Maria Barroso proferiu frases muito sábias em vários momentos da sua vida, tais como estas:
"Nos momentos difíceis é preciso que dêem as mãos e procurem aquilo que as pode unir para vencerem as dificuldades. Porque, caso se guerreiem e agridam, não vão a parte nenhuma. Acrescem as dificuldades."
(Jornal de Negócios, 2010)
"Gosto, sempre gostei, de me dar com todas as pessoas, independentemente de serem de direita ou esquerda, crentes ou ateus. O que tinha como preocupação é que fossem pessoas recheadas de valores, gente guiada por esses valores." (Jornal i, 2015)
"Quando a história é contada depois, as mulheres ficam na sombra. Mas, quando lutam, estamos ao lado deles."
(Joaquim Vieira, "Mário Soares, uma vida", Esfera dos Livros, Lisboa, 2013)
Acabo de ler as notícias sobre a Grécia, no Diário Económico desta segunda-feira, 6 de julho de 2015, e decidi partilhar o que achei de mais importante:
"Grécia grita ‘Não’ à Europa
Ana Petronilho
ana.petronilho@economico.pt Gregos deram vitória expressiva e histórica ao ‘Não’. Decorrem hoje várias reuniões que podem ser decisivas para o futuro do país na zona euro, mas Tsipras elogia resultado e diz que é necessária uma “solução sustentável”.
‘Não' foi a resposta ensurdecedora que os gregos deram ontem aos credores. Pela primeira vez, desde que se criou a união monetária, houve um país que realizou um referendo sobre um programa de austeridade. Resultado: mais de metade dos gregos saiu à rua para votar e mais de 61,4% mostrou que não aceita as medidas propostas por Bruxelas. Apenas 38,6% concordou com as propostas dos credores.
E este resultado expressivo não demorou a provocar estilhaços. Entre as várias reuniões de emergência e telefonemas entre líderes europeus, demitiu-se o ex-primeiro-ministro grego e actual líder do principal partido da oposição, Antonis Samaras, que defendia o ‘Sim'.
E agora? O povo grego enviou uma "mensagem ao mundo inteiro" e "mostrou que o povo grego não cede a chantagens", apressou-se a frisar Nikolaos Voutsis, ministro grego do Interior, depois de conhecidos os primeiros resultados. Tsipras elogia o resultado que diz revelar uma "escolha generosa" dos gregos que deram um "mandato não contra a Europa mas para que seja encontrada uma solução sustentável , uma saída deste círculo vicioso". Não foi, apressou-se a dizer o primeiro-ministro grego, uma escolha entre sair ou não do euro.
Mas esta é a dúvida imediata que paira no ar: a Grécia vai ser, ou não empurrada para fora do euro? Nem os gregos ou o Syriza querem sair da moeda única e os tratados não prevêem a saída de nenhum Estado-membro do euro. Mas o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, já admitiu uma saída "temporária" para a Grécia.
Para já, o governo grego quer voltar imediatamente às negociações e, na pasta, Tsipras leva agora o resultado do referendo e o último relatório do FMI, que assumia que a dívida grega precisa de ser reestruturada. Tsipras não perdeu tempo. Ontem mesmo, enquanto os gregos festejavam nas ruas o resultado do referendo, o primeiro-ministro grego contactou por telefone, segundo os media, vários líderes europeus.
Entretanto, Varoufakis falou ao país frisando que o ‘Não' da Grécia é "um grande ‘Sim' à Europa democrática e uma grande protecção ao povo grego". Além disso, o ministro das Finanças grego diz que vai "tentar cooperar com os parceiros tentando chegar a um acordo" lembrando que "a dívida da Grécia tem de ser negociada de forma amigável".
Declarações a que minutos depois o vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, responde dizendo que o primeiro-ministro grego "cortou as últimas pontes" com a Europa e que lhe é "difícil imaginar" novas negociações com Atenas depois do referendo.
Mas hoje vão decorrer várias reuniões decisivas: o conselho de governadores do BCE tem encontro marcado, o grupo de trabalho do Eurogrupo volta a reunir e a chanceler alemã, Angela Merkel, também vai esta noite a Paris para analisar, com o presidente francês François Hollande, as "consequências do referendo". Encontro que vai decorrer um dia antes da cimeira de líderes europeus. Também o italiano Matteo Renzi, já avisou que os europeus devem "começar a falar uns com os outros novamente".
Em Portugal, o resultado do referendo foi pretexto para os partidos de esquerda, PCP e Bloco de Esquerda tecerem críticas ao Governo e a Cavaco Silva, frisando que os gregos deram uma "grande lição à Europa" com a vitória do ‘Não'. Já em Espanha o resultado do referendo teve um impacto maior, provocando algum "nervosismo" no governo espanhol. Mariano Rajoy convocou, também para hoje, uma reunião de emergência da Comissão dos Assuntos Económicos, para avaliar "os resultados" do referendo, avançou o El País.
Também os governadores do BCE vão hoje reunir para para decidir se alargam ou não a liquidez aos bancos gregos através do mecanismo de empréstimos de emergência, congelados na semana passada. O pedido foi feito pela presidente da união grega de bancos, Luka Katseli, e caso seja atendido pelo BCE os bancos gregos podem voltar a abrir portas já amanhã. O fim do ‘corralito' está agora nas mãos de Mário Draghi que ontem foi contactado por Tsipras."