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quarta-feira, 24 de julho de 2024

Pragas, superstições, e outros esconjuros - um mundo cheio de enigmas! Uma boa sugestão de leitura em férias

Livro das Pragas, Agouros, Rezas, Superstições e Outros Esconjuros
imagem obtida in Bertrand Livreiros


Consultando livros de especialistas nestes temas, como este "Livro das pragas, agouros, rezas, superstições e outros esconjuros", da Guerra e Paz, Livros CMTV, deixo aqui esta referência como incentivo a uma boa sugestão de leitura para as férias de verão.

"Praga" vem do latim <plaga-> que significa "calamidade". É lançar uma maldição sobre alguém. Em Portugal, as pragas algarvias,  são conhecidas como as mais famosas. 

Transcrevo uma praga do livro acima referido, da autoria de Guerra e Paz, Editores:

"Oh, maldeçoade!

Havias de apanhar uma depressom

tã grande ou tã pequena, 

que se nã compres este livro

vais ganhar uma micose tal

que só te c'rasses

com ossos de menhoca".

As dicas que se podem dar para que se perceba bem esta praga transcrita é: "c'rasses" - é como dizer"curasses" - e "ossos de menhoca" - são exatamente aquilo que interpretamos ao lê-la: são "ossos de minhoca".

Já os agouros ou presságios conjeturam-se sobre o futuro, é porque algo irá acontecer!

Podemos ler, a seguir, que, quando se trata de temas relacionados com pragas, maldições e superstições, umas rezas e benzeduras podem ser muito úteis. Ah, pois é! Porque a malta precisa de se proteger contra estes maus-olhados, imprecações ou difamações. É que o perigo está à espreita. Smos gente prevenida e não gostamos de ver ninguém de mal com a vida. Apresentamos, por isso, algumas fórmulas para o seu bem-estar e alegria. "Ah raisparta, o espelho partiu? Maldito espelho! Sete anos de azar agora!" 

Neste caso, o que devemos fazer? Depende, um pouco se a pessoa que lê estas frases, é supersticiosa ou se já lhe aconteceu algo semelhante! Poderá reagir e dizer "oh, que grande disparate!" 

A verdade é que, mesmo não se sendo supersticioso, a pessoa fica um pouco intrigada e "falando com os seus botões", acaba por se interrogar a si própria: "o que é que foi isto"?

O livro apresenta vários exemplos, todos interessantes, por isso, aconselho a sua leitura.

No que diz respeito à palavra "superstição" , esta vem do latim "superstitio",  que significa "profecia ou medo excessivo dos deuses"! É caracterizada, "segundo o dicionário, por uma crença destituída de fundamentos racionais relativa às consequências benéficas ou nefastas de certos atos, acontecimentos, encontros, coincidências temporais." Não nos esqueçamos que é de caráter irracional...as superstições reportam-se, geralmente, á suposição que fazemos que existe uma força sobrenatural, talvez um medo do desconhecido.

E, para terminar, um exemplo de uma superstição: "abelha":"se uma abela nos entrar em casa, é sinal de que em breve teremos visitas, boas ou más. Se uma abelha voar à volta de uma criança adormecida, significa que ela terá uma vida feliz. O que é sempre de desejar".

Vamos lá ler est maravilhosa obra, que tanto nos ensina e nos preenche a mente nas horas de um bom descanso, como são as férias!

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Agouros, superstições e outros esconjuros...Por que os usamos?


Livro das Pragas, Agouros, Rezas, Superstições e Outros Esconjuros - Livro  - Bertrand
in bertrand.pt


Tenho procurado explicação para muitas das expressões que tantas vezes utilizamos ou ouvimos no nosso dia a dia, tais como pragas, superstições, agouros, rezas...

Encontrei uma obra de muito interesse, da autoria de Guerra e Paz, Editores, Livros CMTV, de março de 2019, cujo título é: "Livro das Pragas, Agouros, Rezas, Superstições e outros Esconjuros", que explica muitos desses dizeres, chegando mesmo a afirmarem que este livro nos será útil desde que nos batizamos até morrermos...

