sábado, 17 de julho de 2010

Dedicatória a todos os meus colegas da Escola onde leccionei





Dedico um soneto de Florbela Espanca a todos os meus colegas da Escola onde trabalhei mais de vinte anos, agradecendo-lhes a honra e o privilégio de com eles ter privado e por tudo aquilo que com eles pude aprender: 



Exaltação

Viver!... Beber o vento e o sol!... Erguer
Ao Céu os corações a palpitar!
Deus fez os nossos braços pra prender,
E a boca fez-se sangue pra beijar!

A chama, sempre rubra, ao alto, a arder! ...
Asas  sempre perdidas a pairar,
Mais alto para as estrelas desprender! ...
A glória! ... A fama! ... O orgulho de criar! ...

Da vida tenho o mel e tenho os travos
No lago dos meus olhos de violetas,
Nos meus beijos extáticos, pagãos! ...

Trago na boca o coração dos cravos!
Boémios, vagabundos, e poetas:
- Como eu sou vossa Irmã, ó meus Irmãos! ...

(Florbela Espanca)



Até Sempre ... !!!



sexta-feira, 16 de julho de 2010

Convívio agradável



Teve hoje lugar na escola onde trabalhei vinte e dois anos, um agradável convívio entre todos os professores e funcionários que ali exercem e/ou exerceram funções, realizando-se o Jantar de Encerramento, tendo sido convidados também os "jovens aposentados" do presente ano lectivo 2009/2010.

Escusado será dizer que fiquei muito feliz e emocionada por rever todos os meus colegas, que ao longo de tantos anos, me acompanharam na luta diária de leccionação (2º e 3º ciclos); as recordações eram muitas e parecia que o tempo não chegava para "tantas revisões" que sentíamos necessidade de fazer.

As mesas reuniam os grupos de pessoas que se sentiam mais  chegadas, mas, frequentemente, todos nós nos levantávamos para ir ter com os outros, pois "a nossa Escola" foi sempre uma família só...; isto é, para além dos mais velhos, também os mais novos na escola estavam em perfeita comunhão com os mais antigos,  fazendo já parte desta grande família, completamente integrados e à vontade...

Após o jantar, decorreram pequenos espectáculos no espaço contíguo à grande sala de jantar: "Animação Circense", "Academia de Dança", "Merenguita" e "Matraquilhos Humanos".


Toda a gente se envolveu, tentando descontrair-se e esquecer o que foi mais um ano de árduo e intenso trabalho.

As sucessivas Direcções, ao longo de todos estes anos, foram pródigas em organizar, até ao mais ínfimo pormenor, estes e outros convívios a propósito de datas comemorativas, eventos especiais, actividades envolvendo alunos e encarregados de educação... no fundo, envolvendo toda a comunidade escolar!

Havia muitos colegas a tirarem fotografias "para mais tarde recordar"... !!!Tentavam, afinal, captar os ares alegres, os sorrisos, a felicidade de cada um, espantados nos rostos...
Chegado o momento de homenagear os "jovens aposentados", estes emocionaram-se muito ao receber da Directora da Escola um troféu, onde se lê: "Pelas conquistas, pelos sonhos realizados... Muito obrigado 16/07/2010". 

Houve discursos de amizade de ambas as partes e muitas alusões a recordações  de outros tempos. A plateia seguiu toda a "cerimónia" com entusiasmo, ouvindo com atenção e ovacionando. Que momento inesquecível!

E quantos colegas com os  alunos das suas turmas e funcionários colaboraram intensamente,  fazendo parte da organização de mais este evento, ornamentando, decorando mimosamente esses espaços, onde tudo se concretiza!


Recordo todos com muito carinho e respeito imenso todo esse trabalho que serve para nos acolher, para nos sentirmos em total união e com o máximo de conforto... Há flores por todo  o lado, velas acesas, guardanapos decorados artisticamente,  ementas com o menu completo... nada fica esquecido... que delícia!

Um muito obrigada e um bem haja!

BOAS FÉRIAS!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Português correcto

Acendido ou aceso?

Exemplos: Ela tinha acendido a luz
                            ou
               Ela tinha aceso a luz?

A frase correcta é: Ela tinha acendido a luz.

O verbo acender possui dois particípios passados: acendido (particípio passado regular) e aceso (particípio passado irregular).

O particípio passado regular utiliza-se com os tempos compostos, cujos verbos auxiliares são ter e haver (Ela tinha acendido a luz).

O particípio irregular utiliza-se com ser ou estar (A vela estava acesa).




quarta-feira, 14 de julho de 2010

Um lindíssimo vilancete de Camões



Mote alheio

Perdigão perdeu a pena:
não há mal que lhe não venha.

Perdigão, que o pensamento
subiu em alto lugar,
perde a pena de voar,
ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
asas com que se sustenha:
não há mal que lhe não venha.

Quis voar a ua alta torre,
mas achou-se desasado;
e, vendo-se depenado,
de puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
lança no fogo mais lenha:
não há mal que lhe não venha.


Este vilancete foi composto sobre um mote popular, tornando-se importante na lírica de Camões. Segundo notas de Rodrigues Lapa, há uma informação antiga onde consta que Jorge da Silva, fidalgo português, se apaixonou pela Infanta Dona Maria, filha do rei D. Manuel. D. João III, irmão dela, ao ter conhecimento da situação, mandou castigar o ousado vassalo, ordenando a sua prisão no Limoeiro.

