sábado, 28 de maio de 2016

"Urge educar para a paz", um artigo de opinião, por Matilde Sousa Franco

imagem obtida in:
correiodecoimbra.blogspot.com 

"UNESCO 
Urge educar para a paz, no Ano Internacional do Entendimento Global 
Matilde Sousa Franco 17/5/2016
A melhoria da Inteligência Emocional e a consequente melhor capacidade para compreender os outros, é essencial a um diálogo mais profícuo, e este é basilar para o entendimento e felicidade das pessoas No início de 2016, em boa hora a UNESCO estipulou que este é o “Ano Internacional do Entendimento Global”, o que nos abre janelas de oportunidades para um mundo em que se lancem mais e mais sólidas pontes conducentes à tão ansiada paz mundial. Como nos jovens e crianças radica sobretudo a esperança, pensei que uma das mais sólidas pontes é a da Educação, na vertente da Cidadania, com o objectivo de ligar culturas, civilizações, religiões, países, continentes… Assim, penso que urge implementar um vasto programa educativo conducente à globalização da paz, com base na moderna Ciência, sobretudo a Inteligência Emocional e a Inteligência Social, e o qual seria preferencialmente integrado na disciplina de Cidadania. Esta educação cívica incluiria defesa do ambiente e do património cultural, normas de vida saudável, etc., devendo prevenir e contrariar o empobrecimento das relações humanas, ser contra toda a violência, incentivando relações interpessoais gratificantes, a favor do diálogo (também inter-cultural, inter-religioso), em prol da amizade, da paz, aproximando-nos o mais possível do maior anseio de todos nós, a felicidade, nos moldes em que a Ciência nos explica. Esta minha proposta educativa foi considerada recentemente “do maior interesse” por parte de Guilherme d`Oliveira Martins, que dirige na Fundação Calouste Gulbenkian o pelouro da Educação, tendo-me o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enviado “as suas calorosas felicitações pelo projecto que se propõe implementar”. Como base científica, lembro, por exemplo: António Damásio “ser racional, não é separarmo-nos das nossas emoções. O cérebro que pensa, que calcula, que decide, não é diferente daquele que ri, que chora, que sente prazer e repulsa. A ausência de emoções e de sentimentos impede-nos de ser verdadeiramente racionais”; Martin Seligman, da Universidade de Pensilvânia, Walter Mishel, da Universidade de Stanford e Peter Salovey, da Universidade de Yale, afirmam que “a inteligência emocional é a capacidade de dominar as suas emoções, mas, sobretudo de compreender as dos outros”. Ora, a melhoria da Inteligência Emocional e a consequente melhor capacidade para inclusivamente compreender os outros, é essencial a um diálogo mais profícuo, e este é basilar para o entendimento e felicidade das pessoas. Explico um pouco o conceito base deste ensino, que venho estudando há décadas. Está cientificamente provado que o QI (Quociente de Inteligência) apenas interfere em 20% dos elementos que determinam o nosso sucesso e é imutável ao longo da vida, enquanto os restantes 80% dependem de factores que englobam o que se considera Inteligência Emocional (QE) e podem ser melhorados ao longo da vida. Portanto, urge ensinar a gerir as nossas emoções, e nada melhor do que através do sistema educativo, pelo menos de crianças e jovens entre aproximadamente os 6 e os 18 anos de idade, desde o 1º ao 12º ano de escolaridade, mas se puder ser antes e até mais tarde, tanto melhor. Há já vários anos, Richard Layard, da London School of Economics, afirma: “A felicidade deve tornar-se o objectivo da política e o progresso da felicidade nacional deve ser medido e analisado com tanta atenção como o crescimento do produto interno bruto (PIB)”. Assim, desde 2009, dois prémios Nobel da Economia têm integrado estatísticas económicas com conceitos de qualidade de vida, tendo-se tornado hábito medir a felicidade dos países. O que eu proponho é que de forma pró-activa, pela educação de crianças e jovens, se ensine, através da gestão das emoções e do incremento do quociente da Inteligência Emocional (QE), a construir melhores pontes de entendimento, as quais, a partir dos educandos, alastrarão à sociedade, a caminho da paz global. Esta disciplina seria ensinada, preferencialmente, através da apelativa gamificação, de vídeo-jogos. Os vídeo-jogos seriam em Português, em Inglês e sequentemente noutras línguas, pensando já na sua internacionalização pelo maior número possível de países, pois o objectivo é o Entendimento Global. Na ONU foi felizmente aprovada por unanimidade, em 2012, a criação do “Dia Internacional da Felicidade”, o qual vem sendo comemorado. No entanto, com um mundo tão destroçado por tanta violência, há países em que é impossível comemorar um Dia da Felicidade. Este projecto educativo procura activamente implementar 365 dias de felicidade em todos os quadrantes geográficos e ideológicos. Na Universidade de Harvard, com igual base científica, o filósofo e psicólogo Tal Ben-Shaar inaugurou, em 2002, um curso que rapidamente se tornou o mais popular dessa prestigiada universidade e o qual é apelidado “curso da felicidade”. Com base nesta designação, pareceu-me ser possível chamar a este outro projecto educativo (que venho apresentando desde 2005, sempre com grande aceitação), “Educação para a Felicidade”, o que a criação pela ONU do “Dia Internacional da Felicidade” parece justificar, mas poderá ser Educação para o Entendimento Global, Educação para a Paz, … Neste “Ano Internacional do Entendimento Global” urge concretizar e implementar esta Educação para a Paz Global."
in observador.pt

