sábado, 23 de janeiro de 2016

Professores nas imobiliárias? E por que não?


in: uptokids.pt
"Imobiliárias querem aproveitar qualidades dos professores
Docentes são altamente qualificados e as suas características começam a ser muito valorizadas no setor das vendas 

Têm um curso superior, sabem falar línguas, têm capacidade de mobilização e de falar em público, mas milhares estão no desemprego. Referimo-nos aos professores, que não tendo lugar nas salas de aula estão a chamar a atenção na área das vendas, nomeadamente no setor imobiliário. Só para trabalhar na Remax é possível encontrar vários anúncios online que pedem especificamente professores. 

 "A Remax, reconhecida em 2015 como a Escolha do Consumidor e a Melhor Empresa para trabalhar", pode ler-se num anúncio, acredita "que, com a cultura da nossa empresa e valores, temos a capacidade em ajudar e apoiar os professores, que este ano não foram colocados, a integrarem-se com sucesso num setor de atividade que desconhecem, tirando partido das suas melhores capacidades enquanto profissionais". 

As capacidades que as imobiliária procuram e encontram nos professores são "comunicação, capacidade de mobilização, motivação e persuasão na sala de aula", aponta César Israel Paulo, da Associação Nacional dos Professores Contratados. A procura de docentes por empresas fora do setor da Educação não é estranha, já que "temos recebido na associação contactos de multinacionais nas áreas das vendas para saber se os professores estariam interessados". 

Ofertas que César Israel Paulo vê com bons olhos, são "sinal de que temos bons profissionais e com uma boa formação de base. Os professores estão a ser muito procurados para as áreas de gestão de vendas e de equipas". São, aliás, cada vez mais comuns os casos de professores que "procuram uma reconversão profissional e muitos já não voltam ao ensino". 

Pensar "fora da caixa" 

Noutra das ofertas de emprego da imobiliária Remax - que o DN tentou contactar durante dois dias, sem sucesso, uma vez que todos os responsáveis estavam reunidos num encontro nacional -, uma das justificações é procurarem "pessoas "fora da caixa" para integrar a nossa equipa comercial". Daí indicarem que procuram "professor". As ofertas incluem uma faturação acima de 50 mil euros por ano, independência e isenção de horário, ter o seu próprio negócio. Em troca, os candidatos têm de apresentar "bons conhecimentos de informática", "capacidade de comunicação, argumentação e persuasão" e também "sentido de responsabilidade, organização e método de trabalho". 

A associação que representa uma grande fatia de docentes desempregados acredita que estas ofertas são positivas para os professores que não conseguem ter um emprego fixo nas escolas. Mas avisa que se é verdade que hoje mais de 20 mil pessoas concorrem aos concursos e ficam de fora, "daqui a sete ou oito anos vão faltar professores". César Israel Paulo aponta o dedo "aos governos anteriores que deixaram abrir vagas e cursos para professores em todas as universidades, e isso gerou um excesso de docentes". Um cenário que já aconteceu noutros países, onde "depois de cortar nas vagas como cá se verificou uma falta de professores passado uma década". O dirigente teme que "depois de procurarem outra carreira estes professores não queiram regressar ao ensino quando forem precisos no sistema. 

Century e ERA também apostam 

Ricardo Sousa, administrador da Century 21 Portugal, conhece vários colaboradores do grupo que provêm da área do ensino. "Hoje, a mediação imobiliária é uma opção de carreira para muitos jovens licenciados e para pessoas com carreiras em distintas áreas, que descobriram esta profissão pelas razões mais diversas e que já não ponderam abandonar o setor", indica o responsável. 

No recrutamento, a Century 21 adota uma "política não discriminatória". "Além deste princípio fundamental, as aptidões académicas ou profissionais dos candidatos são também uma opção aberta e paritária", afirma Ricardo Sousa. As competências técnicas são privilegiadas, mas não são fundamentais. "Temos um plano de integração e formação muito completo e estruturado, para treinar e acompanhar os nossos colaboradores, com ou sem experiência no setor." 

Já na ERA, cerca de 95% dos franqueados provêm de outros setores de atividade. "Temos vários professores a trabalhar como comerciais, tal como temos pessoas com outras profissões, nomeadamente engenheiros, arquitetos e advogados", indica Miguel Poisson, diretor-geral da ERA. Há casos de professores universitários que deixaram o ensino para se lançarem num projeto próprio, mas também há outros "integrados na rede de gerência, na direção comercial ou em funções administrativas". 

Quanto ao perfil do professor, Miguel Poisson considera que "é difícil generalizar", mas que este pode ter algumas competências importantes para o setor imobiliário: "Tendem a ser mais organizados, estão habituados a lidar com pessoas, têm boa formação de base e capacidade de aprendizagem." Ao contrário do que acontecia há dez anos, a ERA tem atualmente "equipas inteiras só com pessoas licenciadas"".
(Ana Bela Ferreira e Joana Capucho in dn.pt  22.01.2016)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A boa disposição é importante...

Li um texto de Miguel Esteves Cardoso que me deixou a refletir sobre o que sugere, durante algum tempo. 

Acho que ele tem razão quando diz: Já que nos puseram aqui, indispostos, mal distribuídos, condenados à confusão e à companhia dos outros, o mínimo que podemos fazer é pormo-nos o mais bem dispostos que pudermos. 

Vejamos a sua opinião no referido texto:

"O Segredo da Boa Disposição

Deixaram-nos aqui. É mesmo assim. É a vida. Tem graça, não tem? A vida tem graça. Nós temos graça. É engraçado estarmos todos aqui. A incerteza geral da existência, aliada à certeza particular do facto de termos nascido e de irmos um dia esticar o pernil, é de morrer a rir. Entre outras coisas. Já que nos puseram aqui, indispostos, mal distribuídos, condenados à confusão e à companhia dos outros, o mínimo que podemos fazer é pormo-nos o mais bem dispostos que pudermos. 
O segredo da minha boa disposição é pensar o mais possível nos outros – nos outros que amo e que me têm de aturar, nos outros de quem só conheço o sofrimento e me fazem sentir a sorte que tenho em sofrer tão poucochinho – e o menos possível em mim. Quanto mais eu me desprezo e desconheço, quanto mais eu entristeço de me entender, mais preciso que haja quem goste de mim. Ou pelo menos da minha companhia. Sempre bem disposta, claro!

Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume' " (in citador.pt)

M.E.C. consegue mesmo por-nos a pensar no assunto e a seguir o seu exemplo...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Qual o mais correto: "o" personagem ou "a" personagem?

in: filmspot.pt
As duas formas estão corretas porque personagem é uma palavra cujo género tanto pode ser masculino como feminino e isso é independente do ser que designa (o personagem ou a personagem).

A palavra personagem era feminina, como todas as palavras terminadas em -agem, mas o seu uso no masculino generalizou-se e, atualmente, tem os dois géneros.
(baseado na leitura de Bom Português, RTP, Porto Editora, Lda, 2009)

in: www.adorocinema.com