sexta-feira, 24 de março de 2023

Francofonia celebra-se no mês de março

Dia Internacional da Francofonia
in rfi.fr

Em Portugal, a festa da francofonia tem tido lugar nestes últimos dias do mês de março.

O programa das diversas Alliances Françaises em Portugal e dos diversos estabelecimentos de lecionação da língua francesa, encontra-se facilmente online.

Pesquisando, encontra-se muita informação e eu escolhi a que aqui partilho neste post.

Francofonia
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A francofonia é a região linguística descontínua e que corresponde à comunidade linguística que envolve todas as pessoas que têm em comum a língua francesa, chamadas de "francófonas" ("francoparlantes" e "francofalantes" são grafias também aceites), o que não indica que possua aspectos culturais semelhantes. Sendo na grande maioria das vezes, culturas extremamente diferentes; exemplo de Quebec e alguns países da África. Integrados nesta comunidade estão também os que têm o francês tanto como segunda língua. 
Essa multiplicidade de países com a língua francesa foi provocada pela expansão marítima que culminou na colonização de territórios por todo o mundo impondo o idioma europeu como primeira ou segunda forma oficial de comunicação. Assim foi feita uma distribuição geográfica da língua francesa, que compreende a análise da distribuição dos milhões de francófonos que há no mundo. É o idioma oficial, ou co-oficial, principalmente, de países americanos, africanos e europeus.


Geograficamente, os francófonos estão concentrados no litoral atlântico. A Guiana Francesa, as Antilhas francesas e as províncias canadenses francofalantes como Quebeque formam a chamada América francófona; os países africanos colonizados pelos franceses, majoritariamente localizados no Atlântico, compõem a África francófona; e a França e seus vizinhos menores, Bélgica, Suíça, Luxemburgo e Mônaco, localizados na Europa.

Estatísticas

Língua oficial

O francês é língua oficial nos seguintes países:

PaísFalantes de 1.ª línguaPopulaçãoDens. pop.Área
 (est. aprox.)(est. Julho 2003)(h/km²)(km²)
 França (Metropolitana)60 000 00060 180 600105547 030
 República Democrática do Congo55 225 478242 345 410
 Canadá6 700 00032 207 00039 976 140
 Madagáscar16 979 900-587 040
 Costa do Marfim16 962 500-322 460
 Guiné10 187 32040,7250 158
 Guiné Equatorial676 00024,128 050
 Camarões15 746 200-422 277
 Mónaco35 352-2
 Burquina Fasso13 228 500-274 200
 Mali11 626 300-1 240 000
 Senegal10 580 400-196 190
 Bélgica4 000 00010 290 000-30 510
 Ruanda7 810 100-26 338
 Haiti7 527 800-27 750
 Suíça(milhões)7 318 638-41 290
 Burundi6 096 156-27 830
 Togo5 429 300-56 785
 República Centro-Africana3 683 600-622 984
 República do Congo2 954 300-342 000
 Gabão1 321 500-267 667
 Comores63,948-2170
 Djibouti457,130-23 000
 Líbano3,971,941-10,400
 Luxemburgo100,000454 1571712586
França Guadalupe442 200-1780
França Martinica390 200-1100
 Vanuatu200 000-12 200
 Seicheles80 469-455



Segunda língua

Embora não seja oficial, o francês é a principal segunda língua nos países seguintes:

PaísPopulaçãoDens. pop.Área
 (est. Julho 2003)(h/km²)(km²)
Argélia32,810,500-2,381,440
Tunísia9,924,800-163,610
Maurícia1,210,500-2,040
Marrocos31,689,600-446,550
Cabo Verde-

Países não francófonos

Estes são os números de francofalantes em países sem qualquer ou muita ligação ao idioma francês.

