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"Moção de censura. Governo era o alvo mas o tiro foi para o PS
O
sim do PS à moção do PCP e a disputa da liderança socialista
dominaram um debate em que a derrota eleitoral da maioria passou para
segundo plano
O
governo enfrentava a sexta moção de censura - a terceira pelas mãos do
PCP -, mas ontem foi o PS que esteve sob fogo cruzado no debate na
Assembleia da República. Com voto a favor ou contra dos socialistas, a
moção tinha chumbo garantido à partida. Mas quer a "indicação de voto"
que veio da liderança da bancada parlamentar do PS - pelo sim, como o
secretário-geral se apressou a indicar -, quer a própria convulsão
interna pela disputa da liderança que marcou a semana do PS, puseram o
partido debaixo dos holofotes da maioria e da restante oposição.
Para o PCP, era claro que a moção seria chumbada. Com os resultados do último domingo em mente, Jerónimo de Sousa abriu o debate dizendo que, independentemente do "desfecho" da votação, "e seja qual for a decisão do Presidente da República, esta maioria já só existe aqui". Foi esse o argumento a que os comunistas se agarraram para justificar a moção - a maioria eleitoral de 2011 ficou algures pelo caminho, durante a aplicação do Memorando.
Mas os partidos da coligação não quiseram deixar passar em branco a assinatura de cruz do PS a uma moção que rejeita o pagamento da "parte ilegítima da dívida" do país, que lança as bases para a saída de Portugal do euro e que assume ainda o princípio da nacionalização de empresas. Depois de Jerónimo de Sousa abrir as hostilidades, Pedro Passos Coelho apontou de imediato baterias ao PS para dizer que estes pressupostos "não podem merecer o apoio do principal partido da oposição, sob pena de cair em contradição". O sim do PS significaria, nas palavras de Passos Coelho, uma "incoerência política grave e irremediável".
Seguro não esteve no plenário na primeira metade do debate (ver texto ao lado). José Junqueiro, Alberto Martins e António Braga foram, por isso, os guardiães do partido. Do púlpito, foi Braga quem assumiu parte da tarefa de separar a posição do PS da do PCP, ao reforçar a ideia de que o governo "merece censura" e que, "por razões de verdade histórica e de divergência política" os socialistas se distanciavam "totalmente" do caminho "alternativo" do PCP.
Mas o CDS não quis deixar cair a bola e Nuno Magalhães carregou na mesma tecla, ao sublinhar que "um dos partidos que é censurado" no documento (o PS), se preparava para votar a favor do texto da moção. O vice-primeiro-ministro Paulo Portas, que encerrou o debate, também mostrou surpresa pela "forma como o PS [...] se deixou enredar" pela estratégia do PCP, mais focado em "ultrapassar e embaraçar" os socialistas que em censurar o governo.
movimentações internas
As referências à crise na actual liderança socialista foram menos frequentes, mas nem por isso deixaram de marcar o debate.
O líder da bancada do PSD foi um dos deputados que mais directamente pôs o dedo na ferida. Ainda António José Seguro não tinha decidido entrar no plenário quando o líder parlamentar social-democrata, Luís Montenegro, se referiu às "questões internas" do PS para sublinhar que o partido tem "dois candidatos a líder" com "um alinhamento estratégico": é que "ambos defendem o voto a favor" da moção.
Na mesma linha de António Braga, Junqueiro mostrou-se em "total desacordo" com os pressupostos da moção do PCP. Primeiro, porque "é preciso saber que nacionalizações são estas" que os comunistas defendem; depois, porque era preciso que os comunistas explicassem como seria "o dia a seguir" a uma saída de Portugal da moeda única. O líder da bancada também entrou em jogo para colocar a pressão sobre a maioria e o executivo. "A legitimação social deste governo está pelas ruas da amargura" e, com uma referência de passagem pelo Tribunal Constitucional, Alberto Martins acrescentava que "há muito que tem posta em causa a legitimação democrática".
No Bloco de Esquerda, Catarina Martins quis recentrar o debate, ao lembrar o governo - representado em peso no parlamento - de que, após três anos de ajustamento, "há um país que está mais desigual e menos preparado para o futuro"."
Para o PCP, era claro que a moção seria chumbada. Com os resultados do último domingo em mente, Jerónimo de Sousa abriu o debate dizendo que, independentemente do "desfecho" da votação, "e seja qual for a decisão do Presidente da República, esta maioria já só existe aqui". Foi esse o argumento a que os comunistas se agarraram para justificar a moção - a maioria eleitoral de 2011 ficou algures pelo caminho, durante a aplicação do Memorando.
Mas os partidos da coligação não quiseram deixar passar em branco a assinatura de cruz do PS a uma moção que rejeita o pagamento da "parte ilegítima da dívida" do país, que lança as bases para a saída de Portugal do euro e que assume ainda o princípio da nacionalização de empresas. Depois de Jerónimo de Sousa abrir as hostilidades, Pedro Passos Coelho apontou de imediato baterias ao PS para dizer que estes pressupostos "não podem merecer o apoio do principal partido da oposição, sob pena de cair em contradição". O sim do PS significaria, nas palavras de Passos Coelho, uma "incoerência política grave e irremediável".
Seguro não esteve no plenário na primeira metade do debate (ver texto ao lado). José Junqueiro, Alberto Martins e António Braga foram, por isso, os guardiães do partido. Do púlpito, foi Braga quem assumiu parte da tarefa de separar a posição do PS da do PCP, ao reforçar a ideia de que o governo "merece censura" e que, "por razões de verdade histórica e de divergência política" os socialistas se distanciavam "totalmente" do caminho "alternativo" do PCP.
Mas o CDS não quis deixar cair a bola e Nuno Magalhães carregou na mesma tecla, ao sublinhar que "um dos partidos que é censurado" no documento (o PS), se preparava para votar a favor do texto da moção. O vice-primeiro-ministro Paulo Portas, que encerrou o debate, também mostrou surpresa pela "forma como o PS [...] se deixou enredar" pela estratégia do PCP, mais focado em "ultrapassar e embaraçar" os socialistas que em censurar o governo.
movimentações internas
As referências à crise na actual liderança socialista foram menos frequentes, mas nem por isso deixaram de marcar o debate.
O líder da bancada do PSD foi um dos deputados que mais directamente pôs o dedo na ferida. Ainda António José Seguro não tinha decidido entrar no plenário quando o líder parlamentar social-democrata, Luís Montenegro, se referiu às "questões internas" do PS para sublinhar que o partido tem "dois candidatos a líder" com "um alinhamento estratégico": é que "ambos defendem o voto a favor" da moção.
Na mesma linha de António Braga, Junqueiro mostrou-se em "total desacordo" com os pressupostos da moção do PCP. Primeiro, porque "é preciso saber que nacionalizações são estas" que os comunistas defendem; depois, porque era preciso que os comunistas explicassem como seria "o dia a seguir" a uma saída de Portugal da moeda única. O líder da bancada também entrou em jogo para colocar a pressão sobre a maioria e o executivo. "A legitimação social deste governo está pelas ruas da amargura" e, com uma referência de passagem pelo Tribunal Constitucional, Alberto Martins acrescentava que "há muito que tem posta em causa a legitimação democrática".
No Bloco de Esquerda, Catarina Martins quis recentrar o debate, ao lembrar o governo - representado em peso no parlamento - de que, após três anos de ajustamento, "há um país que está mais desigual e menos preparado para o futuro"."
(in http://www.ionline.pt/artigos/portugal/mocao-censura-governo-era-alvo-tiro-foi-ps/pag/-1)
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