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"E no Sul de Portugal?
Na altura em que D. Afonso Henriques se tornou rei de Portugal, o Sul estava sob domínio muçulmano. A língua da população era, no entanto, o moçárabe, ou seja, a particular evolução do latim no sul da península.
Com a expansão do novo reino de Portugal para sul, a língua do Norte começou a invadir os novos territórios, sofrendo algumas influências do moçárabe, e, através deste do árabe. A língua da Galiza e do Norte tornava-se, também, a língua do Sul de Portugal.
Como a capital ficou estabelecida em Lisboa, a forma particular da língua nessa cidade ganhou um prestígio particular, sem que tal significasse que fosse, de alguma maneira, a melhor forma de falar a língua. No Norte, o português continuou a ser falado como sempre foi. Mesmo na Galiza, onde a língua não era usada por nenhuma corte, a população continuou a falar, pelos séculos fora, algo muito próximo do que saía da boca dos portugueses do Norte.
Só no último século, com a expansão do uso do castelhano na Galiza e com a uniformização da língua portuguesa centrada nos usos do Sul (uma uniformização que não é completa, mas tem aproximado a forma de falar dos portugueses de todo o país), os galegos e os portugueses do Norte começaram a sentir uma divergência mais marcada naquilo que se fala na rua a norte e a sul do Minho.
Mesmo assim, ainda hoje há uma surpreendente proximidade entre o que se fala dum lado e doutro da fronteira entre Portugal e a Galiza - e note-se que estamos a falar de uma das mais antigas fronteiras do mundo Muitos galegos ainda falam galego - e nós, claro está, falamos português.Nós, portugueses e galegos, falamos qualquer coisa que descende diretamente da língua que se ouvia em Guimarães - mas também em Tui -, quando Afonso Henriques se tornou o primeiro rei de Portugal.
Essa língua forjada na antiga Galécia está hoje noutras paragens do mundo, já o sabemos."
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O livro Assim nasceu uma língua, de Fernando Venâncio, conta a história da nossa língua de forma empolgante e bem fundamentada.
*** Esta transcrição tem origem no Almanaque da língua Portuguesa, de Marco Neves, já referida no meu post anterior com o mesmo título (Parte I)
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