sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O novo Governo pôs fim aos exames nacionais a Português e a Matemática

imagem obtida em: donasebenta.com

Transcrevo um artigo de opinião a propósito dos exames nacionais:

"O regresso ao poder da doidice ufana

Doidos, sem-vergonha, irresponsáveis. Os deputados que, em euforia intempestiva de quem voltou a “mandar nisto tudo”, puseram fim aos exames nacionais a Português e Matemática no quarto ano de escolaridade. Numa penada, de ânimo leve, sem vacilar, sem engulhos de consciência. Ilustração mais-que-perfeita da génese da desregulação do sistema de ensino nas últimas décadas: a sua instrumentalização pelo jogo político-partidário-ideológico.
Se a coligação de direita que acaba de cessar funções governativas deixou quase na mesma o que, no ensino, é crucial, a saber, a regulação de comportamentos nas salas de aula e nas escolas, o novíssimo ajuntamento interpartidário das esquerdas voltou a invadir de arromba a dignidade do ensino.
Adivinho que não ficaremos por aqui. As tutelas políticas que gerem a vida quotidiana não param de comprovar que as sociedades e as suas instituições, em particular as instituições socialmente sensíveis (família, escola, justiça, saúde, segurança, entre outras), podem ser muitíssimo mais vítimas daqueles que não sabem ficar quietos e calados e, mexendo-se, não sabem ser ponderados do que vítimas dos que fingem que o que se passa à sua volta não é nada com eles. É nisto que se traduz a fragilidade dos compromissos entre o respeito pela tradição e a introdução de inovações ponderadas em sociedades infantilizadas por se revelarem incapazes de exorcizar os seus passados revolucionários.
Os poucos dias da nova governação deixam ainda a descoberto outro sintoma das rábulas políticas. Repete-se pela enésima vez a transformação do lugar de ministro da Educação em estágio para quem se queira iniciar nas lides políticas. Para infortúnio do ensino, entre os que passaram no estágio com distinção contam-se Guilherme de Oliveira Martins, Augusto Santos Silva ou Manuela Ferreira Leite. Depois, esses e outros receberam o aval dos pares seniores para se dedicarem à política “a sério”, subindo para a divisão principal dos “pesos pesados”. Com resultados para o ensino semelhantes, há também os que chumbam logo no estágio, como Maria do Carmo Seabra ou Isabel Alçada. Por último, sobram os que necessitam de “Novas Oportunidades”, como Maria de Lurdes Rodrigues.
Antes de intervirem, não raras vezes de forma absurda e abrupta, nunca os que têm condicionado diretamente os rumos do ensino – destaco Mário Nogueira e respetivas elites sindicais, representantes das associações de professores e de pais sabe-se-lá-como, para além da elite política – evidenciaram um respeito minimamente convincente pelo conjunto de sensibilidades geracionais, cívicas, institucionais, profissionais, pessoais, científicas, pedagógicas, religiosas, políticas ou outras que instituem o universo do ensino. No ensino, nenhuma decisão é meramente científica, técnica, objetiva, indiscutível, inatacável. É por isso que a eficácia da gestão do sistema depende dos que trabalham nas salas de aula sentirem que são tratados de forma cuidada, ponderada, respeitadora, estável por quem condiciona e decide o sentido do seu quotidiano.
É saturante ver a instituição cuja identidade e dignidade partilho e à qual procuro dar o meu melhor há bem mais de duas décadas (e em salas de aula onde o que é importante se decide) ser recorrentemente atropelada por essa gentalha. Não é possível que eu esconda o que faço em sala de aula. E o pouco de bom que vou conseguindo tem sido conquistado contra a casta política, intelectual e académica dominante, muitíssimo bem representada no atual regresso pujante ao poder das esquerdas. A tais mestres na arte da usurpação de legitimidades políticas recomendo: vão dar aulas como eu nas periferias urbanas e suburbanas!
Decidir se se fazem ou não exames nacionais, como e quando – bem como sobre muitas outras matérias, como as insuportáveis aulas de noventa minutos, características de currículos hoje indigestos, opções pedagógicas que se tornaram lunáticas ou um sistema de classificação dos resultados escolares transformado num incompreensível labirinto – implicaria, no mínimo, realizar antecipadamente referendos simples e claros, orientados por questões objetivas, para que cada professor de sala de aula que todos os dias tem de gerir a complexidade da vida institucional expresse de moto próprio o que pensa, considerando as opções que apoia ou manifestamente rejeita. A manipulação e a falsidade das políticas educativas têm passado por contornar sistematicamente os fundamentos da legitimidade de quem se pronuncia em nome de terceiros. Se existem esgotos a céu aberto no modo como os sistemas políticos destratam os sistemas sociais, eles são nauseabundos nas relações entre o poder e a escola.
Não obstante a doutrinação marxista-leninista que há décadas corre em rédea solta nas salas de aula formatando a maioria sociológica de esquerda – evidentes em programas e manuais de história do 9º e 12º anos que quase não permitem que os alunos percebam que negar a dignidade e o direito à existência aos judeus (no nazismo) ou aos burgueses (no comunismo) constitui um apelo equivalente ao genocídio, sendo que os alunos são treinados para não perceber que Estaline (primeiro) e Hitler (depois) são irmãos gémeos precisamente porque o primeiro tem sido protegido pelos ideólogos d’Abril, ainda que Estaline tenha sido decisivo no derrube de um regime moderado (o “menchevique”) e se tenha transformado em figura de proa do primeiro regime brutalmente totalitário da contemporaneidade (o “bolchevique” e depois comunista) –, há quem duvide que os problemas do ensino são essencialmente ideológicos. E gerados pela ideologia tipo Frente Popular que regressou estridente ao poder em 2015. Para nossa desgraça."
in observador.pt

