sábado, 12 de março de 2011

Rimas infantis para ir cantando aos mais pequeninos



Ando a reler um livro de Adolfo Coelho, "Jogos e Rimas Infantis", e acho interessante dar a conhecer algumas dessas actividades lúdicas que o autor sugere, não só pela sua criatividade e diversidade, como também pelo modo como podem ser executadas.

Com esta leitura, têm-me assolado ao espírito as muitas brincadeiras que fizeram parte da minha infância e a sensação de felicidade que me davam quando as partilhava com os da minha idade - em casa, na rua ou na escola, naquela África, onde todos, de qualquer raça ou religião, nos juntávamos para as praticar.

 
"Os contos e rimas infantis parecem ser como o leite materno, que nenhuma preparação, por mais adiantada que esteja a ciência, poderá igualar." (Coelho, Adolfo - Os Elementos tradicionais da Educação - Estudo Pedagógico, Lisboa:Livraria Universal, 1833, p.65.).

Partindo desta afirmação do autor, vou tentar interpretar o que ele nos pretende transmitir: esses jogos e rimas infantis são como que "criações inconscientes da humanidade", produzidas pela natureza, constituindo uma fórmula onde cabem o ritmo, a melodia, a regularidade métrica, a sonoridade, as rimas e as repetições, não esquecendo a mímica, os gestos, o aspecto lúdico...

São transmitidos de viva voz, o que pressupõe que os elementos que brincam uns com os outros se encontram próximos, em pleno convívio e comunicação. As rimas tradicionais ocupam um lugar importante no desenvolvimento da linguagem e da inteligência da criança.

Por exemplo, no livro é citado Wallon, que defende a concepção de uma fase verbal na criança entre os 3 e os 6 anos em que esta brinca com as palavras, fazendo jogos com elas, de uma forma puramente lúdica, não precisando de compreender as rimas que consegue formar, mas sentindo enorme prazer ao fazê-lo.

O povo português tem alguns "Cantos de Berço" com quadras muito simples, delas fazendo parte tanto a vertente religiosa como a mítica. Um exemplo:

Ó meu menino
Ru-ru...
Cantam os anjos,
Dormirás tu.

O meu menino é d'oiro,
D'oiro é o meu menino;  
                                              
Hei-de levá-lo aos anjos
Enquanto ele é pequenino.

Vai-te embora, passarinho,
Deixa a baga do loureiro;
Deixa dormir o menino,
Que está no sono primeiro.

Rola, rola, meu menino,
Quem te há-de dar a mama?
O teu pai foi para o moinho,
Tua mãe caiu na lama.

O meu menino tem sono,
Tem sono e quer dormir:
Venham os anjos do céu
Ajudá-lo a cobrir.

O meu menino tem sono,
Tem sono e quer nanar:
Venham os anjos do céu
Ajudá-lo a embalar.

"Cavalgar" - quando o bebé já se senta com facilidade, pega-se nele e põe-se sobre o nosso joelho, e como que a trotar, brandamente, seguram-se-lhe as mãozinhas, para o equilibrar bem e com o ritmo adequado, segundo as localidades, diz-se, por exemplo:

Arre burrinho
Para a Mealhada,
Sete vinténs
De levar a carrada.
               (Coimbra)

Arre burro
Para Azeitão,
Que os meninos 
Já lá vão.
           (Lisboa)
                               











Arre burrinho
Para São Martinho,
                                    Carregado
                                    De pão e vinho.
                                                    (Alcobaça)
Tantarantana
Minha carapuça!
Tantarantana
Que assim baila a ruça!

Tantarantana
Meu carapuço!
Se ele tem febre
Apalpa-lhe o pulso!
                     (Coimbra)

Minha vida,
Vamos a Benfica,
Vamos ver o padre (*o monge)
Que está na botica.

