Acabei de ouvir na Antena 1 a notícia da morte desse grande escritor de literatura infanto-juvenil, Manuel António Pina. O poeta, escritor e cronista morreu esta tarde no Hospital de Santo António, no Porto.
Aqui lhe presto a minha homenagem como professora, pois foram muitas as leituras de obras suas que transmiti aos meus alunos, e com as quais tão agradados ficavam!
Recebeu o Prémio Camões 2011, considerado o maior prémio literário de língua portuguesa. As suas crónicas escritas no JN não deixam ninguém indiferente! Confira:
"Em Livro
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Crónicas de Manuel António Pina
por Lusa 07 junho 2010
Por outras palavras & mais crónicas de jornal é o novo título do poeta, escritor e jornalista Manuel António Pina, uma antologia das crónicas publicadas em diversos jornais e revistas.
O livro, organizado por António Sousa Dias, a quem Manuel António Pina concedeu "absoluta liberdade de escolha", apresentado este fim-de-semana, inclui 244 textos, seleccionados entre as cerca de duas mil crónicas que publicou nos últimos anos na Visão, Jornal de Notícias, Notícias Magazine e Tempos Livres (revista do Inatel).
Manuel António Pina explica que não foi sua a ideia de publicar esta antologia e sente até algum "desconforto" pela publicação em livro de crónicas que "estão muito presas ao momento em que foram escritas". "Tal como o jornal, que no dia seguinte só serve para embrulhar peixe, as crónicas também têm uma relação com o tempo. Estão ancoradas na realidade", afirmou. Foi por ter consciência desse desfasamento temporal que chamou à sua primeira colectânea de crónicas O Anacronista. Apesar de tudo, diz: "Revejo-me completamente no conjunto. Sinto lá a minha voz."
"Manuel António Pina
Jornalista e escritor, Manuel António Pina nasceu no ano de 1943, no Sabugal, na Beira Alta. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, em 1971, exerceu a advocacia e foi técnico de publicidade. Abraçou a carreira de jornalista no Jornal de Notícias, onde passou a editor. A sua colaboração nos "media" também se distribui pela rádio e pela televisão.Autor de livros para a infância e juventude e de textos poéticos, a sua obra apresenta uma grande coesão estrutural e reflete uma grande criatividade, exige do leitor um profundo sentido crítico e descodificador."Brincando" com as palavras e os conceitos, num verdadeiro trocadilho, Manuel António Pina faz da sua obra um permanente "jogo de imaginação", tal labirinto que obriga a um verdadeiro trabalho de desconstrução para se encontrar a saída.
Afirmou-se como uma das mais originais vozes poéticas na expressão pós-pessoana da fragmentação do eu, manifestando, sobretudo a partir de Nenhum Sítio, sob a influência de T. S. Elliot, Milton ou Jorge Luis Borges, uma tendência para a exploração das possibilidades filosóficas do poema, transportando a palavra poética "quer para a investigação do processo de conhecimento quer para a investigação do processo de existência literária" (cf. MARTINS, Manuel Frias - Sombras e Transparências da Literatura, Lisboa, INCM, 1983, p. 72).
Transmissora de valores, muita da sua obra infantil e juvenil é selecionada para fazer parte dos manuais escolares, sendo também integrada em antologias portuguesas e espanholas.
Os seus textos dramáticos são frequentemente representados por grupos e companhias de teatro de todo o país e a sua ficção tem constituído o suporte de alguns programas de entretenimento televisivo, de que é exemplo a série infantil de doze episódios Histórias com Pés e Cabeça, 1979/80.
Como escritor, é autor de vários títulos de poesia, novelas, textos dramáticos e ensaios, entre os quais: em poesia - Nenhum Sítio (1984), O Caminho de Casa (1988), Um Sítio Onde pousar a Cabeça (1991), Algo Parecido Com Isto da Mesma Substância (1992); Farewell Happy Fields (1993), Cuidados Intensivos (1994), Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança (1999), Le Noir (2000), Os Livros (2003); em novela - O Escuro (1997); em texto dramático - História com Reis, Rainhas, Bobos, Bombeiros e Galinhas (1984), A Guerra Do Tabuleiro de Xadrez (1985); no ensaio - Anikki - Bóbó (1997); na crónica - O Anacronista (1994); e, finalmente, na literatura infantil - O País das Pessoas de Pernas para o Ar (1973), Gigões e Amantes (1978), O Têpluquê (1976), O Pássaro da Cabeça (1983), Os Dois Ladrões (1986), Os Piratas (1986), O Inventão (1987), O Tesouro (1993), O Meu Rio é de Ouro (1995), Uma Viagem Fantástica (1996), Morket (1999), Histórias que me contaste tu (1999), O Livro de Desmatemática e A Noite, obra posta em palco pela Companhia de Teatro Pé de Vento, com encenação de João Luís.
A sua obra tem merecido, frequentemente, destaque, tendo sido já homenageado com diversos prémios, como, por exemplo, o Prémio Literário da Casa da Imprensa, em 1978, por Aquele Que Quer Morrer; o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens e a Menção do Júri do Prémio Europeu Pier Paolo Vergerio da Universidade de Pádua, em 1988, por O Inventão; o Prémio do Centro Português de Teatro para a Infância e Juventude, em 1988, pelo conjunto da obra; o Prémio Nacional de Crónica Press Clube/Clube de Jornalistas, em 1993, pelas suas crónicas; o Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários, em 2001, por Atropelamento e Fuga; e o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava e o Grande Prémio de Poesia da APE/CTT, ambos pela obra Os Livros, recebidos em 2005."
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