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Como vai a Educação no nosso país?

imagem conseguida em:
duvida-metodica.blogspot.pt
"Afinal, quem manda na Educação?
Não houve debate. Não houve discussão pública. Não houve período de transição. Não houve demoras – nem se esperou que o novo ministro se ajeitasse na cadeira da 5 de Outubro. Por iniciativa do PCP e do BE, no primeiro dia do governo de António Costa, o parlamento aprovou a eliminação do exame do 4.º ano. E o mais curioso é que ninguém estranhou. Afinal, são eles, PCP e BE, quem define o rumo político quando se trata, como é o caso, de uma questão que não consta das “posições conjuntas” que o PS assinou? O que fez o PS da sua promessa eleitoral, agora inserida no Programa do XXI Governo (p. 105), de “reavaliar a realização de exames nos primeiros anos de escolaridade” – já reavaliou ou reavaliaram por si? E o que pensa o ministro sobre este tema?
Recorde-se que, quando Nuno Crato introduziu os exames no 4.º ano, o país dedicou horas a escrutinar a decisão e ainda mais horas mergulhado em comparações internacionais. Agora que é para os eliminar, não se consulta ninguém, não se executa um balanço dos seus efeitos, não há um minuto de debate público, não se admite uma observação, não se anuncia uma política integrada para a educação na qual encaixe essa eliminação. O PCP e o BE resolveram, o PS acenou, a Fenprof aplaudiu. Não há, portanto, outra interpretação possível: o PS aprovou a precipitação e escolheu a cedência ao PCP e ao BE, satisfazendo reivindicações sindicais e tornando irrelevantes tanto o seu programa como o seu ministro. Vai ser sempre assim?
A pergunta não é de pormenor, até porque a hierarquia política é apenas metade do problema. A outra metade está no perigo de tomar decisões sobre aspectos estruturais do sistema educativo – sector para ao qual se está sempre a pedir mais consensos e cautelas, e menos reformas e mexidas – em cima do joelho, sem ponderar consequências ou estudar alternativas. É que, nos moldes excessivos em que foi tomada, sem garantir um mecanismo de aferição e monitorização dos desempenhos escolares no 1.º ciclo, a eliminação dos exames do 4.º ano é um erro.
Há boas razões para defender a manutenção dos exames, assim como há boas razões para pretender a sua eliminação. Mas uma coisa é acabar com exames cujas notas têm influência na avaliação final e no percurso dos alunos. E outra coisa (inaceitável) é deixar um vazio de avaliação externa que impeça a monitorização das aprendizagens no 1.º ciclo, esquivando-se a substituir esses exames por provas de aferição – que não contam para a avaliação final, mas que servem para acompanhar a evolução dos alunos. Alguém sabe qual é o plano? Alguém percebe o que fica no lugar dos exames eliminados? Não se sabe, não se percebe.
Ora, é uma irresponsabilidade governar nestes termos, porque é impossível levar a cabo políticas públicas de educação sem monitorização dos resultados escolares – leia-se, sem a existência de uma avaliação externa (com ou sem impacto na nota final dos alunos). Gostem ou não PCP/BE disso. Porque é esse tipo de monitorização que permite avaliações internacionais (como o PISA da OCDE), que diagnostica as dificuldades de aprendizagem dos alunos a tempo de as corrigir, que possibilita o aperfeiçoamento das metodologias e do currículo, que facilita o apoio das escolas e dos professores aos alunos. Ou seja, a avaliação externa é um instrumento imprescindível para o sucesso escolar e para a promoção de igualdade, protegendo os alunos que mais precisam da escola para ultrapassar barreiras sociais e económicas. E, sem essa avaliação externa, a governação na educação converte-se numa navegação às cegas.
O PS sabe tudo isto. Ou, pelo menos, sabia-o nos tempos de Maria de Lurdes Rodrigues. Esperemos que não o tenha esquecido e que alguém emende o rumo. Mas os factos são o que são e, entre cedências perigosas, irrelevâncias políticas e precipitações desastradas, a legislatura começa mal na educação. Sobretudo porque, na sua base, arranca com uma incerteza inquietante: afinal, quem manda na educação?"
in: observador.pt (30.11.2015 , um artigo de Alexandre Homem Cristo)