Para a próxima haverá mais exemplos...

sexta-feira, 11 de março de 2011

Jardin d'Acclimatation à Paris

 
"Le Jardin zoologique du bois de Boulogne est destiné à appliquer et propager les vues de la Société impériale zoologique d'acclimatation, avec le concours et sous la direction de cette Société ; par conséquent à acclimater, multiplier et répandre dans le public toutes les espèces animales ou végétales qui sont ou qui seraient nouvellement introduites en France et paraîtraient dignes d'intérêt par leur utilité ou par leur agrément"

quarta-feira, 9 de março de 2011

Antártica perde gelo


"Antártica está a perder cada vez mais gelo", é o título de um artigo do DN CIÊNCIA, de hoje, 09-03-2011.

É um alerta que devemos escutar veementemente.

Não é caso para menos, pois é deveras preocupante que nestes últimos 20 anos a Antártica e a Greenland estejam a perder cada vez mais gelo. Isso provoca o aumento do nível dos oceanos: "Cientistas calcularam, através de imagens de satelite e modelos climatéricos, que os oceanos estão a aumentar cerca de 3 milímetros todos os anos."

Tudo isto, segundo a BBC, está a suceder muito mais depressa do que o que estava previsto: "Se este desgelo continuar, a água dos dois pólos podem acrescentar cerca de 15 centímetros ao nível dos oceanos."





terça-feira, 8 de março de 2011

As feministas da Família Pankhurst



A FAMÍLIA PANKHURST

"São muitas as inglesas que têm no Reino Unido estátuas mais ou menos monumentais, relembrando os seus feitos, desde a espectacular Boadiceia, que nos remotos tempos das lutas contra os romanos resistiu até à morte com bravura, até Emmeline Pankhurst, que passou a vida a exigir o voto para as mulheres e leis mais igualitárias. Foi presa vezes sem conto, por perturbar a vitoriana paz pública. Tem uma estátua em Westminster, em Londres e é considerada uma das 100 mulheres mais importantes do século XX, na Grã-Bretanha. Vamos conhecer esta mulher singular.



Emmeline Goulden

Emmeline Goulden nasceu em 14 de Julho de 1858, em Manchester numa família com um forte sentido de justiça social. O pai, Robert Goulden, advogado tinha simpatias pelas ideias radicais e um gosto especial pelo teatro amador que escrevia e encenava em casa com os filhos. A mãe, Sophie Crane era uma feminista apaixonada. «Eu tinha 14 anos quando participei no meu primeiro meeting sufragista». De regresso da escola encontrou a mãe que ia para esse meeting. Seguiram ambas. «Os discursos interessaram-me logo e fiquei a ouvir Miss Lydia Becker que era a editora do Women’s Suffrage Journal. Passei a ir ouvi-las todas as semanas. «Saí do meeting com a consciência de uma sufragista», conta Emmeline Pankhurst na sua autobiografia com o título My Own Life.
Aos quinze anos por sugestão dos pais vai estudar para Paris onde as suffragettes também faziam os seus comícios de rua, não esquecendo que anos antes Olímpia de Gouges ousara escrever a Declaração dos Direitos da Mulher, em 1791 e no ano seguinte, a inglesa Mary Wollstonecraft publicara Reivindicação dos Direitos das Mulheres. Na Grã-Bretanha um político com visão de futuro, John Stuart Mill, em 1866 apresentou uma Petição ao Parlamento pelo direito ao sufrágio feminino, mas a petição foi rejeitada. O seu estudo com o título The Subjection of Women, em 1869 foi traduzido em todas as línguas europeias e tornou-se a referência para as correntes do liberalismo político que se avizinhava.
Nunca deixando de militar nas causas sociais Emmeline, quando o primeiro ministro Earl Grey fez aprovar a Poor Law Commission de apoio às famílias pobres, Emmeline Pankhurst ficou como responsável oficial do cumprimento da lei. Nessa condição visitou muitos bairros pobres e sabia bem como a pobreza era muita no seu país. Emmeline casou, em 1879, com 21 anos,com o brilhante advogado Richard Pankhurst, que tinha quase o dobro da sua idade, mas que comungava das mesmas ideias da jovem. Ele foi pioneiro na escrita de legislação garantindo à mulher a independência das suas rendas ou ordenado e a favor do voto das mulheres solteiras nas eleições locais.
Em seis anos, o casal Pankhurst teve 4 filhos. O casal teve ao todo cinco filhos mas sobreviveram apenas quatro raparigas. Os Punkhurst fazia parte do Independent Labour Party e Richard acabou por ser eleito para a Câmara dos Comuns, escassos meses antes de uma doença súbita o vitimar, em 1898. As filhas mais velhas já adolescentes apoiaram vivamente a mãe.
Em 1903 Emmeline, fundou com as filhas Christabel e Sylvia a WSPU - Women’s Social and Political Union que desenvolveu um trabalho assinalável. Em 1907 Emmeline vai residir para Londres e só em 1912 é que a sua luta pelo direito ao voto se intensifica, apoiada pela filha Christabel. Em 1907 mais de 100 mulheres membros da WSPU passaram pela prisão onde muitas vezes eram insultadas e pontapeadas. Uma irmã de Emmeline, Mary, membro da WSPU em Brighton, foi encarcerada na Holloway Prison, em 1910 tendo morrido pouco depois.
As sufragistas criticavam duramente os políticos e estes andavam de cabeça perdida porque levaram tempo a perceber que com uma simples lei acabavam com a agitação. Mas como é sabido as mentalidades é o que mais tempo demora a mudar!
No ano de 1912, Emmeline foi presa 12 vezes, apesar de ser uma respeitável viúva de 54 anos. Em 1917 Emmeline e Christabel fundam o Women’s Party onde exigiam «para trabalho igual, salário igual» e benefícios para as mulheres que tinham filhos. No fim da I Grande Guerra (1914-1918) Emmeline visitou o Canadá e os EUA. Regressou em 1925. E, ironia do destino, poucos meses depois da sua morte, em 1928, as mulheres puderam finalmente votar em Inglaterra, sem restrições. Morreu com 70 anos.




