Significado: "vontade súbita e irrefletida: as crianças têm caprichos. Variabilidade de gostos ou de ideias: os caprichos da moda. Obstinação. Sentimento de amor-próprio: fazer capricho em levar a sua avante.
Locução adverbial: A capricho, esmeradamente."
(in Dicionário Prático Ilustrado Lello, 1995)
Outra definição (in dicio.com.br):
E ainda mais uma outra, muito interessante e mais completa:
"Amuos e ciúmes normalmente assentam em caprichos amorosos, uma das palavras com uma das etimologias mais arrevesadas e difíceis de explicar que conheço. Não há dúvida de que vem do italiano capriccio; mas o que queria dizer o termo nesta língua? Terá vindo de uma palavra arcaica, capriccio formada a partir de capo, do latim caput, "cabeça" (v. "capital" e "cabedal"), e o adjectivo riccio, "eriçado", por sua vez com origem no latim ericius, ouriço, pois alguém "eriçado" fica com a pele parecida com um ouriço. Um capvriccio era algo que fazia com que os pêlos do nosso corpo ficassem eriçados, o que costuma acontecer com um susto ou com uma emoção particularmente fortes. Mas que faz um ouriço, uma cabeça e pêlo eriçado num capricho? Ajudará ainda mais à confusão acrescenta que alguns etimologias italianos explicam a evolução de caporiccio em capriccio por influência de capra (do latim, capra, cabra), dado o comportamento aparentemente caprichoso deste animal. Bom, a verdade é que a palavra queria primeiro dizer "motivo de susto, algo que causa medo", e só por volta do século XVI se começou a especializar no sentido de "desejo veemente", já mais perto do significado actual. Como é que chegamos de um sentido ao outro? Provavelmente esta acepção veio do mundo das artes, em que capriccio designava o momento em que o artista tinha uma inspiração súbita, literalmente de "arrepiar o cabelo", entendida também como uma epifania, uma ideia estranha, súbita, esquisita. Isto foi entendido como um capricho, ou seja, uma vontade repentina de fazer qualquer coisa não justificada, que é aquilo que por vezes acontece quando alguém cria uma obra de arte... Como vêem, estamos perante uma palavra que envolve medo, susto, ouriços, cabras, cabeças e fulgurante inspiração artística. As palavras, de facto, fazem viagens inacreditáveis." (in Palavras que falam por nós, de Pedro Braga Falcão, Clube do Autor, 2015)
"Amuos e ciúmes normalmente assentam em caprichos amorosos, uma das palavras com uma das etimologias mais arrevesadas e difíceis de explicar que conheço. Não há dúvida de que vem do italiano capriccio; mas o que queria dizer o termo nesta língua? Terá vindo de uma palavra arcaica, capriccio formada a partir de capo, do latim caput, "cabeça" (v. "capital" e "cabedal"), e o adjectivo riccio, "eriçado", por sua vez com origem no latim ericius, ouriço, pois alguém "eriçado" fica com a pele parecida com um ouriço. Um capvriccio era algo que fazia com que os pêlos do nosso corpo ficassem eriçados, o que costuma acontecer com um susto ou com uma emoção particularmente fortes. Mas que faz um ouriço, uma cabeça e pêlo eriçado num capricho? Ajudará ainda mais à confusão acrescenta que alguns etimologias italianos explicam a evolução de caporiccio em capriccio por influência de capra (do latim, capra, cabra), dado o comportamento aparentemente caprichoso deste animal. Bom, a verdade é que a palavra queria primeiro dizer "motivo de susto, algo que causa medo", e só por volta do século XVI se começou a especializar no sentido de "desejo veemente", já mais perto do significado actual. Como é que chegamos de um sentido ao outro? Provavelmente esta acepção veio do mundo das artes, em que capriccio designava o momento em que o artista tinha uma inspiração súbita, literalmente de "arrepiar o cabelo", entendida também como uma epifania, uma ideia estranha, súbita, esquisita. Isto foi entendido como um capricho, ou seja, uma vontade repentina de fazer qualquer coisa não justificada, que é aquilo que por vezes acontece quando alguém cria uma obra de arte... Como vêem, estamos perante uma palavra que envolve medo, susto, ouriços, cabras, cabeças e fulgurante inspiração artística. As palavras, de facto, fazem viagens inacreditáveis." (in Palavras que falam por nós, de Pedro Braga Falcão, Clube do Autor, 2015)
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