sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Clara Ferreira Alves: "A História Universal da Infâmia"

BOM DIA !!  Cada vez a "coisa " fica mais Clara e o Povo não Acorda !  A HISTÓRIA UNIVERSAL DA INFÂMIA   Entre os portugueses e a luxúria do poder, Passos Coelho escolheu o poder. Fica registado   ESTE GOVERNO, o de Pedro Passos Coelho, nasceu de uma infâmia.  No livro "Resga­tados", de David Dinis e Hugo Coelho, insuspeitos de simpatias por José Sócrates, conta-se o que aconteceu. O então primeiro-ministro chamou Pedro Passos Coelho a São Bento para o pôr a par do PEC4, o programa que evitava a intervenção da troika em Portugal e que tinha sido aprovado na Comissão Europeia e no Conselho Europeu, com o apoio da Alemanha e do BCE, que queriam evitar um novo resgate, depois dos resgates da Grécia e da Irlanda.   Como conta Sócrates na entrevista que hoje se publica, Barro­so sabia o quanto este programa tinha custado a negociar e concordava com a sua aplicação, preferível à sujeição aos ditames da troika, uma clara perda de soberania que a Espanha de Zapatero e depois de Rajoy evitou. Pedro Passos Coelho foi a São Bento e concordou. O resto, como se diz, é histó­ria E não é contada por José Sócrates, que um dia a contará toda. No livro, conta-se que uma personagem chamada Marco António Costa, porta-voz das ambições do PSD, entalou Passos Coelho entre a espada e a parede. Ou havia eleições no país ou havia eleições no PSD. Pedro Passos Coelho escolheu mentir ao país, dizendo que não sabia do PEC4. Cavaco acompanhou. E José Sócra­tes demitiu-se, motivo de festa na aldeia. Detenho-me nesta mentira porque, quando as águas se acalmam no fundo do poço, é o momento de nos vermos ao espelho. Pedro Passos Coelho podia ter agido como um chefe político respon­sável e ter recusado a chantagem do seu partido. Podia ter respondido ao diligente Marco António que o país era mais importante do que o partido e que um resgate seria um passo perigo­so para os portugueses. Não o fez, fraquejou. Um Governo que começa com uma mentira e uma fraqueza em cima de uma chantagem não acaba bem. Houve eleições, esse momento de vindicação do pequeno espaço político que resta aos cidadãos, e o PSD ganhou, proclamando a sua pureza ideológica e os benefícios da anunciada purga de Portugal. Os cidadãos, zangados com o despesismo de Sócrates e do PS, embarcaram nesta variação saloia do mito sebástico. O homem providencial. Os danos e o sofrimento que esta estupidez tem provocado a Portugal são impossíveis de calcular.   Consumada a infâmia, a campanha contra José Sócrates continuou dentro de momentos. Todos os dias aparecia uma noticiazinha que espalhava pingos de lama ou o Freeport, ou a Face Oculta, ou a TVI, ou todas as grandes infâmias de que Sócrates era acusado. Ao ponto de o então chefe do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, que se tinha aliado ao PCP e ao PSD para deitar o Governo abaixo e provocar a demissão e eleições (no cálculo eleitoralista misturado com a doutrina esquerdista que ignorava a realidade e as contas de Portugal), me ter dito numa entrevista que considerava "miserável" a "campanha pessoal" da direita contra Sócrates. Palavras dele. Aqui chegados, convém recordar o que o Governo de Passos Coelho tem dito e feito. Recordar as prepotências de Mi­guel Relvas, os despedimentos, os SMS, os conluios entre a Maçonaria e os serviços secretos, os relatórios encomendados, os escândalos, a ameaça da venda do canal público ao regime angolano, e, por fim, o suave milagre de um inexistente diploma. Convém recordar as mentiras sobre o sistema fiscal, os cortes orçamentais, a adiada e nunca apresentada reforma do Estado, as privatizações apressadas e investigadas pelo MP, os negócios e nomeações, a venda do BPN, as demissões (a de Gaspar, a "irrevogável" de Portas), as mentiras de Maria Luís, os swaps e, por último, cúmulo das dezenas de trapalhadas, o espectáculo da "Razão de Estado" vista pela miopia de Rui Machete.   Convém recordar que na semana de demissão de José Sócrates os juros do nosso financiamento externo passaram de 7% para 14%. E os bancos avisaram-no de que não aguentavam. Sócrates sentou-se e assinou o memorando. Que o actual primeiro-ministro não hesitasse, mais uma vez, em invocar um segundo resgate para ganhar as eleições autárquicas que perdeu, diz tudo sobre a falta de escrúpulos deste Governo, a que se soma a sua indigência, a sua incompetência, o seu amadorismo. A intransigência. Este é o problema, não a austeridade. José Sócrates foi estudar. Escreveu uma tese, agora em livro, que o honra porque tem um ponto de vista bem argumentado, politicamente corajoso vindo de um ex-primeiro-ministro. E vê-se que sabe o que diz. Podem continuar a odiá-lo, criticá-lo, chamar-lhe nomes. Não alinho nas simpatias ou antipatias pela personagem, com a qual falei raras vezes. O que não podem é culpá-lo de uma infâmia que levou o país ao colapso político, financeiro, cívico e moral. Entre os portugueses e a luxúria do poder, Passos Coe­lho escolheu o poder. Fica registado.   REVISTA 19/OUT/13 Publicada por Fernando Conceição à(s) 12:13:00      Enviar a mensagem por e-mail Dê a sua opinião! Partilhar no Twitter Partilhar no Facebook Hiperligações para esta mensagem Etiquetas: A HISTÓRIA UNIVERSAL DA INFÂMIA, Clara Ferreira Alves

