sábado, 28 de agosto de 2021

A realidade sobre a imunidade de grupo, mesmo com mais de 70% da população portuguesa vacinada

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Penso que este artigo que encontrei na VISÃO DO DIA e que a seguir partilho, elucida muito sobre a realidade da situação que se vive em Portugal, com o Covid 19. 


Tínhamos muitas esperanças de regressar à antiga normalidade, mas, na verdade, é difícil atingir essa nova meta, depois do aparecimento da variante Delta.

Vamos ler porquê.




CHEGÁMOS AOS 70%. MAS IMUNIDADE DE GRUPO, NEM VÊ-LA


in VISÃO DO DIA, PONTO DE VISTA, 20 de agosto de 2021, por Mafalda Anjos, Diretora

São boas novas para Portugal. Quase um mês antes do antecipado, 70% da população está hoje vacinada contra a Covid-19. Em sequência disso, decorre esta manhã um Concelho de Ministros extraordinário, presidido pela agora Primeira-Ministra Mariana Vieira da Silva (em substituição de António Costa), e depois das 15h30 saberemos se será antecipado o levantamento das medidas restritivas, com a passagem para a segunda fase e em que moldes. Em causa estão os aumentos das lotações de restaurantes e cafés, espetáculos culturais e eventos e ainda serviços públicos sem marcação prévia. Já o uso de máscara na via pública, quando não seja possível cumprir o distanciamento recomendado de dois metros, terá de ser revisto pela Assembleia da República, mas vai manter-se obrigatório pelo menos até 12 de setembro. 
Como frisou a Ministra da Saúde ontem, será necessário ter em conta outros fatores além da meta de vacinação, como o índice de transmissibilidade, a incidência cumulativa a 14 dias e os internamentos hospitalares, informação que será conhecida no relatório de monitorização das linhas vermelhas da Direcção-Geral da Saúde e do Instituto Nacional Ricardo Jorge, divulgado hoje. 
Infelizmente, alcançado o número desejado dos 70%, nada muda de mais substancial nas nossas vidas. A velha normalidade é ainda uma miragem. Esta meta foi definida antes da predominância da variante Delta, com a qual a imunidade de grupo é bastante mais difícil – senão impossível – de alcançar. A imunização através das vacinas não impede totalmente o contágio nem a transmissão, protege sim contra a doença grave, a hospitalização e morte. Com a variante Alpha, as vacinas protegiam contra a infeção numa eficácia entre 80 e 90%, mas com a variante Delta, essa percentagem desce para os 60 a 65% com a vacinação completa, como explicou à VISÃO Manuel Carmo Gomes. Uma proteção que os não-vacinados não têm. (Vale a pena ler o fact check "A Covid-19 é transmitida com a mesma facilidade em pessoas vacinadas e em pessoas não vacinadas?") 
Um estudo de investigadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, divulgado ontem, que analisou um grande número de dados estatísticos, concluiu ainda que as pessoas vacinadas apresentam a mesma carga viral do que as pessoas não vacinadas, sendo necessário mais estudos para perceber se transmitem a doença com a mesma intensidade. 
Mesmo com 85% de pessoas vacinadas, uma meta que segundo o Vice-almirante Gouveia e Melo só deverá ser alcançada entre a terceira e a quarta semanas de Setembro, a imunidade de grupo não está garantida. 
Em discussão está agora a toma de uma terceira dose da vacina para assegurar mais imunidade. Para as próximas semanas espera-se nova informação da Agência Europeia de Medicamentos relativamente a este assunto. Com inúmeros países mais pobres e bastante atrasados na vacinação, certo é que é essencial uma visão global do problema e não apenas local (e egoísta). 
Só estaremos realmente protegidos contra a infeção por novas variantes quando toda a população mundial estiver protegida. Mas, até lá, há ainda um longo caminho a percorrer. O vírus vai continuar por aí nos próximos anos e vamos mesmo ter de aprender a viver com ele.