sábado, 26 de junho de 2010

Um Poema dedicado ao AMOR


Amor como em Casa


Regresso devagar ao teu

sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que

não é nada comigo. Distraído percorro

o caminho familiar da saudade,

pequeninas coisas me prendem,

uma tarde num café, um livro. Devagar

te amo e às vezes depressa,

meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,

regresso devagar a tua casa,

compro um livro, entro no

amor como em casa.


Manuel António Pina,
in "Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo.
Calma é Apenas um Pouco Tarde"








sexta-feira, 25 de junho de 2010

Manuel António Pina, um Cronista excepcional!

"Manuel António Pina é um admirável cronista, decerto o melhor e mais completo cronista português", diz José Carlos Vasconcelos, na página 3/ Destaque, do Jornal de Letras nº 1035 (de 2 a 15 de Junho de 2010).

Com efeito, considero Manuel António Pina, de 66 anos, um destacado jornalista e cronista; para além disso, é um  poeta e um escritor de histórias infanto-juvenis muito cativantes. Ao longo da minha carreira, foram muitos os textos dele de que me servi para preencher aulas de Língua Portuguesa, explorando-os e analisando-os, em conjunto com os meus alunos, o que lhes fazia despertar um grande interesse e receptividade em relação aos temas tratados. Este autor consegue atrair, com a sua escrita, pessoas de todas as idades.

M.A.Pina cronista: José Carlos de Vasconcelos considera-o com uma "múltipla temática", apresentando-nos nos vários "formatos" das suas crónicas, "alta qualidade literária". Justifica esta opinião, dizendo que nelas está "inteiro", não só  o jornalista que M.A.P. é, mas "também o escritor, o prosador e o poeta", para além da sua "dimensão humana e cívica".

Como cronista que é, M.A.Pina exprime sentimentos diversos, entre eles a morte, que  aparece frequentemente referida nos seus textos.

José Carlos de Vasconcelos refere que este grande cronista lhe faz lembrar Fernando Assis Pacheco: ambos jornalistas, cronistas, ficcionistas e poetas de "primeira água", e achando ainda que têm aproximações/distinções com Carlos Drummond de Andrade.

Encante-se, conhecendo melhor Manuel António Pina e lendo as suas obras!



"Período Literário
Literatura Contemporânea
Séc. XXI

1 - Biografia

Poeta, autor de livros infantis e tradutor. É licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra. Entre 1971 e 2001 foi jornalista profissional no Jornal de Notícias (Porto), onde desempenhou igualmente funções de editor e chefe de redacção. Além do JN, tem ainda colaboração dispersa por outros órgãos de comunicação, entre imprensa escrita, rádio e televisão (República, Diário de Lisboa, O Jornal, Expresso, Jornal de Letras, Artes e Ideias, Marie Claire, Visão, Rádio Porto, RTP, Península (Barcelona), etc.). Foi também professor da Escola Superior de Jornalismo do Porto e membro do Conselho de Imprensa. É actualmente (Março 2003) colunista da revista Visão.
A obra de Manuel António Pina consegue uma forte coesão, mantendo em ambos os registos — o da poesia e o da chamada “literatura para a infância” — aquilo que já foi classificado como “um discurso de invulgar criatividade e de constante desafio à inteligência do leitor”, qualquer que seja a sua idade." http://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=70

2- Bibliografia

1973 - "O país das pessoas de pernas para o ar" (lit. infanto-juvenil)
1974 - "Ainda não é o fim nem o princípio do Mundo, calma é apenas um
           pouco tarde" (poesia)
1974 - "Gigões & anantes" (lit. infanto-juvenil)
1976 - "O têpluquê" (lit. infanto-juvenil)
1978 - "Aquele que quer morrer" (poesia)
1981 - "A lâmpada do quarto? A criança?" (poesia)
1983 - "O pássaro da cabeça" (poesia)
1983 - "Os dois ladrões" (teatro)
1984 - "Nenhum sítio" (poesia)
1984 - "História com reis, rainhas, bobos, bombeiros e galinhas" (lit. infanto-juvenil)
1985 - "A guerra do tabuleiro de xadrez" (lit. infanto-juvenil)
1986 - "Os piratas" (ficção)
1987 - "O inventão" (teatro)1989 - "O caminho de casa" (poesia)
1991 - "Um sítio onde pousar a cabeça" (poesia)
1992 - "Algo parecido com isto, da mesma substância" (poesia)
1993 - "Farewell happy fields" (poesia)
1993 - "O tesouro" (lit. infanto-juvenil)
1994 - "Cuidados intensivos" (poesia)
1994 - "O anacronista" (crónica)
1995 - "O meu rio é de ouro /Mi rio es de oro" (lit. infanto-juvenil)
1998 - "Aquilo que os olhos vêem, ou O Adamastor" (teatro)
1999 - "Nenhuma palavra, nenhuma lembrança" (poesia)
1999 - "Histórias que me contaste tu" (lit. infanto-juvenil)
2001 - "Atropelamento e fuga" (poesia)
2001 - "A noite" (teatro)
2001 - "Pequeno livro de desmatemática" (lit. infanto juvenil)
2002 - "Poesia reunida" (poesia)
2002 - "Perguntem aos vossos gatos e aos vossos câes" (teatro)
2002 - "Porto, modo de dizer" (crónica)
2003 - "Os livros" (poesia)
2003 - "Os papéis de K." (ficção)
2004 - "O cavalinho de pau do Menino Jesus" (lit. infanto-juvenil)
2005 - "Queres Bordalo?" (ficção)
2005 - "História do Capuchinho Vermelho contada a crianças e nem por isso 
 por Manuel António Pina segundo desenhos de Paula Rego" (lit. infanto-juvenil)
2007 - "Dito em voz alta" (entrevistas)
2008 - "Gatos" (poesia)
2009 - "História do sábio fechado na sua biblioteca" (teatro)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Ant%C3%B3nio_Pina