O leitor deste post "Agora bata na madeira, diga "lagarto, lagarto, lagarto" - ou "águia, águia, águia", ou "dragão, dragão, dragão", claro, se as suas preferências desportivas  não aceitarem o "lagarto". 

O referido livro constitui "um verdadeiro e fascinante mundo enigmático", segundo a autoria do mesmo: já li uma parte dele e concordo inteiramente, pois trata-se de conhecer os meandros da nossa língua, de uma certa linguagem, o que nos leva a ficar a conhecer um "imenso património linguístico".

Um das centenas dos exemplos referidos é a palavra PRAGA que vem do latim "plaga-" e que significa "calamidade"; mas PRAGA também pode ter o sentido de "lançar uma maldição sobre alguém". Há as pragas literárias e em Portugal e arredores, os autores referem que são conhecidas "as pragas algarvias".

O leitor deste post quer decorar esta praga que se segue? Pode vir a dar jeito...

"Oh, maldeçoade!

Havias de apanhar uma depressom

tã grande ou tã pequena, 

que se nã compres este livro

vais ganhar uma micose tal

que só te c'rasses

com ossos de menhoca."

Explicação: "c'rasses" é o mesmo que "curasses" e "ossos de menhoca" são mesmo "ossos de minhoca"...

Os AGOUROS ou PRESSÁGIOS são aqueles sinais em que se conjetura sobre o que pode acontecer no futuro: "Ah, raisparta, o espelho partiu? Maldito espelho! Sete anos de azar agora".

Acho piada quando os autores referem que quando os temas são "pragas, maldições e superstições", valerá a pena utilizar umas fórmulas como "umas rezas e benzeduras" que até nos podem ser muito úteis. Têm razão, na medida em que sentimos que temos de nos "proteger contra estes maus-olhados".

Finalizando o meu post de hoje, (ressalvando que o tema tratado não se esgota aqui, é infindável nos seus mistérios, quero dizer que voltarei, sempre que me der prazer escrever sobre ele) vou escolher o vocábulo SUPERSTIÇÃO, que vem do latim "superstitio", que significa uma profecia (os autores acrescentam "ou medo excessivo dos deuses". 

As superstições estão ligadas à ideia de uma força sobrenatural que, com a sua ação, podem causar determinadas situações que, de um modo geral, deixam marcas negativas na pessoa, isto é, não lhe deixam boas recordações. Têm como base tradições populares, vindo dos primórdios da vida do HOMEM. Um exemplo de superstição: os jogadores de futebol entram em campo com o pé direito, benzem-se e tocam o relvado...

(para escrever este post, baseei-me na obra citada no 2º parágrafo).

domingo, 27 de junho de 2021

"Trevo-de-quatro-folhas": considerado uma superstição e um número de sorte

imagem in vix.com


Comecei por pesquisar sobre o trevo-de-quatro-folhas em Portugal, sendo interessante o que encontrei, uma vez que pensamos que só há uma espécie - o dos prados, trifolium com mutação genética -, mas afinal, há também o trevo do feto aquática Marsilea quadrifolia. 

Mas, claro que não sou especialista no assunto e é por isso que aqui vou partilhar o que os mais entendendidos têm a dizer sobre o tema:

"O trevo-de-quatro-folhas já não é avistado em território nacional há quase quatro anos. Não se trata do Trifolium com mutação genética, que alguns supostos sortudos ainda avistam nos prados, mas sim do feto aquático Marsilea quadrifolia, cujo último núcleo populacional conhecido em Portugal estava localizado perto da foz do rio Corgo, em Trás-os-Montes. De acordo com dados da Sociedade Portuguesa de Botânica, aquele habitat não alberga esta espécie desde 2006 e a última vez que foi observado em território nacional foi em 2014. “Desde então, todos os esforços de prospeção têm sido infrutíferos”, conta Ana Francisco, coordenadora executiva do projeto “Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental”. Este feto ainda não foi declarado extinto, mas poderá vir a sê-lo se continuar a não ser visto até 2027. Para já, explica, “tem o estatuto de criticamente em perigo, porque se assinalam declínios continuados ao nível da extensão de ocorrência, área de ocupação, qualidade do habitat, tamanho da população e número de localizações”.

