sábado, 7 de dezembro de 2024

.../... Qual é a origem da nossa Língua? (Parte II)

Father of the Nation - Portugal Travel Guide
imagem obtida em: portugaltravelguide.com


"E no Sul de Portugal?

Na altura em que D. Afonso Henriques se tornou rei de Portugal, o Sul estava sob domínio muçulmano. A língua da população era, no entanto, o moçárabe, ou seja, a particular evolução do latim no sul da península. 

Com a expansão do novo reino de Portugal para sul, a língua do Norte começou a invadir os novos territórios, sofrendo algumas influências do moçárabe, e, através deste do árabe. A língua da Galiza e do Norte tornava-se, também, a língua do Sul de Portugal.

Como a capital ficou estabelecida em Lisboa, a forma particular da língua nessa cidade ganhou um prestígio particular, sem que tal significasse que fosse, de alguma maneira, a melhor forma de falar a língua. No Norte, o português continuou a ser falado como sempre foi. Mesmo na Galiza, onde a língua não era usada por nenhuma corte, a população continuou a falar, pelos séculos fora, algo muito próximo do que saía da boca dos portugueses do Norte.

Só no último século, com a expansão do uso do castelhano na Galiza e com a uniformização da língua portuguesa centrada nos usos do Sul (uma uniformização que não é completa, mas tem aproximado a forma de falar dos portugueses de todo o país), os galegos e os portugueses do Norte começaram a sentir uma divergência mais marcada naquilo que se fala na rua a norte e a sul do Minho.

Mesmo assim, ainda hoje há uma surpreendente proximidade entre o que se fala dum lado e doutro da fronteira entre Portugal e a Galiza - e note-se que estamos a falar de uma das mais antigas fronteiras do mundo Muitos galegos ainda falam galego - e nós, claro está, falamos português.Nós, portugueses e galegos, falamos qualquer coisa que descende diretamente da língua que se ouvia em Guimarães - mas também em Tui -, quando Afonso Henriques se tornou o primeiro rei de Portugal.

Essa língua forjada na antiga Galécia está hoje noutras paragens do mundo, já o sabemos."

LER MAIS...

O livro Assim nasceu uma língua, de Fernando Venâncio, conta a história da nossa língua de forma empolgante e bem fundamentada.

*** Esta transcrição tem origem no Almanaque da língua Portuguesa, de Marco Neves, já referida no meu post anterior com o mesmo título (Parte I)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Qual é a origem da nossa língua? (Parte I)

Marco Neves - YouTube
(Marco Neves)
imagem obtida em youtube.com

Quando frequentei a Faculdade de Letras do Porto, licenciando-me em Línguas e Literaturas Modernas, Variante Português/Francês, descobri que tinha uma certa propensão para conhecer as origens da nossa língua e a etimologia das palavras, e isso passou a fascinar-me definitivamente.

Ao pesquisar o tema do título do meu post no livro Almanaque da Língua Portuguesa, de Marco Neves, Autor e Guerra e Paz, Editores,,  S.A. 2020.
A presente edição não segue a grafia do novo ortográfico.
Encontrei uma explicação que passo a partilhar :

