sábado, 25 de junho de 2011
Um Poema de Ana Paula Lavado, do seu livro "Um Beijo sem Nome"
Quando te disse
Que era da terra selvagem
Do vento azul
E das praias morenas...
Do arco-íris das mil cores
Do Sol com fruta madura
E das madrugadas serenas....
Das cubatas e musseques
Das palmeiras com dendém
Das picadas com poeira
Da mandioca e fuba também...
Das mangas e fruta pinha
Do vermelho do café
Dos maboques e tamarindos
Dos cocos, do ai u'ééé...
Das praças no chão estendidas
Com missangas de mil cores
Os panos do Congo e os kimonos
Os aromas, os odores...
Dos chinelos no chão quente
Do andar descontraído
Da cerveja ao fim da tarde
Com o Sol adormecido...
Dos merengues e do batuque
Dos muquixes e dos mupungos
Dos imbondeiros e das gajajas
Da macanha e dos maiungos.
Da cana doce e do mamão
Da papaia e do caju...
Tu sorriste e sussurraste
"Sou da mesma terra que tu!"
in Um Beijo sem Nome, de Ana Paula Lavado
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Dia 24 de Junho, Dia de São João, feriado municipal no Porto
Pensa-se que São João terá nascido neste dia. Era primo de Jesus e recebeu o nome de "batista", por baptizar pessoas no rio Jordão.
O povo gostava muito dele: era apreciado como crítico da política romana. O rei Herodes tinha-lhe um grande ódio, chegando ao ponto de o mandar decapitar.
O São João no Porto é uma festa em honra a este santo popular, e tem lugar na noite de 23 para 24 de Junho. Os bairros das Fontainhas, Massarelos, e Miragaia enchem-se de gente, bem como a cidade inteira.
É uma festa cheia de tradições: lançam-se balões de ar quente, dão-se marteladas nas cabeças dos transeuntes com os martelos de plástico, bem como se lhes dá a cheirar as plumas perfumadas, os alhos-porros, os ramos de cidreira e de limonete. São muito interessantes os vasos de mangericos com quadras populares:
"Na noite de S. João"
Andam todos aos encontrões
É noite de alegria
É noite de foliões"
À meia-noite, nas margens do rio Douro e na ponte de D.Luís I, pode ver-se o fogo de artifício, em barcos preparados para o efeito, ao mesmo tempo que se ouve música no ar constituindo um espectáculo inesquecível.
"Na noite de São João
Há sempre um bailarico
Vamos todos á noitada
Comprar um manjerico
Nesse Rio tão nobre
Nessa ponte Secular
Na noite de S. João
O fogo vai lançar"
Saltar sobre as fogueiras também faz parte da tradição em muitos bairros mais tradicionais da cidade.
Têm lugar concertos dados por cantores populares e há esplanadas cheias de gente a comer pão com chouriço, sardinhas e grelhados de carne. Não faltam, no fim, as farturas e os churros; e a ida aos carrosséis e carros eléctricos, é obrigatória.
A folia dura toda a noite até de manhã. A gente jovem percorre a marginal inteira, normalmente, desde a Ribeira até à Foz do Rio Douro, passeando-se pela praia até ao nascer do dia.
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Hoje é Dia de Corpo de Deus
Qual o significado do Feriado Religioso de Corpo de Deus?
Segundo a fonte a que recorri,http://pt.wikipedia.org/wiki/Corpus_Christi, "Corpus Christi" é uma expressão latina que significa Corpo de Cristo, e em que se festeja e "celebra a presença real e substancial de Cristo na Eucaristia".
Realiza-se na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade e este acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes.
Os católicos devem comparecer e participar da Missa deste dia, segundo o que está estabelecido pela Conferência Episcopal de cada país.
Quando tem lugar a procissão pelas vias públicas, atende a uma recomendação do Código de Direito Canônico (cân. 944) que estipula ao Bispo diocesano que tenha a iniciativa de a organizar; assim se testemunha em público o amor e respeito para com a santíssima Eucaristia, "principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo. É recomendado que nestas datas, a não ser por causa grave e urgente, não se ausente da diocese o Bispo (cân. 395)."