Esta é uma das 122 plantas vasculares (espécies da flora com vasos que transportam seiva para alimentar as células) já avaliadas pelo grupo de trabalho liderado pela Sociedade Portuguesa de Botânica e pela Associação Portuguesa de Ciência da Vegetação (Phytos). Até setembro de 2018, a missão é elaborar a lista de plantas que possam estar em risco em Portugal e o que está a ser feito ou pode vir a ser feito para protegê-las. O projeto arrancou em 2016 e conta com a parceria do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e o contributo de meia centena de botânicos profissionais e amadores.

O ponto de partida foi a base de dados Flora-On.pt a que se seguiu a recolha de informação histórica em herbários e mais trabalho de campo. “Compilamos informação histórica e vamos aos locais onde se conhecia a presença da planta há 50 anos ou a outros onde há probabilidade de encontrá-la”, elucida André Carapeto, o botânico que coordena o trabalho técnico deste projeto. “As principais ameaças são a expansão urbanística, a erosão e ocupação do litoral e a agricultura intensiva e é preciso inverter isto”, adverte Ana Francisco.

UMA LISTA HÁ MUITO ESPERADA

“Há pelos menos 20 anos que esta avaliação estava por fazer, mas só foi possível avançar há cerca de um ano, juntando estas entidades e a aprovação de uma candidatura financiada pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (Poseur) e pelo Fundo Ambiental”, explica Ana Francisco. Admitindo que o prazo de dois anos e o orçamento de 411 mil euros “são curtos”, a especialista em orquídeas sublinha que a proteção destas espécies mais raras e ameaçadas “é importante porque, preservando a biodiversidade, tem-se a chave para a sobrevivência de todos os seres vivos e também pelo risco de desaparecerem sem que tenhamos o privilégio de as contemplar”. E, acrescenta André Carapeto, “esta lista vermelha serve de ferramenta para ajudar a elaborar políticas de conservação e definir o que vale a pena proteger ou reintroduzir”.

Para ajudar neste trabalho esperam contar com donativos e apadrinhamento de plantas assim como de novos voluntários. “O envolvimento das pessoas pode também ajudar a alertar para o que se passa no terreno em termos de ameaças”, afirma o coordenador. O grupo de trabalho conta com 14 técnicos, mas apenas três deles a tempo inteiro e 11 a tempo parcial. “Alguns dos melhores botânicos são amadores que têm um conhecimento fantástico sobre plantas”, sublinha André Carapeto. Entre estes há professores, investigadores, engenheiros do ambiente, agrónomos, geólogos, militares, matemáticos e reformados.

A avaliação preliminar — cuja lista está publicada no portal http://listavermelha-flora.pt — centrou-se, para já, nas plantas que têm estatuto de proteção de acordo com a Diretiva Habitats da UE. Já constataram que 13 estão “criticamente em perigo” (ver fotos) e quatro estão extintas (das quais não há imagens, nem nomes comuns conhecidos).

Entre as que já desapareceram do território continental português estão a Armeria neglecta, um pequeno arbusto que habitava exclusivamente clareiras de matos do Baixo Alentejo; a Astragalus algarbiensis, uma planta com flor que existiu em prados costeiros e substratos arenosos na Península Ibérica, e que foi colhida por cá pela última vez no século XIX, existindo ainda em estado selvagem em Marrocos; a Euphrasia minima, um arbusto endémico das áreas húmidas de montanha; e a Lindernia procumbens, um terófito que existia nas margens arenosas de cursos de água.

