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País birrento
Ainda se lembram, certamente, da recusa
de José Sócrates em recorrer à ajuda internacional e de como essa
atitude originou um desentendimento profundo entre o então
primeiro-ministro e o seu ministro das finanças, Teixeira dos Santos.
Nesta legislatura, ficamos a saber que Paulo Portas e Vítor Gaspar
embirravam um com o outro. Já para não falar da birra do irrevogável
Portas que causou uma enorme perturbação política e esteve mesmo à beira
de acabar com a coligação PSD/CDS e com o próprio Governo.
Agora, logo após as eleições europeias, instalou-se a confusão no partido vencedor com António Costa a desafiar a liderança de António José Seguro.
Em qualquer dos casos, nada é comparável com a forma como o actual Governo tem vindo a embirrar com o Tribunal Constitucional (TC).
Podemos até admitir que o TC se pôs a jeito, nomeadamente quando declarou a inconstitucionalidade dos cortes dos subsídios de férias e de Natal do OE 2012 mas, ao mesmo tempo, determinou que os referidos cortes não vigoravam para o ano em causa devido a questões orçamentais. O Governo, infractor, nem sequer viu um cartão amarelo e, por isso, sentiu-se à vontade para continuar a transgredir, as vezes que forem necessárias enquanto o cartão vermelho continuar no bolso dos juízes do TC.
No entanto, se numa fase inicial o Governo se limitou a uma birra típica de menino mal comportado a quem não deixam fazer o que quer, a verdade é que agora passou a revelar uma dificuldade estrutural em lidar com as regras democráticas. A birra de menino ganhou consciência e transformou-se numa briga de adolescente que, por ser imatura, se revela irresponsável e perigosa. A tal ponto que, para além da ameaça de novos aumentos de impostos, o vice primeiro-ministro Paulo Portas veio já vaticinar a irrelevância das próximas eleições legislativas com o argumento de que, por culpa do TC, o próximo governo, seja ele qual for, estará condenado a aumentar impostos e a submeter o País a uma escravatura fiscal. É claro que, pelo meio, Paulo Portas aproveitou para atribuir culpas ao TC por não existir a tal reforma estrutural do Estado que ele próprio se comprometeu a apresentar.
É neste País perdido em birras que cresce uma nova geração condenada a uma herança política, económica, social e cultural sem glória. No horizonte adivinha-se pouco mais do que um défice de dignidade e solidariedade. Resta-nos a esperança de que essa nova geração venha a embirrar profundamente com esta forma de estar na política e na vida. E tenha a coragem e a lucidez necessárias para inverter o caminho e iniciar um novo ciclo. Na certeza de que a recuperação será tanto mais difícil quanto mais profundas forem as feridas abertas nestes tempos que vivemos."
Agora, logo após as eleições europeias, instalou-se a confusão no partido vencedor com António Costa a desafiar a liderança de António José Seguro.
Em qualquer dos casos, nada é comparável com a forma como o actual Governo tem vindo a embirrar com o Tribunal Constitucional (TC).
Podemos até admitir que o TC se pôs a jeito, nomeadamente quando declarou a inconstitucionalidade dos cortes dos subsídios de férias e de Natal do OE 2012 mas, ao mesmo tempo, determinou que os referidos cortes não vigoravam para o ano em causa devido a questões orçamentais. O Governo, infractor, nem sequer viu um cartão amarelo e, por isso, sentiu-se à vontade para continuar a transgredir, as vezes que forem necessárias enquanto o cartão vermelho continuar no bolso dos juízes do TC.
No entanto, se numa fase inicial o Governo se limitou a uma birra típica de menino mal comportado a quem não deixam fazer o que quer, a verdade é que agora passou a revelar uma dificuldade estrutural em lidar com as regras democráticas. A birra de menino ganhou consciência e transformou-se numa briga de adolescente que, por ser imatura, se revela irresponsável e perigosa. A tal ponto que, para além da ameaça de novos aumentos de impostos, o vice primeiro-ministro Paulo Portas veio já vaticinar a irrelevância das próximas eleições legislativas com o argumento de que, por culpa do TC, o próximo governo, seja ele qual for, estará condenado a aumentar impostos e a submeter o País a uma escravatura fiscal. É claro que, pelo meio, Paulo Portas aproveitou para atribuir culpas ao TC por não existir a tal reforma estrutural do Estado que ele próprio se comprometeu a apresentar.
É neste País perdido em birras que cresce uma nova geração condenada a uma herança política, económica, social e cultural sem glória. No horizonte adivinha-se pouco mais do que um défice de dignidade e solidariedade. Resta-nos a esperança de que essa nova geração venha a embirrar profundamente com esta forma de estar na política e na vida. E tenha a coragem e a lucidez necessárias para inverter o caminho e iniciar um novo ciclo. Na certeza de que a recuperação será tanto mais difícil quanto mais profundas forem as feridas abertas nestes tempos que vivemos."
in http://economico.sapo.pt/noticias/pais-birrento_194925.html
Imagens conseguidas em:
Imagens conseguidas em:
expresso.sapo.pt |
http://ocastendo.blogs.sapo.pt/2012/01/ |
www.leituras.eu |
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