segunda-feira, 2 de setembro de 2013

.../... "A Aia" (IV)

Abriram-se as grossas portas, destrancaram-se as janelas gradeadas. À luz da madrugada, a sala brilhava como um incêndio de ouro e pedrarias. Do chão ao tecto, reluziam escudos de ouro, armas trabalhadas, montões de diamantes, pilhas de moedas, fios de pérolas. Todas as riquezas acumuladas por cem reis durante vinte séculos!
Ah! - exclamou a multidão.
Todos estavam ansiosos. Mas a ama não se movia...
Olhava para o céu, além das grades, e pensava no seu menino, que lá devia estar. Já era tarde, o menino decerto chorava e procurava o seu peito.
A ama sorriu e estendeu a mão.
Que jóia maravilhosa, que fio de diamantes, que punhado de rubis ia ela escolher?
A ama estendeu a mão e agarrou um punhal! Era um punhal todo enfeitado com esmeraldas, que valia uma província.
Agarrada ao punhal, gritou:
- Salvei o meu príncipe. Agora vou dar de mamar ao meu filho!
E cravou o punhal no coração.

imagem obtida em: portefoliodigitalpedrolp.blogspot.com
(FONTE destes 4 últimos posts: "Contar/Recontar Seis Contos de Eça de Queirós, recontados por Luísa Ducla Soares, Terramar)

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