PaísFrancófonosIncluindo expatriados francesesPopulação do país
 Argélia22 000 000(25 000)34 800 000
 Marrocos17 000 000(60 000)34 000 000
 Tunísia6 000 000(15 000)10 000 000
 Estados Unidos(2 000 000)(233 300)302 000 000
 Israel1 500 000(66 000)[3]7 200 000
 Rússia705 200(819)143 000 000
 Sudão400 000(500)36 000 000
 Países Baixos213 000(20 300)17 000 000
 Alemanha200 000(165 000)82 000 000
 Uganda200 000(200)28 000 000
 África do Sul100 000(7 600)48 000 000
 Turquia100 000(3 400)70 000 000
 Austrália65 000(41 800)20 000 000
Síria Síria65 000(1 900)19 000 000
 Itália60 000(48 000)59 000 000
 Malawi50 300(63)[4]10 600 000
 Gâmbia45 000(150)[5]1 700 000
 Brasil30 000(25 000)184 000 000
 Venezuela20 090(5 800)26 000 000
 Colômbia20 000(3 800)45 000 000
 Chile10 000(6 500)16 000 000
 Catar10 000(700)800 000
 Lituânia8 000(300)3 500 000
 Peru7 600(2 500)
 Nigéria7 500(3 000)
 Paquistão6 000(700)
 Equador5 000(1 400)
 Bolívia5 000(900)
 Noruega4 500(3 000)
 Costa Rica4 000(1 500)
 Hungria3 000(1 900)
 Filipinas3 000(1 600)
 Panamá3 000(500)
Omã Omã3 000(500)
 Iêmen3 000(300)
 Angola2 000(1 200)
 Islândia2 000(200)
 Nicarágua1 500(400)
 Letônia1 500(100)
 Etiópia1 000(400)
 Trinidad e Tobago800(600)
 Zimbabwe700(400)
Flag of Nepal.svg Nepal600(200)
 Estónia400(100)
 Bangladesh300(200)
 Porto Rico[6]
Total48 997 007(611 319)

História


O francês, surgido na França, espalhou-se pelo mundo através da influência, colonizações e descobrimentos dos franceses. Assim, historicamente, ao longo de quase 300 anos, o francês foi também a língua das classes dirigentes e do comércio de Inglaterra desde o tempo da Conquista Normanda até 1362, quando o uso do Inglês foi retomado.

Hoje o poder global da língua francesa já não é o mesmo, diminuiu muito. Contudo, tentativas de recuperação do prestígio vem sendo propostas e realizadas. Nesse sentido, a Aliança Francesa tem um papel muito importante na expansão do francês pelo mundo, sem falar da Organização Internacional da Francofonia.

Instituição



A Organização Internacional da Francofonia (em francês: Organisation internationale de la Francophonie, mais conhecida como La Francophonie), cujo acrónimo é OIF, é uma organização internacional de países e governos francófonos unidos pela língua francesa. Nesses países a língua francesa é oficial ou tem um status privilegiado.

Atualmente a organização tem 55 Estados-membros e treze países observadores. O principal pré-requisito para a admissão não é apenas o uso da língua francesa, mas sim a presença consistente da cultura e língua francesas no contexto identitário de um país, geralmente expressado pela relação privilegiada com a França em sua história.

Legalidade nos países

Estatuto legal na França

A França obriga ao uso do francês em publicações oficiais do governo, na educação (embora estas disposições sejam frequentemente ignoradas pelos imigrantes e filhos de imigrantes) e em contratos legais. Ao contrário do que diz um mal entendido frequente nos meios de comunicação americanos e britânicos, a França não proíbe o uso de palavras estrangeiras em páginas web ou qualquer outra publicação privada, o que de resto iria entrar em conflito com as garantias constitucionais de liberdade de expressão.

Estatuto legal no Canadá

O francês é uma das duas línguas oficiais do Canadá, sendo a outra o inglês. Várias alíneas da Carta de Direitos e Liberdades do Canadálidam com o direito dos canadenses de ter acesso a serviços em inglês e em francês em todo o país. Por lei, o governo federal tem de operar e disponibilizar serviços tanto em inglês como em francês, as actas do Parlamento Canadiano devem ser traduzidas tanto para inglês como para francês e todos os produtos canadenses têm de ser etiquetados tanto em inglês como em francês.