Mas também há boas notícias, como a redescoberta de plantas que já se julgavam extintas. “É sempre fantástico quando encontramos alguma que não se avistava há décadas, como a Viola hirta, um tipo de violeta que não se via desde a década de 90 do século XX e que foi reencontrada em Trás-os-Montes”

Portugal dispõe de livros vermelhos de espécies ameaçadas da fauna de vertebrados e da flora briófita (que integra musgos, hepáticas e antóceros), mas não sabe bem o que se passa com as restantes cerca de três mil espécies de plantas que existem no país, 621 das quais integram a lista da União Internacional para Conservação da Natureza (conhecida pela sigla inglesa IUCN). Na Europa, apenas Portugal, Macedónia e Montenegro não dispõem de Listas Vermelhas da Flora, quando os outros já vão na sua segunda ou terceira revisão. A situação será alterada no final de 2018."   (in expresso.pt por Carla Tomás 07 janeiro 2018)


in vix. com


E quanto às superstições? Aqui vai o que investiguei:

"Quantas horas perdidas à procura de um trevo...mas não um trevo qualquer. Aos magotes, encontram-se os de três folhas, o grande desafio é encontrar o verdadeiro: o trevo-de-quatro-folhas. Como sabemos, um trevo, geralmente, tem apenas três folhinhas - tal como o próprio nome indica (vem de trifolium, que significa "três folhas"). O de quatro é que é que é a chave para as nossas inquietudes. Além do mais, o número quatro é considerado um número de sorte em várias culturas. Mais curioso ainda, repare bem, são sempre quatro: os elementos da natureza, as estações do ano, os pontos cardeais e até as fases da lua."

(Fonte: Livro das Pragas, Agouros, Rezas, Superstições e outros Esconjuros, Guerra e Paz Editores, S.A. 2019)


Quem nunca procurou um trevo de quatro folhas em meio a uma extensa plantação de trevos? O tal trevo é tão raro de ser encontrado que, quando isso acontece, é motivo de festa: os trevinhos são considerados amuletos da sorte. ...(...)
Tudo isso porque, comuns na Europa, nos Estados Unidos, norte da África e norte e oeste da Ásia, são plantinhas que têm apenas três e não quatro folhas. 
Um trevo com quatro ou mais folhas é resultado de uma anomalia genética que acaba originando divisões da folha a mais. Geneticamente, a raridade do trevo de quatro folhas sugere que seu gene recessivo em baixa frequência seja a causa da sua formação.
Porém, trevos de quatro folhas também podem ser resultado de uma mutação somática ou de um erro do desenvolvimento por causas ambientais. Por esse motivo, os Trifoliuns podem ter até mais que quatro folhas. É possível encontrar “trevos da sorte” que possuem cinco, seis ou até mais folhas."  (in vix.com)

sexta-feira, 18 de junho de 2021

"Longe o agouro"...

Desde sempre, ouvíamos os mais velhos dizerem que agouro era um presságio baseado na observação de factos ou objetos, uma profecia, um sinal de uma coisa negativa.

Quem não se lembra, em pequeno, de ouvir o pai ou a mãe dizer em casa: "Meninos, não se põe o chapéu ou o guarda-chuva em cima da cama, que dá azar!". Se o meu pai por acaso via facas cruzadas na mesa, dizia logo para as descruzar porque era sinal de que podia acontecer algo de mau.  

Também era hábito lá em casa ouvir dizer entre nós, quando queríamos livrar-nos de algo, repelindo o que não queríamos que nos acontecesse: "bate lá três vezes na madeira" (=o diabo seja cego, surdo e mudo; ou então, =lagarto, lagarto, lagarto= cruzes canhoto).

E, tal como estes exemplos, há outros, são inúmeros!

Uma superstição que eu ouvia muito a minha mãe era a de não deixar limpar teias de aranha onde as houvesse alojadas, pois para ela, aranhas, aranhiços e aranhões eram sinónimo de "dinheiro"! Deviam ser conservadas, era bom sinal, era dinheiro que vinha aí, e este faz sempre falta numa casa de família, por isso era bem-vindo! Assim como quando caía açúcar na toalha era sinal de sorte ou boa fortuna. Ainda um exemplo de que me lembro, dum copo que se partia, dizia-se logo que era sinal de que alguém tinha inveja de nós, mas se bebêssemos do mesmo copo de um amigo ou amiga, ficávamos a conhecer os seus segredos......

