O Jornal de Letras de 23 de Fevereiro a 8 de Março de 2011, dedica um artigo na página 20, à reflexão sobre a influência que as cantigas podem ter para conseguir ajudar a mudar o que vai mal no mundo.
A cantiga de intervenção pode ser uma arma de arremesso destinada a alguns sectores que cometem injustiças tremendas contra a sociedade, sendo preciso denunciá-las. A verdade é que todos conhecemos canções de protesto e, no nosso país, há uma tradição que comprova isso mesmo. Estou a lembrar-me de Fernando Tordo, Paulo de Carvalho, Zeca Afonso, José Mário Branco entre centenas deles e, mais recentemente, os Deolinda...
É precisamente sobre este grupo de músicos dos Deolinda que o artigo se debruça mais. Com o tema "Parva que sou", a canção tem dado lugar a muitas interpretações por parte do público.
A certa altura, Manuel Halpern, autor do citado artigo, escreve, depois de explicar que o grupo fez notar que o público se apoderou da canção, mas que aquele (grupo), prefere que a canção fale por si: "E tem falado na boca de outras pessoas, começando a servir, antes de mais, como bandeira de uma geração, já chamada de "geração à rasca"...(...)...mas há também quem a tenha baptizado como "geração Deolinda", "geração parva" e "geração nem-nem". " ...(...)...há muito que não se tinha descoberto numa música tanta capacidade de mobilização. Prova disso são as manifestações de protesto, convocadas para Lisboa e para o Porto, contra o trabalho não remunerado ou precário a que é sujeita parte dos recém-licenciados. E há quem fale até de uma "deolindização" da sociedade." A verdade é que há quem defenda a canção, mas também há quem a critique.
O final da canção é um apelo a que se tome uma atitude e que se dê a volta à situação actual existente (e insustentável) no nosso país.