O francês é língua oficial na Nova Brunswick, Territórios do Noroeste, e Nunavut, e é a única língua oficial do Quebeque, segundo a Carta da Língua Francesa.

PESQUISA EFETUADA EM: https://pt.wikipedia.org/wiki/Francofonia

quarta-feira, 22 de março de 2023

Dia Mundial da Água: hoje, 22 de março, é dia de fechar torneiras das 22:00 às 23:00

H2Off

Imagem: world water day


Dia Mundial da Água 2023

O Dia Mundial da Água é celebrado anualmente no dia 22 de março com o objetivo de chamar a atenção para a importância da água doce e defender uma utilização e controlo sustentáveis dos recursos de água potável.

O dia 22 de março foi proclamado como o Dia Mundial da Água através da Resolução 47/193 adotada na Assembleia Geral das Nações Unidas de 22 de dezembro de 1992.

Pretende-se que através da dinamização de diversas atividades, alerte para importância deste recurso natural e se implementem estratégias de preservação e restauração ambiental que protejam o ciclo da água e melhorem a qualidade de vida da população.

Em 2023 o tema é: Acelerar a mudança para resolver a crise de água e saneamento.

A este propósito existe, também, uma campanha global chamada "Be the change", que incentiva as pessoas a agirem em suas vidas para mudar a forma como utilizam, consomem e gerem a água. Estas promessas de indivíduos e comunidades contribuirão para a «Agenda de Ação pela Água» juntamente com compromissos maiores de governos, empresas, organizações, instituições.

Entre os dias 22 e 24 de março irá realizar-se na sede da Assembleia Geral da ONU a Conferência da Água da ONU 2023. Será o primeiro evento deste género organizado em quase 50 anos. O documento final da Conferência servirá de guião para procedimentos futuros. Estes procedimentos, em conjunto com os desafios lançados no âmbito da campanha Be the change, contribuirão para a construção da Agenda de Ação pela Água.

A APDA - Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas promove a ação 

H2Off - Hora de fechar a torneira.

Esta iniciativa pretende estimular a reflexão sobre o uso que se faz da água, consciencializando para que o consumo deste recurso seja mais eficiente e equilibrado.

O desafio consiste em fechar a torneira por uma hora, sem qualquer consumo de água, entre as 22h00 e as 23h00 do dia 22 de março, num gesto deliberado e consciente.

FONTE: https://eurocid.mne.gov.pt/eventos/dia-mundial-da-agua

Dia Mundial da Água assinala-se hoje, dia 22 de março

terça-feira, 21 de março de 2023

O Presidente Chinês de visita à Rússia

Putin e Xi escrevem artigos de jornais: um sente-se "grato", o outro  sente-se "imparcial" - CNN Portugal
imagem obtida em https://cnnportugal.iol.pt


Infelizmente, as notícias "más" correm depressa e inundam os jornais em letras garrafais!

O que Xi Jinping está a fazer em Moscovo, não é mais do que mostrar ao mundo inteiro que apoia Vladimir Putin.

Um Estado (A Rússia), que invade outro (a Ucrânia), cometendo neste as maiores atrocidades e causando tanto mal ao mundo, ainda é apoiado, na figura do seu Presidente,  como se este fosse um herói! 

Considero uma má notícia e sinto uma grande revolta, por todas estas injustiças a que temos assistido nos últimos anos! É este o mundo em que vivemos!

Do que eu gostaria de ler por estes dias, eram notícias a darem-nos a esperança  de negociações entre dirigentes de todo o mundo para encontrar a PAZ definitiva entre as nações que se encontram em guerra permanente! 

Isso, sim, era do que eu gostava! 

Sobre o título do post a  pt.euronews.com  dá a notícia assim:

num texto de Maria Barradas com Agências 
20/03/2023 

Xi Jinping em Moscovo para mostrar apoio a Vladimir Putin

O presidente chinês, Xi Jinping, iniciou esta segunda-feira uma visita de três dias à Rússia, na sua primeira deslocação ao estrangeiro desde que foi reeleito para um histórico terceiro mandato. 

