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Neste Sábado de Páscoa, era bom que refletíssemos nas palavras sábias do Papa Francisco, proferidas ontem em frente ao Coliseu de Roma, neste mundo "fraturado por guerras", como ele próprio afirmou:
"Vergonha, arrependimento e esperança. Foi nesta trilogia que o papa Francisco assentou o seu habitual discurso do fim da Via Sacra, oração celebrada esta noite em frente ao Coliseu de Roma. Perante milhares de fiéis, o papa Francisco dirigiu toda a sua oração a Jesus: “O nosso olhar está dirigido a ti, cheio de vergonha, arrependimento e esperança.”
A vergonha — como explicou logo a seguir — deve-se à herança que a geração de hoje deixa aos jovens de amanhã, um mundo fraturado por guerras.
Vergonha porque as nossas gerações estão a deixar aos jovens um mundo fraturado por divisões e guerras, um mundo consumido pelo egoísmo onde os jovens, os fracos, os doentes e os idosos são marginalizados”, afirmou o sumo pontífice.
E a vergonha com que o líder da igreja Católica diz olhar para Jesus não termina aí. O papa sente-a também “porque muitas pessoas, incluindo alguns ministros da Igreja, se deixaram levar pela ambição e pela vaidade, perdendo a sua dignidade e o seu primeiro amor”. E também “vergonha por se ter perdido toda a vergonha”.
Sobre o arrependimento, o papa sublinhou que é assim que se dirige a Jesus por saber que só ele pode salvar do mal e curar os homens e as mulheres “do flagelo do ódio, do egoísmo, da soberba, da avidez, da vingança, da cobiça e da idolatria”.
E olhar de arrependimento deve-se também ao facto “de sentir a nossa pequenez, o nosso nada, a nossa vaidade e de nos deixarmos ser acariciados por seu doce e poderoso convite à conversão”.
O terceiro pilar da sua oração foi a esperança. “Só o abraço fraterno pode dissipar a hostilidade e o medo do outro”, disse Francisco. Por isso mesmo, o líder dos católicos usou a palavra esperança para falar da mensagem cristã e do desejo de que ela continue a inspirar pessoas por todo o mundo.
A esperança, porque tantos missionários e missionárias continuam, ainda hoje, a desafiar a consciência adormecida da humanidade, arriscando a vida para te servir nos pobres, nos marginalizados, nos imigrantes, nos invisíveis, nos explorados, nos famintos e nos presos”, disse.
Antes de terminar a sua oração, o sumo pontífice pediu a todos para se despojarem “da arrogância do mau ladrão”. Em contrapartida, os fiéis cristãos deverão personificar o bom ladrão.
“Que personifiquemos o bom ladrão que te viu com olhos cheios de vergonha, de arrependimento e de esperança; que, com os olhos da fé, viu na tua aparente derrota a divina vitória e, assim, se ajoelhou diante da tua misericórdia e, com honestidade, roubou o paraíso”, concluiu o Papa.
A cerimónia da cruz, que passa de mão em mão para lembrar o calvário e o caminho de Cristo até à crucificação, foi acompanhada pela leitura de algumas meditações, cuja redação este ano foi confiada a jovens entre os 16 e os 27 anos, em sintonia com a decisão do papa de dedicar 2018 às novas gerações.
A cruz foi levada, entre outros, por uma família síria e por duas freiras dominicanas de Santa Catarina de Siena que escaparam aos jihadistas no Iraque."
(in observador.pt 31.03.2018)