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O Poeta Eugenio de Andrade escreveu:
"Março voltou, esta
ácida loucura de pássaros
está outra vez à nossa porta,
o ar
de vidro vai direito ao coração".
De vez em quando gosto de consultar o livro de Manuel Costa Alves "Mudam os ventos, mudam os tempos", (Gradiva maio 2006) e sei que encontro sempre curiosidades muito interessantes sobre meteorologia. A propósito de março, e que acabámos de iniciar, escreve ele assim:
Março tem as costas largas: é variável, agreste, desabrido. Umas vezes é demasiado quente e seco, como tem acontecido frequentemente desde 1990, e em 1999 foi mesmo o mês em que se verificou a maior área florestal ardida no ano; outras. vezes é frio e ventoso, outra, ainda, quente e chuvoso. Não podemos levar-lo demasiado a sério e, no entanto, é uma das chaves das portas de um bom ano agrícola. É Março marçagão.
Na visão do adagiário, cada mês é para o que está fadado e o clima de março não foi criado pelos governos. MARÇO QUEIMA A DAMA NO PAÇO. Só de Marçagão tem ele mais de uma dezena de variantes. Umas vezes põe cara de lobo, outras de rainha, cão, gato, anjo ou ladrão; e, até, de riso. Que é um modo de dizer: Em Março de manhã pinga a telha e à tarde sai a abelha. Ou seja, de manhã inverno, de tarde verão ou Março, chover cada dia seu pedaço. É MARÇO AGUAÇO e, também, EGUAÇO, e mesmo IGUAÇO, mês para todos os tipos de tempo e para todas as atividades. DIA DE MARÇO; DIA DE TRÊS VENTOS. Mês equinocial e de transição, mês de saída e de entrada, MARÇO LIGA A NOITE COM O DIA, O MANEL COM A MARIA, O PÃO COM O MATO E A EIRA COM O SARGAÇO.
Março é mês para tudo e cada vez mens aconselhável para a atividade agrícola. Antes, era possível garantir que A ÁGUA DE MARÇO É PIOR QUE NÓDOA NO PANO; agora, qualquer pingo é desejado pelas culturas de Primavera-Verão. Os rios e os poços que o digam. Com os respetivos afluentes e efluentes, tintos e retintos, envenenados por ácidos e álcoois que não deviam existir e muito menos em Marços secos de anos secos, como o foram a maioria dos Marços desde 1990, e, sobretudo, o de 2005. Em 31 de Março de 2005, 24% do território encontrava-se no nível de seca extrema, 28% no de seca severa, 22% em seca moderada e 26% em seca fraca, a situação mais grave dos últimos 60 anos. E quando não cumpre a sua função, MARÇO LEVA A OVELHA E O FARRAPO E O PASTOR SE ELE É FRACO; O CÃO ESCAPARÁ OU NÃO. Além das culturas agrícolas é também afetada a Atividade pecuária e o abastecimento de água em algumas regiões. O modo de produção agrícola é outro e a função do espaço rural também mudou. Apesar disso, a atualidade do adagiário é manifesta quando sentencia: MARÇO VIRADO DE RABO, É PIOR QUE O DIABO. E o Março de 2001, com mais três a cinco vezes a quantidade média de precipitação, regista efeitos que tiveram na ponte de Entre-os-Rios a expressão máxima do horror mas que foram marcando muitas zonas do Norte e Centro, com cheias em vários rios, inundações urbanas, árvores, muros e postes derrubados e vidas perdidas.
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