sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Alimentos de outono aconselhados por Nutricionista

Preocupados como andamos sempre com a nossa alimentação, e uma vez que hoje em dia há já muita informação na net, tomei a liberdade de transcrever um artigo que achei interessante e útil, com dicas para o nosso dia-a-dia: 


ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Estes são os 20 alimentos preferidos das nutricionistas

A 8 de novembro celebra-se o Dia Europeu da Alimentação e da Cozinha Saudável. A NiT falou com seis especialistas de nutrição para saber que produtos é que nunca faltam lá em casa."Marta Mourão, como uma verdadeira transmontana, não abdica do pão ao pequeno-almoço. Para as nutricionistas Daniela Duarte e Eva Neves de Carvalho, o ovo é uma opção fácil e saborosa para comer de forma saudável. Já Lillian Barros não prescinde das sementes de chia em sopas, iogurtes e até sobremesas.
Não quisemos saber quais é que são os guilty pleasures ou as escolhas da cheat meal. A NiT falou com várias nutricionistas para conhecer os alimentos que elas mais admiram – e que nunca faltam lá em casa. Tudo porque esta terça-feira, 8 de novembro, se celebra o Dia Europeu da Alimentação e da Cozinha Saudável.
São todos acessíveis e, juntos, são um ótimo ponto de para construir a lista de compras ideal e, assim, rechear a despensa de produtos saudáveis e nutritivos. Desde fruta, a leguminosas, produtos de pequeno-almoço ou para petiscar ao longo do dia.
Pequeno almoço
Banana
“É o meu fruto preferido porque dá bastante energia, é um excelente pré e pós-treino”, diz Eva Neves de Carvalho, nutricionista do Porto. A especialista indica o alto teor em minerais e vitaminas, acrescentando ainda o facto de “adoçar naturalmente panquecas, papas, bolos, biscoitos e granola, sem ter que recorrer a açúcares artificiais.”
“A minha forma preferida de a fazer é aquecer, esmagar tipo papa, colocar canela e granola por cima.”
Abacate
É um dos frutos mais adorados, porque é uma bomba de nutrientes e energia. Lillian Barros, autora do blogue “Santa Melancia”, conta que o incorpora em “molhos, pastas para barrar, dips, sobremesas, entradas, sopas frias ou saladas.”
Laranja
Para Sandra Ribeiro, o proverbio ‘uma maçã por dia não sabe o bem que lhe fazia’, também se pode “facilmente” aplicar à laranja. A especialista aponta o sabor doce e a riqueza em fibra e vitamina C como os grandes benefícios deste fruto.
A nutricionista deixa uma sugestão: cortar uma laranja doce e sumarenta à rodelas, mantendo a casca. Depois, fazer um golpe até ao meio para que a rodela possa abrir-se facilmente. Colocar num recipiente pequeno uma camada de rodelas e regar com um pouco de sumo de outra laranja. Polvilhe com canela.
Pão
É transmontana e por isso cresceu “com o pão na mesa”. Para Marta Mourão, “pequeno-almoço sem pão não fica completo”, sendo que este alimento é a chave para se sentir satisfeita com a primeira refeição do dia.
“Apesar de ser considerado um vilão na prática de uma alimentação saudável e no processo de perda de peso, na verdade o pão é um alimento saudável”, considera a nutricionista do Holmes Place. Porém, é preciso saber escolhê-lo e comê-lo em quantidades e nas horas corretas: “Diariamente incluo uma fatia de pão na primeira refeição do dia e opto sempre por farinhas pouco processadas [paõ de espelta, centeio ou alfarroba, por exemplo] e sem adição de fermento.
Como servir? “Normalmente acompanho com queijo fresco, ricotta, abacate ou ovo escalfado.”
Aveia
É uma das fontes de hidratos de carbono mais aconselhadas por todas as propriedades que encerra. Daniela Duarte admite que adora comer aveia “com ovo, iogurte e água.” A nutricionista aponta ainda o “teor de fibra e poder saciante.”
“Para mim quase o único ‘cereal’ de jeito uma vez que não tem açúcar adicionado”, diz.
Cevada 
“Um cereal que me acompanha diariamente”, diz Sandra Ribeiro. “É uma ótima forma para conferir sabor à água diária ou ao leite ou para adicionar ao café”, acrescenta. A nutricionista sugere que, para colmatar a menor ingestão de água no inverno, se adicione cevada sem açúcar.
Iogurtes
Um produto típico de pequeno-almoço, rico em proteína de alto valor biológico, magnésio, cálcio, potássio ou probióticos. É também um dos preferidos de Ana Lúcia Silva: “Adoro iogurtes e os de coco, banana ou tutti-fruti remetem-me à minha infância”, revela. Ainda assim, a especialista evita os cremosos, “porque contêm nata e portanto maior teor em gordura saturada.”
Café
“Diariamente bebo, pelo menos, três cafés expresso sem açúcar”, conta Ana Lúcia Silva que considera que este hábito estimula a concentração, fornece antioxidantes e dá energia, “sem qualquer tipo de efeito secundário”.
Snacks
Frutos secos
A castanha de caju é o fruto seco preferido de Eva Neves de Carvalho. “Tenho mesmo de ter sempre em casa”, revela. A nutricionista aponta as qualidades nutricionais do frutos secos e destaca ainda o fator prático de os utilizar como snack: “É um alimento muito portátil, transportável na carteira para qualquer sitio.”
