Recebi há umas semanas atrás o número 36 da revista "Palavras" da Associação de Professores de Português, na qual me encontro inscrita como sócia.
Todo o seu conteúdo é importante para um professor de Português. Vou, por agora, cingir-me a uma entrevista de João Pedro Aido à professora universitária Maria Helena da Rocha Pereira, pela pertinência das várias questões nela abordadas.
A Professora Maria Helena da Rocha Pereira nasceu no Porto, estudou no liceu Carolina Michaelis, onde terminou o ensino secundário, tendo-se licenciado em Coimbra, no ano de 1947, em Filologia Clássica. É investigadora no campo da cultura e literatura portuguesas, sendo um grande vulto da nossa universidade.
Quando foi abordada pelo entrevistador a propósito de os professores se queixarem de que os seus alunos não sabem escrever (e parece ser uma constatação geral daqueles), Maria Helena da Rocha Pereira responde, falando da importância de se ler os grandes clássicos portugueses; acrescenta que sempre aconselhou os alunos a lerem os grandes autores portugueses, para aprenderem a escrever. Considera que os programas actuais do ensino básico e secundário deviam incluir "os clássicos de várias épocas, sem excluir os contemporâneos".
João Pedro Aido refere outra queixa generalizada por parte dos professores: a de os alunos não mostrarem interesse em criar hábitos de leitura, questionando a Professora sobre a razão de tal facto. Maria Helena da Rocha Pereira comenta o assunto, atribuindo alguma responsabilidade ao "reinado da televisão que, só ocasionalmente, tem bons programas" e ao "imperialismo dos computadores"; e acrescenta: "Não me parece que nada disso seja útil para o ensino".
Concordo plenamente com a opinião da entrevistada em relação aos problemas que o ensino atravessa. É ajustada e oportuna.