O poeta, explorou o tema ao máximo. Posteriormente, soube-se que alguns críticos levaram o vilancete muito a peito, fazendo de Camões o próprio apaixonado da Infanta Dona Maria.

Camões desenvolveu de forma soberba esta trova, baseado num trocadilho -pena (pluma) e pena (tormento) - como só ele era capaz de fazer!


terça-feira, 13 de julho de 2010

Cimetière du Père-Lachaise, à Paris



Um dos Monumentos em Paris que merece grande destaque é o Cemitério du Père-Lachaise, o maior da capital, situado no Boulevard de Ménilmontant 8 et 16 Rue du Repos.

Este nome foi-lhe atribuído por Père-Lachaise, o confessor de Louis XIV. Foi inaugurado em 1804: nesta altura as autoridades tiveram a preocupação, por uma questão de salubridade, de ali depositarem os restos humanos -  os túmulos eram levados do centro para os arredores da cidade.

De estilo neoclássico, o projecto foi da autoria do arquitecto Alexandre Théodore Brongniart, no início do século XIX.




O Cemitério tem hoje uma extensão de 43 hectares. Possui mais de 70 000 jazigos e os seus emaranhados caminhos são povoados por umas 6 000 árvores; há monumentos de vários estilos, que deixam os visitantes extasiados. 



                         




















Tornou-se mundialmente conhecido. É que, para além do seu estilo, nele estão sepultados nomes famosos de pessoas como Chopin, Sarah Bernhardt, La Fontaine, Molière, Marcel Proust, Édith Piaf,  Maria Callas, Oscar Wilde ...




Um dos túmulos que tem sempre inúmeros visitantes é o de Jim Morrison. Foi   vocalista do grupo The Doors e faleceu em Paris, a 3 de Julho de 1971, tendo  ficado ali sepultado.

Actualmente, o Cemitério apresenta-se com o estilo de um parque, de atmosfera muito calma. Sendo os cemitérios lugares de memórias, há "relações", se assim se pode dizer, que se estabelecem entre vivos e mortos, fazendo com que que se encete uma viagem a um mundo estranho.




No Père Lachaise, pelas várias pesquisas que efectuei, são quase sempre nele referidas a arte e a natureza, de tal  modo unidas, que criam, para além de uma harmonia ambiental, uma serenidade e um convite ao refúgio, à meditação, ao universo onírico... A arte que emana nesse ambiente e as recordações vividas, servem de consolação aos visitantes...

Poder-se-á dizer "que é o último lugar mais romântico de Paris".

(http://www.pere-lachaise.com/ - Visita Virtual aconselhada)





segunda-feira, 12 de julho de 2010

Les Champs-Élysées


Les Champs-Élysées é uma enorme Avenida  em Paris que se tornou muito famosa.

Na mitologia grega, Campos Elíseos referia-se ao império dos mortos no inferno, onde "jaziam" as almas virtuosas.

É uma belísssima Avenida repleta de lojas luxuosas, cafés e cinemas. Começa na Place de la Concorde  (perto do Louvre) e acaba no Arco do Triunfo, na praça Charles de Gaulle.


É uma Avenida que tem 1,9Km de comprimento e 71 metros de largura!!!

Foi em 1667 que apareceram os primeiros projectos para se construir uma grande avenida, pelo arquitecto Le Nôtre. A avenida prolongou-se durante o século XVIII.

É o local escolhido para grandes desfiles patrióticos, como por exemplo, o do 14 de Julho, comemoração da tomada da Bastilha, a festa nacional dos franceses; e é interessante notar que a última étapa onde se elege o vencedor da  famosa corrida de ciclismo - o Tour de France - termina nos Champs-Élysées.







domingo, 11 de julho de 2010

João Aguiar


"A minha vida não daria um livro; em contrapartida, um livro meu daria uma vida - se chata ou interessante, não me compete dizer" (João Aguiar)


João Aguiar era jornalista e escritor. Nasceu em 1943 e morreu a 3 de Junho de 2010, em Lisboa.

Além de romances históricos, escreveu livros de aventuras infanto-juvenis.

Também foi autor de um libreto para ópera e guiões para televisão e cinema.

Segundo Miguel Real, que faz uma leitura crítica da obra literária de João Aguiar na página 18 do Jornal de Letras (número 1036, de 16 a 29 de Junho de 2010), o escritor vai ser lembrado na nossa literatura portuguesa contemporânea como alguém que possuía duas ambições literárias: "1) A de escrever um conjunto de romances históricos que resgatasse e exaltasse o prestígio histórico de Portugal, transmitindo às gerações pós-Império o orgulho de ser português; 2) A de promover uma literatura legível, clara, transparente, estatuída equilibradamente entre a literatura ligeira, consumível e descartável, de mercado, e a literatura de autor, intelectualizada".

Com o sucesso de "A Voz dos Deuses" (romance histórico), em 1984, parece ter-se cumprido uma das suas aspirações atrás citadas (1), o mesmo não se podendo dizer da segunda (2).

É que uma vez que João Aguiar, apesar de escrever de uma forma simples e legível, mais direccionada para uma classe média culta, achava que se devia criar um tipo de literatura que se debruçasse sobre as grandes questões sociais e Miguel Real lamenta que esse desejo não tenha sido cumprido.
Segundo este colunista do JL, a nossa literatura encontra-se fragmentada  entre romances ligeiros e romances intelectualizantes.

Referência: fique a conhecer bem a vida e a obra de João Aguiar, através da leitura do Jornal de Letras, número 1036.