Pesquisa:
Afinal, o que é a MUJI?
"Foi em Paris, quando era estudante e partilhava casa com um amigo, que Jordi Puig descobriu o universo Muji. Havia uma pequena loja na rua onde vivia e era lá que comprava os móveis. E as canetas. E as T-shirts. E as colheres de pau. O fascínio pela marca nunca o abandonou e por isso, alguns anos mais tarde, Puig, membro da família catalã detentora do grupo homónimo de perfumaria e moda, decidiu que queria levar a marca para Espanha.
A primeira loja Muji na Península Ibérica abriu em Barcelona há cinco anos. "Porque era a nossa cidade e porque o tipo de produto encaixava muito bem no estilo de vida da cidade" explica Puig.
"O conceito Muji é claro: produtos bem desenhados, funcionais, simples, que fogem da banalidade, com qualidade e preço justo. É essa simplicidade que as pessoas procuram na Muji. E fugir da marca, já que nenhum produto leva a marca".
Paradoxo? Talvez não. A Muji, fundada em 1989 no Japão, com 460 pontos de venda no mundo e um lucro líquido de 86 milhões de dólares (cerca de 63 milhões de euros) no último ano, é o paradigma do branding do anonimato.
Não tem marca, mas tem muita marca, sobretudo para uma empresa que comercializa produtos que prescindem do logótipo: "Parece-me que no início não era intencional. A Muji nasceu de uma separação de uma cadeia de supermercados que criou um departamento para criar insígnias que eram 'não marcas'. Acabou por se transformar numa loja. A intenção era dar valor ao produto".
Jordi Puig fala em fugir da banalidade, os japoneses porventura dirão retirar tudo o que é supérfluo, que não faz falta e portanto não tem de estar lá. Mas o minimalismo é uma "etiqueta" que a Muji recusa. "Os japoneses não o definem assim. Mas a cultura deles é minimalista. E estamos dentro dessa cultura, é inevitável".
Se o minimalismo moderno tem muito que ver com objetos simples, que nos dão aquilo de que precisamos e nada mais, então a Muji, e o seu design racional com apelo emocional, é a sua cara. São mais de oito mil produtos, desde objetos para a casa, mobiliário, material de escritório, roupa e artigos de viagem.
Em 30 anos no mercado foram várias as colaborações da Muji com designers conceituados, como Naoto Fukasawa, que desenhou o leitor de CD de parede, um ícone procurado por qualquer design addict que se preze. Mas, uma vez mais, a ideia é não dar demasiada importância ao assunto e a grande maioria dos produtos é desenvolvida por uma equipa de designers internos.
A loja de Lisboa, com abertura prevista para novembro, na rua do Carmo, terá 300m2. "Em Portugal vamos ter de tudo um pouco". explica Puig, "A graça é o leque de possibilidades. Não há concentração numa só categoria".
O público Muji é cosmopolita e atento às tendências. Por isso o Chiado e a sua característica movida são um ponto óbvio no projeto de expansão. Segue-se o Porto e a meta é abrir até cinco lojas em Portugal.
Publicado na Revista Única do Expresso de 9 de Outubro de 2010"
Encontrei aqui:
http://aeiou.expresso.pt/muji-vai-abrir-loja-em-lisboa=f608714
Mais Pesquisa sobre a MUJI:
No Jornal Público, de 12.12.2010, pode ler-se, escrito por Inês Boaventura, o seguinte artigo:
"Primeira loja da Muji em Portugal encheu-se de curiosos na abertura
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A primeira loja em Portugal da japonesa Muji abriu esta manhã em Lisboa, no Chiado. O espaço, que vende produtos tão diversos como artigos de papelaria, roupa e utensílios de cozinha, encheu-se de pessoas, grande parte das quais já conhecia a marca de cidades como Londres e Madrid.
Ao início da tarde era complicado circular nos corredores da loja, que não são particularmente espaçosos e se encontravam repletos de curiosos. Os clientes passeavam sem pressas pelo espaço, detendo-se em praticamente cada uma das prateleiras de madeira clara e armação metálica, onde dominam os produtos transparentes ou de cor branca.
No piso inferior, onde há algum mobiliário e utensílios de cozinha, a confusão era menor, mas havia algumas pessoas com um ar atrapalhado em busca de ajuda. Não é de estranhar, já que muito dos produtos estão rotulados apenas em japonês, limitando-se as informações em português à designação e preço.
Disso mesmo se queixou Ana Teixeira, que além da falta de informação se confrontou com uma grande fila nas caixas, que avançava muito lentamente. “Conheço a Muji de outras cidades e já estava à espera que abrisse há muito tempo. O atendimento e o funcionamento aqui não são tão bons”, lamentou esta cliente, que apesar de tudo levou consigo um saco cheio de artigos de papelaria.
O primeiro dia da Muji em Portugal ficou marcado não só por uma grande afluência desde a abertura de portas às 10h00, mas também pelo transtorno de o pagamento com multibanco não ser possível e por um alarme avariado que insistia em tocar sem qualquer motivo aparente.