A Celebração do Corpo e Sangue de Cristo remonta ao século XIII.
A Igreja Católica sentiu necessidade de destacar a presença real de Cristo no seu todo, no pão consagrado.
O Papa Urbano IV instituiu a Festa do Corpo de Deus, na Bula ‘Transiturus’, com a data de 11 de agosto de 1264, e com o objectivo de se celebrar na quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade; este tem lugar no domingo depois de Pentecostes.
O Papa Urbano IV era o cónego Tiago Pantaleão de Troyes, arcediago do Cabido Diocesano de Liège na Bélgica. Recebeu o segredo das visões da freira agostiniana, Juliana de Mont Cornillon.
Essas visões, exigiam no Ano Litúrgico, uma festa da Eucaristia. Ora, governando ele a Igreja, enviou os objetos milagrosos para Orviedo, em procissão; estes foram recebidos com solenidade por sua santidade e foram levados para a Catedral de Santa Prisca, onde se celebraria a primeira procissão da Eucaristia Corporal.
"A 11 de agosto de 1264, o Papa lançou de Orviedo para o mundo católico através da bula Transiturus do Mundo o preceito de uma festa com extraordinária solenidade em honra do Corpo do Senhor."
A festa do Corpo de Deus foi decretada em 1269, mas como o Papa morreu logo a seguir, os reflexos dessa celebração produziu pouco efeito nas igrejas, apesar de o conseguir em algumas, como foi o caso da diocese de Colônia na Alemanha, onde o Corpo de Deus é celebrada desde antes do ano de 1270. "A procissão surgiu em Colônia e difundiu-se primeiro na Alemanha, depois na França e na Itália. Em Roma é encontrada desde 1350."
"A Eucaristia é um dos sete sacramentos e foi instituído na Última Ceia, quando Jesus disse: ‘Este é o meu corpo…isto é o meu sangue… fazei isto em memória de mim’. Porque a Eucaristia foi celebrada pela 1ª vez na Quinta-Feira Santa, Corpus Christi se celebra sempre numa quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade. Neste Sacramento, no momento da Consagração, ocorre a transubstanciação, ou seja, o pão se torna carne e o vinho sangue de Jesus Cristo, em toda Santa Missa, mesmo que esta transformação da matéria não seja visível."
Corpus Christi é celebrado 60 dias após a páscoa. Podendo recair no período de tempo entre 21 de maio e 24 de junho.
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Feriados Religiosos
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Le Pont Neuf, à Paris
Esta ponte, a mais velha de Paris, está em contradição com o seu nome (Le Pont Neuf, à Paris - A Ponte Nova, em Paris).
Foi construída por Du Cerceau e Des Illes, tendo sido iniciada sob o reinado de Henri III e terminada no de Henri IV em 1606.
Foi considerada uma ponte revolucionária, quando comparada com os modelos que a precederam.
Efectivamente, todas as outras pontes da cidade eram ladeadas por casas altas que escondiam a vista do rio.
Neste lugar, pelo contrário, procurou-se abranger uma perspectiva do Sena, e a ponte com os seus dois arcos em abóbada, torna-se uma enorme varanda aberta à aragem do rio.
Imediatamente os Parisienses compreenderam a beleza e a importância da Pont Neuf, de tal modo que esta se tornou um ponto de encontro e de passeio.
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Aspectos Civilizacionais de França
terça-feira, 21 de junho de 2011
Significado da expressão: "O beijo de Judas"
Pesquisa:
"Judas Iscariotes (em hebraico יהודה איש־קריות, Yehudhah ish Qeryoth; em grego bíblico Iouda Iskariôth - Mc 3, 19; 14, 10; Lc 6; 16 - ou Iouda Iskariotes - Mt 10, 4; Lc 22, 3; Jo 12, 4) foi um dos 12 apóstolos de Jesus Cristo, que, de acordo com os Evangelhos, veio a ser o traidor que entregou Jesus Cristo aos seus capturadores por 30 moedas de prata. Era filho de Simão de Queriote (Jo 6, 71; 13, 26). Judas, em grego Ioudas, é uma helenização do nome hebraico Judá (יהודה, Yehûdâh, palavra que significa "abençoado" ou "louvado"), sendo, por sinal, o nome de apóstolo que mais vezes aparece nos Evangelhos (vinte vezes) depois do de Simão Pedro."
