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imagem encontrada em: imbd.com |
Escolhi transcrever para o meu post de hoje uma citação de um grande dramaturgo, escritor, poeta e ativista francês - Jean Genet.
Ele obriga-nos a refletir muito nela, pois as suas palavras, traduzem um pensamento demasiado profundo, difícil de assimilar logo após uma primeira leitura. Pelo menos, é o que sinto. E mesmo depois de várias leituras, é provável que só ele saberia o verdadeiro significado do que escreveu.
E o seu pensamento foi:
"Je hasarde une explication:
écrire c'est le dernier recours quand on a trahi."
Jean Genet
Tradução:
"Arrisco uma explicação :
escrever é o último recurso quando se trai."
Penso que para Jean Genet, que ama a escrita acima de tudo, sente (penso eu), que quando se trai, seja em que domínio for, é um ato voluntário, o "eu" fê-lo expressamente.
E talvez, se houver algo semelhante a um "arrependimento" ou uma espécie de "consciência pesada" da parte de quem traiu, deve recorrer à escrita, passando dos atos às palavras? Será um último recurso onde talvez se queira refugiar? E de que modo? Interiormente? Espiritualmente? E essa "traição" é em relação à própria literatura, que se serve da escrita? Será?
Como sabemos, analisar e interpretar um texto é sempre subjetivo. Cada um pensa e sente de modo diferente. E aparecem análises que nunca nos terão passado pela cabeça.
É assim que vamos aprendendo, mesmo sem se ser "especialista" no assunto. Assiste-nos o direito à diversidade de opiniões.
*Edgar Morin, sociólogo e filósofo francês, argumentou que "a grande fronteira da contemporaneidade é a compreensão da relação entre diversidade e unidade".
Segundo ele, diversidade é a manifestação da unidade. A cultura, para ele, é um conceito universal, mas não há duas culturas iguais. A linguagem é universal, mas as manifestações de cada língua são diferentes.
(adaptei de www.fronteiras.com)
Concordo em absoluto com Edgar Morin: "A diversidade é a manifestação da unidade."
Jean Genet (Paris, 19 de dezembro de 1910 – 15 de abril de 1986) foi um proeminente e controverso escritor, poeta, dramaturgo e ativista.
Biografia
Jean nasceu na capital francesa, em 1910. Filho de uma prostituta que o criou até os 7 meses de vida e de pai desconhecido, foi posto para adoção e depois criado na pequena cidade de Alligny-en-Morvan. A família adotiva era comandada por um pai carpinteiro e segundo sua biografia era amorosa e atenciosa. Jean estudou em boas escolas, mas na infância Jean tentou fugir de casa várias vezes e foi pego realizando pequenos furtos.[1]
Após a morte de sua mãe adotiva, Jean foi morar com um casal mais velho com quem ficou por menos de dois anos. Jean passava as noites fora, usava maquiagem e roubava com frequência. Certa ocasião, ele esbanjou uma soma considerável de dinheiro, que lhe haviam confiado para entrega em outro lugar, em uma visita a uma feira local.[1]
Por esta e outras contravenções, incluindo atos repetidos de vadiagem, ele foi enviado com 15 anos de idade para a Colônia Penal de Mettray, onde ficou detido de 2 de setembro de 1926 a 1 de março de 1929. Ao ser libertado, ele se alistou na Legião Estrangeira Francesa, mas foi dispensado sem honras por "atos indecentes" com outros colegas. Depois disso, ele passou um tempo vagando e roubando e, algumas vezes, se prostituindo para poder sobreviver.[1]
Jean retornou a Paris em 1937 e entrou e saiu da prisão por uma série de crimes menores como furtos e falsificação. Na prisão, Jean escreveu seu primeiro poema, "Le condamné à mort", impresso por ele mesmo, além do romance Nossa Senhora das Flores (1944). Seus primeiros trabalhos, Nossa Senhora das Flores e O Milagre da Rosa, chamaram a atenção de Jean Cocteau, mas foi através da influência de Jean Paul Sartre que ficou famoso.[2]
Carreira
Cocteau se valeu de seus contatos para que o livro de Jean fosse publicado e em 1949, quando Jean enfrentava a possibilidade de ser condenado à prisão perpétua, Cocteau e outras importantes figuras do cenário artístico francês, como Sartre e Pablo Picasso, pediram e conseguiram junto ao presidente francês que a pena fosse suspensa. Jean nunca mais voltou à prisão.[2]
Depois do suicídio de um de seus amantes e do amigo e tradutor Bernard Frechtman, ele próprio tentou se matar. Genet passou a década de 1960 colhendo frutos de sucesso de seus romances, peças e roteiros. Mas, a partir dos anos 1970 até a sua morte, em 1986, engajou-se na defesa de trabalhadores imigrantes na França, assumiu a causa dos palestinos e envolveu-se com líderes de movimentos norte-americanos como Panteras Negras e Beatniks.[2]
Publicou suas memórias no livro "Diário de um Ladrão", onde narra suas aventuras e andanças pela Europa, suas paixões e seus sentimentos.
O Balcão tornou-se uma montagem de grande sucesso no teatro brasileiro, encenada pelo diretor argentino Victor Garcia, numa cenografia muito peculiar e inovadora, produzida por Ruth Escobar na sala Gil Vicente em 1969. Morte
Jean morreu em 15 de abril de 1986, em Paris, aos 75 anos, devido a um câncer na garganta.[3]
Referências
↑ Ir para: a b c Carlos Eduardo Ortolan Miranda (ed.). «O destino libertário de Jean Genet». Revista Cult. Consultado em 21 de setembro de 2021
↑ Ir para: a b c d Magedera, Ian H. (2014). Outsider Biographies; Savage, de Sade, Wainewright, Ned Kelly, Billy the Kid, Rimbaud and Genet: Base Crime and High Art in Biography and Bio-Fiction, 1744-2000. Nova Iorque: Rodopi. ISBN 978-90-420-3875-2
↑ «Jean Genet, the playwriter, dies at 75». The New York Times. Consultado em 21 de setembro de 2021
Pesquisei em: pt.wikipedia.org
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