Este é mais um caso em que não posso deixar de me perguntar: onde está a justiça portuguesa? Como confia tanto em certo tipo de "arguidos" e depois se lê na comunicação social que conseguiram fugir do país? Confiaram demasiado?
Não condeno ninguém, não tenho esse direito como ser humano, as devidas instâncias é que se encarregam disso, mas como cidadã, tenho de sentir que vivo com alguma qualidade de vida e segurança.
Tendo encontrado na Net, numa parte das minhas leituras matinais, um artigo elucidativo sobre a atuação de João Rendeiro, antigo presidente do Banco Privado Português, em que este considera que a justiça portuguesa está ser "injusta" para consigo, (e di-lo sem rodeios no seu blog Arma Crítica), não posso deixar de o partilhar aqui neste meu "post", para que possamos compreender como é possível certos factos terem lugar.
E volto a questionar-me: mas afinal, em que parte do mundo se encontra este senhor agora? É que li que já conseguiu sair da Europa...!!! Sinto tristeza e sofro por acontecerem casos destes, não tenho nenhum prazer em ver seres humanos nestas situações, mas...a Justiça tem de exercer o seu papel, "corrigindo" os cidadãos.
E assim sendo, qual vai ser a atuação por parte da justiça portuguesa? E com as tecnologias tão desenvolvidas, as polícias internacionais não conseguem localizá-lo?
É que quem continua lesado por ações de certas "personagens" de destaque ligadas à Banca do nosso país, continua a ver os culpados ficarem quase sempre impunes...claro que não pode ser assim!
Isso sim, isso é que é tremendamente injusto!
| imagem in eco.sapo.pt |
O "APANHA-ME SE PUDERES" DE RENDEIRO
Nos anos 60, nos Estados Unidos da América, o adolescente Frank Abagnale Jr andou a "tourear" as autoridades, numa senda de fraudes e burlas que o levaram a fazer-se passar por professor, médico ou advogado. A sua história, e a da obsessiva perseguição por parte de Carl Hanratty, agente do FBI que anda sempre um passo atrás até conseguir detê-lo, era tão boa que deu um filme, "Apanha-me se puderes", de Steven Spielberg, em 2002, com Leonardo DiCaprio como o jovem vigarista e Tom Hanks como o seu perseguidor.
Ora a justiça portuguesa está a viver um momento que faz lembrar esse filme, mas claramente numa produção low-cost de série B. João Rendeiro, o fundador e antigo presidente do Banco Privado Português, pôs-se ao fresco apesar de já estar condenado a pena efetiva de prisão. E, lá de longe (de onde, não se sabe), deita a língua de fora aos juízes e avisa que não tenciona voltar. Com um argumento curioso: está a agir em legítima defesa contra uma justiça injusta. "Neste contexto, a minha ausência é ato de legítima defesa contra uma justiça injusta. Assumo a responsabilidade no quadro dos atos bancários que pratiquei, mas não me sujeito, sem resistência, a esta violência", afirma Rendeiro na longa declaração colocada esta madrugada no seu blog, "Arma Crítica".
"Apanha-me se puderes", versão Portugal 2021.
Rendeiro estava já condenado quando saiu do País, em direção a Londres. Para tal, bastou-lhe comunicar esse facto, uma vez que lhe foi aplicada como medida de coação apenas o Termo de Identidade e Residência. Nesse momento, não passou pela cabeça de ninguém agravar essa medida de coação por perigo de fuga. Como contacto às autoridades, Rendeiro deixou uma morada onde aparentemente nunca terá estado. Também não passou pela cabeça de ninguém, já com Rendeiro alegadamente em Londres, alertar as autoridades britânicas para, no mínimo, avisarem as portuguesas se o senhor tentasse comprar um bilhete de avião para qualquer lado que não Portugal. E lá fomos, cantando e rindo.
Mais recentemente, a juíza num dos três processos em que Rendeiro foi condenado obedeceu a uma delícia burocrática: chamou o senhor para estar em Lisboa esta sexta-feira, para lhe alterar a medida de coação, que passaria a ser de prisão efetiva. Estranhamente, o ex-banqueiro não acedeu ao convite para ser preso e, na verdade, até ao momento ainda não foi emitido qualquer mandato de detenção, apesar de um dos processos em que foi condenado ter já transitado em julgado.
A arte imita a vida que imita a arte.
A diferença é que Frank Abagnale, apesar de ser um adolescente, era um mestre do disfarce e um temerário. A Rendeiro bastou comprar um bilhete de avião, avisar que ia ali dar um saltinho a Londres a poucos dias de, previsivelmente, começar a cumprir pena de prisão.
Pensando bem, a justiça portuguesa não está ao nível de Hollywood. Parece mais a famosa guerra do Solnado, a rábula na qual até há um prisioneiro tão teimoso, mas tão teimoso, que não quis ir com os seus empenhados captores.
in VISÃO DO DIA: O "APANHA-ME SE PUDERES" DE JOÃO RENDEIRO por Tiago Freire Editor 29/09/2021 |
|
Sem comentários:
Enviar um comentário