"A traição
Judas entregou Jesus por 30 moedas de prata (Mateus 26, 15; 27, 3), que provavelmente seriam siclos e não denários como frequentemente se julga e afirma. Esse era o preço de um escravo (Êxodo 21, 32). De acordo com o autor do Evangelho de Mateus, os principais sacerdotes decidiram não colocar essas moedas no Tesouro do Templo de Jerusalém, mas, em vez disso compraram um terreno no exterior da cidade para sepultar defuntos (Mateus 27, 6.7). Segundo Zacarias, profeta do Antigo Testamento, a vida e o ministério do prometido Messias (ou Cristo) seria avaliado em 30 moedas de prata (Zacarias 11, 12-13). Isto significava que, segundo a leitura dos acontecimentos feita pelo evangelista Mateus, os líderes religiosos judaicos foram induzidos a avaliar a vida e ministério de Jesus de Nazaré como dotada de bem pouco valor.
A motivação da sua ação é justificada ou explicada, nos Evangelhos, de diferentes modos. Assim, nos Evangelhos mais antigos, os de Mateus e de Marcos, tal deveu-se à sua avareza (Mateus 26, 14-16; Marcos 14, 10-11). Já nos Evangelhos de Lucas e de João o seu procedimento é subordinado à influência direta de Satanás - ο σατανας - (Lucas 22, 3; João 13:2. 27) sobre as suas ações.
Na cultura popular O beijo de Judas tornou-se no símbolo da amizade falsa e da hipocrisia.Em alguns países, adoptou-se o costume da Malhação de Judas, onde se costuma espancar e queimar publicamente, no Sábado de Aleluia, um boneco de palha que personificaria o traidor de Cristo.
O filme Jesus Cristo Superstar apresenta os últimos dias de Jesus sob o ponto de vista de Judas.
A musica Judas, da cantora Lady GaGa, fala sobre ela ter se apaixonado por um Judas e faz alusoes a outros simbolos do cristianismo."
O beijo de Judas (Caravaggio) |
"O BEIJO DE JUDAS
O beijo sempre foi um modo de saudação usado no Oriente, desde os tempos patriarcais. No tempo de Jesus Cristo, os convidados a um banquete eram beijados à entrada da casa. Tempos depois, os cristãos irão saudar-se com um beijo, como símbolo de fraternidade cristã. O beijo parecia não ter conotação maliciosa, pois expressava um gesto de amor fraternal. O beijo de Judas, o beijo da traição, tornou-se tanto mais terrível e odioso devido ao fato de um gesto que representa amor, amizade, carinho, ter sido usado como ato de deslealdade.
Ainda nos dias de hoje, muitos de nós ficamos nos perguntando o que se passou com Judas para que este traísse Jesus? Judas, que fora escolhido dentre tantos para fazer parte daqueles mais íntimos do grupo de Jesus, quantos milagres este não devia ter presenciado, acompanhou de perto as transformações nas vidas de tantas pessoas. Durante o tempo de convivência com Cristo, pôde presenciar, juntamente com os outros discípulos, como Jesus era um homem justo, honesto, cheio de amor e como atraía a todos com seu olhar penetrante e suas palavras cheias de amor. E, mesmo diante de tantos milagres vistos por Judas, ele trai Jesus. Judas deve ter se decepcionado com a forma como Jesus administrava seu reinado: sem distinção de pessoas, sem luxo, convivendo com os pecadores.
