sábado, 21 de janeiro de 2017

O maior perigo está em Trump ou nos anti-trumpistas?

in: http://www.politicalforum.com/
"Qual o maior perigo: Trump ou os inimigos de Trump?
 Trump é considerado um perigo para a democracia. Mas os anti-trumpistas não parecem menos perigosos. Entre a mentira e o assédio, os anti-trumpistas vão fazendo o que dizem que Trump fez ou vai fazer.
Vivemos numa época de sanções preventivas: Obama teve um Prémio Nobel da Paz com uns meses de presidência, sem tempo para fazer fosse o que fosse; da mesma maneira, Donald Trump já está sentado no Tribunal de Nuremberga antes mesmo de tomar posse. O que é que tanta gente tem contra Trump?
Se bem se lembram, uma das coisas em desfavor de Trump durante a campanha foi a possibilidade de ele nunca aceitar a vitória de Hillary Clinton. Que mais clara prova podia haver de “fascismo” do que a tentativa de subverter uma eleição? Mas o mundo era assim quando a presidência parecia ganha para Clinton. Porque logo que Trump, contra toda a sabedoria científica e mediática, teve o desplante de vencer, o mundo mudou imediatamente, e passou a ser sinal de probidade democrática resistir à escolha do eleitorado e pôr em causa a autenticidade do processo.
Não bastou aos anti-trumpistas considerar Trump um mau candidato, ou lamentar a sua eleição. Precisaram de o deslegitimar. Numa primeira fase, foi acusado de ser o presidente votado pelos pobres e pelos ignorantes. Não se percebia onde os anti-trumpistas queriam chegar: voltar aos regimes censitários do século XIX? Numa segunda fase, descobriram outra história: Trump não teria sido afinal eleito pelos americanos, mas nomeado por decreto de Vladimir Putin. Mais uma vez, não se percebe o objectivo: sugerir que, afinal, a democracia americana é um teatro de marionetas manipuladas à vontade pelo Kremlin? Quem é que, afinal, quer voltar os cidadãos contra o sistema democrático?
Tem sido costume rasgar as vestes por causa da ameaça de Trump à democracia. Mas os anti-trumpistas não parecem menos perigosos. Não é apenas a sua indisponibilidade para reconhecer eleições. É também o à-vontade com que, há umas semanas, citavam os relatórios “impossíveis de verificar” do BuzzFeed, porque, imagine-se, Trump também usara “notícias falsas”. A estratégia anti-trumpista é esta: acusar Trump de certos métodos maldosos, para depois recorrer aos mesmos métodos, com a desculpa criada pela acusação inicial. Viu-se ainda isso na orquestra de insultos e ameaças a que foram sujeitos os artistas alinhados para as festas da tomada de posse. A jovem cantora que aceitou cantar o hino tem uma irmã transgénero, que foi logo coberta de injúrias homofóbicas pelos anti-trumpistas. Ou seja, entre a intolerância, a mentira e o assédio, os anti-trumpistas vão praticando o que clamam que Trump fez ou fará mais tarde. Se estes são os defensores da democracia, então a democracia não precisa de inimigos.
No meio deste circo, vão passando, sem muito debate, as más ideias de Trump: as suas dúvidas sobre o comércio livre, que deixaram o líder do Partido Comunista Chinês como último advogado da globalização, ou as suas incertezas sobre as alianças dos EUA, que ainda podem tornar Putin mais ousado. Mas percebe-se porque não há grande discussão. É que essas são também as ideias dos anti-trumpistas, onde estão os grandes inimigos da liberdade económica e do “imperialismo americano”. Mais ainda: são ideias que correspondem, na sua essência, a inclinações de Obama, que entregou metade da Ucrânia e a Síria a Putin, ou a cedências de Clinton, que acabou a sua campanha a prometer afundar os grandes tratados de comércio. Se os EUA se distanciarem do mundo, pondo em causa os fundamentos internacionais da prosperidade e da liberdade, o primeiro capítulo da história desse distanciamento não será a presidência de Donald Trump.
É de bom tom preocuparmo-nos com Trump. Mas em que sentido é o novo presidente americano verdadeiramente preocupante? No sentido em que as más tendências e as péssimas ideias que agora toda a gente finge que são exclusivo de Trump não começaram com ele e não acabam nele."
in: observador.pt  por Rui Ramos a 20.01.2017

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Donald Trump, o novo Presidente dos Estados Unidos

Notícias da América:

"Donald Trump já é Presidente dos Estados Unidos.

Mike Pence também já tomou posse como vice-presidente.

O dia do presidente eleito começou com uma missa, continuou com um encontro com o presidente norte-americano, Barack Obama, na Casa Branca. 

