É bem verdade que fazer previsões é sempre difícil, mas os especialistas em alterações climáticas quando falam sobre este tema, manifestam sempre grande preocupação em relação ao que poderá acontecer nesse campo.
Se as previsões do Nobel da Paz Rajendra Pachauri estiverem certas, Portugal pode mudar drasticamente dentro de meio século. Para o ex-presidente do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, as mudanças no clima vão tornar o país mais desértico, afetar as praias, a agricultura, a pesca, o vinho e até a saúde dos seres humanos. Uma visão preocupante, mas que poderá não andar muito longe da realidade de 2064. Se é difícil fazer previsões meteorológicas com alguns dias de antecedência, mais complicado é adivinhar o que se passará daqui a mais de quatro décadas. Mas existem algumas hipóteses.
Alfredo Rocha, climatologista e diretor da licenciatura em Meteorologia, Oceanografia e Geofísica na Universidade de Aveiro (UA), traça um cenário pessimista: «Vamos ter um clima claramente mais quente, sobretudo no interior do país, onde podemos ter um aumento de três a quatro graus em relação à temperatura média atual, mais evidente no centro e norte. Já no litoral, o aumento andará na ordem de 1,5 a dois graus.» Para o docente, o cenário do Acordo de Paris é «dos mais conservadores» e impossível de cumprir. Este prevê que o aumento seja inferior a dois graus relativamente à era pré-industrial - mas já aumentou cerca de 1º C deste então.
O geofísico Filipe Duarte Santos, especialista em alterações climáticas e professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tem uma visão mais otimista: «Em 2064, a temperatura média global vai certamente estar mais alta. A manter-se a tendência atual - aumento de 0,2º por década - teremos uma subida de mais ou menos um grau. Ressalva, no entanto, que há sempre incerteza associada ao que será o comportamento humano.
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(in: dn.pt 30 dezembro 2018, por Joana Capucho)
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