Com tanta polémica à volta do Novo Acordo Ortográfico, os portugueses questionam-se: "Afinal, em que ficamos? Ado(p)ta-se ou não se ado(p)ta?"
Um Acordo aprovado e assinado em 1990...e contiuamos a viver sem saber se havemos de escrever segundo o Novo Acordo ou se continuamos com a grafia antiga... é o que muitos portugueses dizem sentir!
Um Acordo aprovado e assinado em 1990...e contiuamos a viver sem saber se havemos de escrever segundo o Novo Acordo ou se continuamos com a grafia antiga... é o que muitos portugueses dizem sentir!
E como se sentirão os nossos jovens? E os alunos nas escolas como reagirão depois de visualizarem na comunicação social escrita e nos vários canais televisivos tão variada ortografia?!!!
Temos de pensar nas crianças e jovens, que são quem mais sofre com tudo isto. Se "o exemplo vem de cima", há muito para fazer, que é como quem diz, há que trabalhar muito para que tudo funcione corretamente na prática do dia a dia.
Quando se fala no andamento da nova ortografia, há sempre quem diga: "...não se preocupem, mais letra, menos letra, ninguém nota e ninguém nos vem marcar erro...escreva-se o que se escrever, agora está tudo certo...eram h's a mais..., c's a mais e p's a mais...; já para não falar nos hífenes..." Isto ouvi eu de uma senhora na casa dos 70 anos, instruída e com uma licenciatura...! O que não pensará uma pessoa que não pôde estudar!!! Com ou sem instrução, a confusão está instalada!
Para não falar da preocupação que as escolas não estarão a atravessar com tudo isto. Como explicarão os professores aos alunos tantas grafias que se veem, escritas por todo o lado?
Não pode ser! A nossa língua não pode continuar a ser tão mal tratada! Os expert no assunto têm de se impor, já para não falar no Ministério da Educação, entidade que, na minha opinião, deve tomar uma atitude esclarecedora, publicamente!
Deveria pronunciar-se se já está mesmo instalada a nova ortografia em todos os estabelecimentos de ensino, se todos os manuais escolares já estão atualizados de acordo com ela e aconselhar todos os meios de comunicação social a familiarizarem-se com o facto (quanto antes), pois o lascismo vai-se instalando e ninguém se entende.
A adaptação vai até 2015 e vamos continuar a viver este clima até lá? Claro que já houve jornais e canais televisivos que o fizeram, mas isso não chega; quantas vezes estamos a ver um programa num canal em que o novo acordo ortográfico já está implementado e ao mudarmos para outro canal, verificamos que continua a ortografia antiga?
É claro que as pessoas ressentem-se e tudo isto tem feito correr "rios de tinta"... Escolhi vários exemplos para constatarmos este facto, que é real e tanto nos confunde:
"Jornal de Angola ataca "negócios" do acordo ortográfico
Ainda sobre o acordo ortográfico e o editorial do "Jornal de Angola"
O Editorial a seguir faz um apelo para que as diferenças entre os países sejam respeitadas.
“Uma velha tipografia manual em Goa pode ser tão preciosa para a língua portuguesa como a mais importante empresa editorial do Brasil, de Portugal ou de Angola. O importante é que todos respeitem as diferenças e que ninguém ouse impor regras só porque o difícil comércio das palavras assim o exige. Há coisas na vida que não podem ser submetidas aos negócios, por mais respeitáveis que sejam, ou às leis do mercado”. “Os afectos não são transaccionáveis”, acrescenta.
“Uma velha tipografia manual em Goa pode ser tão preciosa para a língua portuguesa como a mais importante empresa editorial do Brasil, de Portugal ou de Angola. O importante é que todos respeitem as diferenças e que ninguém ouse impor regras só porque o difícil comércio das palavras assim o exige. Há coisas na vida que não podem ser submetidas aos negócios, por mais respeitáveis que sejam, ou às leis do mercado”. “Os afectos não são transaccionáveis”, acrescenta.
O Acordo Ortográfico não foi ratificado por Angola e Moçambique e esse foi um dos aspectos invocados por Vasco Graça Moura, director do Centro Cultural de Belém, para defender que as novas regras não devem ser aplicadas em Portugal, o que já está a acontecer nos serviços do Estado.
O escritor, assim que chegou ao CCB, decidiu deixar de aplicar o acordo e o assunto chegou mesmo a ser discutido no parlamento com o líder da oposição, António José Seguro, a pedir ao primeiro-ministro para “desautorizar” o novo presidente da instituição. O governo deu razão a Graça Moura e, pelo menos até 2014 não há acordo no CCB."
