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"Imobiliárias querem aproveitar qualidades dos professores
Docentes são altamente qualificados e as suas características começam a ser muito valorizadas no setor das vendas
Têm um curso superior, sabem falar línguas, têm capacidade de mobilização e de falar em público, mas milhares estão no desemprego. Referimo-nos aos professores, que não tendo lugar nas salas de aula estão a chamar a atenção na área das vendas, nomeadamente no setor imobiliário. Só para trabalhar na Remax é possível encontrar vários anúncios online que pedem especificamente professores.
"A Remax, reconhecida em 2015 como a Escolha do Consumidor e a Melhor Empresa para trabalhar", pode ler-se num anúncio, acredita "que, com a cultura da nossa empresa e valores, temos a capacidade em ajudar e apoiar os professores, que este ano não foram colocados, a integrarem-se com sucesso num setor de atividade que desconhecem, tirando partido das suas melhores capacidades enquanto profissionais".
As capacidades que as imobiliária procuram e encontram nos professores são "comunicação, capacidade de mobilização, motivação e persuasão na sala de aula", aponta César Israel Paulo, da Associação Nacional dos Professores Contratados. A procura de docentes por empresas fora do setor da Educação não é estranha, já que "temos recebido na associação contactos de multinacionais nas áreas das vendas para saber se os professores estariam interessados".
Ofertas que César Israel Paulo vê com bons olhos, são "sinal de que temos bons profissionais e com uma boa formação de base. Os professores estão a ser muito procurados para as áreas de gestão de vendas e de equipas". São, aliás, cada vez mais comuns os casos de professores que "procuram uma reconversão profissional e muitos já não voltam ao ensino".
Pensar "fora da caixa"
Noutra das ofertas de emprego da imobiliária Remax - que o DN tentou contactar durante dois dias, sem sucesso, uma vez que todos os responsáveis estavam reunidos num encontro nacional -, uma das justificações é procurarem "pessoas "fora da caixa" para integrar a nossa equipa comercial". Daí indicarem que procuram "professor". As ofertas incluem uma faturação acima de 50 mil euros por ano, independência e isenção de horário, ter o seu próprio negócio. Em troca, os candidatos têm de apresentar "bons conhecimentos de informática", "capacidade de comunicação, argumentação e persuasão" e também "sentido de responsabilidade, organização e método de trabalho".
A associação que representa uma grande fatia de docentes desempregados acredita que estas ofertas são positivas para os professores que não conseguem ter um emprego fixo nas escolas. Mas avisa que se é verdade que hoje mais de 20 mil pessoas concorrem aos concursos e ficam de fora, "daqui a sete ou oito anos vão faltar professores". César Israel Paulo aponta o dedo "aos governos anteriores que deixaram abrir vagas e cursos para professores em todas as universidades, e isso gerou um excesso de docentes". Um cenário que já aconteceu noutros países, onde "depois de cortar nas vagas como cá se verificou uma falta de professores passado uma década". O dirigente teme que "depois de procurarem outra carreira estes professores não queiram regressar ao ensino quando forem precisos no sistema.
Century e ERA também apostam
Ricardo Sousa, administrador da Century 21 Portugal, conhece vários colaboradores do grupo que provêm da área do ensino. "Hoje, a mediação imobiliária é uma opção de carreira para muitos jovens licenciados e para pessoas com carreiras em distintas áreas, que descobriram esta profissão pelas razões mais diversas e que já não ponderam abandonar o setor", indica o responsável.
No recrutamento, a Century 21 adota uma "política não discriminatória". "Além deste princípio fundamental, as aptidões académicas ou profissionais dos candidatos são também uma opção aberta e paritária", afirma Ricardo Sousa. As competências técnicas são privilegiadas, mas não são fundamentais. "Temos um plano de integração e formação muito completo e estruturado, para treinar e acompanhar os nossos colaboradores, com ou sem experiência no setor."
Já na ERA, cerca de 95% dos franqueados provêm de outros setores de atividade. "Temos vários professores a trabalhar como comerciais, tal como temos pessoas com outras profissões, nomeadamente engenheiros, arquitetos e advogados", indica Miguel Poisson, diretor-geral da ERA. Há casos de professores universitários que deixaram o ensino para se lançarem num projeto próprio, mas também há outros "integrados na rede de gerência, na direção comercial ou em funções administrativas".
Quanto ao perfil do professor, Miguel Poisson considera que "é difícil generalizar", mas que este pode ter algumas competências importantes para o setor imobiliário: "Tendem a ser mais organizados, estão habituados a lidar com pessoas, têm boa formação de base e capacidade de aprendizagem." Ao contrário do que acontecia há dez anos, a ERA tem atualmente "equipas inteiras só com pessoas licenciadas"".