"Qual é a origem da nossa Língua? Que língua falava Afonso Henriques?
Quando Afonso Henriques se tornou Rei de Portugal, que línguas ouvíamos nas ruas de Guimarães? Seria latim?  Seria português?
O latim clássico não era certamente: entre a chegada dos Romanos ao Ocidente da Península e o momento em que Afonso Henriques se torna rei passam séculos e séculos - mais séculos, aliás,  dos que já passaram entre o tempo de Afonso Henriques e o nosso próprio tempo.
Não só a nossa língua provém do latim vulgar, das, ruas, e não do latim clássico, como seria de estranhar que o latim, ao longo de mais de 1000 anos, não mudasse. Mudou - e mudou muito.
No momento em que Afonso Henriques nasce, nas ruas já ouvíamos algo com características que hoje consideraríamos muito portuguesas e muito menos latinas. Como exemplo, já se notaria a queda do / n / e do / l /  em muitas palavrasque, noutras línguas (como o castelhano), ainda se mantêm - por exemplo, a "luna" latina passou a "lua" em português e manteve-se "luna" no castelhano.
Apesar  de ser já, em traços largos, a nossa língua, ninguém utlizava a designação "português" para a língua. O termo comum seria "linguagem", a linguagem do "dia-a-dia" desprezada e sem forma escrita. Era, no entanto, uma língua completa. 
As línguas vão mudando ao longo dos séculos, transformando-se e dividindo-se, mas nunca estão numa fase imperfeita ou decadente. Estão sempre em contínua mudança.
Agora a surpresa: a tal linguagem que saía da boca de Afonso Henriques desenvolveu-se, a partir do latim vulgar, no Norte de Portugal, mas também na Galiza. Naquele momento, não havia uma fronteira linguística entre o novo reino e o reino a norte. A língua de Afonso Henriques era a língua latina própria do território da Antiga Galécia romana, que incluía o Norte de Portugal e a Galiza.
Nos primeiros séculos da nossa nacionalidade, a tal linguagem da rua, a língua da Galécia, começou a ser escrita ~e há, aliás, muito boa literatura naquilo que hoje chamamos "galego-português" (um nome que ninguém usou até muitos séculos depois). A língua própria da antiga Galécia era uma língua que chegou a ser usada pelos reis castelhanos para escrever poesia -e foi usada, sem dúvida, por D. Dinis na sua poesia e, cada vez mais, em documentos oficiais.Era o nosso português antes de se chamar português.
A língua da Galécia tornou-se a língua do novo reino de Portugal.
Com alguma naturalidade, tempos depois, começou a aparecer o nome de "português" como designação da língua do reino - sem que a língua deixasse de ser a mesma que se falava ainda a norte do Minho, na Galiza.

Almanaque da Língua Portuguesa
imagem obtida em wook.pt

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Kahlil Gibran - Meditações Profundas

Khalil Gibran, Complete Collection eBook de Khalil Gibran - EPUB | Rakuten  Kobo Portugal
imagem obtida in Kobo.com

 "A sabedoria é a única riqueza que os tiranos não conseguem expropriar."


Sobre o amor:


"Aquele que nunca viu a tristeza, 

nunca será capaz de reconhecer a alegria."


"Acredita nos sonhos, pois neles esconde-se 

a porta da eternidade."


Sobre a vida


"A música é a linguagem dos espíritos."


"Apenas consegues ver a tua sombra 

quando viras as costas ao sol."


Sobre a felicidade

"Tudo o que se vê é miragem.

Procura antes a essência 

que se mantém invisível."


"Vivemos apenas para descobrir a beleza.

Tudo o resto é uma espécie de espera."


REFERÊNCIA: 

Meditações sobre o amor, a vida e a felicidade

de Kahlil Gibran, Autor: Editoriais Bookout, 2019, 

Cristal Editora, abril de 2019

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Dezembro - Adágios Populares sobre este mês

30 Curiosidades sobre o mês de dezembro
imagem obtida em topmelhores.com.br

Dezembro com junho ao desafio, terás (traz) janeiro frio.

Dezembro diz: olha que o governo está na boca do saco; até janeiro, qualquer burro passa o regueiro mas para a frente tem de ser forte e valente. 

Se não tens governo, depois arreganhas o dente.

Dezembro quer que lenha no ar e pichel* a andar.

(*vasilha para onde vai o vinho que se tira das pipas) 

Dia de cuco, de manhã molhado à noite enxuto.

Os dias de Natal são passos de pardal.

Natal a soalhar, Páscoa à roda do lar.

Natal ao soalhar, a Páscoa ao luar.

Natal ao sol, Páscoa ao fogo, fazem o ano formoso.

Natal em casa, Páscoa na rua.

Natal em casa, Páscoa na praça; Natal na praça, Páscoa em casa.

Natal em sexta-feira, por onde puderes semeia; em domingo, vende os bois e compra trigo.

O Natal quer-se na praça, a Páscoa, quer-se em casa.

Natal na praça, o Entrudo bolorento e a Páscoa com bom tempo.

Nem por agosto comprar, nem por dezembro marear.

FONTEMudam os ventos, mudam os tempos O Adágio popular meteorológico, de Manuel Costa Alves, Gradiva Publicações, Lda, 2006



segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

O primeiro presépio do mundo foi construído por São Francisco de Assis

O Presépio simula a cena do nascimento de Jesus Cristo.
imagem in: https://mundoeducacao.uol.com.br

Sobre o presépio e decorações natalinas, que quase todos nós começamos a construir antes do Natal (início ou meados de dezembro), o que posso referir é que, normalmente, o fazemos com tal agitação o que nos leva a "enfeitar de mais" as nossas casas! 

