quarta-feira, 10 de abril de 2013

Para refletir...um artigo de Viriato Soromenho Marques



"União Europeia morreu em Chipre"

VIRIATO SOROMENHO MARQUES - DN 26-03-2013

"União Europeia morreu em Chipre" por VIRIATO SOROMENHO MARQUES - DN
26-03-2013 

"Quando as tropas norte-americanas libertaram os campos de extermínio nas áreas conquistadas às tropas nazis, o general Eisenhower ordenou que as populações civis alemãs das povoações vizinhas fossem obrigadas a visitá-los. 

Tudo ficou documentado. Vemos civis a vomitarem.
Caras chocadas e aturdidas, perante os cadáveres esqueléticos dos judeus
que estavam na fila para uma incineração interrompida. 

A capacidade dos seres humanos se enganarem a si próprios, no plano moral, é quase tão infinita como a capacidade dos ignorantes viverem alegremente nas suas cavernas povoadas de ilusões e preconceitos. 

O povo alemão assistiu ao desaparecimento dos seus 600 mil judeus sem dar por isso. Viu desaparecerem os médicos, os advogados, os professores, os músicos, os cineastas, os banqueiros, os comerciantes, os cientistas, viu a
hemorragia da autêntica aristocracia intelectual da Alemanha. 

Mas em 1945, perante as cinzas e os esqueletos dos antigos vizinhos, ficaram
chocados e surpreendidos. Em 2013, 500 milhões de europeus foram
testemunhas, ao vivo e a cores, de um ataque relâmpago ao Chipre. Todos
vimos um povo sob uma chantagem, violando os mais básicos princípios da
segurança jurídica e do estado de direito. Vimos como o governo Merkel
obrigou os cipriotas a escolher, usando a pistola do BCE, entre o
fuzilamento ou a morte lenta. 

Nos governos europeus ninguém teve um só gesto de reprovação. A Europa é hoje governada por Quislings e Pétains.

A ideia da União Europeia morreu em Chipre. As ruínas da Europa como a
conhecemos estão à nossa frente. É apenas uma questão de tempo. Este é o
assunto político que temos de discutir em Portugal, se não quisermos um
dia corar perante o cadáver do nosso próprio futuro como nação digna e
independente."

 

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