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Escrever sobre Nadia Comaneci é escrever sobre perfeição – literalmente. É escrever sobre alguém que aos 15 anos mostrou que os deuses também podem ter pouco mais de metro e meio e menos de 50 quilos. É escrever sobre um destemido desafio ao (im)possível que colocou a partir daí qualquer sonho à distância de uma tentativa (que envolve horas e horas a fio de trabalho). É escrever sobre uma transformação de paradigma na modalidade que desde sempre convidou os predestinados a tornarem-se exemplos mesmo que não tivessem idade para tal. Aquilo que foi uma exceção transformou-se na regra que todos queriam atingir. Larisa Latynina teve até 2012 o recorde de medalhas olímpicas mas ginástica e Jogos na mesma frase sempre obrigaram a remeter para a nota 10 da romena em 1976, na cidade de Montreal. Depois, apareceu Simone Biles. E tudo mudou.
A americana que nos Jogos de 2016 ganhou quatro ouros e um bronze continua a ser a grande figura da ginástica da atualidade e tornou-se em Estugarda, onde Filipa Martins garantiu vaga para Tóquio, a atleta com mais medalhas em Mundiais de sempre numa altura onde é também o principal rosto das feridas ainda abertas do caso Larry Nassar que assolou a USA Gymnastics. Mais do que isso, conseguiu como Comaneci mudar um paradigma: hoje não são apenas as adolescentes que desafiam os (im)possíveis e no futuro existirão mais e mais campeãs com uma outra idade mais avançada do que há algumas décadas. Como escreve a Mariana Fernandes, Simone Biles, de 22 anos, é “uma sustentável leveza do ser que é a melhor de sempre a manter o equilíbrio e a aterrar de pé”. Mas pelo que conseguiu, pelo que representa, pelo que defende e pela própria história de vida, é muito mais do que isso.
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