A escolha mais recorrente de Marta Mourão são as amêndoas: “Nutricionalmente são ricas em gordura insaturada, ómega 3 e 6, proteína (aproximadamente 20%), vitamina E e do complexo B, ferro, fósforo e potássio.”
Pipocas
“Sou viciada em pipocas. Ir ao cinema ou ver um filme sem pipocas não é opção”, admite. O truque: fazer uma receita caseira, para substituir as de compra são “riquíssimas em açúcar, sal, e corantes.”
“Basta aquecer milho, até estalar, numa panela com um pouco de óleo de coco e um pouco de água. No final polvilhar com canela em pó.”
Refeições principais
Peixes gordos
“Por ser do litoral sempre estive habituada a comer peixe de mar”, refere a nutricionista Ana Lúcia Silva, que revela que não come carne e que adora todo o tipo de peixe gordo, em especial atum e salmão.
Eva Neves de Carvalho também seleccionou um peixe gordo para a sua lista: o salmão. “É um alimento extremamente rico em ómega 3 e proteína”, refere. “Protege de doenças cardiovasculares, aumento do mau colesterol e ainda um óptimo aliado para quem pratica desporto regularmente porque além da proteína que apresenta, possui anti-inflamatórios naturais.”
Ovos
Os ovos foram apontados por três nutricionistas: Daniela Duarte, autora da página “Agita Kalorias“, Marta Mourão, do Holmes Place, e Eva Neves de Carvalho. Todas consideram que a riqueza em proteína e a versatilidade são as melhores qualidades dos ovos, que tanto podem “servir de snack rápido e prático”, como diz Daniela Duarte, como pode estar “escalfado na tosta do pequeno almoço ou na sopa do jantar, ou omelete numa das refeições principais”, como diz Marta Mourão.
“Quando não tenho almoço ou jantar pronto também faço dois ovos estrelados sem gordura com salada ou legumes”, revela Eva Neves de Carvalho, que admite que a forma preferida de consumir ovos é em panquecas.
Tanto Marta Mourão como Daniela Duarte alertam para os mitos em torno dos ovos: “É importante percebermos mais sobre os alimentos e desmistificar alguns conceitos do passado. Não precisamos de estar receosos de comer um ovo por dia”, diz a autora da página Agita Kalorias.
Quinoa
“Numa altura em que a população em geral teme os hidratos esta é uma excelente opção, repleta de propriedades nutricionais interessantes e uma riqueza proteica quase inigualável”, explica Lillian Barros. “Sabe bem, faz bem e é uma ótima opção para diversas receitas originais”, acrescenta.
Batata-doce
“Em miúda lembro-me de dizer à minha mãe que detestava quando cozinhava batata-doce”, recorda Daniela Duarte. Esta visão mudou completamente e até numa refeição pré-treino a nutricionista integra este tubérculo. “É fonte de hidratos de carbono complexos e com índice glicémico médio permitindo manter os níveis de saciedade”, descreve.
Leguminosas 
Grão, feijão, lentilhas, favas e ervilhas. São estas as leguminosas preferidas de Ana Lúcia Silva que se considera “uma entusiasta da alimentação mediterrânea”, que adora “um bom prato de leguminosas”, por fornecerem hidratos de carbono complexos.
Brócolos 
Só têm 32 calorias por cem gramas. A somar a este facto, são ricos em fibras e muitas vitaminas (sobretudo a A) e minerais. Sandra Ribeiro explica que devemos evitar cozer em água os brócolos, uma vez que, assim, perdem muitas vitaminas hidrossoluveis. Sugere, como alternativa, que estes sejam cozidos a vapor.
Tomate 
É rico em licopeno, um antioxidante que retarda o envelhecimento do organismo, ao proteger as células do efeito dos radicais livres. Sandra Ribeiro indicou este fruto como um dos seus alimentos preferidos. Explica que, de forma a potenciar os seus benefícios, o tomate deve ser servido com uma gordura monoinsaturada “Como o azeite”. 
Temperos e acompanhamentos
Óleo de coco
Lillian Barros explica que uma das grandes vantagens do óleo de coco prende-se com o facto de este ser uma “excelente fonte de energia”. A somar aos poderes anti-inflamatórios, antioxidantes e antibacterianos, a autora da página “Santa Melancia” indica ainda que é uma boa solução para adicionar ao café ou para cozinhar, uma vez “que atinge temperaturas elevadas sem se degradar.”
“O óleo de coco é rico em gordura saturada mas uma gordura vegetal que tem óptimos benefícios para a nossa saúde”, considera Eva Neves de Carvalho, que destaca as vantagens que incidem no sistema cardiovascular. A nutricionista revela que utiliza este produto para fazer, sobretudo, bolos e bolachas, mas que também é ideal para saltear legumes.
Sementes de chia
Estão sempre na cozinha e nas receitas de Lillian Barros. Utiliza-as, acima de tudo, por causa do seu poder saciante, devido ao alto teor em fibra.
Canela
Para Lillian Barros, a canela funciona como uma espécie de adoçante natural: “O seu bom sabor associado ao facto de ajudar a controlar o níveis de glicemia, isto é, de açúcar no sangue, faz com que seja uma ferramenta infalível para ajudar a controlar o apetite, especialmente aquele que e associado a doces e a hidratos de carbono de uma forma geral.” "