O juramento de posse está marcado para o meio dia de Washington (17.00 em Lisboa). Logo pela manhã, Trump escreveu no Twitter: "Tudo começa hoje.""

in: http://www.dn.pt, 20.01.2017

https://en.wikipedia.org/wiki/Donald_Trump

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Homenagem a Maria Cabral, um símbolo do Novo Cinema Português

"A atriz portuguesa de cinema e teatro Maria Cabral morreu no último sábado, em Paris, aos 75 anos, informou a Academia Portuguesa de Cinema. Maria Cabral, que foi casada com Vasco Pulido Valente (e com quem teve uma filha, Patrícia Cabral), ficou conhecida pela sua participação nos filmes “O Cerco” (1970), de António da Cunha Telles, “O Recado” (1971), de José Fonseca e Costa, em “Vidas” (1984), de António da Cunha Telles, em “No Man’s Land” (1985), de Alain Tanner e em “Um Adeus Português” (1985), de João Botelho.
Maria da Conceição Gomes Cabral nasceu a 24 de abril de 1941, em Lisboa, e passou parte da infância em Luanda. “Foi rosto e símbolo do Novo Cinema Português”, disse a Academia Portuguesa de Cinema, através da sua página de Facebook, onde lamenta a morte da atriz." in. observador.pt, (por Susana Otão e Miguel Pinheiro, 16.01.2017)
in: http://www.shoofeeaflam.com

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

António Bagão Félix: "Quem paga o aumento do salário mínimo?"


in: publico.pt
"O valor do salário mínimo (SMN) é e será sempre objecto de controvérsia ideológica. De um lado, o primado social de condições minimamente aceitáveis e dignas de trabalho. De outro lado, a argumentação económica do contra-incentivo à oferta de trabalho para os desempregados com mais baixas qualificações. 

 É positivo o acordo alcançado entre o Governo e parceiros sociais que permitiu uma subida do SMN ilíquido em 5,1% (27 euros). Todavia, discordo de um instrumento utilizado para se alcançar o acordo: a redução da TSU patronal em 1,25 pontos percentuais (de 23,75% para 22,5%) para os salários entre o anterior valor do SMN (530 euros) e o novo valor (557 euros). Assim, para um trabalhador que até agora havia auferido 530 euros, o aumento será pago em 75% pela empresa e em 25% pelo Estado, e para um trabalhador com um salário de 545 euros, o esforço do Estado corresponde a 58% e o da empresa a 42%. 

Embora esta subsidiação fiscal tenha sido anunciada como temporária (mas prolongando medidas similares dos anos anteriores, de governos diferentes e aumentando sucessivamente o conjunto de beneficiários), não faz sentido, a não ser o de alcançar um acordo com a correspondente “factura de paz social”. 

Uma economia em que as empresas têm de ser ajudadas pelos contribuintes face a um aumento do SMN é uma economia fragilizada, subsídiodependente e baseada em baixos salários. 

Esta medida vai favorecer sectores em que a percentagem de trabalhadores com o SMN é mais elevada. Por exemplo, restauração e turismo. Quanto à primeira, ainda há poucos meses, houve a redução do IVA de 23% para 13%, sem que tal tenha sido repercutido no preço final pago pelos consumidores. Quanto ao sector turístico, a expansão do negócio tem sido felizmente muito positiva, pelo que não se entende que seja o resto da economia e as famílias a pagarem parte do aumento da retribuição mínima. 

Tem sido, também, invocado o argumento da “desvalorização salarial” que resulta de o SMN passar a ser, deste modo, um ponto de acumulação para novas contratações. Por exemplo, uma empresa que estaria disponível para contratar por 600 euros, vai fazê-lo por 557 euros, para beneficiar do subsídio público na sua TSU. 

Todavia, se o diploma legal vier a ser semelhante ao que foi o de 2016 (embora a redução da TSU patronal tenha sido de 0,75 pp e não, como agora, de 1,25 pp), haverá duas condições cumulativas para ter o benefício: o trabalhador deve estar vinculado à entidade empregadora por contrato com data anterior à da fixação do novo SMN e auferir uma retribuição de valor compreendido entre o anterior e o novo SMN. 

Assim, uma nova contratação por 600 euros não beneficiará da redução da TSU. Logo, em tese, não existirá o perigo assinalado de “desvalorização salarial”. Digo em tese, porque, na prática, e com sucessivos prolongamentos desta benesse contributiva (pelo menos, até o SMN atingir 600 euros), o temporário é um quase-definitivo. O raciocínio será “não se aplica este ano, mas certamente para o ano já se aplica”. 

 O Governo argumentou que a Segurança Social (SS) ficará sempre a ganhar. Perde 25% da TSU do aumento do SMN, mas recebe 75%. O certo é que recebe menos do que deveria para financiar futuras despesas acrescidas (correspondentes ao aumento do subsídio de doença, maternidade, desemprego e, diferidamente, da pensão). Pode ser que seja o OE (impostos gerais) a financiar a medida, o que será mais correcto e não erodirá a lógica contributiva da SS. Mas, evidentemente, o “almoço” continua a não ser grátis." 

por António Bagão Félix, in: público.pt, 13 de janeiro de 2017