A HISTÓRIA UNIVERSAL DA INFÂMIA
Entre os portugueses e a luxúria do poder, Passos Coelho escolheu o poder. Fica registado 
ESTE GOVERNO, o de Pedro Passos Coelho, nasceu de uma infâmia. No livro "Resga­tados", de David Dinis e Hugo Coelho, insuspeitos de simpatias por José Sócrates, conta-se o que aconteceu. O então primeiro-ministro chamou Pedro Passos Coelho a São Bento para o pôr a par do PEC4, o programa que evitava a intervenção da troika em Portugal e que tinha sido aprovado na Comissão Europeia e no Conselho Europeu, com o apoio da Alemanha e do BCE, que queriam evitar um novo resgate, depois dos resgates da Grécia e da Irlanda. Como conta Sócrates na entrevista que hoje se publica, Barro­so sabia o quanto este programa tinha custado a negociar e concordava com a sua aplicação, preferível à sujeição aos ditames da troika, uma clara perda de soberania que a Espanha de Zapatero e depois de Rajoy evitou. Pedro Passos Coelho foi a São Bento e concordou. O resto, como se diz, é histó­ria E não é contada por José Sócrates, que um dia a contará toda. No livro, conta-se que uma personagem chamada Marco António Costa, porta-voz das ambições do PSD, entalou Passos Coelho entre a espada e a parede. Ou havia eleições no país ou havia eleições no PSD. Pedro Passos Coelho escolheu mentir ao país, dizendo que não sabia do PEC4. Cavaco acompanhou. E José Sócra­tes demitiu-se, motivo de festa na aldeia. Detenho-me nesta mentira porque, quando as águas se acalmam no fundo do poço, é o momento de nos vermos ao espelho. Pedro Passos Coelho podia ter agido como um chefe político respon­sável e ter recusado a chantagem do seu partido. Podia ter respondido ao diligente Marco António que o país era mais importante do que o partido e que um resgate seria um passo perigo­so para os portugueses. Não o fez, fraquejou. Um Governo que começa com uma mentira e uma fraqueza em cima de uma chantagem não acaba bem. Houve eleições, esse momento de vindicação do pequeno espaço político que resta aos cidadãos, e o PSD ganhou, proclamando a sua pureza ideológica e os benefícios da anunciada purga de Portugal. Os cidadãos, zangados com o despesismo de Sócrates e do PS, embarcaram nesta variação saloia do mito sebástico. O homem providencial. Os danos e o sofrimento que esta estupidez tem provocado a Portugal são impossíveis de calcular. Consumada a infâmia, a campanha contra José Sócrates continuou dentro de momentos. Todos os dias aparecia uma noticiazinha que espalhava pingos de lama ou o Freeport, ou a Face Oculta, ou a TVI, ou todas as grandes infâmias de que Sócrates era acusado. Ao ponto de o então chefe do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, que se tinha aliado ao PCP e ao PSD para deitar o Governo abaixo e provocar a demissão e eleições (no cálculo eleitoralista misturado com a doutrina esquerdista que ignorava a realidade e as contas de Portugal), me ter dito numa entrevista que considerava "miserável" a "campanha pessoal" da direita contra Sócrates. Palavras dele. Aqui chegados, convém recordar o que o Governo de Passos Coelho tem dito e feito. Recordar as prepotências de Mi­guel Relvas, os despedimentos, os SMS, os conluios entre a Maçonaria e os serviços secretos, os relatórios encomendados, os escândalos, a ameaça da venda do canal público ao regime angolano, e, por fim, o suave milagre de um inexistente diploma. Convém recordar as mentiras sobre o sistema fiscal, os cortes orçamentais, a adiada e nunca apresentada reforma do Estado, as privatizações apressadas e investigadas pelo MP, os negócios e nomeações, a venda do BPN, as demissões (a de Gaspar, a "irrevogável" de Portas), as mentiras de Maria Luís, os swaps e, por último, cúmulo das dezenas de trapalhadas, o espectáculo da "Razão de Estado" vista pela miopia de Rui Machete. Convém recordar que na semana de demissão de José Sócrates os juros do nosso financiamento externo passaram de 7% para 14%. E os bancos avisaram-no de que não aguentavam. Sócrates sentou-se e assinou o memorando. Que o actual primeiro-ministro não hesitasse, mais uma vez, em invocar um segundo resgate para ganhar as eleições autárquicas que perdeu, diz tudo sobre a falta de escrúpulos deste Governo, a que se soma a sua indigência, a sua incompetência, o seu amadorismo. A intransigência. Este é o problema, não a austeridade. José Sócrates foi estudar. Escreveu uma tese, agora em livro, que o honra porque tem um ponto de vista bem argumentado, politicamente corajoso vindo de um ex-primeiro-ministro. E vê-se que sabe o que diz. Podem continuar a odiá-lo, criticá-lo, chamar-lhe nomes. Não alinho nas simpatias ou antipatias pela personagem, com a qual falei raras vezes. O que não podem é culpá-lo de uma infâmia que levou o país ao colapso político, financeiro, cívico e moral. Entre os portugueses e a luxúria do poder, Passos Coe­lho escolheu o poder. Fica registado.

