segunda-feira, 6 de abril de 2020

Páscoa "virtual" com a minha família...

imagem tirada de: istockphoto.com


Eu sei que este ano não se deve comemorar a Páscoa, as tradições familiares desta altura não são para se cumprir, estamos todos "confinados". Mais do que isso: inteiramente "proibidos" de sair, de formar ajuntamentos - nem pensar nessa hipótese!

Mas há uma coisa que ninguém nos pode "proibir": é a de imaginar como seria esta Páscoa em família... 

Não é proibido sonhar, pois não? Então, sonhemos! 

O meu "sonho" leva-me a visualizar momentos desses, semelhantes aos já vividos em  anos  anteriores!  

Pus  já a "correr" na minha imaginação o Domingo de Páscoa e a minha família toda reunida em nossa casa, à volta da mesa, pronta a festejar. E "a cena" é mais ou menos esta: os nossos filhos a ajudarem-nos a levar da cozinha para a sala de jantar, onde já todos estão sentados, o caldo verde a fumegar, a travessa de barro com o cordeiro e as batatinhas assadas acompanhados do arroz de forno com miúdos. 

Os netos, que normalmente são os primeiros a sentarem-se, já estão impacientes, a perguntarem 'quando é que a comida vem', 'quando é que se começa a comer', 'estamos cheios de fome', 'já não aguentamos mais', 'estamos fartos de estar à espera'... 

E quando vamos para lhes responder, tentando dizer-lhes com algum remorso, 'é só mais um bocadinho, vamos já servir, está bem?', reparamos que, entretanto, já foram "enchendo a boca" com algumas das "entradas" ao alcance da suas mãozinhas, "devorando" a bola de carne ou o folar transmontano... Fizeram bem! Há que ir preenchendo o vazio do estômago!

Quando,  logo de seguida, o nosso olhar vai para os pires onde ainda há pouco havia vestígios de broa de milho com chouriça ou a tábua de queijos, já nem dá para reparar em mais nada, há que renovar: o que é apetitoso é para se comer... Passa tudo ao "ataque" e alguns momentos depois, já está tudo vazio - "já era", "marchou" tudo" - ! 

É sinal de que estava saboroso!

Nas cenas que continuam a percorrer a minha imaginação, aparecem agora os restantes familiares, como irmãos, cunhados, sobrinhos, ou então, um compadre vindo de longe, todos convidados a juntarem-se a nós...Como nos vêem tão atarefados, querem colaborar, tentando ajudar a controlar os mais pequenos, e para além de 'deitarem os olhos aos miúdos', também já estão com os olhos postos no repasto que aí vem... "c'os diabos, a fome já aperta, já vão sendo horas"...

E a dada altura, alguém pergunta: 'afinal, do que é que estamos à espera?' E é aí que os mais velhos pedem a ajuda dos filhos para servir os pratos a cada um de nós. Começamos sempre pelos mais novos, claro. Espreitando "pelo cantinho do olho", e observando todos sem exceção, é vê-los com apetite, concentrados nos seus pratos cheios, intercalando a batata e a carne com as saladas variadas ou os grelos, "devorando" o tenro cordeiro da Páscoa (que nunca tem mais de tês meses), bem temperado em vinha de alhos e ervas aromáticas. 

Passados aqueles momentos de entusiasmo em que nos defrontamos com o inicial apetite devorador e aparentamos estar com o estômago mais calmo, normalmente pergunto-lhes: "Então, como é que está tudo"? De um modo geral, a resposta é: "Está tudo muito bom"! Olho para cada elemento da "plateia", perscrutando-os bem, para confirmar que é mesmo isso o que sentem.  E, a partir daí, fico atenta pois já sei que daí a poucos instantes,  vão querer "repetir a dose". E lá se vai buscar de novo ao forno ligado no mínimo, a travessa de barro onde o cordeirinho e a batata assada ali ficaram à espera, para se comer tudo quentinho...

Bem, a minha imaginação está quase a chegar ao fim, mas então, vou ter de recuar um pouco, porque a seguir ao repasto, vem a sobremesa habitual de Páscoa: os doces de colher, algumas amêndoas coloridas ou da Arcádia do Porto, as amêndoas torradas de chocolate, o pão-de-ló de Ovar bem humedecido, os ovos de chocolate, escondidos algures na casa e que os miúdos, para os merecerem, vão ter de os encontrar!!!

Entretanto, vai anoitecendo e, mais logo, a casa ficará mais vazia, pois cada um regressará aos seus lares!  

E este ano, vai ser este o meu sonho: "virtualmente", sentir que tenho à minha volta, a família toda!

imagem in optclean.com.br

Sem comentários: