Quem leia o Jornal de Letras, nº 1056, de 23.03. a 05.04.2011, encontra na página 10 - Letras/Exclusivo, da responsabilidade do JL, um artigo deveras fascinante, acho eu, pois é mais um pretexto para continuarmos a descobrir facetas importantes sobre a personalidade de Fernando Pessoa.
José Paulo Cavalcanti, de 62 anos de idade, advogado muito conceituado do Recife, ex-Ministro da Justiça do Brasil, trabalhou incansavelmente durante um período de sete anos, num livro, Quase Autobiografia, o que o obrigou a deslocar-se a Lisboa...trinta e cinco vezes!
Fala-nos de Pessoa e dos seus heterónimos. Segundo ele, "a obra é o homem". O livro tem 736 páginas, foi apresentado no Rio de Janeiro pela "maior pessoana brasileira", Professora Cleonice Berardinelli, e lançado por uma das maiores editoras brasileiras, a Record.
Em Literatura, tem-se pensado que Fernando Pessoa (que só viveu 47 anos), tinha um ortónimo (o próprio F.P.) e os conhecidos heterónimos Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis (na poesia) e Bernardo Soares (na prosa). Quatro!
Mas, pelos vistos, há outros, e "com obra publicada"; fala-se de 72 heterónimos, mas Cavalcanti afirma e demonstra-o no seu livro, que F.P. "usou 202 nomes ...(...) e teve 127 heterónimos"... E frisando: "Heterónimos verdadeiros"...
Na Quase Autobiografia, refere-se a cada um deles, ordenando-os pelas letras do alfabeto e explica que construiu a obra , referindo-se a cada um dos heterónimos "a partir da sua própria vida, de familiares, de amigos, admirações literárias...(...)".
Sabe-se que quando J.P.C. tem conhecimento de que em algum ponto do globo há um leilão sobre F.P., se desloca para adquirir objectos pertencentes ao espólio de Pessoa. Em sua casa, já possui um "Mini museu Pessoa".
Contibuiu para a exposição que o Museu da Língua Portuguesa de São Paulo dedicou a F.P. e para uma outra que teve lugar em Março, no Centro Cultural dos Correios do Rio de Janeiro, ao mesmo tempo que lançava o seu livro de 734 páginas.
Este livro apresenta "muitas vertentes", para além do facto de ser uma biografia. Baseia-se em palavras de F.P. mas J.P.C. diz: "Não é o que Pessoa disse, ao tempo em que o disse; é o que quero dizer por palavras dele. Com aspas, é ele, sem aspas sou eu".