Bem, eu sei que isso é discutível, porque cada família decora a sua casa como quer e mais gosta. 
E... começamos logo a pensar nas compras das que queremos oferecer! 

A mensagem que quero passar é que todos temos de refletir profundamente sobre este tema, de pensar na data especial que, essencialmente, simboliza o nascimento de Jesus, e que este nasceu num estábulo, filho de pai e mãe pobres. 

A troca de presentes, nos dias de hoje, o ir às compras naquele frenesim bem notório em todas as lojas e Centros Comerciais, é uma verdadeira alucinação, para não falar na movimentação e na confusão que se gera entre todos nós! Um verdadeiro stress!

Quero referir que não estou aqui a julgar ninguém, até porque também já o fiz durante algum tempo e acabei por desistir (aprendi a cingir-me ao útil ou ao essencial), por achar que se cometem exageros de vária ordem... Compreendi que praticamos quase todos, um excesso de consumismo, tal é a euforia, movimentação e confusão, e afinal de contas, a data assinala o nascimento de um menino pobre - Jesus!  Um presente útil é suficiente para se oferecer, principalmente, às crianças.

O espírito do Natal deve ser esse: é a Festa da Família, tal como a alegria que Maria e José sentiram, quando nasceu o Menino. E tão pobres que eram!

Escrevendo agora sobre o primeiro presépio construído no mundo, encontrei na NET uma explicação interessante:

O Presépio é um item de decoração natalino que simula o nascimento de Jesus Cristo, que aconteceu em um estábulo, em Belém. É uma tradição que se estabeleceu no século XIII a partir de São Francisco de Assis, espalhando-se mundo afora. A sua criação é atribuída a São Francisco de Assisfrade que fez o primeiro Presépio, em 1223.
A Igreja Católica recomenda a sua montagem no primeiro domingo do Advento e sua desmontagem em 6 de janeiro.

É uma tradição bastante popular nos países cristãos, e a sua montagem acontece em locais públicos, como praças, shoppings center, igrejas, entre outros, mas também em residências. Pode ser construído em diversos tamanhos, como em miniatura e em tamanho real. 

Possui uma série de personagens, como Jesus, Maria, José, os Reis Magos, anjos...

É uma tradição cristã consolidada no período natalino, sendo um trabalho de arte que procura retratar o nascimento de Jesus em Belém.

Enquanto tradição cristã, o Presépio costuma ser construído nas casas e demais lugares, como praças e igrejas, à medida que o Natal se aproxima. Alguns de seus elementos são tradicionais, mas cada Presépio pode ser montado de um jeito específico.

Qual é o significado do Presépio?

O Presépio é uma tradição que representa a importância da celebração do Natal para os cristãos. Celebra o nascimento de Jesus Cristo, sendo um lembrete para os cristãos de que Jesus foi enviado à Terra para pagar os pecados da humanidade..

Além disso, o Presépio reforça valores importantes aos cristãos, como a humildade, pois Cristo, o filho de Deus, veio à Terra como um homem comum, filho de um carpinteiro e nascido num estábulo.

Personagens do Presépio: 

Menino Jesus: filho de Deus que desceu à Terra para salvar a humanidade de seus pecados.

Virgem Maria: mãe de Jesus, engravidou do filho de Deus ainda virgem.

José: pai adotivo de Jesus e quem recebeu as revelações para fugir para o Egito para garantir a segurança de Jesus. Cuidou dele como se fosse seu próprio filho.

Anjo: representação do anjo Gabriel, aquele que revelou a Maria que ela daria à luz o filho de Deus.

Reis Magos: os Três Magos que vieram do Oriente para visitar, prestar culto e presentear Jesus. Foram trazidos pela Estrela de Belém.

Animais: estavam no estábulo quando Jesus nasceu e são representados de forma a sugerir que até os animais entendiam a divindade de Jesus.

Pastores: representam o acolhimento de Jesus a todos, até aos pastores, uma das classes sociais mais humildes da região.

Estela: a Estrela de Belém, que guiou os Reis Magos até Jesus.

Manjedoura: símbolo da humildade de Jesus, que, filho de Deus, veio à Terra como um homem simples e pobre.

Como surgiu o Presépio?

Os historiadores apontam que a prática de retratar o nascimento de Jesus era relativamente comum no período romano, sendo encontrado em muitas tumbas do período. A representação na forma de Presépio, no entanto, remonta ao século XIII e a um frade católico: São Francisco de Assis.

