terça-feira, 15 de outubro de 2024

"Ser dono do seu nariz" e outras expressões curiosas com ele relacionadas

Abrantes | 'Senhor do seu Nariz' na Escola Dr. Manuel Fernandes | Médio Tejo
imagem encontrada em mediotejo.net


Sim, é verdade! Esta, como centenas de expressões, são curiosas porque, conforme os contextos, são polissémicas. 

Pronunciamos muitas vezes frases, porque ou as ouvimos aos outros, ou já se tornaram tão triviais, que não nos lembramos de procurar a sua verdadeira origem e significado, o que é importante, para um conhecimento mais profundo da nossa Língua.

Ora vamos lá estudar um pouco, a partir do que os mais "entendidos" no assunto, aqui nos ensinam.

Pesquisei no CIBERDÚVIDAS da Língua Portuguesa, e encontrei uma explicação da Dra Carla Marques, explicação essa muito completa sobre a palavra "nariz" e como é tão usada por nós na linguagem do nosso quotidiano:


Avaliar com nariz

Da polissemia de um nome

Por Carla Marques 13 de fevereiro de 2019 2K

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Não sei o que os portugueses têm com o nariz. Não somos um povo de nariz grande, como os iranianos, ou de nariz pequeno, como os chineses. O nosso nariz de povo é perfeitamente normal, tão normal que é praticamente invisível.

No entanto, o nariz tem uma importância maior, civilizacional e linguística. Antes de mais, porque gostamos de meter o nariz em tudo, até onde não somos chamados. É uma tendência que vai da realidade à língua.

E, por outro lado, porque nos permite saber quase tudo sobre as pessoas que nos rodeiam. Quer conhecer uma pessoa? Olhe para o seu nariz! Não para o tamanho ou formato, mas para a atitude que o nariz e o seu dono exibem. Ora, nem mais! O nariz oferece-nos uma galeria de personalidades distintas que exigem atitudes à medida.

Alguém que tenha um bom nariz será uma pessoa de sucesso. Já com aqueles de nariz arrebitado há que ter atenção, pois têm a mania que sabem tudo. Também há os donos do seu nariz, que não gostam de ouvir conselhos e que têm, não raro, tendência a levar os outros pelo nariz ou a tê-los debaixo do nariz. Guarde distância daqueles que não sabem onde têm o nariz, sobretudo quando querem tomar decisões. E muito cuidado com os que andam sempre de nariz no ar: têm a mania de deitar o nariz de fora para ficar a saber tudo sobre a vida dos outros. Fuja também daqueles a quem chega facilmente a mostarda ao nariz e seja compreensivo com os que ficam de nariz à banda por tudo e por nada. Estes precisam de um ombro amigo (o ombro também é importante!). Também há aqueles que facilmente se deixam enganar porque não veem um palmo à frente do nariz. Quando encontrar um desses, torça o nariz porque eles caem com frequência de nariz ou batem com o nariz nas portas.

A conclusão é óbvia: uma pessoa esclarecida e dona do seu nariz não pode passar sem avaliar um bom nariz! 


Glossário


Andar com o nariz no ar: querer saber alguma coisa

Bater com o nariz na porta: encontrar um espaço encerrado

Cair de nariz: bater com a cara no chão

Debaixo do nariz: na presença de alguém, como proximidade muito grande

Chegar a mostarda ao nariz: zangar-se

Deitar o nariz de fora: espreitar

Ficar de nariz à banda: não obter o que desejava

Levar alguém pelo nariz: dominar alguém

Meter o nariz em: intrometer-se

Meter o nariz onde não é chamado: intrometer-se em assuntos que não lhe dizem respeito

Não saber onde tem o nariz: ser ignorante

Não ver um palmo à frente do nariz: não ver nada

Ser dono do seu nariz (o negrito é meu): 
ser independente, recusar conselhos dos outros

Ter um bom nariz: ser esperto

Ter o nariz arrebitado: ter personalidade muito vincada

(in Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea) 

Sobre a autora

Carla Marques

Doutorada em Língua Portuguesa (com uma dissertação na área do estudo do texto argumentativo oral); investigadora do CELGA-ILTEC (grupo de trabalho "Discurso Académico e Práticas Discursivas"); autora de manuais escolares e de gramáticas escolares; formadora de professores; professora do ensino básico e secundário. Consultora permanente do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, destacada para o efeito pelo Ministério da Educação português.'

FONTE:
in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/idioma/avaliar-com-nariz/3802 
[consultado em 15-10-2024]

domingo, 13 de outubro de 2024

13 de outubro 2024 - celebrações em Fátima (para quem é crente)


As Aparições de Fátima
imagem obtida in visitportugal.com


As Aparições de Fátima

Todos os dias 13, dos meses de maio a outubro, o Santuário de Fátima recebe milhares de peregrinos e turistas para celebrar as datas das aparições de Nossa Senhora aos três videntes e para visitar todos os locais relacionados com este culto.

Para além do Santuário, construído onde se verificou a primeira aparição, existe uma Via Sacra em Aljustrel, a cerca de 2 quilómetros, que percorre os locais onde Lúcia de Jesus (10 anos) e seus primos Francisco e Jacinta Marto (9 e 7 anos respetivamente ) viram o Anjo e Nossa Senhora.

Em 1916, entre abril e outubro , o Anjo apareceu por 3 vezes às crianças convidando-os à oração e à penitência. 

A 13 de maio de 1917, quando apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria e depois de rezarem o terço por volta do meio-dia, de repente viram uma luz e uma «Senhora mais brilhante que o Sol» em cima de uma pequena azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das Aparições). 

A Senhora disse aos três pastorinhos que deviam rezar muito e convidou-os a voltarem à Cova da Iria durante os cinco meses seguintes, sempre no dia 13 e àquela hora. 

As crianças assim fizeram e nos dias 13 de junho , julho , setembro e outubro , a Senhora voltou a aparecer e a falar-lhes. 

A 19 de agosto , a aparição deu-se no sítio dos Valinhos, a uns 500 metros do lugar de Aljustrel, pois no dia 13 as crianças tinham sido levadas pelo Administrador do Concelho para Vila Nova de Ourém.

Na última aparição, a 13 de outubro , perante cerca de 70.000 pessoas, a Senhora disse-lhes que era a «Senhora do Rosário» e pediu que fizessem ali uma capela em Sua honra. 

Depois da aparição, todos os presentes observaram o milagre: o Sol, assemelhando-se a um disco de prata, podia fitar-se sem dificuldade e girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo precipitar-se na terra. 

Posteriormente, Lúcia (convertida a religiosa de Santa Doroteia) teve ainda três visões de Nossa Senhora em Espanha (a 10 de dezembro de 1925, a 15 de fevereiro de 1926 e na noite de 13/14 de junho de 1929), pedindo a devoção dos cinco primeiros sábados e a Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria. Este último pedido fazia parte do chamado «Segredo de Fátima» - um conjunto de revelações que Lúcia terá escrito para dar conhecimento ao Papa Pio XII. 

A 13 de outubro de 1930, o Bispo de Leiria declarou dignas de crédito as aparições e autorizou oficialmente o culto de Nossa Senhora de Fátima, pela provisão «A Divina Providência». 

A 13 de maio de 2000, o papa João Paulo II beatificou, em Fátima, os videntes Francisco e Jacinta Marto.