Xi visita um dos seus principais aliados, Vladimir Putin, para discutir, entre outras coisas, as tensões com o ocidente, especialmente com os Estados Unidos, e o conflito na Ucrânia, no qual Pequim parece disposto a interceder, uma vez que também tem mantido tradicionalmente boas relações com Kiev.

O líder chinês chegou a Moscovo no dia seguinte à primeira visita de Putin à Ucrânia - especificamente ao porto de Mariupol, na região de Donetsk - desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Na terça-feira, no Kremlin, os dois líderes vão discutir questões da agenda bilateral e internacional e assinar uma série de acordos importantes, numa reunião aberta, após a qual realizam uma conferência de imprensa conjunta. 

Joseph Torigian, Professor Assistente e especialista em política chinesa fala do objetivo deste encontro para os dois líderes: "Querem afirmar a parceria estratégica (...) para mostrar que as tentativas da América de dividir a relação e tornar a relação dispendiosa para a China não resultarão. Eles querem mostrar ao mundo em desenvolvimento que podem desempenhar um papel construtivo. Querem evitar custos económicos e reputacionais na Europa". 

Mediar o conflito da Ucrânia?

Estão previstas reuniões formais mas, segundo o Kremlin, o que realmente interessa a Moscovo é o encontro informal que Putin e Xi realizam já esta segunda-feira, onde poderão falar "cara a cara" sobre tudo o que quiserem, sem qualquer pressão mediática. Segundo o conselheiro do Kremlin para as questões internacionais, Yuri Ushakov, serão discutidas neste encontro "as questões mais importantes e sensíveis". Ushakov observou que Moscovo aprecia a posição moderada de Pequim sobre a campanha militar da Rússia na Ucrânia.

Após a visita de três dias à Rússia, Xi deverá ter conversações, por videoconferência com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, naquela que seria a primeira conversa entre os dois desde o início da guerra. Os analistas dizem, no entanto, que a probabilidade de um grande avanço sobre a Ucrânia é pequena.

A iniciativa de paz que a China apresentou há algumas semanas não satisfez nem Kiev, nem Moscovo, nem o ocidente, mas colocou Xi no papel de mediador, papel que ele também desempenhou com sucesso entre dois países aparentemente irreconciliáveis, como a Arábia Saudita e o Irão.

A China não condenou publicamente a invasão russa e critica os EUA por fornecerem armas à Ucrânia e a NATO e por não abordarem as preocupações de segurança russas.

Reforço dos laços bilaterais

No entanto, Pequim apela ao diálogo e ao respeito pela integridade territorial de todos os Estados - incluindo a Ucrânia. "Nenhum país deve ditar a ordem internacional", escreveu Xi Jinping num artigo publicado no jornal russo, Rossiyskaya Gazeta, onde se lê também: "A China sempre defendeu uma posição objetiva e imparcial baseada na substância do problema e tem promovido ativamente as conversações de paz".

Neste artigo surgido na véspera da visita, Xi Jinping apresentou a sua visita como uma "viagem de amizade, cooperação e paz", perante os ocidentais que encaram a relação sino-russa com desconfiança. "Estou ansioso por trabalhar com o Presidente Putin para adotarmos uma nova visão" para as relações bilaterais, escreveu.

O presidente russo, Vladimir Putin, publicou, por seu turno, um artigo no Diário do Povo, o órgão oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) distribuído pelo Kremlin, onde diz que a qualidade dos laços entre Moscovo e Pequim é "superior à dos sindicatos políticos e militares da era da Guerra Fria" e aponta a relação com a China como a "a pedra angular da estabilidade regional e global". O chefe do Kremlin escreve ainda que as relações com a China "estimulam o crescimento económico e servem como garante de uma agenda positiva nos assuntos internacionais".

Putin agradece a "atitude equilibrada" da China sobre a "crise ucraniana" e garante que quer resolvê-la por meios políticos e diplomáticos.

Nas conversações entre Pequim e Moscovo participam também os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa russo e chinês para abordarem a cooperação militar e as relações políticas e económicas, que ambos os países consideram estratégicas

Reação ao mandado do TPI

O encontro entre os líderes russos e chineses acontece após a emissão pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) de um mandado de captura contra Vladimir Putin, pela deportação ilegal de menores do território ocupado pelas tropas russas na Ucrânia, o que o tribunal considera um crime de guerra. 

