Com efeito, a situação do país é alarmante e há muitos motivos para grandes preocupações, principalmente no que diz respeito aos mais novos e aos mais velhos.
Temos é de nos lembrar que, os mais jovens têm melhores oportunidades, e têm outra vitalidade que os de mais idade já não conseguem ter.
A motivação nos mais novos é maior, estão na disposição de correr riscos que os mais velhos já correram e que, com a sua experiência, acabam por não querer arriscar de novo, salvo raras exceções.
O próprio Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Alexandre Miguel Mestre, afastando ideias negativistas sobre o tema da emigração, ao falar para representantes de uma comunidade portuguesa e jovens luso-brasileiros, em São Paulo, em outubro de 2011, aconselhou os nossos jovens portugueses a emigrarem, em vez de permanecerem "na sua zona de conforto", procurando levar ao conhecimento de outros aquilo que Portugal faz bem, do mesmo modo que, ao aprender no país de emigração, pode trazer inovações, mais tarde, para Portugal.
Será que os jovens que emigram para o estrangeiro, e se tornam, por exemplo, empresários, mais tarde, vão mesmo querer voltar? Só o futuro o dirá...
Um nome sonante do meio dos intelectuais do nosso país, mostra na entrevista que transcrevo, a 28.04.2012, a sua grande preocupação:
"Eduardo Lourenço preocupado com emigração jovem
por Lusa
O ensaísta Eduardo Lourenço mostrou-se hoje preocupado com a nova vaga de emigração, que atinge particularmente os jovens, considerando que "defraudam, sem querer" o país onde se formaram.
O pensador disse estar preocupado com o fenómeno "porque as pessoas formam-se" em Portugal e "em vez de contribuírem para a criatividade do país, nas diversas áreas, vão lá para fora, para países mais ricos e vão a ajudar ainda a riqueza desses países".
Em declarações à Lusa, na Guarda, à margem do lançamento do livro "Obras Completas de Eduardo Lourenço: I - Heterodoxias", também reconheceu que aqueles que emigram "defraudam, sem querer, a energia cultural e a energia criadora" do país.
No entanto, Eduardo Lourenço que também vive no estrangeiro, em Vince (França), reconhece que "essas coisas são imperativas, não é culpa deles [dos que emigram]".
Apontou que "uma pessoa quando está num país onde o mínimo de condições não lhes é assegurado vai procurar qualquer outra coisa longe" da pátria.
"Nós sempre emigrámos muito", acrescentou, lembrando que na região beirã, de onde é natural, em 1964 assistiu-se a "uma fuga" de habitantes que procuraram melhor vida no estrangeiro.
Disse que naquela época "saiu quase um milhão de pessoas" do país "e isso ainda não aconteceu agora".
Alertou que no século passado, quando ocorreu o grande fenómeno da emigração, os portugueses ainda não tinham conhecido a entrada na União Europeia, situação que compara à entrada numa "casa rica".
Referiu que os portugueses estavam "convencidos" que tinham "uns anos longos de paz e de prosperidade e, de repente, o mundo entra em órbita e numa crise económica sem precedentes, desde há mais de 70 anos".
Disse que "de repente, em três anos, começou esta coisa toda e a própria Europa está numa grande crise".
Eduardo Lourenço disse ainda ter esperança que a atual crise seja ultrapassada a curto prazo.
"Esperemos que daqui a um ano, as coisas comecem a entrar numa certa normalidade, mas ninguém está certo", vaticinou, apontando que até os países mais importantes da Europa "estão com problemas" económicos.
Sobre a forma como o governo de Pedro Passos Coelho tem enfrentado a crise, comentou que tem "feito tudo, obedientemente à 'troika'" para que Portugal consiga "pagar pouco a pouco a dívida" que contraiu."