segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Novo romance de António Lobo Antunes

No Jornal de Letras número 1044, de 6 a 19 de Outubro, pode ler-se um artigo de Maria Alzira Seixo, a propósito do novo romance de António Lobo Antunes "Sôbolos Rios Que Vão" (da D. Quixote), que se encontra nas livrarias desde 18 de Outubro.

Para esta especialista do estudo da obra do escritor, o título do romance retoma o 1º verso "das mais célebres redondilhas de Camões, também conhecidas por «Babel e Sião»...(...)", sugerindo que sejam relidas...

Maria Alzira Seixo considera que, a reflexão autobiográfica "consegue aliar-se em ambos os escritores, à expressão literária, de um modo artístico insuperável". Reconhecendo que não tem tendência para aceitar "biografismos", acha que um texto bem conseguido por um autor, a nível criativo e artístico, ultrapassa os factos. O que prevalece, é a "felicidade da expressão literária com que o autor a comunica".

E a que rios se refere Lobo Antunes, no seu novo romance? São os que constituem o rio Mondego, desde que nasce, passando por todos os outros que lhe vão dando forma e que dele partem, "até constituírem a corrente que segue para a foz".

Nesta altura, M.A.S. refere que o leitor se apercebe que o narrador (personagem na terceira pessoa e que se encontra com cancro no hospital, sofrendo tratamentos), tem a ver com o autor, na medida em que conta como o pai lhe deu a conhecer a nascente do rio, na Serra da Estrela, facto que o marcou para sempre. A nascente Simboliza a Vida perante a iminência da Morte.

Passagens importantes da leitura da obra por  Maria Alzira Seixo, que nos ajudam muito a compreendê-la:...(...)..."O curso do rio é ainda uma forma de comunicar um percurso ficcional da vida...(...)...(...).Nele sobressaem a tutela do pai, junto à origem, e a visão protectora da mãe...(...) ...(...)...(...)". "E afluentes são as personagens...(...)...(...)...Todas convergem, porém, para a importância central da mãe e do pai...(...)...(...) ... a carga matricial da figura da progenitora, fonte de vida...(...)...(...)...A sua presença no final da narrativa, que lhe confere um peso significativo assinalável, como que sublinha toda a actuação protectora no interior hospitalar...(...)...(...)... a saída do hospital (curado), a saída da doença... ... o milagre de continuar existindo."

Referência: JL, nº 1044, pág. 24.
Leituras Maria Alzira Seixo Os Rios de Lobo Antunes

 

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