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Bocal ou Bucal?

in:
atelierarteelazer.blogspot.com

Exemplos de frases com uma e outra palavra:

  • O bocal deste garrafão partiu-se (bocal= quando se refere a "abertura")


  • Os dentistas recomendam cuidados com a higiene bucal (bucal= adjetivo relativo, quando se refere a "boca")

in: www.janainaspolidorio.com 

terça-feira, 24 de maio de 2016

Tereza de Benguela

in: www.controversia.com.br
TEREZA DE BENGUELA

Na história do Brasil
Nas escolas ensinada
Aprendemos a mentira
Que nos é sempre contada
Sobre o povo negro e índio
Sobre a gente escravizada.

Nos contaram que escravos
Não lutavam nem tentavam
Conquistar a liberdade
Que eles tanto almejavam
E por isso só passivos
Os escravos se ficavam.

Ô mentira catimboza
Me dá nojo de pensar
Pois o povo negro tinha
Muita força exemplar
E com muita inteligência
Sempre estavam a lutar.

Um exemplo muito grande
É Tereza de Benguela
A rainha de um quilombo
Que mantinha uma querela
Contra o branco opressor
Sem aceite de tutela.

No estado Mato Grosso
Tinha o tal Quariterê
Um quilombo importante
Para livre se viver
Cooperando em coletivo
Guerreando pra vencer.

José Piolho era o marido
Mas chegou a falecer
Então Tereza de Benguela
Veio pois rainha a ser
Liderando com firmeza
Na certeza de crescer.

No quilombo liderado
Era possível encontrar
Estrutura de política
Que seria de invejar
E a administração
Também era exemplar.

Tinha armas poderosas
Pra lutar e resistir
Com talento pra forjar
Se botavam a fundir
Objetos muito úteis
Para a vida construir.

As algemas e outros ferros
Que serviam de prisão
Lá na forja transformavam
Pra outra utilização
E com muita habilidade
Tinham outra intenção.

O quilombo tinha armas
Pela troca ou por resgate
E com muita resistência
Suportavam esse embate
Libertando muita gente
Pela via do combate.

O sistema muito rico
Tinha até um parlamento
E também um conselheiro
Pra rainha embasamento
Que exemplo grandioso
Era o gerenciamento!

Além disso ainda tinha
O plantio de algodão
E também lá se tecia
Pra comercialização
Os tecidos que vendiam
Fora da quilombação.

As comidas do quilombo
Que ali eram plantadas
Dividas entre todos
Também comercializadas
Tudo aquilo que sobrava
Para venda enviadas.

Tinha milho e macaxeira
E também tinha feijão
Sem esquecer a banana
Com fins de alimentação
E as sobras, como disse
Pra comercialização.

Foi por isso que Tereza
Duas décadas reinou
Com a força do quilombo
Que com garra liderou
E por isso pra história
A rainha então ficou.

Em 1770
Quariterê foi atacado
Por Luiz Pinto de Souza
o Coutinho era enviado
Pelo sistema escravista
O quilombo era acabado.

A população de negros
Setenta e nova se contavam
E a população de índios
Tinham trinta que restavam
Foram presos, foram mortos
Pelos que assassinavam.

De acordo com o registro
Tereza foi capturada
Mas depois de poucos dias
A rainha adoentada
Acabou-se falecendo
Da mazela ali tomada.

E os brancos matadores
A cabeça lhe cortaram
Exibindo em alto poste
Pra mostrar aos que ficaram
A maldade desses brancos
Que do racismo enricaram.

Na história brasileira
Ela deve ser lembrada
Como uma grande heroína
Para sempre memorada
Pela sua força e mente
Sempre homenageada.

Dia 25 de Julho
É o dia de lembrar
De Tereza de Benguela
Pois rainha exemplar
Foi durante sua vida
Sem jamais silenciar.

Que exemplo inspirador
Que mulher tão imponente
Foi Tereza de Benguela
Uma deusa para a gente
Que até hoje não desiste
Dessa luta pertinente.

Me revolta esse país
Que não fala na história
Dos seus feitos grandiosos
E de toda a sua glória
O silêncio é explicado
Pela vil racista escória.

É por isso que escrevo
Mulher negra também sou
E registro de Tereza
O legado que ficou
Pois bem poderosamente
A Tereza aqui reinou.

Faço humilde reverência
E saúdo a sua história
Agradeço pela luta
Que me foi dedicatória
Ao racista esquecimento
Faço uma denegatória.

Mulher negra de coragem
E também de inteligência
Com talento e liderança
Com imensa sapiência
Foi Tereza de Benguela
Fonte de resiliência.

Que seus feitos importantes
Não mais sejam esquecidos
Que o racismo asqueroso
Não lhes deixe escondidos
Pois são para o povo negro
Exemplos fortalecidos.

Oh Tereza de Benguela!
Nosso espelho ancestral
Sua alma ainda vive
E entre nós é maioral
Nós honramos sua luta
Sua força atemporal!

Por Jarid Arraes