domingo, 13 de novembro de 2011

Vamos recordar um pouco da poesia de António Nobre


Paz!

 E a Vida foi, e é assim, e não melhora.

Esforço inutil, crê! Tudo é illuzão...

Quantos não scismam n'isso mesmo a esta hora

Com uma taça, ou um punhal na mão!

Mas a Arte, o Lar, um filho, Antonio? Embora!

Chymeras, sonhos, bolas de sabão.

E a tortura do além e quem lá mora!

Isso é, talvez, minha unica afflicção...


Toda a dor pode suspportar-se, toda!

Mesmo a da noiva morta em plena boda,

Que por mortalha leva... essa que traz...


Mas uma não: é a dor do pensamento!

Ai quem me dera entrar n'esse convento

Que ha além da Morte e que se chama A Paz!



                                       António Nobre, in 'Só'





























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