REVISTA EXPRESSO 19/OUT/13

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

GORONGOSA - Filme "War Elephants" nomeado para EMMY

O filme da National Geographic "War Elephants" (Elefantes com Futuro na versão Portuguesa) foi nomeado para um "Emmy" de Melhor Programa sobre Natureza. O filme mostra como a Dra. Joyce Poole (cientista, especialista em elefantes) e o seu irmão Bob Poole (cinematógrafo), trabalharam para ganhar a confiança dos elefantes da Gorongosa.
Elefantes com Futuro


No Parque Nacional da Gorongosa,  em Moçambique, os elefantes estão em crise: anos de guerra e de caça furtiva pelo seu marfim deixaram-nos assustados  e agressivos em relação aos seres humanos. No novo filme da "National Geographic Television", a maior especialista mundial em elefantes, a Dra. Joyce Poole e o seu irmão, o cinematógrafo Bob Poole, procuram ganhar a sua confiança.

Veja o "trailer" em Português aqui:

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

"A Outra", por Maria João, a maior cantora portuguesa de Jazz

Quem é Maria João Monteiro Grancha? (II)



Maria João dedicou-se ao desporto durante vários anos (chegou a ser cinturão negro de Aikido), só bastante tarde descobriu a sua queda para a música.
A música surgiu na sua vida depois de ter sido aconselhada a ter aulas no Hot Clube de Portugal. Foi aprovada numa audição e começou ali mesmo a estudar música.
Com colegas da escola fundou sua própria banda de jazz, o Quinteto de Jazz de Maria João, e começou a apresentar-se em casas noturnas de Lisboa.
Colaborou, em 1991, com o grupo Cal Viva, de Carlos Bica e José Peixoto.
Com Mário Laginha, em 1994, formou um duo. Desta parceria, podem-se destacar os álbuns Cor (1998) - o qual evoca os 500 anos dos descobrimentos portugueses — e Lobos, Raposas e Coiotes (1999), no qual gravou duas famosas canções brasileiras, "Beatriz" e "Asa Branca".
O álbum Chorinho Feliz, (2000), lançado em comemoração aos 500 anos da presença portuguesa no Brasil, conta com a participação de músicos como Gilberto Gil e Lenine e outros músicos como Helge A. Norbakken, Toninho Ferragutti e Nico Assumpção.
Em 2001 foi lançado o disco do projecto Mumadji, quarteto formado por Maria João, Mário LaginhaHelge Norbakken e Toninho Ferragutti.
Em 2003 foi lançado o álbum Undercovers com releituras de grandes sucessos da música universal - incluindo "O Quereres", de Caetano Veloso. Em 2003, foi a diretora da academia do programa Operação Triunfo, na RTP.