3 - Destaque

"Em Livro
Crónicas de Manuel António Pina
por Lusa07 Junho 2010
Por outras palavras & mais crónicas de jornal é o novo título do poeta, escritor e jornalista Manuel António Pina, uma antologia das crónicas publicadas em diversos jornais e revistas. O livro, organizado por António Sousa Dias, a quem Manuel António Pina concedeu "absoluta liberdade de escolha", apresentado este fim-de-semana, inclui 244 textos, seleccionados entre as cerca de duas mil crónicas que publicou nos últimos anos na Visão, Jornal de Notícias, Notícias Magazine e Tempos Livres (revista do Inatel).
Manuel António Pina explica que não foi sua a ideia de publicar esta antologia e sente até algum "desconforto" pela publicação em livro de crónicas que "estão muito presas ao momento em que foram escritas". "Tal como o jornal, que no dia seguinte só serve para embrulhar peixe, as crónicas também têm
uma relação com o tempo. Estão ancoradas na realidade", afirmou. Foi por ter consciência desse desfasamento temporal que chamou à sua primeira colectânea de crónicas O Anacronista. Apesar de tudo, diz: "Revejo-me completamente no conjunto. Sinto lá a minha voz."

http://dn.sapo.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=1587014&seccao=Livros




quinta-feira, 24 de junho de 2010

24 de Junho, Dia de São João e o manjerico ou basílico (2010)


Quadras de São João

Ó meu rico São João,
Vem para a rua dançar!
Eu tenho um balão na mão
Mas sem ti não quero estar!

Não nos mandes orvalhadas,
para podermos gozar!
É preferível, as marteladas
que já não nos fazem zangar!

Já comi umas sardinhas,
Com pimentos a acompanhar!
Mas que ricas batatinhas
Acabei por provar!

Já levei com um martelinho,                                   
Dum maroto que por mim passou!
Só depois vi que era um vizinho
Que num instante abalou!

Vou ver se arranjo namoro,
    Que isto sozinha não dá nada!
Ainda levo com algum alho porro
E depois...fico danada!

Que ele me dê um manjerico,
e uma pluma a cheirar!
Que não seja um mafarrico,
que me queira empatar! 

Quero um bom folgazão
para irmos ao fogo de artifício!
E que ele me dê a mão
Sem que faça sacrifício!

Vou ver os barcos rabelo,
no Douro a desfilar!
Com uma rosa no cabelo
E a saia a esvoaçar!

Só quero sentir-me bem, ora então,
e ter boa companhia!
Afinal no São João
Não é para ir para a folia?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Noite de São João, na cidade do Porto


O São João é uma festa popular de 23 para 24 de Junho e é de origem pagã.

Para além dos famosos vasos de manjerico, ostentando quadras populares, há os martelinhos para "dar" na cabeça de quem passa. À noite, como é lindo ver subir os balões de ar quente, lançados pelo povo esfusiante, principalmente pela miudagem que pede a ajuda dos pais!


Ao fim da tarde do dia 23, nas varandas e terraços das casas, paira no ar um cheiro a sardinha assada na brasa e pimentos, vindos dos fogareiros já acesos.


Nas ruas, sabe melhor a sardinha em cima da broa, ao mesmo tempo que se espreita o artesanato exposto e outros tipos de vendas... Há tendas por todo o lado com tudo o que precisamos, sendo uma verdadeira tentação. 

Após o jantar vai-se para a rua, para a folia, mesmo para o meio da confusão. O trânsito é infernal. Bate-se com os martelinhos nos carros e brinca-se dizendo piadas para quem lá vai dentro.


Há no ar um cheiro a alhos porros, e ao mesmo tempo, passa-se com eles pelo rosto de quem vai a passar; não nos podemos esquecer das plumas de cheiro, tão garridas e com um odor tão intenso, que por vezes deixam a pessoa "mimada" um pouco "enjoada"; são dadas a cheirar aos transeuntes, fazendo-o sempre com um ar matreiro.


Os molhes de cidreira ou de limonete, até chegarem a casa, são usados para pôr na cara das pessoas; mais tarde, são estendidos numa corda, em casa,  e virados ao contrário para secarem bem e deles se vir a fazer um bom chá. 