O Kremlin já reagiu, argumentando que o mandado é "legalmente nulo e sem efeito", uma vez que a Rússia não reconhece a jurisdição do TPI.

O antigo presidente russo Dmitry Medvedev, atualmente vice-presidente do Conselho de Segurança Nacional, disse que o Tribunal de Haia poderia ser alvo de um ataque com mísseis russos.

"Pode-se muito bem imaginar um ataque de alta precisão com um míssil hipersónico russo Oniks de um navio russo no Mar do Norte contra o edifício do tribunal em Haia", escreveu ele na rede social Telegram, exortando os juízes do TPI a "olharem cuidadosamente para o céu".

Dia Mundial da Poesia - Hoje, 21 de março

Manuel Alegre - Bertrand Livreiros - livraria Online
imagem obtida in bertrand.pt

CANTAR A LIBERDADE

«Trova do Vento que Passa»

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Manuel Alegre 


Manuel Alegre nasceu em 1936 e estudou na Faculdade de Direito de Coimbra, onde participou activamente nas lutas académicas. Cumpriu o serviço militar na guerra colonial em Angola. Nessa altura, foi preso pela polícia política (PIDE) por se revoltar contra a guerra. Após o regresso exilou-se no norte de África, em Argel, onde desenvolveu actividades contra o regime de Salazar. Em 1974 regressou definitivamente a Portugal, demonstrando, nos vários cargos governamentais que tem desempenhado ao longo dos anos, uma intervenção fiel aos ideais da Liberdade.

A sua poesia foi e é um hino à Liberdade e, talvez seja por isso que é lembrada por muitos resistentes que lutaram contra a ditadura. É considerado o poeta mais cantado pelos músicos portugueses, designadamente Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, Luís Cília, Manuel Freire, António Portugal, José Niza, António Bernardino, Alain Oulman, Amália Rodrigues, Janita Salomé e João Braga.
Sobre a vida e obra de Manuel Alegre consulte:

As mãos

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967


Este poema de Manuel Alegre simboliza a esperança pela Liberdade e foi cantado por Adriano Correia de Oliveira. 
O cantor era um amigo do poeta e companheiro das lutas estudantis em Coimbra.
Anos antes, o convívio entre os dois possibilitou a criação de um poema-cantiga que ficou na história da resistência à Ditadura. *Conta-se que numa noite, em plena Praça da República em Coimbra, Manuel Alegre exprimia a sua revolta:
«Mesmo na noite mais triste/ Em tempo de servidão/ Há sempre alguém que resiste/ Há sempre alguém que diz não».
E Adriano Correia de Oliveira disse «mesmo que não fiquem mais versos, esses versos vão durar para sempre». Ficaram. António Portugal compôs a música. 
«E depois o poema surgiu naturalmente». Tinha nascido a Trova do vento que passa. 
Três dias depois vieram para Lisboa, para uma festa de recepção aos alunos na Faculdade de Medicina. Manuel Alegre fez um discurso emocionado, depois Adriano Correia de Oliveira cantou e quando acabou de cantar:
«foi um delírio, teve de repetir três ou quatro vezes, depois cantou o Zeca, depois cantaram os dois. Saímos todos para a rua a cantar. A Trova do vento que passa passou a ser um hino».

*Eduardo M. Raposo, Cantores de Abril – Entrevistas a cantores e outros protagonistas do Canto de Intervenção, Lisboa, Edições Colibri, 2000.

Ao longo dos tempos, o cantor compôs as mais belas músicas para os poemas de Manuel Alegre, transformando cada palavra num símbolo de esperança e de forçapara aqueles que resistiam, com persistência e sofrimento, à repressão que se vivia em Portugal antes do 25 de Abril.