CHRISTABEL PANKHURST

Christabel (1890-1958), a filha mais velha de Emmeline, seguiu as pisadas da mãe na luta pela emancipação das mulheres e foi uma sufragista carismática. Estudou Direito e era adepta de movimentações de rua para chamar a atenção para as justíssimas reivindicações femininas. E pensava: «se as coisas não vão a bem vão a mal».
E é sabido que Christabel e as suas companheiras provocavam distúrbios de toda a ordem para serem ouvidas. Na sua autobiografia, com o título What I Remenmber relata como faziam as acções de quase vandalismo, e de alguma loucura, como acorrentarem-se às grades do Palácio de Buckingham, para serem ouvidas. Acabavam sempre encarceradas. Na prisão faziam greve de fome e adoeciam dadas as precárias condições higiénicas. Saiu uma lei, que ficou conhecida como Cat and Mouse Act, que não era mais que um perigoso jogo do gato e do rato. Que se passava assim: primeiro: as sufragistas radicais eram presas por desacatos, depois na prisão recusavam-se a comer e a seguir adoeciam. Então a opinião pública forçava e os políticos mandavam-nas libertar. Postas em liberdade ou em hospitais para se curarem e se alimentarem à força, eram de novo encarceradas até cumprirem as sentenças! Uma corrente infernal.
Christabel esteve sempre do lado da mãe, até ao seu falecimento, depois aderiu à Igreja Metodista e foi residir para os EUA.
Testemunho da prisioneira do Cat and Mouse Act, Annie Kenney, em Abril de 1912:
«Tinha como visitas a carcereira, o governador, o médico, o padre e o magistrado do Tribunal. Diziam-me para comer e beber, mas eu recusei. A carcereira e o médico ficaram meus amigos. O médico usava de toda a simpatia para me convencer a comer fruta. Eu nada comia.
“Tenho que estar liberta dentro de três dias, doutor ou então morro-lhe nos braços!” E o bom médico não queria que eu morresse ali. Ao fim de três dias as grades abriram-se para mim. A senhora Brackenbury levou-me para uma determinada casa a que chamavam «Castelo do Rato».(...) Quando estava recuperada de saúde era novamente encarcerada.»
(Memories of a Militant, de Annie Kenney)
Em 1897 a inglesa Millicent Garrett Fawcett fundou a National Union of Womens’s Suffrage. Baseava a sua luta pelo voto numa justa argumentação. Era paciente e esperava resultados. Se as mulheres pagavam impostos como os homens deviam poder votar como eles. Em 1903 com a criação da WSPU por Emmeline Pankhurst, Fawcett percebe que os progressos da sua missão eram demasiado lentos e que era preciso agir de outra forma. Em 1905 Christabel Pankhurst e Annie Kenney interromperam um comício em Manchester, onde dois políticos da ala liberal discursavam. Eram eles, Winston Churchil e Sir Edward Grey. Elas gritaram pedindo direito ao voto. Os homens calaram-se e a polícia levou-as, porque perturbavam a ordem e como se recusavam a pagar a multa eram encarceradas. Deste modo mostravam as injustiças do sistema. Os políticos estavam bastante confusos sobre a melhor atitude a tomar contra estas mulheres, que lhes perturbavam o pequeno-almoço e os derbies. E a família real inglesa, com a rainha Vitória (até 1901) como soberana, era contra o voto das mulheres, daí que também em frente de Buckingham Palace as manifestações tivessem lugar. Nestas lutas de rua o mais trágico acontecimento foi em Junho de 1913 quando a feminista Emily Wilding Davison numa corrida de cavalos se atirou para debaixo das patas do cavalo do rei, tendo acabado por morrer dos ferimentos. A WSPU organizou um espectacular funeral e as sufragistas fizeram dela a sua primeira mártir.