in: http://nit.pt/article/sao-os-20-alimentos-preferidos-das-nutricionistas





quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

1º de dezembro 2016

in: jn.pt
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

"Este feriado nunca deveria ter sido suspenso", disse o Presidente da República, na primeira comemoração do Dia da Restauração da Independência desde que o feriado foi reposto. Marcelo Rebelo de Sousa assume, assim, uma crítica direta ao governo PSD, de Passos Coelho, que o suprimiu.
"A nossa pátria depende da nossa independência", afirmou Marcelo, perante as escassas dezenas de pessoas presentes nas cerimónias. "A nossa independência política, que se deve às Forças Armadas, é o garante de um estado de direito; à nossa independência económica, que tem de se fazer com rigor, crescimento, emprego e justiça social, recusando sujeições espúrias, subserviências intoleráveis e minimizações inaceitáveis".
"Portugal é um país melhor, um país eterno, de saber aceitar os outros e combater as injustiças", acrescentou o Presidente, em linha com o que tinha dito o primeiro-ministro. António Costa afirmara minutos antes que "Portugal é um país patriótico, orgulhosamente acolhedor de turistas, emigrantes, refugiados, estudantes e exilados".
Além do PR e do PM, falaram o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, o coordenador-geral do Movimento 1.º de Dezembro de 1640, José Ribeiro e Castro, e o presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, José Alarcão Troni, que organizaram as comemorações oficiais do 1º de dezembro. (in: expresso.sapo.pt - 01.12.2016)

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

E agora, como vai Cuba reagir?


imagem in: Cuba Archives - Outings & Adventures 
Como o tema é delicado e exige muito conhecimento sobre líderes de países por esse mundo fora, vou transcrever um artigo de que gostei muito de ler no OBSERVADOR, escrito decerto por quem muito estuda essas personalidades:

"E agora, Cuba...?", por João de Almeida Dias:

