional", afirmou, citando a invasão americana do Iraque em 2003.
A abordagem diplomática e ponderada é a melhor esperança para a estabilidade no Médio Oriente.
Iraque tem relações estreitas com Washington e Teerão
O Governo iraquiano condenou os ataques dos EUA, afirmando que a escalada militar criou uma grave ameaça à paz e à segurança no Médio Oriente. O governo iraquiano afirmou que a escalada militar representa um sério risco para a estabilidade regional e apelou a esforços diplomáticos para desanuviar a crise.
"A continuação de tais ataques corre o risco de uma escalada perigosa com consequências que ultrapassam as fronteiras de qualquer Estado, ameaçando a segurança de toda a região e do mundo", afirmou o porta-voz do governo, Bassem al-Awadi, no comunicado.
O Iraque tem relações estreitas tanto com Washington como com Teerão, e tem tentado equilibrá-las ao longo dos anos. O país tem também uma rede de poderosas milícias apoiadas pelo Irão, que até agora não entraram na luta.
Arábia Saudita não condena ataques, mas está preocupada
A Arábia Saudita, um dos principais aliados dos EUA na região, manifestou "profunda preocupação" com os ataques aéreos dos EUA, mas não chegou a condená-los.
"O Reino sublinha a necessidade de envidar todos os esforços possíveis para exercer contenção, diminuir as tensões e evitar uma nova escalada", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros num comunicado.
A Arábia Saudita tinha anteriormente condenado os ataques de Israel às instalações nucleares e aos líderes militares iranianos.
Qatar lamenta a escalada das tensões
O Qatar, que alberga a maior base militar dos EUA no Médio Oriente, declarou que "lamenta" a escalada das tensões na guerra entre Israel e o Irão.
Numa declaração, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar exortou todas as partes a mostrar contenção e "evitar a escalada, que os povos da região, sobrecarregados por conflitos e pelas suas trágicas repercussões humanitárias, não podem tolerar".
O Qatar tem sido um mediador fundamental na guerra entre Israel e o Hamas.
Omã receia o alargamento do conflito
O Omã, que serviu de mediador nas conversações nucleares entre o Irão e os EUA, condenou os ataques aéreos, afirmando que estes aumentaram as tensões na região.
Os ataques aéreos dos EUA ameaçam "alargar o âmbito do conflito e constituem uma grave violação do direito internacional", afirmou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Omã num comunicado.
Eixo de Resistência do Irão apela à Jihad
Tanto os rebeldes Houthi no Iémen como o Hamas condenaram os ataques dos EUA.
Numa declaração de domingo, o gabinete político Houthi apelou às nações muçulmanas para se juntarem "à Jihad e à opção de resistência como uma frente contra a arrogância sionista-americana".
O Hamas e os Houthis fazem parte do chamado Eixo de Resistência do Irão, um conjunto de representantes pró-iranianos que se estende do Iémen ao Líbano e que, durante anos, deu à República Islâmica um poder considerável em toda a região.
Quanto ao Hezbollah, o grupo militar não empreendeu qualquer ação militar contra Israel em solidariedade com o seu principal aliado, o Irão, e ainda não comentou os ataques noturnos de Washington.
No Líbano, o seu novo presidente, Joseph Aoun, afirmou que os bombardeamentos dos EUA podem conduzir a um conflito regional que nenhum país pode suportar e apelou a negociações.
"O Líbano, os seus dirigentes, os seus partidos e o seu povo estão hoje, mais do que nunca, conscientes de que pagaram um preço elevado pelas guerras que eclodiram no seu território e na região", declarou Aoun numa declaração no dia X. "Não estão dispostos a pagar mais."
A nova liderança do Líbano - que chegou ao poder após uma guerra devastadora entre Israel e o grupo militante Hezbollah - instou o país a evitar ser arrastado para mais conflitos enquanto tenta reconstruir-se e sair de uma crise económica que dura há anos.
Austrália pede fim diplomático para o conflito
A Austrália, que encerrou a sua embaixada em Teerão e evacuou o pessoal na sexta-feira, insistiu num fim diplomático para o conflito.
"Temos sido claros ao afirmar que o programa nuclear e de mísseis balísticos do Irão tem sido uma ameaça à paz e à segurança internacionais", disse um funcionário do governo numa declaração escrita. "Registamos a declaração do Presidente dos EUA de que este é o momento para a paz".
"Continuamos a apelar ao desanuviamento, ao diálogo e à diplomacia".
Papa Leão XIV: "A humanidade clama pela paz"
O Papa Leão XIV também se pronunciou sobre o assunto: "A humanidade grita e invoca a paz", disse o pontífice dirigindo-se aos fiéis durante o Angelus na Praça de São Pedro, em Roma.
Irão pede reunião de emergência na ONU
Por último, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Abbas Araghchi denunciou esta manhã a operação, classificando-a como "uma grave violação da Carta das Nações Unidas" e um ato "ultrajante".
Araghchi advertiu que a ação "terá consequências" e reafirmou que "o Irão se reserva todas as opções disponíveis para defender a sua soberania, os seus interesses e a sua população" e pediu uma reunião de emergência ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Até ao momento, Putin não emitiu qualquer declaração ou posição política face aos ataques dos EUA ao Irão, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros russo apelou ao regresso à diplomacia e condenou veementemente o ataque, afirmando que os EUA violaram o direito internacional.