sexta-feira, 1 de março de 2019

Provérbios para o mês de março


Bodas em Março é ser madraço.
Em Março, esperam-se as rocas e sacham-se as hortas.
Em Março, tanto durmo como faço.
Inverno de Março e seca de Abril, deixam o lavrador a pedir.
Março duvidoso, S. João farinhoso.
Março, marçagão, manhãs de Inverno e tardes de Verão.
Nasce erva em Março, ainda que lhe dêem com um maço.
Páscoa em Março, ou fome ou mortaço.
Poda-me em Janeiro, empa-me em Março e verás o que te faço.
Podar em Março é ser madraço.
Quando em Março arrulha a perdiz, ano feliz.
Quando Outubro for erveiro, Guarda para Março o palheiro.
Quando vem Março ventoso, Abril sai chuvoso.
Quem em Março come sardinha, em Agosto lhe pica a espinha.
Quem poda em Março, vindima no regaço.
Sáveis por S. Marcos (25/04), enchem-se os barcos.
Temporã é a castanha que por Março arrebenta.


in: http://estacaochronographica.blogspot.com

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Vírus redundantes na língua portuguesa...


in: visao.sapo.pt
A todo o tempo, é frequente ouvir-se muitas expressões infetadas por vírus redundantes. E não vale a pena dizer que são só os outros que as  dizem. Quer pessoas que falam connosco na rua, quer outras na televisão, deixam-nos confusas e na dúvida se essas expressões estarão corretas, é certo, mas passado algum tempo, quase todos estamos a repeti-las de uma forma automática, não nos apercebendo dos erros que estamos a cometer...

Acabo de ler algumas dessas expressões num artigo da página 80 da Revista VISÃO (número 1354, de 14 a 20.02.2019) muito bem escolhidas para ilustrar quantas vezes repetimos as mesmas ideias numa frase utilizando expressões redundantes.

O artigo fala de uma "pandemia" em curso, e eu penso sinceramente, que é mesmo isso. Deixamo-nos contagiar fácil e rapidamente, e lá vamos nós também atrás, repetindo o que não devemos.

Portanto, vamos lá ler que "pragas" andamos a utilizar:


  • Segundo Manuel Monteiro, revisor e autor do livro "Por amor à Língua" (ed. Objectiva), "o português já não se propõe; ele autopropõe-se"..."tende ainda a não se vitimizar: agora dá-lhe para se autovitimizar"..."automutilou-se"..."muitos estão a fazer 'a sua autobiografia'" 
  • Segundo a deputada Edite Estrela, que é autora de livros e de programas de TV sobre bem falar e escrever português escolheu: "há dias, (meses, anos, séculos) atrás"..."este vício da linguagem, não só leva atrás o excessivo advérbio, mas também "muito boa gente, desde estrelas mediáticas a autoridades em diferentes áreas e saberes"... uma cliente numa loja de roupa "hesitava entre duas blusas, muito diferentes, mas igualmente bonitas...a vendedora sugeriu-lhe que levasse "ambas as duas"..." (o termo 'ambos', de origem latina, significa 'dois ao mesmo tempo'); outra redundância frequente notada por esta deputada é a do "protagonista principal". (De origem grega (de protos, 'primeiro' e de agonistes, 'ator', 'lutador', o protagonista designava 'o que combate na primeira fila', o que ocupa o primeiro lugar', 'a personagem principal'
  • Segundo Emília Amor, Coautora com Aldina Vaza, do Dicionário da Língua Portuguesa - Léxico, Gramática e Prontuário, com chancela da Texto Editora, aponta dois erros de pandemia: "O primeiro é a expressão "elo de ligação". Por definição, diz, "elo" é um elemento de ligação. Mas aqui parece haver pouco a fazer. A expressão está tão enraizada no repertório do falante comum, que, hoje, já há dicionários que a registam como combinatória fixa". O segundo exemplo é a frase "prefiro antes café": Nesta estrutura frásica "o verbo já comporta, na sua génese latina, o prefixo 'pre' que exprime 'anterioridade', 'opção antecipada'
Pois é, isto é só um pequeno exemplo... 

Vamos esforçar-nos por falar e escrever melhor a nossa querida língua materna, a Língua Portuguesa!