2004 foi o ano do disco Tralha, com temas originais de Mário Laginha.
Em 2007 lançou a solo o disco João. Volta a colaborar na 3ª edição do programa Operação Triunfo.
Desde 2009 que participa no projecto OGRE (com Júlio Resende, Joel Silva, João Farinha e André Nascimento), uma banda que mistura novos sons de Jazz com música electrónica.
Também desde 2010, mantém uma colaboração com o cantor de jazz belga David Linx.

Discografia

  • Quinteto Maria João (1983) Quinteto Maria João
  • Cem Caminhos (1985) Quinteto Maria João
  • Conversa (1986)
  • Looking For Love (1988) Maria João e Aki Takase
  • Alice (1990) Maria João, Aki Takase e Niels Henning Orsted-Pedersen
  • Sol (1991) Maria João e Cal Viva (José Peixoto, Carlos Bica, José Salgueiro, Mário Laginha e Ermenio de Melo)
  • Danças (1994) Maria João e Mário Laginha
  • Fábula (1996) Maria João e Mário Laginha Ralph Towner, Dino Saluzzi
  • Cor (1998) Maria João e Mário Laginha, Trilok Gurtu e Wolfang Muthspiel
  • Lobos Raposas e Coiotes (1999) Maria João e Mário Laginha com a Orquestra Filarmónica de Hannover
  • Chorinho Feliz (2000) Maria João e Mário Laginha
  • Mumadji Ao Vivo (2001) Mumadji
  • Undercovers (2002) Maria João e Mário Laginha
  • João (2007) Maria João
  • Chocolate (2008) - Maria João e Mário Laginha
  • Follow The Songlines (2010) Maria João e David Linx com Mário Laginha e Diederik Wissels
  • Amoras e Framboesas (2011) Maria João e Orquestra de Jazz de Matosinhos
  • A Different Porgy & Another Bess (2012) - com David Linx & Brussels Jazz Orchestra
  • Electrodoméstico (2012) com o projecto OGRE
  • Iridescente (2012) Maria João e Mário Laginha

Colectâneas

  • Pensa Nisto! (1996) - Fidjo Magoado
  • Etnocity/Underground Sound Of Lisbon (2000) - Saris e Capolanas (remix) (MJML)
  • Movimentos Perpétuos (2003)- Mãos Na Parede (MJML)

Colaborações

Curiosidades

No decorrer de sua carreira, teve vários parceiros musicais, com os quais gravou álbuns e apresentou-se em espetáculos por todo o continente, como a pianista Aki Takase e a banda Cal Viva — da qual participavam José Peixoto e Mário Laginha, que futuramente viria a se tornar um de seus principais colaboradores.

Outros importantes músicos de todo o mundo colaboraram com a cantora: Manu KatcheTrilok GurtuBobby McFerrinWolfgang MuthspielJoe ZawinulRalph TownerDino SaluzziKai EckhardtGilberto Gil e Lenine, entre outros.
Mumadji significa "Português-Europeu" em Xangana, uma das línguas faladas em Moçambique.

Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Maria_João_Monteiro_Grancha

Quem é Maria João Monteiro Grancha? (I)

Fonte: http://www.jazzportugal.ua.pt


VOZ

Rebeldia
Maria João Monteiro Grancha nasceu em Lisboa, no dia 27 de Junho de 1956, filha de pai português e mãe moçambicana. Da infância guarda imagens dispersas e coloridas de uma África já não tão distante assim. Das férias passadas por lá, do calor, das praias com redes por causa dos tubarões... A entrada na adolescência revelou o seu espírito rebelde e inquieto. A menina gordinha, de óculos e cabelo encrespado não gostou nada de ser chamada «caixa de óculos» e «Gungunhana» pelos colegas louros e magros do Colégio Inglês, St. Julian School, e aprendeu a defender-se como podia, com um murro aqui e um pontapé ali. Aos 13 anos, o patinho feio mudou: emagreceu e tornou-se uma mulher! Descobriu então os rapazes, fugia da escola, não punha os pés nas aulas. Em resultado, passou a aluna interna para o colégio da Bafureira, que nem por isso constituiu obstáculo às fugas. Incontrolável, foi expulsa ou convidada a sair de 5 colégios, para enorme desespero da mãe!
Aikido .... a salvação
Surge então o desporto, a derradeira tentativa... Primeiro a Natação e depois a escola do mestre Georges Stobbaerts, onde saltou do Ioga para o Judo e Karaté, até se apaixonar definitivamente pelo Aikido, que, além de lhe incutir regras e disciplina, lhe valeu um orgulhoso cinturão negro. O Aikido mudou-lhe a vida. Praticava intensamente todos os dias da semana e, por essa altura, começou também a dar aulas de natação a crianças autistas, através da Direcção-Geral de Desportos.
A descoberta da música
A música cruzou-se nos seus caminhos sem aviso prévio. Nunca tinha sonhado ser cantora e até nem ouvia muita música. Ouvia o que passava na rádio e gostava muito da cantora Joni Mitchel. Por estranho que pareça, foi num curso de nadador salvador que Maria João, pela primeira vez, teve noção dos seus dotes vocais, graças a uma colega – Cândida (obrigado Cândida!!), que era cantora e a fez constatar: «eu berro mais que a Cândida!» A Escola de Natação fechou e a praia e a boa vida foram uma hipótese a considerar, até que um amigo guitarrista a convidou a integrar a sua banda rock, como vocalista. Esqueceu-se apenas de avisar que a banda era tão perfeccionista que só ensaiava. Um mês foi suficiente para Maria João dar por finda a experiência.
Hot Club Em 1982, quando abriram inscrições na Escola de Jazz do Hot Club, o amigo desafiou-a para a audição. Sobre Jazz, Maria João lembrava-se dos Cascais Jazz, festival organizado por Luis Villas-Boas, de ter visto o Miles Davis, o Keith Jarrett, o Jean Luc Ponty, a Nancy Wilson! Não percebia nada, mas gostava imenso. Para a audição, escolheu a música brasileira “Cantador”, da autoria de Dori Caymmi, que conhecia na voz de Flora Purim. Ensaiou-a vezes sem conta, mas chegada a audição, os músicos pediram-lhe as partituras. Não tinha, nem tão pouco as saberia ler, por isso, atirou-se a um improviso sobre o clássico de Cole Porter, “Night and Day”. Foi admitida de imediato, sem que tenha chegado a saber se entrou pela espectacularidade do improviso ou porque havia falta de cantores no Hot! Durante os meses que esteve no Hot Club aprendeu a ouvir, porque para aprender a cantar tem de se saber ouvir. E ouviu muito, as divas do jazz e não só: a Ella (Fitzgerald), a Billie (Holiday), a Elis (Regina) ... apaixonou-se pela Betty Carter, progrediu para o Al Jarreau e outras cantoras de vanguarda. Ainda no Hot Club, formou o seu primeiro grupo – Quinteto de Maria João – e foi também nesses tempos que se estreou em concerto, na abertura de um restaurante. O concerto corria como estava previsto até que, na terceira música, se esqueceu de tudo e teve que improvisar em scat. Um sucesso e uma sensação fantástica, algo assim como voar.
Primeiros tempos