SYLVIA PANKHURST

Sylvia (1882-1960) era diferente de Christabel e sempre acompanhara o pai, quando ainda criança a levava a fazer campanha pelo Partido Trabalhista Independente. Sylvia era uma pacifista e jamais aderiu às campanhas violentas da WSPU da mãe e irmã. Sylvia estudou no Royal College of Arts, era escritora e artista e foi ela quem desenhou e escolheu as cores dos uniformes que usavam as mulheres da WSPU. Púrpura, verde e branco. Púrpura representava a dignidade, branco a pureza e verde a esperança no futuro. Em 1914 Sylvia (1882-1960) sai da WSPU. A organização, dada a situação de guerra parou as suas actividades para darem apoio aos soldados feridos na 1ª Grande Guerra, enquanto que Sylvia com outras mulheres, conseguiram angariar dinheiro para abrir hospitais para bebés em Londres. Entusiasmada com a Revolução russa de 1917, partiu e foi conhecer pessoalmente Lenine. As ideias pró-comunistas vão entusiasmá-la. Em 1930 vai apoiar os espanhóis na Guerra Civil. Sylvia também ajudou refugiados judeus a fugir da Alemanha nazi e na campanha de Itália, na Etiópia, manifesta-se contra a invasão. Em Itália conheceu o italiano socialista Silvio Corio e, coerente com as suas ideias, pois era contra o casamento, teve solteira o filho Richard, que nasceu em 1927. Sylvia Pankhurst seria convidada pelo governo etíope para residir naquele país. Ali fundou diversos jornais, onde desenvolveu uma intensa campanha anti-racista. Viveu na Etiópia onde morreu em 1960 e teve honras de funeral de Estado, tal era a consideração que os etíopes lhe dedicavam.
Em finais de 2001 decorria uma campanha de angariação de fundos para erigirem uma estátua a Sylvia. O próprio filho esteve envolvido nessa homenagem.
Emmeline Pankhurst em 1912, numa das suas palestras disse:
«Nós as mulheres sufragistas temos uma grande missão – a maior missão que o mundo jamais teve. A de libertar metade da humanidade, e através dessa libertação salvar a outra metade.» "

Dia Internacional da Mulher

LENDA E REALIDADE
(pesquisa efectuada em: http://www.leme.pt/destaques/diadamulher.html)


"A lenda do Dia Internacional da Mulher como tendo surgido na sequência de uma greve, realizada em 8 de Março de 1857, por trabalhadoras de uma fábrica de fiação ou por costureiras de calçado - e que tem sido veiculada por muitos órgãos de informação - não tem qualquer rigor histórico, embora seja uma história de sacrifício e morte que cai bem como mito.

