Desapareceu de entre nós um grande amigo de Portugal e um dos maiores vultos da arte moçambicana, o que nos faz sentir mais pobres, culturalmente: o pintor Malangatana sucumbiu, aos 74 anos, após vários dias de internamento, no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos.
Malangatana Valente nascera a 6 de Junho de 1936, numa povoação de nome Matalana (pertencente ao distrito de Marracuene, perto de Lourenço Marques, hoje conhecida por Maputo).
Em criança, estudou só até à terceira classe. Aos 11 anos foi trabalhar, e pode dizer-se que na sua vida, fez um pouco de tudo: foi pastor de gado, empregado de bar, mainato (empregado doméstico que, normalmente, passa a roupa a ferro), aprendiz de curandeiro, apanha-bolas num clube de ténis e tomou conta de crianças.
Começou a vender quadros há 50 anos, tendo decidido instalar-se com a família, em Maputo. Também fez gravura, cerâmica, escultura; foi ainda poeta, músico, deputado, filantropo, ator e dançarino.
Os portugueses Augusto Cabral (biólogo e artista plástico) e o arquiteto Pancho Guedes ajudaram-no a iniciar-se na pintura. Passados alguns meses, Malangatana decidiu fazer uma exposição, obtendo grande sucesso.
Nas suas pinturas, Matalana está sempre presente, bem como a guerra civil ou a opressão colonial; o quotidiano é uma constante, mas a paz e a sensualidade também acabam por surgir nas suas obras, principalmente nestes últimos anos do seu trabalho.
Criou o Museu Nacional de Arte de Moçambique, dinamizando o Núcleo de Arte, foi colaborador da UNICEF e fundou um Centro Cultural em Matalana. Expôs em muitos países estrangeiros, tais como (para além de Portugal e de Moçambique), na Áustria, na Alemanha, em Angola, em Cuba, na Índia, nos Estados Unidos, na Bulgária, no Chile, no Brasil... Foi bolseiro da Gulbenkian.
Maputo e a cidade da Beira, bem como a Suécia, a Colômbia, a África do Sul e a Suazilândia, têm a felicidade de possuir alguns murais seus. Muitas outras obras encontram-se em coleções privadas, museus, galerias...
Há pouco tempo, em Évora, recebeu o título de doutor honoris causa; a Unesco nomeou-o Artista pela Paz e Portugal atribuiu-lhe uma medalha da Ordem do Infante D. Henrique.
Pesquisa efectuada em:
http://www.instituto-camoes.pt/noticias-ic-portugal/morreu-o-pintor-mocambicano-malangatana.html
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