A tradição católica fala que, em 1223, São Francisco de Assis estava passando o Natal em Greccio, perto de Roma. Ele aproveitou a viagem para pregar às pessoas e contar a história do nascimento de Jesus Cristo. Como seu público era formado de camponeses iletrados, ele decidiu construir o cenário do nascimento de Cristo para facilitar a assimilação da história.

Ele pediu autorização para as autoridades da Igreja, iniciando a construção do Presépio quando a obteve. A partir disso, o ato de construir esse símbolo se consolidou e se espalhou pelos locais de tradição cristã. A tradição de construir o Presépio chegou ao Brasil no período da colonização. Alguns pesquisadores falam que a tradição foi inserida aqui pelos jesuítas, no século XVI, mas outros apontam que a prática só foi introduzida no Brasil no século XVII.

Curiosidades sobre o Presépio

A gruta em que São Francisco de Assis construiu o primeiro Presépio tornou-se local de peregrinação de fiéis.

A consolidação da tradição do Presépio se deu por meio de padres franciscanos.

A primeira empresa fabricante de presépios surgiu em Paris, no século XV.

Créditos das imagens


FONTES

CANÇÃO NOVA. Conheça a história e o significado do presépio. Canção Nova, 23 dez. 2014. Disponível em: https://noticias.cancaonova.com/brasil/conheca-a-historia-e-o-significado-do-presepio/

FILZ, Gretchen. The Story of St. Francis of Assisi and the First Nativity Scene, as told by St. Bonaventure. The Catholic Company, 20 dez. 2016. Disponível em: https://www.catholiccompany.com/magazine/story-francis-assisi-first-navity-scene-5955

LAFRAIA, Lorena. Presépio: conheça a história e o significado de cada personagem. Gazeta do Povo, 17 dez. 2021. Disponível em: https://www.semprefamilia.com.br/comportamento/presepio-conheca-a-historia-e-o-significado-de-cada-personagem/

PLENARINHO. Presépio: conheça a história dessa tradição de Natal. Plenarinho - Empresa Brasil de Comunicações, 23 dez. 2015. Disponível em: https://memoria.ebc.com.br/infantil/voce-sabia/2015/12/presepio-conheca-historia-dessa-tradicao-de-natal

THOMAN, Bret. Porque a história do presépio está ligada a São Francisco de Assis. Aleteia, 16 dez. 2020. Disponível em: https://pt.aleteia.org/2020/12/16/por-que-a-historia-do-presepio-esta-ligada-a-sao-francisco-de-assis/

Publicado por Daniel Neves Silva

domingo, 1 de dezembro de 2024

Restauração da Independência em Portugal, comemora-se a 1 de dezembro

Restauração da Independência de Portugal | RESTAURAÇÃO da IN… | Flickr
imagem obtida em flickr.com


Restauração da Independência – Wikipédia, a enciclopédia livre
imagem in pt.wikipedia.org


Restauração da Independência – Conversamos?!…
imagem in https://amusearte.hypotheses.org

Neste dia, comemora-se uma data importante, das mais relevantes da História de Portugal: a libertação do nosso país dos três reis Filipes de Espanha, que nos subjugaram durante 60 anos.

Apresento aqui um trabalho realizado por alunos de uma escola do nosso país e do qual gostei muito, pelo seu discurso conciso e sintético, cingindo-se ao essencial:

A Restauração da Independência em Portugal comemora-se anualmente no dia 1 de dezembro. Relembra-se com esta data a ação dos nobres portugueses ocorrida a 1 de dezembro de 1640, quando invadiram o Paço Real e mataram Miguel de Vasconcelos, o representante de Espanha em Lisboa, aclamando D. João, duque de Bragança, como rei de Portugal.

A Restauração da Independência foi o culminar de um período de grande descontentamento por parte da população portuguesa, desiludida com a União Ibérica, entre Portugal e Espanha, que teve a duração de 60 anos (de 1580 a 1640). Este período originou diversos problemas à população portuguesa, com sobrecarga de impostos e envolvimento de Portugal nos conflitos de Espanha.

Os 60 anos que fomos governados por três reis Filipes de Espanha (domínio filipino) aconteceu porque o jovem rei português, D. Sebastião, desapareceu na batalha de Alcácer-Quibir, originando um problema de sucessão no trono.

O facto de termos conseguido recuperar a independência foi tão relevante que ainda hoje celebramos esta data com um feriado nacional, considerado dos mais significativos da nossa História.


REFERÊNCIA: Agrupamento de Escolas de São Martinho

aesmartinho.pt