quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Um Poema de Almeida Garrett



Destino


Quem disse à estrela o caminho


Que ela há-de seguir no céu?


A fabricar o seu ninho


Como é que a ave aprendeu?


Quem diz à planta – “Floresce!” -


E ao mudo verme que tece


Sua mortalha de seda


Os fios quem lhos enreda?




Ensinou alguém à abelha


Que no prado anda a zumbir


Se à flor branca ou à vermelha


O seu mel há-de ir pedir?




Que eras tu meu ser, querida,


Teus olhos a minha vida,


Teu amor todo o meu bem…


Ai! não mo disse ninguém.


Como a abelha corre ao prado,


Como no céu gira a estrela,


Como a todo o ente o seu fado


Por instinto se revela,


Eu no teu seio divino


Vim cumprir o meu destino…


Vim, que em ti só sei viver,


Só por ti posso morrer.






Almeida Garrett






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