FONTE:  http://cvc.instituto-camoes.pt

segunda-feira, 20 de março de 2023

Dia Internacional da Felicidade assinala-se hoje


ONU celebra Dia Internacional da Felicidade

20 Março 2023  ODS

Data é assinalada em 20 de março desde 2012; Nações Unidas destacam que erradicação da pobreza e desigualdade contribuiu com o aumento da felicidade e fazem parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

As Nações Unidas marcam o Dia Internacional da Felicidade neste 20 de março.

A data foi criada pela Assembleia Geral da ONU em 2012, apontando a que a felicidade e o bem-estar são metas universais e devem ser reconhecida nas políticas públicas.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

A ONU lembra que a data busca acabar com a pobreza, reduzir desigualdades e proteger o planeta.

Segundo as Nações Unidas, o fim da pobreza e desigualdade e a proteção do planeta são elementos essenciais para a felicidade humana.

Os três aspectos fazem parte dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, que devem ser alcançados até 2030.

Na data, a ONU convida todas as pessoas de qualquer idade, além de todas as salas de aula, empresas e governos a se juntarem a esta celebração.
Contexto

A resolução foi iniciada pelo Butão, um país que reconheceu o valor da felicidade nacional sobre a renda nacional desde o início dos anos 1970 e adotou a famosa meta da Felicidade Interna Bruta no lugar do Produto Interno Bruto.

Também organizou uma reunião de Alto Nível sobre “Felicidade e Bem-Estar: Definindo um Novo Paradigma Econômico” durante a 67ª sessão da Assembleia Geral.

Anualmente, é divulgado um relatório sobre a situação da felicidade mundial. No último ano, o documento destacou que a pandemia de Covid-19, além do sofrimento, contribuiu para o aumento do apoio social e da benevolência.

FONTE: https://news.un.org/

domingo, 19 de março de 2023

DIA DO PAI - Poema de Florbela Espanca dedicado a todos os PAIS

O Dia do Pai em Portugal é comemorado no dia 19 de Março. 

Celebra-se no dia de São José, santo popular da igreja católica, marido de Santa Maria e pai terreno de Jesus Cristo.

A celebração da data varia de país para país. Além de Portugal, também celebram o Dia do Pai no dia 19 de Março países como a Espanha, a Itália, Andorra, Bolívia, Honduras e Liechstenstein.

Origem do Dia do Pai

Existem duas histórias possíveis sobre a origem do Dia do Pai:
1. A instauração do Dia do Pai teve origem nos Estados Unidos da América, em 1909. Sonora Luise, filha de um militar resolveu criar o Dia dos Pais motivada pela admiração que sentia pelo seu pai, William Jackson Smart. A festa foi ficando conhecida em todo o país e em 1972, o presidente americano Richard Nixon oficializou o Dia dos Pais.

2. Na Babilónia, em 2000 A.C. um jovem rapaz de nome Elmesu escreveu numa placa de argila uma mensagem desejando saúde, felicidade e muitos anos de vida ao seu pai.



Dia 19 de Março - dia do Pai



POEMA DEDICADO A TODOS OS PAIS

TER UM PAI

Ter um Pai! É ter na vida
Uma luz por entre escolhos;
É ter dois olhos no mundo
Que veem plos nossos olhos!

Ter um Pai! Um coração
Que apenas amor encerra,
É ver Deus, no mundo vil,
É ter os céus cá na terra!

Ter um Pai! Nunca se perde
Aquela santa afeição,
Sempre a mesma, quer o filho
Seja um santo ou um ladrão;

Talvez maior, sendo infame
O filho que é desprezado
Pelo mundo; pois um Pai
Perdoa ao mais desgraçado!

Ter um Pai! Um santo orgulho
Pro coração que lhe quer
Um orgulho que não cabe
Num coração de mulher!

Embora ele seja imenso
Vogando pelo ideal,
O coração que me deste
Ó Pai bondoso é leal!

Ter um Pai! Doce poema
Dum sonho bendito e santo
Nestas letras pequeninas,
Astros dum céu todo encanto!

Ter um Pai! Os órfaozinhos
Não conhecem este amor!
Por mo fazer conhecer,
Bendito seja o Senhor!

                                      Florbela Espanca