Ainda em 1983 saiu o primeiro disco, Quinteto de Maria João, recheado de standards americanos, entre eles Blue Moon, popularizado por Billie Holiday. Data também dessa época uma participação no disco de Jorge Palma, Acto Contínuo. Em 1984 foi a anfitriã de um programa televisivo de jazz, no qual foi galardoada com o prémio de revelação do ano. Já em 1985 subiu ao palco do Festival de Jazz de Cascais, a prova de fogo, de onde saiu com os aplausos do público e da crítica. Cem Caminhos, o segundo álbum com o quinteto, foi lançado nesse ano e inclui 2 poemas musicados de Eugénio de Andrade e clássicos como Take Five, Lush Life ou My Favorite Things. Arrecadou mais dois prémios, um no prestigiado Festival de Jazz de San Sebastian (Espanha) e o outro atribuído pela Revista Nova Gente, como intérprete feminina do ano. Em 1986, Maria João aventurou-se numa tournée avassaladora pela Alemanha, num ritmo de 24 concertos em 5 semanas, dados em pequenos clubes de jazz, com direito a cachets miseráveis e noites mal dormidas. A amadora dava lugar à profissional e o resultado foram 6 quilos a menos no final do périplo! Foi também neste ano que saiu o seu terceiro disco, Conversa, lançado pela editora alemã Nabel e já com um novo quinteto. Num dos concertos da tournée alemã, teve uma espectadora especial que, depois de a ouvir, a convidou para cantar com ela: a pianista japonesa Aki Takase.
Ela e Aki
Aki Takase movia-se no mundo do free-jazz; Maria João cantava ainda muito presa aos standards norte-americanos e o contacto com a pianista marcou a viragem para um estilo e repertório mais seus. Com Aki, Maria João descobriu que é possível fazer tudo! Largou o quinteto e embarcou pela Europa fora, com a sua voz, com Aki e o seu piano. Durante 5 anos, enlouqueceram os públicos dos festivais de jazz europeus, arriscando tudo na corda bamba dos improvisos, umas vezes com, outras vezes sem, o contrabaixista Niels Orsted-Pedersen. Deram-se muito bem e deram-se muito mal. Pelo caminho, lançaram dois discos, gravados ao vivo: Looking for Love, em 1987, gravado no festival de jazz de Leverkusen e Alice, em 1990, gravado no Festival de Nürnberg. Em 1990, nasceu o seu filho, João Carlos e a vontade de rumar em outras marés começou a fazer-se sentir em Maria João. Chegava ao fim o ciclo de loucuras com Aki Takase e a cantora regressava à pátria, envolvendo-se num projecto com um grupo português – Cal Viva.
Cal Viva
Do Cal Viva faziam parte conceituados músicos portugueses como José Peixoto, Carlos Bica, José Salgueiro e Mário Laginha, e o resultado da colaboração saiu num disco intitulado Sol, em 1991, onde a música tradicional portuguesa e o jazz se fundiram em sons bem originais. Seguiram-se então novas tournées com o grupo, divertidas, mas duríssimas. Do projecto Cal Viva não saiu mais nenhum trabalho discográfico e, no ano seguinte, os desafios foram outros.
Outras experiências
Em 1992, Maria João trabalhou com a cantora Lauren Newton e em quarteto com Christof Lauer, Bob Stenson e Mário Laginha, participando igualmente no Europália e na Expo de Sevilha. O prestígio alcançado pela cantora, foi, mais uma vez, confirmado no contrato com a famosa editora de jazz, Verve.
Novas Danças
O disco Danças, lançado em 1994, já pela Verve, marcou o início de uma nova fase e de um novo duo, que persiste até hoje, com o pianista Mário Laginha. Após vários anos de projectos comuns com uma zanga feia pelo meio – Laginha fez parte do quinteto inicial, voltando a trabalhar com a cantora em 1991, no grupo Cal Viva – os dois músicos empenharam-se num disco diferente, só com piano e voz. O resultado surpreendeu sendo considerado por muitos um dos discos do ano. Com duas músicas do cancioneiro tradicional português e uma versão da música brasileira “Saudosa Maloca” (Adoniran Barbosa), destacam-se também, no disco, as composições de Laginha e a primeira versão em estúdio da música “Várias Danças”, interpretada pelo duo. Nunca mais a largaram, tendo-se