Em 1982, duas investigadoras, Liliane Kandel e Françoise Picq, demonstraram que a famosa greve feminina de 1857, que estaria na origem do 8 de Março, pura e simplesmente não aconteceu (1), não vem noticiada nem mencionada em qualquer jornal norte-americano, mas todos os anos milhares de orgãos de comunicação social contam a história como sendo verdadeira («Uma mentira constantemente repetida acaba por se tornar verdade»).

Verdade é que em 1909, um grupo de mulheres socialistas norte-americanas se reuniu num "party’, numa jornada pela igualdade dos direitos cívicos, que estabeleceu criar um dia especial para a mulher, que nesse ano aconteceu a 28 de Fevereiro. Ficou então acordado comemorar-se este dia no último domingo de Fevereiro de cada ano, o que nem sempre foi cumprido.

A fixação do dia 8 de Março apenas ocorreu depois da 3ª Internacional Comunista, com mulheres como Alexandra Kollontai e Clara Zetkin. A data escolhida foi a do dia da manifestação das mulheres de São Petersburgo, que reclamaram pão e o regresso dos soldados. Esta manifestação ocorreu no dia 23 de Fevereiro de 1917, que, no Calendário Gregoriano (o nosso), é o dia 8 de Março. Só a partir daqui, se pode falar em 8 de Março, embora apenas depois da II Guerra Mundial esse dia tenha tomado a dimensão que foi crescendo até à importância que hoje lhe damos.

A partir de 1960, essa tradição recomeçou como grande acontecimento internacional, desprovido, pouco e pouco, da sua origem socialista.

(1) Se consultarmos o calendário perpétuo e digitarmos o ano de 1857, poderemos verificar que o 8 de Março calhou a um domingo, dia de descanso semanal, pelo que, em princípio, nunca ocorreria uma greve nesse dia. Há quem argumente, no entanto, que, durante o século XIX, a situação da mulher nas fábricas dos Estados Unidos era de tal modo dramática que trabalharia 7 dias por semana."
Pesquisa efectuada por Maria Luísa V. Paiva Boléo


CONSAGRAÇÃO DO 8 DE MARÇO COMO O DIA INTERNACIONAL DA MULHER


"Desde 1975, em sinal de apreço pela luta então encetada, as Nações Unidas decidiram consagrar o 8 de Março como Dia Internacional da Mulher.

Se, nos nossos dias, perante a lei da maioria dos países, não existe qualquer diferença entre um homem e uma mulher, a prática demonstra que ainda persistem muitos preconceitos em relação ao papel da mulher na sociedade. Produto de uma mentalidade ancestral, ao homem ficava mal assumir os trabalhos domésticos, o que implicava para a mulher que exercia uma profissão fora do lar a duplicação do seu trabalho. Foi necessário esperar pelas últimas décadas do século XX para que o homem passasse, aos poucos, a colaborar nas tarefas caseiras.

Mas, se no âmbito familiar se assiste a uma rápida mudança, na sociedade em geral a situação da mulher está ainda sujeita a velhas mentalidades que, embora de forma não declarada, cerceiam a sua plena igualdade.

O número de mulheres em lugares directivos é ainda diminuto, apesar de muitas delas demonstrarem excelentes qualidades para o seu desempenho. Hoje as mulheres estão integradas em todos os ramos profissionais, mesmo naqueles que, ainda há bem pouco tempo, apenas eram atribuídos aos homens, nomeadamente a intervenção em operações militares de alto risco.

