É um tema muito delicado, mas a verdade é que essas coisas acontecem quando menos se espera, fazendo parte do quotidiano de todos nós.
Devemos, portanto, estar preparados (algum dia estamos?), tanto quanto possível, para saber dar resposta a situações deste género (é o que temos de dizer a nós próprios, para que nos convençamos disso); as crianças fazem parte do nosso dia-a-dia, logo, há que saber explicar-lhes, sossegá-las, retirar-lhes de cima dos ombros a angústia que as assola provocada pelas dúvidas!
É bom estarmos informados e saber escutar os estudiosos e entendidos sobre estas temáticas e é o que hoje aqui quero partilhar: um texto muito útil e esclarecedor, "Como explicar o fogo - e as mortes - às crianças?" da autoria de Cláudia Pinto, na NOTÍCIAS MAGAZINE, de 9 do mês corrente.
Não vou transcrever o texto todo, mas sim, limitar-me a passagens que considero muito importantes destacar e que muitas delas estão relacionadas com os recentes incêndios em Pedrógão:
...(...)... "O que fazer em caso de tragédia com os nossos filhos, sobrinhos, netos, com as crianças em geral? Dizer a verdade? Esconder? Protegê-los da tragédia? Não existem regras universais, mas os especialistas concordam que há um caminho que pode ser seguido. O da verdade."
Tal como a professora entrevistada neste artigo diz, as crianças além de terem curiosidade em conhecer os assuntos, também têm acesso à informação; os pais remetem muito esse papel para a escola.
.../... "Maria de Jesus Moura, psicóloga infantil e da saúde, especialista em luto infantil acredita que esta é uma postura dos tempos atuais. 'Os pais passam a responsabilidade para a escola e demitem-se do seu papel, que é o processo de educação. Há a necessidade de sentar à mesa, de conversar em família, de ter tempo para rir, dizer disparates mas também falar de temas do quotidiano mesmo que não sejam fáceis.'
.../... Acontecimentos trágicos como os que ocorreram naquele fatídico fim de semana podem ser também um pretexto para falar de outros temas essenciais ao desenvolvimento cognitivo das crianças, como por exemplo o ciclo de vida e a morte. 'Podemos falar sobre prevenção de incêndios ou acidentes, por exemplo', diz a psicóloga. Recorrer a exemplos concretos, como as flores e os animais, por exemplo, pode ajudar. 'É importante ir explicando que todos os seres vivos nascem, crescem, amadurecem e morrem. Por outro lado, há que sublinhar que, por vezes, pode haver uma interrupção neste ciclo noutro período anterior à velhice. A criança deve ir aterrorizando que o fim do ciclo de vida é imprevisível e ninguém sabe quando acontece.'
.../... Um dos desafios de abordar os temas difíceis é que nem sempre os adultos se sentem, eles próprios, confortáveis com os mesmos. 'Às vezes, a ansiedade é tão grande que se perdem no discurso. Defendem-se do stress e não querem vulnerabilizar-se perante as crianças', explica a psicóloga Maria de Jesus Moura.
.../... Relativamente à tragédia de Pedrógão, a estupefação das crianças teve várias vertentes. 'Esta não é uma situação comum e deveu-se a um fenómeno da natureza. É preciso focar que está tudo bem e que não nos encontramos nesse local', diz a psicóloga. Sendo natural que as 'emoções estejam ao rubro perante as sucessivas notícias que inquietam crianças e adultos, o acontecimento é útil para falar de aspetos fundamentais da existência humana, como o facto de não sermos indiferentes ao sofrimento alheio - e ainda bem - e também para fomentar a solidariedade'. Este foi, aliás, um dos aspetos difundidos no meio de toda a tragédia.
.../... Trabalhar as questões da esperança pode ser um passo essencial num processo de luto. Ao reconhecermos que alguém teve importância na nossa vida e que o seu legado tem uma relevância significativa no nosso percurso estamos, de certa forma, a cumprir o nosso próprio processo de luto. E isso ajuda-nos a crescer. Conseguir passar esta dimensão de evolução para uma criança pode ser uma boa estratégia.
Mais do que as palavras a utilizar, as respostas a dar e as informações a passar, é importante estar disponível e não deixar as crianças à deriva. Mostrar interesse, ter tempo para ouvir as dúvidas, responder e conversar sobre tudo com uma função pedagógica é o modelo mais indicado. Em situações em que as crianças se possam sentir muito inseguras, 'os pais devem também selecionar a informação e dar colo, o que ajudará os mais pequenos a restaurar a segurança', diz a psicóloga.
.../... Dentro daquilo que são temas difíceis, compete então aos pais 'dizer que tudo está bem, que a família está ali e em segurança, independentemente de não se saber o dia de amanhã. Há que promover a segurança para que a criança consiga arranjar estratégias para lidar com as situações difíceis.' "
Um texto importante e para reflexão profunda!
.../... Um dos desafios de abordar os temas difíceis é que nem sempre os adultos se sentem, eles próprios, confortáveis com os mesmos. 'Às vezes, a ansiedade é tão grande que se perdem no discurso. Defendem-se do stress e não querem vulnerabilizar-se perante as crianças', explica a psicóloga Maria de Jesus Moura.
.../... Relativamente à tragédia de Pedrógão, a estupefação das crianças teve várias vertentes. 'Esta não é uma situação comum e deveu-se a um fenómeno da natureza. É preciso focar que está tudo bem e que não nos encontramos nesse local', diz a psicóloga. Sendo natural que as 'emoções estejam ao rubro perante as sucessivas notícias que inquietam crianças e adultos, o acontecimento é útil para falar de aspetos fundamentais da existência humana, como o facto de não sermos indiferentes ao sofrimento alheio - e ainda bem - e também para fomentar a solidariedade'. Este foi, aliás, um dos aspetos difundidos no meio de toda a tragédia.
.../... Trabalhar as questões da esperança pode ser um passo essencial num processo de luto. Ao reconhecermos que alguém teve importância na nossa vida e que o seu legado tem uma relevância significativa no nosso percurso estamos, de certa forma, a cumprir o nosso próprio processo de luto. E isso ajuda-nos a crescer. Conseguir passar esta dimensão de evolução para uma criança pode ser uma boa estratégia.
Mais do que as palavras a utilizar, as respostas a dar e as informações a passar, é importante estar disponível e não deixar as crianças à deriva. Mostrar interesse, ter tempo para ouvir as dúvidas, responder e conversar sobre tudo com uma função pedagógica é o modelo mais indicado. Em situações em que as crianças se possam sentir muito inseguras, 'os pais devem também selecionar a informação e dar colo, o que ajudará os mais pequenos a restaurar a segurança', diz a psicóloga.
.../... Dentro daquilo que são temas difíceis, compete então aos pais 'dizer que tudo está bem, que a família está ali e em segurança, independentemente de não se saber o dia de amanhã. Há que promover a segurança para que a criança consiga arranjar estratégias para lidar com as situações difíceis.' "
Um texto importante e para reflexão profunda!