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No dia em que completou 7 anos como Presidente da República Português, Marcelo concedeu uma entrevista à RTP e ao Jornal Público, dando voz e analisando os graves problemas que o nosso país atravessa.
FONTE:
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"Realista" e "equilibrada".
Que dizem partidos da entrevista de Marcelo?
O Presidente da República deu uma entrevista à RTP e ao jornal Público.
Da Esquerda à Direita, as reações não se fizeram esperar.
10.03.2023
Marcelo Rebelo de Sousa deu uma entrevista à RTP e ao jornal Público, na noite de quinta-feira, no dia em que cumpriu sete anos na Presidência, onde fez críticas ao Governo de António Costa - que considerou tratar-se de "uma maioria requentada e cansada, que ao fim de um ano está esgotada".
Em jeito de análise sobre os primeiros meses de legislatura, o chefe de Estado apontou que, "até setembro, houve realmente um tempo perdido, que, depois, se prolongou com vicissitudes", afirmou Marcelo, lembrando as várias polémicas que afetaram já o atual Executivo.
Quanto ao pacote 'Mais Habitação, apresentado pelo Executivo socialista para fazer face à atual crise no setor, Marcelo Rebelo de Sousa frisou que "é de louvar, ao fim de sete anos de Governo, ter sido apresentado um pacote desta dimensão, para recuperar os sete anos anteriores". Pouco demorou até que várias figuras da Esquerda à Direita fizessem ouvir as suas reações às palavras do chefe de Estado.
PSD fala numa entrevista "realista"
Um dos primeiros a pronunciar-se sobre as palavras do Presidente da República foi Paulo Rangel, vice-presidente do PSD, que considerou ter sido uma entrevista "muito realista". "Mostrou, como ele disse, que estamos perante uma maioria requentada e cansada, que ao fim de um ano está esgotada", referiu o social-democrata.
Em declarações aos jornalistas, na Madeira, o responsável apontou que esta era uma crítica "fortíssima" ao Governo. "E da qual, naturalmente, o primeiro-ministro tem de tirar consequências", atirou.
Já questionado sobre Marcelo ter dito que não prescindia do "poder de dissolver" a Assembleia da República, Paulo Rangel foi assertivo: "O PSD está sempre preparado, mas não há dúvidas de que, se esse momento chegar, naturalmente, o PSD estará ainda mais preparado do que está hoje".
De lembrar que, na mesma linha, Luís Montenegro, líder do PSD, considerou, esta quinta-feira que o partido "está cada vez mais a posicionar-se como a alternativa de confiança para dar um Governo novo a Portugal". No seguimento do 1.º Encontro Interparlamentar da Madeira que decorreu no Funchal, o social-democrata argumentou que o PSD "demonstrou que, ao contrário do Governo da República, funciona de forma coesa, estruturada e coordenada".
No Encontro Interparlamentar da Madeira, o @ppdpsd demonstrou que, ao contrário do Governo da República, funciona de forma coesa, estruturada e coordenada. Somos o Partido que está cada vez mais a posicionar-se como a alternativa de confiança para dar um Governo novo a Portugal. pic.twitter.com/0PMF06XXco— Luís Montenegro (@LMontenegroPSD) March 9, 2023
PS prefere falar em "exigência" e afasta "crítica"
Pela voz do PS, a reação coube ao dirigente socialista Porfírio Silva. "Estarmos muitos anos no Governo cria novos desafios", referiu, sublinhando que, historicamente, não era uma situação muito "normal".
"Mas isso significa que os portugueses depois de terem tido muitos anos para avaliar em concreto aquilo que o Governo tinha feito, deram a resposta: 'O que queremos é que esta governação continue'", atirou, em declarações aos jornalistas, no Parlamento, em Lisboa, considerando que as palavras de Marcelo dizem mais respeito a uma "exigência" do que a uma "crítica".
Durante a sua intervenção, Porfírio Silva disse ainda que a análise feita por Marcelo foi "equilibrada". "Esperamos que possamos continuar a dar uma resposta a esta avaliação. Vamos continuar a encher o copo, vamos fazer mais para que haja mais água para mais portugueses nestas circunstâncias", vincou.