Nos últimos anos, a festa comemorativa do Dia Da Mulher é aproveitada por muitas delas, de todas as idades, para sair de casa e festejar com as amigas, em bares e discotecas, o dia que lhes é dedicado, enquanto os homens ficam em casa a desempenhar as tarefas que, tradicionalmente, lhe são imputadas: arrumar a casa, fazer a comida, tratar dos filhos...

Se a sua esposa, irmã, mãe ou avó ainda é daquelas que, não obstante as suas tarefas laborais no exterior, ainda encontra tempo e paciência para que nada lhe falte, o mínimo que poderá fazer será aproveitar este dia para lhes transmitir o seu apreço. Um ramo de flores, mesmo que virtual, será, certamente, bastante apreciado. Mas não se fique por aqui. Eternize este dia, esquecendo mentalidades preconcebidas, colaborando mais com elas nas tarefas diárias e olhando-as de igual para igual em todas as circunstâncias, quer no interior do seu lar, quer no seu local de trabalho. Quando todos assim procedermos, não haverá mais necessidade de um dia dedicado à mulher."

http://www.leme.pt/destaques/diadamulher.html


A Revolução Francesa e As Mulheres


"Nesta caminhada de luta nem todas saíram à rua, porque muitas mulheres houve que lutaram através da escrita, em simples panfletos, com escritos em jornais ou publicação de livros. A imprensa feminina deste período é um fenómeno extraordinário. Nos EUA a feminista Susan Anthony utilizava os escritórios da redacção do jornal The Revolution (1868-1870) para organizar as operárias nova-iorquinas. Fazem-se conferências, abrem-se salões políticos, luta-se por novas formas de família, onde o divórcio acabe com anos de servidão e hipocrisia. Lê-se muito e discutem-se ideias e ideais.

São as mulheres em França com esse emblemático jornal La Fronde, que teve enorme repercussão e proporcionou novos horizontes na caminhada para uma sociedade igualitária. No Reino Unido surgiram diversas publicações que denunciavam a tirania da Igreja e do Estado. Lutava-se contra a prostituição. A própria escritora Charlotte Brontë, autora de As Mulherzinhas participa numa manifestação feminista. Os jornais escritos por mulheres surgiram por todo o lado, alguns mesmo com apoio de homens mais esclarecidos. Na Alemanha, na então Checoslováquia, na Polónia, Holanda, Suíça, as mulheres movimentam-se de forma extraordinária. Para o jornal da famosa feminista alemã Clara Zetkin (1857-1933) escrevem jovens russas, austríacas e até a finlandesa Hilja Parssinen. As mulheres viviam em efervescência pelas suas causas. Era preciso recuperar o tempo perdido a todo o custo.
«”Se, na Europa, as feministas beneficiam, na primeira metade do século XIX, do espírito de revolução e de dissidência religiosa, o feminismo dos Estados Unidos é inicialmente marcado pelo espírito pioneiro. As Daughters of Liberty (uma das mais importantes sociedades patrióticas dos EUA aberta às mulheres) da Revolução americana como Abigail Adams, são teóricas isoladas (...) Todavia a partir do final do século XIX, os feminismos dos dois mundos ocidentais começam a aproximar-se.”» (Anne-Marie Kappelli in História das Mulheres, vol. V, p. 545)

As mulheres com maior sentido de cidadania, no séc. XIX, começaram por pedir o direito à educação, isto é ao ensino oficial, fora do lar e com acesso a cursos superiores. A pouco e pouco foram-lhe abertas as portas das Universidades. Mas havia um direito fundamental mais abrangente que todas as mulheres aspiravam – o direito ao voto. A palavra sufrágio deu origem ao termo suffragettes em França, que foi utilizado no Reino Unido e EUA e que em Portugal, deu origem à palavra sufragista, que ainda hoje tem uma conotação demolidora, como teve no tempo das primeiras lutas das sufragistas em Inglaterra, caricaturadas como mulheres horrendas e complexadas que nenhum homem deseja. Hoje sabemos que isso nada tinha de verdade."