Judas esperava que Jesus fosse um Messias Político, mas encontrou um Rei que serve, se humilha e não trata seus súditos como escravos, mas como amigos, e foi justamente com esse titulo que Jesus recebeu o beijo de Judas: ”amigo, a que viestes?” (Mateus 26,50). Judas não esperava esse questionamento, nem tampouco receber esse tratamento de Jesus, essa expressão usada deve ter desconcertado o traidor, mas mesmo assim ele prossegue e beija o mestre, trai seu melhor amigo, fere o coração e a alma de Deus. Jesus ainda questiona o traidor: “Com um beijo trai o filho do homem?” (Lucas 22,48). Jesus talvez não conseguisse entender porque Judas utiliza um gesto que contradiz a ocasião. Por isso, Jesus sente a dor do beijo de Judas, uma dor tão forte quanto as pancadas que levaria até o calvário.
Como deve ter ferido o rosto e a alma de Jesus aquele beijo, como deve ter queimado a face de Cristo. “Ser traído por um dos seus foi especialmente doloroso para Jesus. Esse beijo foi o primeiro golpe, duríssimo, com que se iniciava sua Paixão. Jesus sentiu imediatamente como uma queimadura no rosto” (A Cruz de Cristo, Francisco Carvajal). Em algumas cidades do México, existem figuras de Cristo cheio de chagas, e no rosto de Cristo há uma queimadura profunda, que chamam de “o beijo de Judas”.
Nós, pecadores que somos, em muitas ocasiões de nossas vidas traímos nosso Senhor Jesus Cristo, nossos pecados são constantes beijos de traição em Jesus, nos igualamos a Judas quando presenciamos seus milagres, transformações, seja na nossa vida ou na vida dos mais próximos, curas interiores, e tantas outras coisas e, com nossos pecados, acabamos por abandonar e trair Jesus.
Devemos cuidar para que não façamos o mesmo que Judas que, por 30 moedas de prata, trocou o maior tesouro que pode existir, que é a companhia de Jesus, a presença de Deus, a amizade de Cristo. Judas, no entanto, comete um pecado ainda maior do que a traição: desesperar da salvação, não acredita que aquele Amigo verdadeiro poderia lhe perdoar de tamanha falta. A misericórdia de Deus é infinitamente maior que nossos pecados. Judas, que escutou Jesus contando as parábolas do Filho Pródigo, da Ovelha perdida, agora não consegue associar à sua pessoa esses personagens. Bastava apenas ele acreditar na misericórdia de Deus e correr para os braços do seu Amigo.
Nossos pecados são constantes gestos de traição ao amor de Deus, mas que, ao cairmos, não percamos de nós a esperança, a fé e o amor a Deus, e a certeza de que Deus me ama e me quer ao seu lado. Que possamos acreditar e confiar sempre na misericórdia e no perdão de Dele.
Israel Gomes"
http://www.rosariodepompeia.com.br/formacao/o_beijo_de_judassegunda-feira, 20 de junho de 2011
Um Poema de Álvaro de Campos
Álvaro de Campos
(Heterónimo de Fernando Pessoa)
Acaso
No acaso da rua o acaso da rapariga loira.
Mas não, não é aquela.
A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro.
Perco-me subitamente da visão imediata,
Estou outra vez na outra cidade, na outra rua,
E a outra rapariga passa.
Que grande vantagem o recordar intransigentemente!
Agora tenho pena de nunca mais ter visto a outra rapariga,
E tenho pena de afinal nem sequer ter olhado para esta.
Que grande vantagem trazer a alma virada do avesso!
Ao menos escrevem-se versos.
Escrevem-se versos, passa-se por doido, e depois por gênio, se calhar,
Se calhar, ou até sem calhar,
Maravilha das celebridades!
Ia eu dizendo que ao menos escrevem-se versos...
Mas isto era a respeito de uma rapariga,
De uma rapariga loira,
Mas qual delas?
Havia uma que vi há muito tempo numa outra cidade,
Numa outra espécie de rua;
E houve esta que vi há muito tempo numa outra cidade
Numa outra espécie de rua;
Por que todas as recordações são a mesma recordação,
Tudo que foi é a mesma morte,
Ontem, hoje, quem sabe se até amanhã?
Um transeunte olha para mim com uma estranheza ocasional.
Estaria eu a fazer versos em gestos e caretas?
Pode ser... A rapariga loira?
É a mesma afinal...
Tudo é o mesmo afinal ...
Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo,
e isto é o mesmo também afinal.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
domingo, 19 de junho de 2011
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