"As relações diplomáticas entre os EUA e Cuba estiveram cortadas entre 1961 e 2015. Pelo meio, houve picos de tensão, como a invasão da Baía dos Porcos, a crise dos mísseis ou o êxodo de Mariel. Barack Obama e Raúl Castro tentaram mudar esse estado de coisas.
Desde então, as relações diplomáticas entre os dois países foram retomadas — um gesto que teve como momento alto a visita de Barack Obama a Cuba em março deste ano. Desde então, foram levantadas grande parte das restrições para os americanos poderem viajar para Cuba, com os números de voos a saírem dos EUA para a ilha a aumentarem 50% desde essa altura.
O encontro entre os dois chefes de Estado deu-se numa altura em que Donald Trump iniciava a sua caminhada triunfal que só terminou com a vitória nas eleições presidenciais de 8 de novembro. Em março, acusou Obama de ter conseguido um “acordo muito fraco”. E, apontando para os galões de empresário, prometeu que iria fazer melhor. “Assim, nós não ganhamos nada, o povo de Cuba não ganha nada, e eu farei tudo o que for necessário para conseguir um bom acordo.”
Em agosto, Donald Trump disse que iria fechar a embaixada dos EUA “até que seja feito um acordo realmente muito bom”. Em setembro, disse que iria anular todas as ações de Barack Obama — foram ordens executivas, que Trump pode reverter logo no seu primeiro dia na Casa Branca, 20 de janeiro de 2017 — e que tinha exigências a apresentar a Cuba. “As exigências vão incluir liberdade religiosa e política para o povo cubano e a libertação de presos políticos”, referiu.
Agora, Donald Trump reagiu de forma mais enigmática. Depois de ter tweetado apenas “Fidel Castro está morto!”, o Presidente eleito dos EUA emitiu um comunicado onde garantia que o seu executivo “fará tudo o que puder para assegurar que o povo cubano poderá finalmente começar o seu caminho até à prosperidade e liberdade”. “Embora Cuba continue a ser uma ilha totalitária, a minha esperança é que este dia seja marcado por um afastamento dos horrores sofridos durante demasiado tempo e por uma aproximação a um futuro em que o espetacular povo cubano possa finalmente viver com a liberdade que tanto merece”, concluiu.
Que as relações entre os EUA e Cuba vão mudar parece ser certo. Porém, Donald Trump torna a fazer o que grande parte dos seus antecessores fizeram, incluindo Barack Obama até ao seu último ano no poder: chutam a bola para o lado de Cuba e esperam que ela faça alguma coisa. Não se sabe, porém, se Raúl Castro está em condições de receber o passe.
Ainda assim, muito dificilmente os EUA levantarão o embargo de mais de meio século a Cuba. Apesar de as intenções de Donald Trump não serem totalmente conhecidas e deixarem algum espaço para interpretação, o Presidente eleito terá sempre de conseguir a aprovação do Congresso para derrubar o embargo. Além disso, o Donald Trump ainda não anunciou a sua escolha para Secretário de Estado, ou seja, a pessoa responsável por gerir a diplomacia norte-americana. O nome escolhido poderá trazer mais pistas para a resposta a esta pergunta.