Dia Internacional da Mulher



DIA INTERNACIONAL DA MULHER


"Durante séculos, o papel da mulher incidiu sobretudo na sua função de mãe, esposa e dona de casa. Ao homem estava destinado um trabalho remunerado no exterior do núcleo familiar. Com o incremento da Revolução Industrial, na segunda metade do século XIX, muitas mulheres passaram a exercer uma actividade laboral, embora auferindo uma remuneração inferior à do homem. Lutando contra essa discriminação, as mulheres encetaram diversas formas de luta na Europa e nos EUA.

Três feministas inglesas, dos primórdios das lutas pelo direito ao voto. Mãe e duas filhas com histórias de vida extraordinárias porque fizeram dessa causa a principal das suas vidas.

Depois de 1928, ano em que as inglesas puderam votar, sem restrições, muitas outras desigualdades foi preciso combater e as filhas de Emmeline Pankhurst, Christabel e Sylvia estiveram na primeira linha dessa cruzada, honrando o nome que tinham.

Falar de Emmeline, Christabel e Sylvia Pankhurst é também relembrar às jovens de hoje que nasceram repletas de direitos: de estudar, de escolher a profissão, de ter a conta bancária, de viajar, de vestir o que lhes apetece, de casar ou coabitar com quem amam, de ter ou não filhos e entre muitos outros direitos, o de votar. Sem se lembrarem que no início do século XX ainda a maior parte das universidades europeias não permitia o ingresso de mulheres e que a luta pelo direito ao voto foi uma das mais acesas do séc. XIX, onde mulheres com muita ou pouca cultura e com mais ou menos bens económicos reivindicaram vivamente esse direito, tendo algumas dado a vida por essa conquista.

Na História Universal houve épocas e regiões onde as mulheres tiveram mais direitos que em séculos posteriores, como é sabido, porque a história é feita de assimetrias, de avanços e recuos, não é linear. É, porém consensual que foi o século XX que finalmente proporcionou às mulheres, praticamente de todo o mundo, o seu lugar na sociedade. Como disse a escritora e jornalista espanhola, Rosa Montero: «No vertiginoso lapso de tempo de cem anos, apenas um brevíssimo suspiro no decorrer dos tempos, as mulheres passaram do nada ao muito.»"

Bibliothèque Nationale de France



 

 

segunda-feira, 7 de março de 2011

Castelo de Vide - qual a origem do seu nome?


É interessante que as pesquisas efectuadas sobre este nome, apontem para uma possível inspiração nas videiras selvagens que devastavam os morros do castelo do concelho com o mesmo nome. Note-se que as videiras fazem parte do brasão da vila.

No entanto, há outros autores que acham que este concelho se passou a chamar Castelo de Vide depois da construção do castelo naquele local. É que, até aí, chamara-se Vila de Vide, devido à existência de uma vide nesse lugar.

Ainda há quem julgue que se designou por Vila Davide, na medida em que se encontra muito próxima da divisão de Portugal com Espanha.

Alexandre Herculano defendia que Vila de Vide se encontrava numa zona elevada, relacionando-a com o verbo latino videre (ver), mas Leite de Vasconcelos rejeita esta hipótese.


E para terminar bem, não deixa de haver quem pense que Vide foi sugerida pela palavra vida, baseada na lenda das águas milagrosas da sua fonte: é bem verdade: água é fonte de vida!

Uma canção bonita para descontrair...

A origem do nome MARVÃO



É um concelho e a este topónimo tem sido  atribuída a origem do seu nome ao de um governador de Mérida, Marwana (da época muçulmana) ou talvez de um filho deste, de nome Ibne Marwan.

No entanto, António Gouveia ao  pesquisar a origem de Marvão, parece ter concluído que este nome é o produto final "da união de três elementos léxicos assírios-caldaicos Mar-u-Anu", que significa "grande filho de Deus do Céu".

Marvão está situada na serra com o seu nome e que aparece subdividida em dois ramos - um, até à vila, e o outro, situando-se mais para ocidente, estendendo-se  até Castelo de Vide.

(Pesquisa efectuada no Dicionário de Nome das Terras, de João Fonseca, Casa das Letras)