tornado tema imprescindível em todos os concertos. Em 1995, a par do trabalho com Mário Laginha, Maria João colaborou em dois trabalhos distintos. Participou no disco A Luz e a Escuridão, do pianista António Pinho Vargas, juntamente com o saxofonista José Nogueira (depois da edição do disco Maria João participou, com António Pinho Vargas e José Nogueira em alguns concertos nos anos seguintes) e interpretou quase todos os temas do disco infantil Bom Dia Benjamim, um projecto realizado por José Peixoto. Fábula, o segundo álbum para a Verve, foi lançado em 1996 e, para além de Mário Laginha, contou com a participação de outros músicos ilustres, como Ralph Towner, Dino Saluzzi ou Manu Katché. Em 1998, uma encomenda da Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses (CNCDP), com vista à comemoração dos 500 anos da chegada de Vasco da Gama à Índia, levou Maria João e Mário Laginha a embrenharem-se nos desconhecidos territórios musicais indianos e africanos. Inspirado nas culturas do Índico, surge Cor, o terceiro álbum do duo. Trilok Gurtu e Wolfgang Muthspiel prestigiaram o disco, rico em sonoridades interessantes e onde nem faltam buzinas de carros de Nova Deli! É ainda de 1998 a estreia do espectáculo “Raízes Rurais, Paixões Urbanas”, onde o duo Maria João / Mário Laginha têm um papel preponderante, numa grande produção musical onde se cruzam o fado, a música folclórica e tradicional e a música do duo. Por envolver o Grupo Folclórico de Riachos, o grupo das Adufeiras de Monsanto, Carlos Zel e outros participantes, foi um espectáculo que teve poucas apresentações, mas que tão bem serviria como embaixada cultural portuguesa em deslocações ao estrangeiro. Lobos, Raposas e Coiotes sai em 1999, apesar de ter sido gravado no ano anterior, antes de Cor. Mais uma vez, Maria João e Mário Laginha apanham de surpresa os seus ouvintes, tendo, desta vez como cúmplice a fabulosa Orquestra Filarmónica da Rádio de Hannover. Neste disco, considerado por muitos o melhor das carreiras de ambos, o encantamento é inevitável. Para além da composição da maior parte das músicas, Mário Laginha foi igualmente o responsável pelos arranjos e orquestração. O disco teve poucas apresentações ao vivo, uma vez que implicava uma grande disponibilidade de meios e dinheiro! De qualquer modo foi possível ouvir apresentações com a orquestra alemã ou com a Orquestra Metropolitana de Lisboa. Nesse ano, na Alemanha, foi apresentado um projecto em conjunto com as Adufeiras de Monsanto, num festival em Hamburgo. Em Novembro, Maria João foi a convidada do “Baldo Martinez Grand Ensemble”, que actuou no festival de jazz de Guimarães. Em 1999 foi também o ano, em que o duo viu algumas das suas músicas coreografadas, pela Companhia do coreógrafo e bailarino Paulo Ribeiro. Músicas dos discos Fábula e Cor foram assim transportadas para outra linguagem, num espectáculo estreado no P.O.N.T.I 99. e intitulado “Ao Vivo”, nome bastante apropriado uma vez que os músicos tocam mesmo ao vivo, ao lado dos bailarinos. Desde então, “Ao Vivo” tem sido apresentado diversas vezes.
Um choro feliz
No ano 2000 comemoraram-se os 500 anos da descoberta do Brasil e a CNCDP quis marcar a data com uma nova encomenda ao duo, que encarou com energia o desafio. Ao contrário do que se pudesse esperar de uma comemoração desta natureza, Chorinho Feliz não é uma revisitação dos clássicos da música popular brasileira por dois músicos portugueses. Das inúmeras participações especiais, destacam-se as de Gilberto Gil e Lenine, Helge Norbakken, Toninho Ferragutti, Nico Assumpção e as Adufeiras de Monsanto que cantam na canção «O Recado Delas», o tema mais português do disco. Durante esse ano, realizaram inúmeros concertos pelo país e estrangeiro, tendo actuado no Brasil, ao lado de Gilberto Gil, em finais de Julho. Em Outubro de 2000, fizeram um concerto único em Lisboa com a Big Band de Hamburgo, onde presentearam a plateia com temas antigos, dos discos Danças e Fábula, como que num regresso a uma formação em que o duo fez várias apresentações em anos anteriores, o duo e uma Big Band de Jazz, que resulta sempre em excelentes espectáculos.