"Ricardo Pais:
"Governantes são completamente idiotas" no acordo ortográfico
"Os governantes são completamente idiotas em ter admitido que nós tivéssemos que nos adaptar aos analfabetismos do governo de Lula", diz Ricardo Pais, convidado do Redacção Aberta, que poderá ler esta sexta-feira no Negócios.
Ricardo Pais é contra o acordo ortográfico. O encenador, convidado da “Redacção Aberta” do Negócios, afirma: “os governantes são completamente idiotas em ter admitido que nós tivéssemos que nos adaptar aos analfabetismos do governo de Lula”.
Esta sexta-feira, na edição impressa do Negócios e no Negócios Primeiro, pode ficar a conhecer o que pensa Ricardo Pais de matérias com a cultura, a criação artística e o fado. E ficará também a saber a forma como Ricardo Pais avalia a sua experiência como jurado no programa televisivo “Portugal tem talento”.
"· Omens sem H
Espantam-se? Não se espantem. Lá chegaremos. No Brasil, pelo menos, já se escreve "umidade". Para facilitar? Não parece. A Bahia, felizmente, mantém orgulhosa o seu H (sem o qual seria uma baía qualquer), Itamar Assumpção ainda não perdeu o P e até Adriana Calcanhotto duplicou o T do nome porque fica bonito e porque sim.
Isto de tirar e pôr letras não é bem como fazer lego, embora pareça. Há uma poética na grafia que pode estragar-se com demasiadas lavagens a seco. Por exemplo: no Brasil há dois diários que ostentam no título esta antiguidade: Jornal do Commercio. Com duplo M, como o genial Drummond. Datam ambos dos anos 1820 e não actualizaram o nome até hoje. Comércio vem do latim commercium e na primeira vaga simplificadora perdeu, como se sabe, um M.
Nivelando por baixo, temendo talvez que o povo ignaro não conseguisse nunca escrever como a minoria culta, a língua portuguesa foi perdendo parte das suas raízes latinas. Outras línguas, obviamente atrasadas, viraram a cara à modernização. É por isso que, hoje em dia, idiomas tão medievais quanto o inglês ou o francês consagram pharmacy e pharmacie (do grego pharmakeia e do latim pharmacïa) em lugar de farmácia; ou commerce em vez de comércio.
O português tem andado, assim, satisfeito, a "limpar" acentos e consoantes espúrias. Até à lavagem de 1990, a mais recente, que permite até ao mais analfabeto dos analfabetos escrever sem nenhum medo de errar. Até porque, felicidade suprema, pode errar que ninguém nota. "É positivo para as crianças", diz o iluminado Bechara, uma das inteligências que empunha, feliz, o facho do Acordo Ortográfico.
É verdade, as crianças, como ninguém se lembrou delas? O que passarão as pobres crianças inglesas, francesas, holandesas, alemãs, italianas, espanholas, em países onde há tantas consoantes duplas, tremas e hífens? A escrever summer, bibliographie, tappezzería, damnificar, mitteleuropäischen? Já viram o que é ter de escrever Abschnitt für sonnenschirme nas praias em vez de "zona de chapéus de sol"? Por isso é que nesses países com línguas tão complicadas (já para não falar na China, no Japão ou nas Arábias, valha-nos Deus) as crianças sofrem tanto para escrever nas línguas maternas.
Portugal, lavador-mor de grafias antigas, dá agora primazia à fonética, pois, disse-o um dia outra das inteligências pró-Acordo, "a oralidade precede a escrita". Se é assim, tirem o H a homem ou a humanidade que não faz falta nenhuma. E escrevam Oliúde quando falarem de cinema. A etimologia foi uma invenção de loucos, tornemo-nos compulsivamente fonéticos.
Mas há mais: sabem que acabou o café-da-manhã? Agora é café da manhã. Pois é, as palavras compostas por justaposição (com hífens) são outro estorvo. Por isso os "acordistas" advogam cor de rosa (sem hífens) em vez de cor-de-rosa. Mas não pensaram, ó míseros, que há rosas de várias cores? Vermelhas? Amarelas? Brancas? Até cu-de-judas deixou, para eles, de ser lugar remoto para ser o cu do próprio Judas, com caixa alta, assim mesmo. Só omens sem H podem ter inventado isto, é garantido.
Por Nuno Pacheco
Jornalista, brasileiro"
1 comentário:
A propósito deste assunto, a verdade é que eu acho que não se admite que , por exemplo, o livro de Língua Portuguesa que foi adoptado pela escola do Diogo, para o 6ºano, ainda seja um livro que não está de acordo com o Novo Acordo.Ele já escreve de acordo com as novas regras, mas tem um manual com as regras antigas.
Ou é ou não é!Até confunde a cabeça das crianças.
No caso do livro de Matemática, esse já está de acordo com o N.A.
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