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Adágios populares para o mês de dezembro...

in: wook.pt
"Dezembro com junho ao desafio, terás janeiro frio."

"Dezembro diz: olha que o governo está na boca do saco; até janeiro, qualquer burro passa o regueiro mas para a frente tem de ser forte e valente. Se não tens governo, depois arreganhas o dente."

"Dezembro quer lenha no lar e pichel a andar."

"O Natal quer-se na praça, a Páscoa quer-se em casa."

"Natal a soalhar, Páscoa à roda do lar."

"O Natal ao soalhar, a Páscoa ao luar."

"Natal ao sol, Páscoa ao fogo, fazem o ano formoso."

"Natal em casa, Páscoa na rua."

"Natal em casa, Páscoa na praça; Natal na praça, Páscoa em casa."

"Natal em sexta-feira, por onde puderes semeia; em domingo, vende os bois e compra trigo."

"Natal na praça, o Entrudo bolorento, e a Páscoa com bom tempo."

(extraído da obra "Mudam os ventos, mudam os tempos", de Manuel Costa Alves,  o adágio popular meteorológico, gradiva, 3ª edição, maio 2006)

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Um pensamento importante de Fernando Pessoa

"Vivemos todos, neste mundo, a bordo de um navio saído de um porto que desconhecemos para um porto que ignoramos; devemos ter, uns para os outros,  uma amabilidade de viagem." Fernando Pessoa

imagem encontrada em:
cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt
 

domingo, 29 de novembro de 2015

Ezilda Almeida, uma cabo-verdiana que criou um software para diagnosticar cancros

Ezilda Duarte Almeida, uma jovem de 30 anos com dupla nacionalidade - portuguesa e cabo-verdiana - faz-nos sentir muito orgulhosos dos estudos que fez ao ponto de criar um software com a finalidade de diagnosticar o cancro.

É natural do Caleijão, Ilha de São Nicolau, e em Cabo Verde foi considerada uma "aluna de mérito". Veio para Portugal em 2004 e é Mestre em Engenharia Informática e Computação pela Universidade do Porto.

imagem obtida em. submarinocaboverdiano.blogspot.com 
"Um dia, foi desafiada pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Com­putadores do Porto (INESC TEC), onde trabalha há cinco anos, a criar um software capaz de apoiar os médicos a diagnosticarem me­lhor doenças como cancros da mama e da próstata. Desafio acei­te, desafio vencido.
Conforme contou ao A NAÇÃO, iniciou, em Setembro de 2013, o software ExpertBayes e, em De­zembro do ano seguinte, já tinha uma “versão funcional”, tendo os primeiros testes sido “excelentes” e aqueles que tiveram acesso ao software ficaram “maravilhados”. 
“Os profissionais da saúde acha­ram-no fantástico, pois, em caso de dúvidas, ao fazer um diagnósti­co, o software ajuda-os na tomada de melhor decisão”, explica. 

Atualmente, é investigadora/programadora na área de Desenvolvimento, Machi­ne Learning e Inteligência Artifi­cial, no Centro de Investigação em Sistemas Computacionais Avança­dos_CRACS/INESC, no Porto." 
(in 
http://submarinocaboverdiano.blogspot.pt/2015/10/ezilda-duarte-almeida-jovem-cabo.html)