O socialista fez ainda questão de vincar o contexto atual "desafiante", lembrando a questão da guerra na Ucrânia ou da subida da inflação. "Não é uma situação fácil. Aliás, este Governo nunca teve anos fáceis desde que o primeiro-ministro António Costa entrou em funções", defendeu.
BE acusa decisões por explicar sobre a TAP
Quem também reagiu às palavras do chefe de Estado - especialmente no que toca ao 'dossier' da TAP - foi o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares. O bloquista considerou que "há decisões políticas por explicar também de Fernando Medina" e há "consequências a retirar e uma comissão de inquérito que está a começar agora".
Em declarações aos jornalistas, no Parlamento, Filipe Soares deixou um aviso: "Tentar matar a comissão de inquérito é a tentativa do Governo, que aparenta ter medo dela, esperemos que não seja a posição do Presidente da República também."
PCP. Marcelo teve papel na criação da maioria absoluta
Na intervenção do PCP, proferida pela deputada Alma Rivera, os comunistas subiram o tom das críticas, acusando Marcelo Rebelo de Sousa de ter tido um papel na criação da atual maioria absoluta do PS.
Para o PCP, o Presidente da República "fala como se não tivesse alinhado com o PS na sua estratégia para obter maioria absoluta".
IL diz que chefe de Estado "põe o Governo a prazo"
Também Rui Rocha se pronunciou, na Assembleia da República, sobre a entrevista ao chefe de Estado e, na sua intervenção, o líder da Iniciativa Liberal considerou que as críticas de Marcelo Rebelo de Sousa "põe o Governo a prazo".
"Aqui, a única divergência é que consideramos que este Governo já não é de todo recuperável", disse o líder liberal, voltando a apostar numa futura moção de censura ao Governo socialista.
Uma "desilusão" chamada Conferência Episcopal Portuguesa
Sobre a crise que se tem feito sentir na Igreja Católica em Portugal, o chefe de Estado quis ressalvar que a Conferência Episcopal Portuguesa "ficou aquém ao não assumir a responsabilidade" pelos milhares de casos de abusos sexuais reportados pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa - e, também, por "não tomar medidas preventivas" neste âmbito. "Foi uma desilusão a sua posição", determinou.
Considerando ser "óbvio" que os padres identificados por esta comissão deviam ser suspensos preventivamente, Marcelo Rebelo de Sousa perguntou "qual é a hesitação" da Conferência Episcopal Portuguesa, acusando-a de ter passado "ao lado" de uma série de "problemas". E acrescentou: "E isso, enquanto Presidente da República, incomoda-me imenso, porque a Igreja é uma instituição fundamental na sociedade portuguesa".
Marcelo Rebelo de Sousa argumentou ainda que se esta instituição, "de repente, sofre na sua confiabilidade, na sua credibilidade, numa questão tão básica como esta, isso depois repercute-se na vida dos portugueses".
Perante este cenário, o Presidente da República determinou que "quem falou em nome da Conferência Episcopal" falhou, ao não "agir rápido, assumir a responsabilidade, tomar medidas preventivas e aceitar a reparação", no que concerne estes casos de abuso. Aliás, aconteceu "tudo ao contrário", julgou.
Marcelo Rebelo de Sousa pediu assim que se faça uma "reflexão complementar para reencontrar o caminho que se perdeu nestes 20 dias" - ou seja, desde que a comissão liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht divulgou o seu relatório sobre os casos de abusos perpetrados por membros da Igreja Católica.
Marcelo Rebelo de Sousa concedeu, esta quinta-feira, uma entrevista à RTP e ao jornal Público, no dia em que cumpre sete anos no cargo de Presidente da República, e na qual se propunha a fazer uma análise sobre o atual estado do país.
A visão do chefe de Estado foi partilhada num contexto que continua a ficar marcado pela guerra na Ucrânia, pelas dificuldades impostas pela inflação e, também, por um forte ambiente de contestação social, como é exemplo disso o setor da Educação.
Recorde-se que Marcelo Rebelo de Sousa tomou posse, para o seu primeiro mandato, a 9 de março de 2016, após ter sido eleito a 24 de janeiro do mesmo ano. Foi depois nomeado, pela nação, para um segundo mandato, numa eleição que decorreu a 24 de janeiro de 2021, segundo pode ler-se no site da Presidência da República.