Docentes são altamente qualificados e as suas características começam a ser muito valorizadas no setor das vendas
Têm um curso superior, sabem falar línguas, têm capacidade de mobilização e de falar em público, mas milhares estão no desemprego. Referimo-nos aos professores, que não tendo lugar nas salas de aula estão a chamar a atenção na área das vendas, nomeadamente no setor imobiliário. Só para trabalhar na Remax é possível encontrar vários anúncios online que pedem especificamente professores.
"A Remax, reconhecida em 2015 como a Escolha do Consumidor e a Melhor Empresa para trabalhar", pode ler-se num anúncio, acredita "que, com a cultura da nossa empresa e valores, temos a capacidade em ajudar e apoiar os professores, que este ano não foram colocados, a integrarem-se com sucesso num setor de atividade que desconhecem, tirando partido das suas melhores capacidades enquanto profissionais".
As capacidades que as imobiliária procuram e encontram nos professores são "comunicação, capacidade de mobilização, motivação e persuasão na sala de aula", aponta César Israel Paulo, da Associação Nacional dos Professores Contratados. A procura de docentes por empresas fora do setor da Educação não é estranha, já que "temos recebido na associação contactos de multinacionais nas áreas das vendas para saber se os professores estariam interessados".
Ofertas que César Israel Paulo vê com bons olhos, são "sinal de que temos bons profissionais e com uma boa formação de base. Os professores estão a ser muito procurados para as áreas de gestão de vendas e de equipas". São, aliás, cada vez mais comuns os casos de professores que "procuram uma reconversão profissional e muitos já não voltam ao ensino".
Pensar "fora da caixa"
Noutra das ofertas de emprego da imobiliária Remax - que o DN tentou contactar durante dois dias, sem sucesso, uma vez que todos os responsáveis estavam reunidos num encontro nacional -, uma das justificações é procurarem "pessoas "fora da caixa" para integrar a nossa equipa comercial". Daí indicarem que procuram "professor". As ofertas incluem uma faturação acima de 50 mil euros por ano, independência e isenção de horário, ter o seu próprio negócio. Em troca, os candidatos têm de apresentar "bons conhecimentos de informática", "capacidade de comunicação, argumentação e persuasão" e também "sentido de responsabilidade, organização e método de trabalho".
A associação que representa uma grande fatia de docentes desempregados acredita que estas ofertas são positivas para os professores que não conseguem ter um emprego fixo nas escolas. Mas avisa que se é verdade que hoje mais de 20 mil pessoas concorrem aos concursos e ficam de fora, "daqui a sete ou oito anos vão faltar professores". César Israel Paulo aponta o dedo "aos governos anteriores que deixaram abrir vagas e cursos para professores em todas as universidades, e isso gerou um excesso de docentes". Um cenário que já aconteceu noutros países, onde "depois de cortar nas vagas como cá se verificou uma falta de professores passado uma década". O dirigente teme que "depois de procurarem outra carreira estes professores não queiram regressar ao ensino quando forem precisos no sistema.
Century e ERA também apostam
Ricardo Sousa, administrador da Century 21 Portugal, conhece vários colaboradores do grupo que provêm da área do ensino. "Hoje, a mediação imobiliária é uma opção de carreira para muitos jovens licenciados e para pessoas com carreiras em distintas áreas, que descobriram esta profissão pelas razões mais diversas e que já não ponderam abandonar o setor", indica o responsável.
No recrutamento, a Century 21 adota uma "política não discriminatória". "Além deste princípio fundamental, as aptidões académicas ou profissionais dos candidatos são também uma opção aberta e paritária", afirma Ricardo Sousa. As competências técnicas são privilegiadas, mas não são fundamentais. "Temos um plano de integração e formação muito completo e estruturado, para treinar e acompanhar os nossos colaboradores, com ou sem experiência no setor."
Já na ERA, cerca de 95% dos franqueados provêm de outros setores de atividade. "Temos vários professores a trabalhar como comerciais, tal como temos pessoas com outras profissões, nomeadamente engenheiros, arquitetos e advogados", indica Miguel Poisson, diretor-geral da ERA. Há casos de professores universitários que deixaram o ensino para se lançarem num projeto próprio, mas também há outros "integrados na rede de gerência, na direção comercial ou em funções administrativas".
Quanto ao perfil do professor, Miguel Poisson considera que "é difícil generalizar", mas que este pode ter algumas competências importantes para o setor imobiliário: "Tendem a ser mais organizados, estão habituados a lidar com pessoas, têm boa formação de base e capacidade de aprendizagem." Ao contrário do que acontecia há dez anos, a ERA tem atualmente "equipas inteiras só com pessoas licenciadas"".
(Ana Bela Ferreira e Joana Capucho in dn.pt 22.01.2016)
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