Outra superstição frequente ainda nos dias de hoje: se se oferecer lenços a uma pessoa, esta deve entregar em troca uma ou duas moedas. Na altura, quando eu era miúda, se me ofereciam meia dúzia de lenços, eu retribuía aí com uns 5 escudos; hoje, talvez convenha retribuir com 50 cêntimos..; de contrário, pode acontecer algo de mal...nunca se sabe...! 

No meu imaginário há muitos exemplos, sei que fazem parte dos saberes populares, mas é bom recordá-los e sobretudo pensar que ainda hoje muita gente continua a acreditar em pragas, agouros, rezas, superstições...uns são positivos, outros são negativos...

Partilho aqui algumas explicações para alguns presságios e que encontrei na leitura de um livro que aconselho:


in fnac.pt


Agouro ou presságio é sempre um prognóstico, um vaticínio. Em tempos bem antigos, era a predição feita pelos áugures, os sacerdotes romanos. Esse vaticínio tinha por base a observação do voo e canto das aves. Hoje, um agouro ou presságio é sempre uma predição a respeito do futuro, um indício de um acontecimento nefasto, pode até ser apenas de uma má notícia. Um sinal que prenuncia algo.

Na literatura portuguesa, de imediato, lembramo-nos de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett. Madalena fica intimidada com os agouros de Telmo: "..." não entremos com os teus agouros e profecias do costume: são sempre de aterrar (...) deixemo-nos de futuros (...); mas as tuas palavras misteriosas, as tuas alusões frequentes (...) esses teus contínuos agouros em que andas sempre, de uma desgraça que está iminente sobre a nossa família (...)." Estes temores de Telmo dão força aos de Madalena e indiciam a destruição de toda a sua família, um destino irrevogável. São imensas as referências ao "dia fatal", à "hora fatal", o retrato do Manuel de Sousa a arder, o medo de sexta-feira, e, claro, como não podia deixar de ser, o célebre "Ninguém" do Romeiro.

Também em "Os Maias", de Eça de Queiroz, o tema é recorrente. Quem não se lembra da lenda recordada por Vilaça, segundo a qual "eram sempre fatais aos Maias as paredes do Ramalhete", de Afonso ao se aperceber da semelhança entre o filho Pedro e o avô da sua mulher, que enlouquecera e se enforcara, a sombrinha de Maria Monforte, quando Afonso a vê pela primeira vez: "como uma larga mancha de sangue alastrando a caleche sob o verde triste das ramas".

Por outro lado, Fernando Pessoa, num poema intitulado precisamente "Presságio", julga que o amor apenas é verdadeiro quando não passa de um presságio, existindo apenas no seu interior:

"O amor quando se revela/Não se sabe revelar/Sabe bem olhar p'ra ela/Mas não lhe sabe falar             

Quem quer dizer o que sente/Não sabe o que há-de dizer/Fala: parece que mente/Cala:parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse/Se pudesse ouvir o olhar/E se um olhar lhe bastasse/P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala/Quem quer dizer quanto sente/Fica sem alma nem fala/Fica só, inteiramente/ 

Mas se isto puder contar-lhe/O que não lhe ouso contar/Já não terei que falar-lhe/Porque lhe estou a falar"

A verdade é que, desde sempre, a humanidade procurou interpretar os sinais à sua volta. Os seus significados foram sendo estabelecidos de acordo com um certo padrão de frequência. Observava-se x e, se acontecia y, então atribuía-se a x um determinado significado. O povo encarregou-se de transmitir esses conhecimentos, todo esse saber, passando-o de geração em geração.

Como é óbvio, bons agouros indiciam algo de positivo, enquanto os maus pressagiam acontecimentos ou momentos desastrosos, até mesmo fatais.

