Andando a reler alguns Contos de Eça, senti vontade de partilhar este em especial, por ser deveras emocionante.
Como leitura de verão é um conto de eleição, não só pela história em si, como também pela nossa disponibilidade em período de férias, uma vez que o podemos sentir mais em pleno, deixando que esta escrita maravilhosa nos inunde...
Vou então, transcrever em quatro posts (por 4 dias seguidos) o conto A Aia, de Eça de Queirós, extraído da obra "Seis Contos de Eça de Queirós, recontados por Luísa Ducla Soares, Ed. Terramar."
A Aia
Era uma vez um rei, moço e valente, que partiu a batalhar por terras distantes, deixando só e triste a sua rainha e um filhinho no berço.
A lua cheia que o vira partir começava a mingar quando um dos seus cavaleiros trouxe a amarga notícia de uma batalha perdida e da morte do rei.
A rainha chorou o rei. Chorou o marido. Mas chorou sobretudo o pai que assim deixava um filho, no meio de tantos inimigos.
O pior desses inimigos era o tio da criancinha, homem bravio como um lobo, que queria mandar naquele reino e ter grandes tesouros.
Vivia num castelo,no alto dos montes, com os seus guerreiros.
Grande perigo corria o principezinho, que dormia no berço com um guizo de ouro fechado na mão!
Ao lado dele, outro menino dormia noutro berço. Era um escravozinho moreno, filho da escrava que dava de mamar ao príncipe.
Tinham nascido na mesma noite, eram ambos belos, cada uma à sua maneira. Mas o berço de um era feito de marfim, e o do outro, de verga.
A leal escrava amava os dois: um porque era seu filho, outro porque seria seu rei.
imagem obtida em: mena-emaccao.blogspot.com |
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