Mumadji
Em 2001, Maria João e Mário Laginha juntaram-se ao sanfoneiro Toninho Ferragutti e ao percussionista Helge Norbakken para formarem o quarteto Mumadji, que em xangana (dialecto moçambicano), significa Português-Europeu. Com esta formação lançaram, em Abril, um disco ao vivo, que ganhou o mesmo nome da banda – Mumadji, juntando, essencialmente, temas dos discos Cor e Chorinho Feliz. Com a nova formação, têm feito uma intensa tournée por todo o país e alguns espectáculos no estrangeiro, por vezes acompanhados pelo baterista Alexandre Frazão e pelo baixista Yuri Daniel. Também este ano saiu a curta-metragem “Uma Canção Distante”, de Pedro Serrazina, onde os dois músicos encarnam os papéis principais. Maria João como uma florista que canta num clube de jazz e Mário Laginha como professor de piano. O filme está inserido no ciclo “Histórias de Duas Cidades”, no âmbito da Porto 2001, Capital Europeia da Cultura. Num concerto igualmente programado pela Porto 2001, Maria João actuou, em Junho, ao lado do ex-teclista dos Weather Report, Joe Zawinul, que se fez acompanhar pelo seu grupo. Este foi o primeiro de uma série de concertos que se estenderam por todo o mês de Julho sendo esta colaboração fruto de um par de espectáculos realizados, no ano anterior, por Joe Zawinul e para o quais a cantora foi convidada a participar, colaboração que persiste em 2002. Em 2002 o duo prosseguiu a tourneé do disco Mumadji, realizando inúmeros concertos por toda a Europa. Em Julho desse ano, foi apresentado, em Sintra, um espectáculo de intensa beleza, de integração entre as Artes do Budô (incluindo o Aikidô, praticado por Maria João) e a música, com a participação dos alunos da Escola de Budô de Georges Stobbaerts, Maria João, Mário Laginha, Yuri Daniel, Helge Norbakken, Rao Kyao, Alexandre Frazão e Renato Júnior. O espectáculo dividiu-se em duas partes: na 1ª, dedicada a “O Movimento do Som” os músicos actuaram a solo; na 2ª, “O Som do Movimento”, vimos surgir a harmonia entre a música e o Budô. Em Novembro saiu o 7º álbum do duo – Undercovers – um disco constituído por interpretações de temas e músicos conhecidos. A improvável junção de Björk e Beatles ou Joni Mitchel e Dave Mathews Band mais não é que o resultado de uma escolha livre das canções, baseada, unicamente, em gostos pessoais dos músicos. Mais uma vez, Maria João e Mário Laginha surpreenderam os seus fãs (e não fãs!), apresentando versões ousadas e até verdadeiramente inovadoras de alguns temas. Embora sejam canções de outros músicos, não deixam de ter a marca personalizada de João e Laginha.
2003 ... uma surpresa! 2003 será o ano de apresentação do disco "Undercovers". A digressão inicia-se a 1 de Março, no Festival de Jazz de Guimarães, tendo já datas confirmadas para o Porto, Coimbra, Sintra, Madrid e Sevilha. Para mais informações consulte a agenda do site. Mas, 2003 também reservou uma agradável surpresa à Maria João (e aos seus fãs, claro!): o convite para o cargo de directora da Escola de Música da Operação Triunfo, um concurso de televisão que visa dar uma oportunidade a jovens cantores. O desafio foi aceite com um sorriso :o) e enorme energia por parte da cantora, que, durante três meses dividirá o palco com o estúdio de televisão. A escolha não poderia ter sido mais acertada...
Universidade de Aveiro

Maria João e Mário Laginha

fontewww.sulinformacao.p
jazz.pt

domingo, 3 de novembro de 2013

Charlie Parker (JAZZ)



  • Charlie Parker

  • Charles Parker, Jr. foi um saxofonista estado-unidense de jazz e compositor. No início da sua carreira Parker foi apelidado de Yardbird; esse apelido mais tarde foi encurtado para Bird e permaneceu como o apelido de Parker para o resto da sua vida.