Agora que a sombra do seu irmão mais velho desaparece, como vai agir Raúl Castro?
Uma das grandes dúvidas em torno dos últimos 10 anos de Cuba é até que ponto é que Raúl Castro não era orientado e controlado pelo seu irmão mais velho, Fidel. Em 2006, depois de lhe ter sido detetado um tumor nos intestinos, Fidel passou as rédeas temporariamente ao seu irmão — que estivera do seu lado já em 1953, quando encabeçaram uma tentativa de golpe falhada — e dois anos mais tarde renunciou a qualquer cargo governativo.
Agora que Fidel morreu, Cuba e o resto do mundo poderão finalmente perceber qual era o peso da sua sombra no irmão Raúl. Desde 2011, o Presidente cubano levou para a frente algumas medidas que resultaram numa ligeira liberalização do mercado económico. Além de ser encorajada a iniciativa privada, os cubanos passaram a poder vender propriedade privada. Por cima disso, o acesso à internet passou a ser cada vez mais comum. Com a sua política para conseguir um “socialismo próspero e sustentável”, Raúl Castro fez aquilo que o seu irmão muitas vezes se recusou a fazer — e, quando o fez, acabou por voltar atrás.
Sobre as transformações económicas de Raúl Castro, Fidel não se pronunciou, preferindo reservar os textos de opinião no Granma para questões muitas vezes relativas à política internacional. Quando Barack Obama visitou Cuba, Raúl Castro acolheu-o de braços abertos, apesar de terem protagonizado uma conferência de imprensa onde a menção de presos políticos em Cuba causou algum burburinho. Para todos os efeitos, os dois estavam dispostos a pôr de lado algumas das suas diferenças para daí tirarem partido daquilo que têm em comum.
A este episódio, Fidel Castro respondeu com um artigo no Granma, com o irónico título “O irmão Obama”, onde dizia: “Não necessitamos que o império nos ofereça nada”. Ainda assim, quando Raúl Castro anunciou o reatar das relações diplomáticas entre Cuba e os EUA, disse que essa foi uma tomada de “posição que foi expressada ao governo dos EUA, em público e em privado, pelo nosso camarada Fidel em diferentes momentos da nossa longa luta”.
Quando foi eleito pela assembleia nacional em fevereiro de 2013, Raúl Castro disse que aquele seria o seu último mandato. O prazo fica, então, marcado para fevereiro de 2018. Nessa mesma altura, Miguel Díaz-Canel, de 56 anos, foi eleito como primeiro vice-Presidente de Raúl Castro — o que levou a que o seu nome fosse apontado como o grande favorito para suceder ao atual líder de Cuba.
Miguel Díaz-Canel pode ser a cara da renovação da política cubana. Aos 56 anos, este burocrata com formação em engenharia marca uma evidente rutura de estilo com os ex-guerrilheiros Fidel e Raúl.
Ainda assim, nada disto significa que será pela mão de Miguel Díaz-Canel que Cuba voltará à democracia plena, libertando os presos políticos e permitindo o pluripartidarismo, que Fidel Castro destruiu nos primeiros dias à frente do país.
É também possível que, mesmo que Miguel Díaz-Canel suba ao poder e tente ser uma espécie de Mikhail Gorbatchov de Cuba, outros não fiquem satisfeitos com qualquer iniciativa que promova uma liberalização efetiva de Cuba. Um dos nomes entre aqueles que podem vir a travá-lo é o de Alejandro Castro Espín, único filho de Raúl Castro, que é coronel das forças armadas cubanas.
Agora que a figura de Fidel desaparece e Raúl Castro se prepara para sair de cena, existe mais espaço do que alguma vez houve no panorama político cubano para surgir uma luta pelo poder. Porém, esta não deverá estender-se ao povo e às suas decisões, mantendo-se nos apertados corredores do Comité Central e do Bureau Político do Partido Comunista Cubano.
Primeiro, depois de uma era dourada que começou com a viragem do século, a esquerda populista da América Latina perdeu o pai, Hugo Chávez, Presidente da Venezuela entre 1999 e 2013. Agora, perde o avô, Fidel Castro, a quem foram buscar a inspiração e a retórica, mesmo que operem noutra época e, por isso, com outros meios.
Nos últimos anos, todos têm caído naquilo que parece um castelo de cartas a ruir. Cristina Kirchner foi derrotada pela direita nas urnas, Dilma Rousseff foi retirada do poder pela justiça e pelos seus inimigos, e Nicolás Maduro viu as forças que o apoiaram a serem derrotadas no parlamento numa altura em que já nem os chavistas querem o chavismo.
Em 2017, alguns países da América do Sul terão eleições. É o caso da Argentina, que vai a votos para o parlamento onde o kirchnerismo ainda está em maioria; do Chile, com eleições parlamentares e presidenciais, numa altura em que a esquerdista Michele Bachelet apresenta a sua pior taxa de aprovação de sempre; do Equador, onde não é certo que a esquerda consiga preencher o vazio do chavista Rafael Correa nas presidenciais, que tem hoje 51% de desaprovação; e, por fim, é o caso da Venezuela, atualmente mergulhada num caos político, social e económico, que tem eleições regionais marcadas para o ano que vem.

É difícil conceber uma remontada da esquerda sul-americana, que ficou conhecida por “onda rosa”, por ser socialista mas não necessariamente comunista. Resta saber em que medida é que 2017 poderá representar o fim dos populistas de esquerda naquele continente, numa altura em que o preço do petróleo teima em não subir e agora que estão órfãos de referências." (por João de Almeida Dias, 27 novembro 2016 in: observador.pt)