(in Livro das PRAGAS, Agouros, Rezas, Superstições e outros Esconjuros", Guerra & Paz Editores, S.A. 1ª edição, março 2019)

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Entornar sal dá azar?

Os livros que reúnem pragas, rezas, agoiros, superstições, são livros preciosos que nos transportam a um mundo cheio de enigmas. 

Para conhecer o seu conteúdo, aqui estou eu para, de vez em quando o dar a conhecer nos meus posts e transmitir quão interessante esse mundo é...

Para começar, vou transcrever do "Livro das pragas, agouros, rezas, superstições e outros esconjuros", da autoria de Guerra e Paz Editores a superstição

Entornar sal dá azar:

imagem obtida in guiadasemana.com.br

"À época, o sal era usado para conservar os alimentos. Aliás, era a única forma de conservá-lo, porque podia haver aquedutos e enormes coliseus, mas arcas frigoríficas é que não. Por isso, o sal era uma espécie de ouro, um dos materiais mais valiosos que havia. Este era um bem tão precioso que, veja-se só, os romanos eram pagos com sal. Muitas foram as fortunas amealhadas à conta do sal. Visto isto, não custa imaginar que era muito importante preservá-lo, evitando derramá-lo, o que não era muito bom sinal, pelo menos para a carteira.
Este era um bem tão precioso que, veja-se só, os romanos eram pagos com sal. Pois é. E também nós! Não consegue lembrar-se? Então no final do mês não recebe o salário? Pois, pois é... salário, de "salarium", em latim. Mais uma herança latina! 
Hoje, mantém-se esta superstição. Não convém nada entornar sal, o azar está logo ali à espreita. Haverá solução? Há, sim. Se acontecer, para afastar o azar, diz quem sabe que devemos atirar um pouco do mesmo por cima do ombro. A tradição diz que o diabo está sempre de pé atrás de nós e, dessa forma, atirando o sal para as nossas costas, conseguimos acertar-lhe nos olhos e cegá-lo. pobre diabo... mas atenção, e isto não é supersticioso: não volte a usar o sal depois de cair no chão, é que pode ter bactérias. 
No entanto, esta não é a única superstição associada ao sal. Há outras. Por exemplo, também se diz que carregar uma quantidade de sal durante o dia traz êxito nos negócios; talvez por isso, julga-se, andem os corretores de Wall Street com uma mão-cheia de sal nos bolsos dos seus Armanis. E o sal ainda serve para mais: à noite, por exemplo, protege dos males ocultos na escuridão.
Concluindo: o sal é importante, e não só para a cozinha. Não o desperdice, traga-o consigo, de dia e de noite, protegendo-se e atraindo a fortuna."

terça-feira, 27 de abril de 2010

O que significa "bater na madeira"?


Há superstições que vêm do tempo da pré-história e a maioria dos povos continua a crer nelas.

É o que se passa, por exemplo, com a expressão "bater na madeira", que é bastante antiga e que "manda" dar pancadinhas nas árvores, por se acreditar que, com esse gesto, se afasta a má sorte da nossa vida.

A explicação reside no facto de os antigos pensarem que os deuses moravam nas árvores;  então, batia-se nos seus troncos, quando se queria afastar os maus espíritos, os maus olhados, o azar...  imaginando que uma divindade ali morasse e os protegesse desses males todos...

Há também um hábito relacionado com o que foi referido: "bater 3 vezes" com os dedos em objectos de madeira (bancos, cadeiras, mesas, tábuas...) e dizendo, por exemplo: "que o azar me vá bem para longe...", "espero que tal não me aconteça"... "Que Deus seja cego, surdo e mudo..." "não quero que tal me aconteça, deixa-me bater na mesa 3 vezes..." (toda esta "ladainha" acompanhada das 3 batidinhas num qualquer objecto feito de madeira).

A verdade é que muitos de nós seguem este ritual e continuam a acreditar em superstições...

Pode encontrar explicações interessantes para muitas destas superstições, no link:
http://colunistas.ig.com.br/obutecodanet/2009/11/23/as-origens-de-11-supersticoes-muito-conhecidas/