Outra tradição é, por volta da meia-noite, quem está em casa, tomar café com leite e pão com manteiga; nos quintais, as famílias, juntas, comem e bebem, põem música bem alto e dançam toda a noite, recolhendo, muitas vezes, às seis da manhã.

Não esqueçamos a tradição de "saltar as fogueiras" que se verifica mais nos bairros tradicionais, antigos.
E como esquecer o belíssimo fogo de artifício, à meia-noite, no meio do rio Douro, em barcos que são preparados para o evento, expressamente,  e junto à ponte D.Luís - todo este espectáculo "multimédia" é acompanhado de música, sendo visitada por milhares de pessoas (nacionais e estrangeiros que vêm de propósito assistir).


Nas Fontainhas há arraiais populares onde não faltam carrosséis e carros eléctricos, matraquilhos, barracas de comes e bebes, rifas...; chega a haver concertos com cantores populares.

Tudo isto dura até de manhã! Há cordões de grupos de jovens que percorrem a Ribeira, a Foz e, por vezes, ali ficam até ao amanhecer.



Conheça a verdadeira história dos "martelinhos" de São João, consultando:
http://martelodesjoao.blogspot.com/




terça-feira, 22 de junho de 2010

Um Poema de Eugénio de Andrade: "Passeio Alegre"

Passeio Alegre


Chegaram tarde à minha vida
  as palmeiras. Em Marraquexe vi uma
      que Ulisses teria comparado
          a Náusicaa, mas só
             no jardim do Passeio Alegre
                  comecei a amá-las. São altas
                     como os marinheiros de Homero.
                         Diante do mar desafiam os ventos
                           vindos do norte e do sul,
                            do leste e do oeste,
                                 para as dobrar pela cintura.
                                     Invulneráveis - assim nuas.

Rente ao Dizer, Eugénio de Andrade



Este poema de Eugénio de Andrade refere-se ao Passeio Alegre, da Foz do Douro, no Porto, repleto de belíssimas palmeiras, viradas para o rio, conferindo-lhe um ambiente exótico.

Tem um passeio marítimo, muitas esplanadas, jardins bem cuidados, o que faz com que seja uma zona muito procurada  pelos cidadãos, visitantes e turistas, principalmente aos fins-de-semana, feriados e em tempo de férias...  

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Portugal está de parabéns!



Esta tarde, na Cidade do Cabo (África do Sul), Portugal bateu a Coreia do Norte, por 7-0.

A nossa equipa actuou energicamente e o seu seleccionador, o Professor Carlos Queirós, rejubilou com esta vitória. Tendo realçado a qualidade da exibição portuguesa, mostra-se  confiante nos jogadores.

Vencer, foi importante para Portugal, que assim se direcciona para os oitavos-de-final do Mundial 2010.


A vuvuzela tem provocado muita polémica, mas a verdade é que já tem um hino próprio. Há muitos jogadores e treinadores que se queixam do som ensurdecedor que ela emite, desconcentrando-os e impedindo-os de comunicarem uns com os outros.

"A vuvuzela (ou "lepatata" em Setswana) tem cerca de um metro de comprimento, é presença habitual em jogos de futebol na África do Sul desde meados da década de 90. Emite um som semelhante a um elefante e o prefixo "vuvu" provém do próprio ruído que emite. Começou por ser de estanho mas, depois de ser considerada uma arma perigosa, passou a ser de plástico." http://blitz.aeiou.pt/gen.plp=stories&op=view&fokey=bz.stories/61929

                                            
                                                   Viva Portugal!

 

domingo, 20 de junho de 2010

Lengalengas - Tradições Populares Portuguesas


"O livrinho das lengalengas", é uma obra da autoria de José Viale Moutinho (selecção e nota)  e Fedra Santos (ilustrações), das Edições Afrontamento e  aconselhável a todos, pelo Plano Nacional de Leitura!

As lengalengas são jogos de palavras com rimas e ritmos de tal modo, que são percepcionadas de modo divertido, tanto pelos mais novos, como pelos mais velhos.

De um modo geral, as palavras apresentam-se numa tal multiplicidade de sentidos, que as frases, no seu todo, se tornam de difícil solução - um verdadeiro enigma, sujeitas a adivinhação!

É importante para os mais novos, "brincar" com as palavras, encadeando-as, dando-lhes ritmo, tornando-as melódicas - isso é o caminho para a poesia, que tem de ser muito desenvolvido, muito trabalhado. Há que ganhar o gosto por esse trabalho de artífice!

Alguns exemplos:

"Debaixo daquela pipa
está uma pita
pinga a pipa, pia a pita."


"Eu tinha um ninho
de malfamagrifma,
que tinha cinco malfamagrifinhos.

Eu queria-los tirar
e a malfamagrifma
queria-me malfamagrifar."


"O tempo perguntou ao tempo
quanto tempo o tempo tem.
O tempo respondeu ao tempo
que o tempo tem tanto tempo
quanto tempo o tempo tem."


 "- Olha, sabes que mais?
  -  Arroz com pardais!"